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segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

O retorno dos reis

Peter Jackson liberou uma montagem/prévia de The Beatles: Get Back, com lançamento previsto para 27 de agosto de 2021, via Disney. O doc trará material extraído de 56 horas (!) de filmagens nunca exibidas, confirmando que o baú de inéditas Fab Four é, sim, um poço sem fundo.


Impressionante o nível de preservação do material. Parece que foi gravado semana passada. Acervo histórico, for sure. Imperdível para beatlemaníacos ou, simplesmente, para admiradores de boa, excepcional música.

Aliás, no início do ano, pela 1ª vez, fiz uma maratona cuidadosa pela discografia dos garotos e, pasmem terráqueos!, eles eram realmente impossíveis. A cada disco avançando a passos largos rumo à excelência técnica, lírica & melódica, ficava imaginando a cara do Brian Wilson quando os ouvia na época.

Só que, assim: ainda prefiro os Stones. Mas é porque sou um tosco que gosta de tomar uma ouvindo "Can't You Hear Me Knocking". Ic!

domingo, 18 de dezembro de 2005

GOD SAVE THE KING


De todas as formas de arte, o Cinema talvez seja a que captura o imaginário popular da maneira mais urgente e direta - mesmo que o objeto dessa imaginação preze pela mais absoluta bizarria. Sabe-se lá por quê diabos certas premissas, de tão insólitas, acabam alçando uma condição de quase-mito e criando verdadeiros ícones pop. Um gorila de dez metros arrebentando em Nova Iorque é uma delas. Talvez seja pela personificação do nobre selvagem, pela crítica subentendida à intervenção inconseqüente do homem na natureza ou pelo simples cagaço de imaginar um bicho desses solto por aí. Ao longo dos anos, a imagem do King Kong se tornou uma marca tão reconhecível quanto Mickey Mouse e Superman (só perde para o Papai Noel da Coca-Cola, aquele velho batuta). Até mais, eu diria, visto que, fora os remakes e o vale-tudo com o Godzilla, a referência primordial é unicamente o clássico de 1933, limitando-se aí ao merchandising e à uma gama de referências soltas ao personagem. Mesmo assim, Kong ainda é o King. Imagina se o mito tivesse sido bem administrado esses anos todos.

Outro ponto é o arco fechado que constitui o filme original. A saga tem início, meio e fim, o que (teoricamente) inviabilizaria qualquer pretensa continuação. É possível que se trate de uma obra atemporal, visto que provoca curiosidade até hoje. Então, fica difícil justificar a existência do King Kong de Peter Jackson a não ser pela sua divulgadíssima devoção ao filme. O mesmo se pôde dizer do ótimo Gus Van Sant e seu desnecessário Psicose, clonado frame a frame do clássico de Hitchcock - o que me leva a questionar a validade de refazer algo que já é perfeito em sua proposta. Contudo, desse mal Jackson não sofre. O que ocorre no novo King Kong é bem mais um upgrade do qualquer outra coisa. Ao contrário do remake de 1976 (bastante competente, diga-se de passagem, e aí vai o meu escalpo a preço de banana), o filme se atém às mesmas marcações situacionais do original, devidamente anabolizadas com vitamina CG e belas jogadas individuais do zagueiro Jackson. Até cenas cortadas na edição do original foram recriadas, sem qualquer prejú para a fluidez da história.

Fico imaginando que representar os personagens de King Kong seja mais ou menos como encarnar figuras como Hamlet, Lobo Mau ou Chapeuzinho Vermelho. Todos os trejeitos, inflexões e motivações estão lá, bem sedimentadas e se completando mutuamente. Tem o galã fake, o herói puro de coração, a mocinha em perigo, o louco obsessivo, e por aí vai. São a matéria-prima para os estereótipos que ajudaram a forjar a cara da cultura popular moderna. Todos se saem muito bem.

Maravilhosa de linda, Naomi Watts encarna à perfeição o papel de Ann Darrow, a Bela. É uma grande atriz e ocupa tranqüila a lacuna que Nicole Kidman vem deixando com seu progressivo distanciamento daquilo que realmente importa. A cena em que ela tenta ganhar a simpatia de Kong é bem espirituosa e, ao mesmo tempo, desconcertante. Já Adrien Brody tem um olhar tão piedoso que dá vontade de meter a mão no bolso e lhe entregar a carteira com o salário do mês. Usando isto ao seu favor ele eventualmente - e merecidamente - se dá muito bem (como em O Pianista), mas, às vezes, acaba resvalando numa irritante mistura de auto-comiseração com falta de atitude. Nada que chegue a atrapalhar, já que seu personagem, Jack Driscoll, é hesitante por natureza.

