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sábado, janeiro 25, 2025

Passei na nossa rua



Passei na nossa rua e entrei na velha casa.
Ainda não tinha voltado desde que partiste.
Chovia, chovia muito, dentro e fora de mim.
Um caudal imenso enchia o leito do rio
que, lá em baixo, refletia o teu olhar
nas lembranças, que deixaste gravadas
no mais íntimo do meu ser.
Tanto que eu gosto daquele rio!
Guarda todas as memórias de quantos
partiram e deixaram as reminiscências
do passado, sobre as névoas do rio.
Um passado, que guardo em silêncio
no meu coração, que só eu sei,
que só eu entendo, que só eu vivo,
que crepita em intimidade e saudade,
para sempre.

Texto (Para minha mãe)
Emília Simões
25.01.2025
Imagem Google

sábado, junho 15, 2024

Quando passo à tua rua


José Malhoa


Quando passo à tua rua

escuto sempre a voz do rio

que, nas suas margens azuis,

me fala de ti,

como se ainda permanecesses

sentado na soleira da porta

a desenhar arabescos

no teu livro sem páginas.

Um rio e um livro

que me falam de lembranças

como se o hoje fosse ontem

e o ontem fosse hoje.

Na ausência de palavras

ficam nas entrelinhas

os registos dos afetos

nos resquícios das memórias.

Texto
Emília Simões
15.06.2024

sábado, dezembro 30, 2023

O rio das minhas lembranças

(desconheço o autor)

Caminho sem sentido tentando abstrair-me dos trajetos, que tantas vezes trilhámos juntas!

O que mais apreciava eram os ribeiros de águas límpidas, onde mergulhavas as mãos e o coração.

Nas águas geladas brilhando ao sol, quente de inverno, a tua silhueta resplandecia de emoção e amor.

Ainda me recordo das laranjas que caíam junto à margem do ribeiro grande e que me deliciavam.

Sempre gostei de laranjas. Hoje o ribeiro está seco e não sei se ainda existem laranjeiras no velho pomar.

Mas sabes uma coisa? Do que tenho  mesmo saudades é das filhoses que fazias à lareira no tacho grande, na noite de Natal!

Quando passo à tua porta, parece que ainda sinto o aroma da canela e do açúcar com que as polvilhavas.

Como eram boas as tuas filhoses! Nunca mais comi nenhuma igual. Hoje há tantos, tantos sabores, que me confundem.

Paro um pouco e apenas desertos se estendem à minha frente e uma neblina cai sobre o rio.

O rio, o rio das minhas lembranças, que tudo guarda e tudo revela.


Desejo a todos um Feliz Ano Novo com saúde e paz!

Texto
Ailime
Imagem Google
30.12.2023

sábado, junho 11, 2022

Um dia



Um dia pode significar uma infinidade de coisas e factos.

Mas num dia não cabe todo o amor que as distâncias separam

todas as saudades que fazem doer o coração

todo o afeto que um beijo pode transmitir

ou o abraço apertado  que se dá com um nó na garganta.


Um dia pode significar uma infinidade de coisas e factos.

Mas jamais pode substituir a presença de quem longe

olha o horizonte como se ali pudesse beber da seiva das suas raízes

mergulhar num mar de sentimentos reprimidos

estreitando os laços que teimam em queimar a pele.


Um dia pode significar uma infinidade de coisas e factos.

Lembranças, glórias, vitórias, feitos, conquistas

mas jamais poderá mostrar o brilho do olhar e o sorriso

de quem longe é pródigo em silêncios e solidão

atravessando o dia com uma vontade irreprimível de regressar.


Para o meu filho SS

Texto
Ailime
11.06.2022
Imagem Google


segunda-feira, fevereiro 28, 2022

Nem tudo nos dias é claro


Michel Leah Keck



Há dias iguais,
mas  há dias mais iguais que outros
quando os silêncios percorrem a noite
e os pássaros voam mais alto.

Tudo nos dias é fugaz
e nem sequer  as lembranças
trazem à tona os rios nelas imergentes.

Há dias iguais
mas  há dias mais iguais que outros
quando o mar agitado empurra a nau
que se desmorona na escarpa.

Nem tudo nos dias é claro,
porque apenas os lobrigamos
nas ferozes tenazes da guerra.


Texto 
Ailime
28.02.2022
Imagem Google

domingo, outubro 28, 2012

Em suaves murmúrios



Em suaves murmúrios  
O vento arrasta as folhas
E afasta o outono
Para recantos de outrora
Onde as minhas lembranças
Se propagam no tempo
E se mantêm incorruptíveis
No âmago da Terra.

Ailime
28.10.2012
Imagem da Net

domingo, fevereiro 27, 2011

O silêncio de minha mãe

Oiço-te ainda a chorar baixinho,

Quando criança.
Uma vez e outra
Eu te perguntava: "O que tens, mãe"?

E tu, invariavelmente,

Serenavas-me, dizendo: - “não tenho nada”!
E eu sei que sofrias!
Relembro todo aquele tempo…

Mãe!
Algo te perturbava…
E, ainda hoje, não sei o que te atormentava, mãe…

Ailime
04.05.2008
(Reposição: in Rota Diferente)

27.02.2011
Imagem cedida pela Net