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sábado, janeiro 13, 2024

Hoje a chuva molha a calçada


Hoje a chuva molha a calçada
e as pedras brilham como cristais
na densa tarde de inverno.
As árvores, nuas, parecem chorar
as folhas que, coladas ao chão,
parecem adormecidas.
Há raízes profundas que as unem
e não é a falta de luz que as 
mantêm vigorosas na sua nudez.
A seiva continua a circular
no interior dos seus troncos.
Por um lapso de tempo
sobrevivem à noite que as cinge.
A primavera não tardará
e como milagre
no silêncio de uma manhã amena,
despertarão reluzentes
em ramos iluminados,
como um brilho impresso no tempo.


Texto e foto
Emília Simões
13.01.2024




sábado, dezembro 03, 2022

Na respiração de novos rebentos

(Desconheço o autor)


No silêncio da seiva a árvore adormecida;

folhas caídas sobre o chão molhado

e os líquenes a envolverem-na

como primícias de vida prometida


os pássaros adejam em seu redor 

alegres no seu canto sempre mavioso,

indiferentes às estações

e ao vento dos dias gelados


a natureza canta sempre ao amanhecer

e adormece no entardecer

quando as aves partem em debandada

na respiração de novos rebentos.

 

Texto
Ailime
03.11.2022


sábado, junho 11, 2022

Um dia



Um dia pode significar uma infinidade de coisas e factos.

Mas num dia não cabe todo o amor que as distâncias separam

todas as saudades que fazem doer o coração

todo o afeto que um beijo pode transmitir

ou o abraço apertado  que se dá com um nó na garganta.


Um dia pode significar uma infinidade de coisas e factos.

Mas jamais pode substituir a presença de quem longe

olha o horizonte como se ali pudesse beber da seiva das suas raízes

mergulhar num mar de sentimentos reprimidos

estreitando os laços que teimam em queimar a pele.


Um dia pode significar uma infinidade de coisas e factos.

Lembranças, glórias, vitórias, feitos, conquistas

mas jamais poderá mostrar o brilho do olhar e o sorriso

de quem longe é pródigo em silêncios e solidão

atravessando o dia com uma vontade irreprimível de regressar.


Para o meu filho SS

Texto
Ailime
11.06.2022
Imagem Google


terça-feira, novembro 03, 2020

Folha ao vento



Uma folha ao vento
pode não ser apenas uma folha;
é raiz, é tronco,  é seiva;
é flor, é fruto; 
pedaço de céu, nuvem,
raio de sol,  luar.

O que importa é o tempo
que por ela passa e a transforma
qual instante em que os ramos
se fundem nas teias sombrias
que agora repousam
no abismo do silêncio.

Da profundeza da ravina
uma árvore brota em flor.


Texto
Ailime
Imagem Google


 

domingo, maio 20, 2018

É nos momentos



É nos momentos em que tudo parece volátil
que ouço a canção que nos seduz
que se entranha num estranho silêncio
na cumplicidade que nos prende à vida e ao amor,
às pequenas coisas que fazem parte de nós,
que nos deslumbram ou entristecem
como se o amanhecer fosse um constante sol-posto
a navegar nas ilusões que nos transfiguram
e nos tragam como quimeras a navegar sobre as marés.
Mas o sopro do universo sobrepõe-se a todas as mutações
e transfigura-nos como a seiva que sustenta as árvores  
ou como uma luz incandescente que nos escorre dos lábios.

Texto
Ailime
20.05.2018

sábado, agosto 12, 2017

Buscas as palavras


Buscas as palavras.
Em frente de ti o mar,
sob um céu matizado de azul.
As sombras evadiram-se.
A luminosidade é agora
tua cúmplice e sorris.
O mar tem esse encanto
de penetrar os ramos dos pinheiros
e induzir a luz nos teus olhos.
As palavras brotam-te dos dedos
como seiva a despontar no lenho.
O mar recua e o vento
acena-te a liberdade.
                                                   
                                                         

Texto e foto
Ailime
08.08..2017


 

terça-feira, março 15, 2016

Pudera eu


Pudera eu devolver-te a leveza dos pássaros
para que voasses nas margens do rio
o sorriso que, desperto, em teu olhar
te ilumina o entardecer.
Pudera eu retirar todos os limos
que te resvalam nos gestos
a fragilidade do chão, escorregadio
sob os teus pés vacilantes.
Pudera eu devolver-te num raio de sol
a seiva a pulsar, qual primavera em apogeu
a cingir-te nos braços, o rio ao amanhecer.
Pudera eu atrasar os ponteiros do relógio
para te retardar no rosto os teus olhos cor de rio.

Texto
Ailime
Imagem Google
15.03.2016

sábado, setembro 08, 2012

O jardim



O jardim, o meu pequeno jardim
Está gélido no calor que o dizima
Neste estio prolongado.

As pétalas das flores perfumadas
Pelo orvalho das manhãs
Estão murchas pela iniquidade
Dos jardineiros que não cuidam
Do meu jardim.

E as plantas gemem,
Empalidecem
E definham
Na sua seiva ferida.

O meu jardim já não é
O mar, o sol e as manhãs
Do meu alvorecer.


Ailime
08.09.2012
Imagem da Net

terça-feira, setembro 20, 2011

O Outono instalou-se


O Outono instalou-se
No ocaso que não vem ao caso
E que espreita nas primeiras folhas
De plátanos espalhadas no asfalto
De ruas que não desenhei.

E percorro-as no vento
Que invade este espaço
E o torna mais plácido
Na incerteza do Inverno.

Apanho algumas folhas
E aperto-as entre os dedos
E sinto a seiva a escorrer
A clamar pela vida
Que o vento açoitou.


E afago-as e colo-as
Nos troncos nus e pujantes
Daqueles plátanos
Erguidos em ruas
Que não desenhei.

Ailime
19.09.2011
Imagem da Net

terça-feira, agosto 31, 2010

Cinzas...

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Choro a terra queimada  do meu país
Onde repousam as cinzas das florestas
Devastadas pela iniquidade dos homens.
Num grito que me trespassa e consome
Por entre fumos e labaredas 
Pressinto o latejar da seiva
 Como que a clamar piedade.


Ailime
31.08.2010

Imagem cedida gentilmente pela Net