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sábado, junho 22, 2024

Estão sentados



Estão sentados em duas filas
como estacas, quase inertes,
que sustentam velhas árvores
prestes a tombarem no chão.

Nalguns rostos serenidade,
outros angustiados olham sem ver.

Muitos deixam pender a cabeça
e dormem alheios ao que se passa
em seu redor.

A maioria está calada
ou chama pela mãe, pelos irmãos
que já não tem.

Outros ainda há com um brilhozinho
nos olhos e falam, falam, para alguém
que os escute.

Na parede do fundo uma TV
emite sons que ninguém entende,
perturbadores,
 - são os zumbidos da idade, dizem alguns.

Lá fora, algum vento e sol,
mas não chegam a ver a luz do dia.

Rituais que se repetem como se 
num cárcere estivessem, pelo "crime"
de serem já muito idosos e doentes.

Texto
22.06.2024
Emília Simões
Imagem Google

sábado, janeiro 06, 2024

Mergulho nos rastos do vento


Mergulho nos rastos do vento
as ondas da ilusão 
e apenas ouço o murmúrio do mar.
As folhas balouçam
na crista das ondas 
como palavras soltas
nos barcos fundeados,
amarrotadas na boca de um peixe.
Na areia da praia um búzio reflete
o esplendor do dia
e deixo que o silêncio
apenas me fale de outras maresias.
Por instantes, fito o horizonte
e uma ave vem ao meu encontro
e pousa-me nas mãos,
leve como uma pena.
Acolho-a com espanto
e como estátuas
ficamos assim
até ao anoitecer.

Texto
06.01.24
Emília Simões
Imagem Google 
 


domingo, outubro 08, 2023

Descobres nos ninhos



Descobres nos ninhos

a vocação dos pássaros

quando vazios

as asas se estendem

no voo em liberdade

até se confundirem

com a natureza.

Depois outro ninho

outras vidas

novos cantos de folha em folha.

A natureza

renova-se no relento da noite;

o dia renasce,

num pássaro a voar.


Texto e foto
Ailime
08.10.2023




sábado, setembro 24, 2022

Rasgava o horizonte com o olhar

Célia Marinho


Rasgava o horizonte com o olhar

e com os dedos agarrava o luar

que se misturava com as cores

purpúreas do entardecer.


Na sua voz embargada

acolhia todos os pássaros,

que voejavam em seu redor

numa discreta contemplação

do esplendor das sombras

que o luar acendia.


Corria-lhe nas veias um rio

onde, como em chão lavrado,

as margens repousavam

e o luar se recolhia.


Tão longa a noite...

Tão breve o dia...


Texto
Ailime
Set/2022

sábado, junho 11, 2022

Um dia



Um dia pode significar uma infinidade de coisas e factos.

Mas num dia não cabe todo o amor que as distâncias separam

todas as saudades que fazem doer o coração

todo o afeto que um beijo pode transmitir

ou o abraço apertado  que se dá com um nó na garganta.


Um dia pode significar uma infinidade de coisas e factos.

Mas jamais pode substituir a presença de quem longe

olha o horizonte como se ali pudesse beber da seiva das suas raízes

mergulhar num mar de sentimentos reprimidos

estreitando os laços que teimam em queimar a pele.


Um dia pode significar uma infinidade de coisas e factos.

Lembranças, glórias, vitórias, feitos, conquistas

mas jamais poderá mostrar o brilho do olhar e o sorriso

de quem longe é pródigo em silêncios e solidão

atravessando o dia com uma vontade irreprimível de regressar.


Para o meu filho SS

Texto
Ailime
11.06.2022
Imagem Google


terça-feira, novembro 02, 2021

O tempo nunca é o mesmo




O tempo nunca é o mesmo.
Ontem a chuva  regou os meus sonhos,
hoje colho uma flor.
O dia e a noite contemplam-se, 
assim como o sol e a lua
se abraçam num golpe de vento
que vagueia por entre galáxias.
Claridade e sombras.
Um pássaro nunca está só;
poisa sobre uma estrela 
e  esvoaça no universo
por entre galhos de nuvens. 
Gravo os meus sonhos
nas folhas caídas de outono.


