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sábado, janeiro 04, 2025

Dou passos a medo

 

Dou passos a medo, não sei se me abrem
a porta.
Tinham-me dito que estava fechada,
porque as gripes e o Covid
andam por aí.

Cheguei e bati.
Dizem-me, a senhora está doente, de cama,
e não quer contágios.
(Lá terá as suas razões)!
Quem quer?

Imaginei a solidão e o silêncio
de quem vive dependente,
olhos baços que se fixam uns nos outros,
sem direito a um sorriso, a um aperto de mão, 
a uma palavra encorajadora.

O medo continua a limitar as ações
e o inverno continua frio no coração de
quem nunca viveu entre quatro paredes.

Há que acender fogueiras
para inflamar os corações.

Texto
Emília Simões
04.01.2025
Imagem Net

sábado, outubro 21, 2023

Tens na voz o embargo


Tens na voz o embargo

de quem navega ao relento

nas esquinas da cidade

onde tudo falta e tudo sobra.

Corpos molhados, faces enrugadas,

olhos baços de tantas súplicas

que ninguém ouve, ninguém vê.

Apenas sombras...

Do outro lado da rua choros e gritos

sob estrondos atroadores 

numa tristeza letal.

Chove nos meus olhos

a tua sede, a tua fome, o teu martírio.

No meu silêncio guardo tudo

e num arrastar de folhas

peço ao vento benevolência.


Texto e foto
Ailime
21.10.2023