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sábado, maio 24, 2025

Permite que a luz

Fotos de stock

Permite que a luz penetre a minha sombra
e liberte os destroços que me levam à queda
nos abismos, que cruzam os meus percursos.


Permite que o meu olhar se estenda até ao horizonte
para apreciar o voo das aves
na melodia do entardecer, que acolho no meu peito.


Permite que o meu sonho se expanda ao longo daquela estrada
por onde caminho descalça e sozinha,
onde apenas procuro o pulsar de uma emoção.


Permite que seja apenas eu e o calor do teu abraço.

Texto 
@Emília Simões
24.05.2025




sábado, junho 08, 2024

Era pungente o seu viver



Era pungente o seu viver.

Penalizava-se por atos irrefletidos.

Chegava a cravar as unhas nas 

palmas das mãos

para se distrair desses atos

que ainda a combaliam.

Não dava mostras de remorsos,

mas fora dura consigo mesma

e não se perdoava

martirizando-se descalça

sobre espinhos que lhe feriam a alma.

O suor a escorrer sangue,

os lábios cerrados cobertos de sal,

não lhe davam a paz

que o seu coração ansiava.

Na correnteza do rio

muitas lágrimas caídas

misturavam-se com os peixes.

Ainda hoje se julga amarrada

à pedra onde esculpia a sua dor.

Texto
(Ensaio sobre ficção)
Emília Simões
08.06.2024
Imagem Google

sábado, setembro 30, 2023

Desato as sandálias

 


Desato as sandálias e caminho descalça pelas dunas;

os meus pés pisam  areias secas e por momentos

recuo e torno a calçar-me. O chão escalda.

O deserto é penoso, mas desafiante.

Nele me reencontro, sempre que durmo ao relento

nas noites infindáveis, quando mergulho em sono profundo.

Pela manhã o sol acorda-me e uma flor sorri.

É o recomeço da travessia; por instantes, sonho.


Texto
Ailime
30.09.2023
Image Google


sexta-feira, junho 16, 2023

Os naufrágios

Ivan Aivazovsky


Desço a rua, descalça, e os meus pés queimam.

Acompanha-me o silêncio e vêm-me à memória

os naufrágios.

Quantos serão os náufragos, os sem-abrigo,

os desalojados deste pobre e triste mundo

que os ditadores comandam na insensibilidade

do coração que não têm?

Debruçada na tarde quente e com os pés a escaldar

eu própria me sinto a naufragar num mundo que não sonhei

e onde apenas ouço o silvo sombrio do desespero,

que vai arrastando as dores pelas estradas de ninguém.

Quem ouve as vozes dos ruídos, dos sonhos quebrados

pela insanidade dos homens?


Texto
Ailime
16.06.2023

quinta-feira, janeiro 30, 2020

Os lírios

 


Nas tardes de chuva os lírios têm mais brilho
e exibem as suas vestes orvalhadas
num silêncio desconcertante que me enternece.

Sobre a terra molhada aproximo-me descalça
para não macular a placidez do momento
que se eterniza em singela contemplação.

Os lírios sobre os muros iluminam caminhos
que nem o vestígio das névoas esmorece.



Texto e foto
Ailime
30.01.2020