Quanto ao Jack Black, confesso que estava bem curioso e fiquei ainda mais após ver seus comentários hiper-exaltados no vídeo-blog da produção. JB é um Taz live-action. Como Peter Jackson iria domar a fera? Ajudou bastante o fato dele ter ficado com o papel do diretor-showman Carl Denham. Bem mais contido que de costume, mas mantendo o fôlego de sempre, ele consegue ser engraçado, malandro e (bastante) odioso, exibindo um timing invejável. Sempre tive um interesse especial por este tipo de personagem obsessivo e algo irracional. Cineastas que encaram a profissão quase como uma ciência (ou uma religião, ou um vício) já renderam performances memoráveis, como John Malkovich em A Sombra de um Vampiro, Johnny Depp em Ed Wood e até Burt Reynolds em Boogie Nights. Faltou isto aqui pro Jack Black chegar lá.

Pórem, o melhor ator em cena é mesmo o Kong, digitalizado a partir das macaquices de Andy Serkis, ex-Gollum. Kong faz caras e bocas, é divertido, orgulhoso, melancólico e assustador. O gestual, a anatomia e a física envolvida estão às raias da perfeição, à exceção de um ou outro relance mínimo. O resultado final é um passo à frente na área e isso está estampado em cada pêlo tremelicante do gorilão.

Serkis também comparece em carne e osso no filme, no papel do marujo Lumpy (o bigodudo de boina). Bom ator, hein.


Talvez o grande desafio de Jackson tenha sido rechear um argumento que, no original, durava pouco mais de uma hora e meia pra ser contado. Atualizando a narrativa pra lá de sintética do cinemão da época, estica-se aí para umas duas horas, já exibindo uma barrigada de sete meses no roteiro. Pois Jackson espichou a coisa pra pouco mais de três horas. Contudo, são três horinhas saradas, cheias da disposição, com alguns poucos pneuzinhos aqui e acolá. Tudo bem, King Kong é uma ode ao minimalismo (quer algo mais minimalista que um macaco gigante no topo de um arranha-céu tentando estapear uns biplanos?), o que não impede a viagem de ser divertida até o clímax-referência pop. Na verdade, é em seus dois terços iniciais que King Kong superfatura o preço do ingresso.

A New York fudida da Grande Depressão foi retratada primorosamente. O clima de desolação e pendura geral foi ilustrado de forma rápida e eficiente. Mas é na Ilha da Caveira que o mesmo doente que realizou Fome Animal dá as caras e a diversão alcança níveis quase diabólicos. O lugar faz a ilha de Jurassic Park parecer... um parque. É o inferno na terra. Nativos que parecem possuídos pelo espírito do Aiatolá Khomeini em dia de segunda-feira, insetos, ácaros e zicziras gigantes, dinossauros sempre em horário de almoço, fazem o King Kong parecer o Frei Damião, tamanha sua bondade em apenas atirar os humanos a esmo por aí. É uma festa no apê do capeta, cheia de greatest hits - a mais incômoda foi a parte em que nossos heróis tentam sobreviver em um ambiente que lembra uma fossa do tamanho do Maracanã e infestada de criaturinhas adoráveis querendo fazer uma boquinha (ou duas, três...). Essa cena, inclusive, foi uma das descartadas no filme original. O ponto alto, como sugerido dos previews, é o telecatch de Kong contra uma turba de T-Rexes insandecidos querendo comer a Naomi (realmente eles tinham uma boa motivação). Antológico. A seqüência nos cipós, com a variação dos pontos de ação, é Spielberg puro.

- E só pra registro: a seqüência em que Kong revira o tronco atravessado no abismo ficou muito mais tensa e arrepiante no remake de 1976 (sendo um dos melhores momentos daquele filme).

