Mostrar mensagens com a etiqueta grito. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta grito. Mostrar todas as mensagens

sábado, outubro 21, 2023

Tens na voz o embargo


Tens na voz o embargo

de quem navega ao relento

nas esquinas da cidade

onde tudo falta e tudo sobra.

Corpos molhados, faces enrugadas,

olhos baços de tantas súplicas

que ninguém ouve, ninguém vê.

Apenas sombras...

Do outro lado da rua choros e gritos

sob estrondos atroadores 

numa tristeza letal.

Chove nos meus olhos

a tua sede, a tua fome, o teu martírio.

No meu silêncio guardo tudo

e num arrastar de folhas

peço ao vento benevolência.


Texto e foto
Ailime
21.10.2023


sábado, maio 20, 2023

O grito

Edvard Munch


Chovia e a tarde era apenas o som da chuva;

de vez em quando um trovão ressoava-lhe nas mãos,

que rapidamente tentava esconder

para que não se vissem as chagas

que lhe distorciam os dedos.


Era sempre assim quando o ruído

se entranhava dentro de si, sem voz,

e apenas a chuva lhe enchia o peito

do grito que, abafado, soltava.


Recusara sempre ser apenas um sopro

desfeito pelas gotas da chuva,

a quem o tempo roubara o pensamento.


Texto
Ailime
19.05.2023

quinta-feira, agosto 04, 2016

O grito

Eduard Munch

Mastigo as palavras
que me corroem a alma
e se colam na garganta
como se um grito silente
me ocultasse na voz
as sílabas que, teimosas,
me  estrangulam no peito
a construção do poema.
É que há palavras,
que rasgam o ventre
ao germinar.


Ailime
04.08.2016
Imagem Google

terça-feira, março 12, 2013

Porque canto

O grito - Munch
Porque canto o que não me encanta,
Se nos silêncios de mim
As trevas que me envolvem
Me sufocam o grito
Preso na garganta quase rouca
Onde já nem sequer as palavras
Ousam revelar-me os segredos
Das primaveras floridas.

Porque canto o que não me encanta,
Se o mar de águas revoltas
Me nega os areais de espuma
Onde as anémonas e os búzios
Afagavam ondas de esperança
Que os desertos agora consomem
Em oásis desprovidos de flama.


Ailime
12.03.2013
Imagem Google