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sábado, novembro 15, 2025

Um poema

Pixabay


Um poema nem sempre segue o raciocínio do poeta.

Entra em ziguezague para a direita e para a esquerda

buscando num labirinto de memórias

imagens presentes e passadas

de pessoas, de paisagens, de cidades,

de amores e desamores, de luzes e cores.


Na insatisfação do que escreve, o poeta

continua obstinadamente o seu esforço

num procura infrutífera, que insiste

em negar-lhe a razão de um poema 

que o satisfaça.


Não desiste e continua teimosamente.

Mistura palavras com e sem nexo.

Até que cansado, pousa a caneta

sobre o caderno, abre a janela e

deixa o vento entrar!


Talvez daqui a pouco se faça luz

e o pensamento se liberte,

para que, finalmente, o poema germine.


Texto 
Emília Simões
15.11.2025



sábado, fevereiro 08, 2025

A poesia é livre



A poesia é livre e escorre
como um rio que, pela encosta abaixo,
vai serpenteando montes e vales 
até chegar à foz.
Mas, como o rio,
também a poesia
encontra obstáculos,
silêncios, incertezas,
e tantas vezes 
fica presa na garganta.
O poeta sente-se então incapaz
de desbravar a secura das palavras,
que teimam em ficar coladas
no palato do silêncio.
Uma rajada de vento
revolve a natureza.
O poeta estremece;
as palavras soltam-se.

Texto e foto
Emília Simões
08.02.2025

sábado, abril 06, 2024

Quem escreve, lê e ouve os poemas?



Quem escreve, lê e ouve os poemas?

O mundo anda muito distraído.

Os ruídos são ensurdecedores.

Mas o mar esboça na areia com a sua maresia

rendilhados de espuma branca.

As gaivotas leem nas migalhas, ao final da tarde,

o sabor do seu sustento.

Nas escarpas homens e mulheres sós

com o sal a escorrer pelas faces

estão atentos aos sons do mar,

sob o efeito das marés.

Talvez um poeta que tenha passado por ali

tentasse passar a sua mensagem

no purpúreo entardecer.

__Mas, ninguém o escutou__


Texto
Emília Simões
06.04.2024
Imagem Google



sábado, março 05, 2022

O poema nunca está completo


Gustav Klimt


O poeta é um caçador insaciável de
emoções, que lhe brotam  da alma
como a nascente do rio
que desliza suavemente pelos socalcos
da montanha, a perder de vista.
O poema nunca está completo.
Há uma sede de palavras
que não se mitiga em qualquer fonte.
As palavras têm asas que buscam
silêncios, sorrisos, alegrias, amor,
mergulhados no mais profundo do âmago.
O poeta e a poesia estão em constante
conflito de ideias e ideais, 
porque o poema nunca está completo.
O poema necessita ser cinzelado,
afagado, como se fora uma escultura,
mas deixa sempre o caminho aberto
para uma nova fonte, uma nova sede,
uma nova emoção.  
O poema nunca está completo,
porque o poeta continua a existir
para além das palavras.


Texto
Ailime
05.03.2022

quinta-feira, agosto 23, 2012

Rimas imperfeitas


As palavras que concebo

São rimas imperfeitas

De silêncios consumidos

Resgatados à maresia

Oriunda de oceanos remotos.

Na areia fria da praia

Por entre a espuma das vagas

Aguardam que o poeta

As aprisione e transforme

Em sublime canto de amor.


Ailime
Junho/2011
(modificado)
Imagem da Net