Como nem tudo é perfeito, o andamento dá uma brecada a caminho da reta final, no que poderíamos chamar de "parte sensível" do filme. O problema é que a química entre Naomi e Kong se desenvolve ao máximo bem antes da conclusão. Daí pra frente o bom trabalho deles fica seriamente comprometido pela esticada do roteiro. De qualquer forma, ainda rende uma cena realmente bela, quando os dois brincam na neve. Pode parecer piegas, e é mesmo, mas é bonito de se ver.

Sobre a readaptação do enredo, há pouco a se comentar. Muito daquela logística perneta do original foi mantida, afinal ela acabou atrelando um certo charme involuntário ao conceito. Use a imaginação. "Como eles conseguiram tirar o navio do meio das rochas?" - Maré. "Como eles transportaram o gorila até o continente?" - Pediram ajuda pelo rádio. "Onde foram parar os nativos?" - Se esconderam, pô. "Como Jack conseguiu encontrar Kong e Ann naquela ilha infernal e gigantesca?" - Não sei, só sei que foi assim. E por aí vai.

King Kong é o último blockbuster de 2005 e pra ser sincero eu nem lembro quais foram os outros. Mas uma coisa eu posso dizer: se restasse esse filme como referência do cinemão pipoca desse ano, eu diria que ele está muito bem representado.

Long live the King.

sexta-feira, 21 de maio de 2004

"JOE, CALL THE POLICE... MY GIRL IS A ZOMBIE!"

(Junkie Jesus Freud Project)


Posso me considerar um expert em filme de mortos-vivos. Eu me amarro. Já assisti todos os que foram relevantes no gênero. Do realista A Maldição dos Mortos-Vivos, de Wes Craven (A Hora do Pesadelo, Pânico) e o inovador Re-Animator (o da cabeça decapitada chupando a reentrância de uma moçoila desfalecida), até Força Sinistra, de Tobe Hooper, e a trilogia clássica de George A. Romero. No meio, tiveram umas bobagens até divertidas, como A Noiva do Re-Animator e Cemitério Maldito. Da geração nova, o mediano Resident Evil: O Hóspede Maldito (baseado naquele game tenso), o magistral Extermínio e a montanha-russa do inferno Madrugada dos Mortos (feliz remake de um dos filmes da trilogia de Romero).

Qualquer um desses salva um final de semana do tédio. E esses a seguir também, devidamente recomendados para estômagos que agüentam um sarapatel com limãozinho no boteco da esquina.


FOME ANIMAL


Esse filme, de 92, é pra se assistir ao som de Cannibal Corpse, Carcass, Autopsy ou qualquer banda que tenha temas tão singelos quanto trepar com um cadáver em decomposição. O filme é muito podre mesmo. Se você já assistiu A Mosca e achou nojento, então espere pra ver esse aqui. E, olha só que surpresa, essa pérola da podridão foi dirigida por um jovem e doentio Peter Jackson, ainda sem hobbits, nem estatuetas douradas na cabeça.


O nome dele é Lionel e ele vai enfrentar zumbis

Esse filme lá fora tem dois nomes, Braindead e Dead Alive. Sinceramente, eu nunca vi tanto sangue e carnificina na vida. É tudo exageradamente splatter, chega a dar azia. Fico só imaginando como foi a sessão da estréia de Fome Animal. Família reunida depois de um almoção no McDonald's... legal, hehe...

Aliás, uma das frases mais legais do Cinema está aqui: "Sua mãe comeu o meu cachorro!". Podreira nota dez!


Clique na sopa de sangue pra ver mais shots podres

Pra lembrar na hora do almoço: A mamãe zumbificada do “herói” comendo a própria orelha que estava boiando na sopa. Sexo melado entre zumbis, e com direito à posições que fariam corar o próprio Buttman.


EVIL DEAD




A Morte do Demônio, Uma Noite Alucinante, Evil Dead... seja lá como anda a nomenclatura oficial desses filmes, eles são marcos do horror gore. É um Sam Raimi fazendo o que sabe melhor: diversão pura e sem limites. Tudo bem, Evil Dead não é só uma “história de mortos-vivos”, tem muito mais que isso ali. Mas, como a idéia básica é sobre possessão demoníaca, inclusive de cadáveres, vá lá.