Texto e foto
Ailime
02.11.2021



segunda-feira, agosto 06, 2018

A insónia


E tão incompreensível a insónia
quando o mar sussurra na noite
um cântico límpido e melódico
como a maré baixa ao cair da tarde
a ondular no areal a volúpia das espumas.
Num vaivém, como barco a baloiçar
a vigília irrompe insidiosa
e estremece  amedrontada sob a lua
a espreitar o dia que, entretanto,
já clareia o horizonte.


Texto e foto
Ailime
Julho 20118

terça-feira, abril 25, 2017

Em Abril


Em Abril sonhei-te como pólen no chão adormecido
E abriguei-te no meu peito aberto ao vento
Qual noite a emergir na madrugada
Do silêncio a luz se fez espanto.

Como um véu abriste-te em amor
E deste-te em abraços e harmonias
Num só voo ainda entoamos
Alvorada em flor até ser dia.


Texto (reposição revista)
Ailime
25.04.2015
Imagem Google

sábado, junho 01, 2013

Dia incompleto


Dia incompleto
Na voragem do tempo
Marco definitivo
Essência moldada
Multidões, convicções
Amigos também.

Memórias que se avivam
Pedras que sorriem
No dia incompleto
Duma luz distante
Gravada na alma.


Ailime
01.06.2013
Imagem Google

segunda-feira, abril 15, 2013

Na cinzenta madrugada


Na cinzenta madrugada
Perpassa a luz
Que há-de inundar as ruas  
E fazer crescer as flores
Nas pedras que arrancaste.

Os corpos nus
Vestir-se-ão de linho
E nos olhos cavados
Dos rostos desbotados
Pela inércia
Da cegueira insalubre,
Há-de renascer o dia.

As sombras serão esmagadas
Com a pujança da luz
Que te acalentará
Num chão de primavera.

Ailime
15.04.2013
Imagem Google

domingo, maio 06, 2012

Mãe, em dia da Mãe


Mulher do amor e das dores, das lágrimas e sorrisos.
Alimenta-te o instinto divino da criação e
Em ti se concretiza o plano da dádiva maior.


Maravilhoso ser que gera o milagre da vida e
Ama sem medida os seus filhos,
Eternizando em si o Amor.

Mãe, Obrigada, por tudo!


Feliz dia para todas as Mães!
Feliz Dia para todas as Mulheres!
Que Deus a todas proteja!




Que Deus tenha na Sua Eterna Glória
todas as Mães que o Senhor a Si chamou.
Ailime
Maio/2011
Imagem da Net
(Reposição)

sexta-feira, junho 10, 2011

Camões e a tença

Em Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades, a minha homenagem a todos os portugueses e povos que os acolheram e continuam a receber e que como CAMÕES vão deixando por esse mundo fora muito das suas vidas, muito das suas almas, muito de Portugal.



Irás ao paço. Irás pedir que a tença
Seja paga na data combinada.
Este país te mata lentamente
País que tu chamaste e não responde
País que tu nomeias e não nasce.

Em tua perdição se conjuraram
Calúnias desamor inveja ardente
E sempre os inimigos sobejaram
A quem ousou ser mais que a outra gente.

E aqueles que invoscaste não te viram
Porque estavam curvados e dobrados
Pela paciência cuja mão de cinza
Tinha apagado os olhos no seu rosto.

Irás ao paço irás pacientemente
Pois não te pedem canto mas paciência.

Este país te mata lentamente.

 Sophia de Mello Breyner Andresen

....mas tenho Esperança neste imenso Portugal.
Ailime
10.06.2011
Imagem da Net