Os demônios aqui são pra lá de atrevidos e nem esperam a vítima bater as botas. Forçam uma possessão no protagonista Ash (Bruce Campbell), mas só conseguem dominar a sua mão. Nada que uma serra-elétrica não resolva. Aliás, só essa seqüência influenciou toda uma geração de filmes de terror e até virou tema de um filme inteiro: A Mão Assassina, com Devon Sawa (de Premonição), nada mais é que uma versão de uma hora e meia em cima dessa cena de Evil Dead.

Até hoje, esses filmes do Raimi são excepcionais no que diz respeito à parte técnica. Poucas vezes se viu uma câmera tão esquizofrênica quanto em Evil Dead. Em alta velocidade, ela voa pela floresta, persegue as vítimas, derruba portas, janelas e o que mais aparecer pela frente. Às vezes dá a impressão que ela também está possuída...

Pra mim, efeito inovador de câmera é isso aí... bullet-time my ass...!


Evil Dead I é terror puro, sem brincadeiras e com cheiro de enxofre. Já Evil Dead 2 é aquele furacão de referências pop com fartas doses de humor negríssimo, que o tornou um clássico imediato. Evil Dead 3 - Army Of Darkness, embora o mais fraco, é muito mais profissa. Ash tá sinistraço nesse filme. Vamos lá, reassista essas porras!

Pra lembrar na hora do almoço: Rios de sangue, tripas dilaceradas, carne podre, empalações, desespero, desolação, demônios querendo a sua alma.


A VOLTA DOS MORTOS-VIVOS



Um dos momentos mais divertidos da década de 80. Ao lado de Re-Animator e Evil Dead, é um filme que soube misturar terror com situações bem-humoradas de forma primorosa. A começar pelo próprio elenco. Ninguém tem nada a ver com ninguém ali. Todos são desajustados e parecem pedir pra serem devorados por zumbis famintos. Os zumbis aliás, são falantes e espertos. Tudo bem, não tão espertos, pois 97% do que eles falam é "Braaainss, braaainss..." Mas teve uma hora em que eles usaram o rádio da polícia para "solicitar reforços" (leia-se: "tragam mais comida"). Fome faz coisa.


Adivinha quem é a mocinha...

A história é aquela coisa: Tina é uma patricinha que vai à uma afastada cidade esperar pelo seu namorado, que está trabalhando num depósito. Por quê diabos ela só tem amigos doidões, só Deus e o roteirista sabem. Bem, no tal depósito tem um tanque com um material químico que foi extraviado pelo Exército, e claro que eles abrem o dito cujo. Daí pro cemitério tremer é um passo.


Esse "800" causou dor de cabeça na época (o DDD usado em filmes é "555")

A Volta... é quase uma sátira aos filmes do gênero, em especial da obra de Romero. O diferencial é a sua produção caprichada. Mesmo hoje, os monstrões são muito bem-feitos - cortesia do designer de produção William Stout. Aliás, o primeiro mortão a aparecer sorridente no filme, de tão legal, acabou virando um personagem cult: The Tar-Man. Olha ele aí, esbanjando simpatia.






A Volta dos Mortos-Vivos ainda contou com uma trilha sonora abençoada, cheia de bandas punk e góticas dando o tom. Tinha The Cramps, TSOL, Roky Erickson, The Damned e outras, só coisa legal.

Depois desse, ainda houveram duas continuações, com destaque para o terceiro filme, dirigido pelo insandecido Brian Yuzna (de Re-Animator).


"Explica o por quê dessa fome louca, mulher... digo, meia-mulher..."

Pra lembrar na hora do almoço: A metade de uma morta-viva explicando o por quê do vício em cérebros frescos. "Para aliviar a dooor... a door da mooorte", diz ela, bem pragmática.

Ah, e outra coisa...



Isso também foi memorável.

Segundo infos do Omelete, estão sendo preparadas mais duas continuações de A Volta..., a serem filmadas simultaneamente - Return Of The Living Dead 4: Necropolis e Return Of The Living Dead 5: Rave From The Grave (será "rave" de festa tecno?). Procurei por aí e realmente estão fazendo. Rave... já tem até pôster:


Qualquer semelhança com o Eddie, do Iron Maiden... ah, esquece

Não sei se essas são lá boas notícias, pois o charme da série ficou lá atrás, nos anos 80. Detestaria ver os mortos-vivos mais sacanas do Cinema fazendo sátiras de Matrix ou coisa que o valha.


Post ao som de Misfits, White Zombie e The Cramps... "Céreebroooss... Céreebroooss..."