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segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Delboy nunca mais


Mike Mignola, uma garrafa de whisky e duas doses de amargura. Em entrevista ao Screen Rant, o criador do Hellboy fez uma turnê pelos natais passados: primeiro admitiu que ficou decepcionado com Hellboy II: O Exército Dourado (2008) e, depois, que as chances de Guillermo del Toro retornar à série original para fechar uma trilogia são quase nulas.

Num trecho particularmente tocante, fez uma DR bem intimista daqueles dias.
“Sendo capaz de olhar para trás agora, estou muito feliz com o tempo que passei com ele. Tivemos algumas aventuras, e eu acho que nós dois seguimos em direções diferentes. (...) É uma sensação muito estranha [onde] você simplesmente pensa, ‘Eu pensei que éramos amigos para a vida toda, mas eu nunca mais vou te ver de verdade’, e, infelizmente, eu acho que é meio que onde del Toro e eu estamos. Ele está em outro planeta. Estou muito feliz por conhecê-lo e trabalhar com ele quando trabalhar em um filme era com cinco ou seis caras, e não na carreira que ele tem agora.”
De fato, a atmosfera nos bastidores parecia transbordar brodagem.

Ainda assim, e por mais que tenha sido um divisor de águas para a sua maior criação, é melancólico ver o Mignola remoendo esse tópico mais uma vez. É meio um consenso geral que o Hellboy da versão do del Toro morreu há tempos. E isso não é necessariamente algo ruim.

Na entrevista, o quadrinista conta que ficou três meses trabalhando na pré-produção do 2º filme e que não viu nada daquilo no resultado final. Não surpreende, se "olhar para trás" com a sobriedade que só a idade traz.

Como aventura, o Hellboy 2004 batia na trave, salvo pelas boas caracterizações, produção esforçada e a transição daquele terror gótico dos quadrinhos. Uma transição a conta-gotas e com estética à Tim Burton, mas já era alguma coisa. O Exército Dourado, por sua vez, trocou esse aspecto por um clima de fantasia Tolkienesca. Tudo ficou suntuoso, onírico, inofensivo, fofo demais.

Cheguei à conclusão que del Toro fez aquilo que garantiu que nunca faria.


Lembro que escreveria uma resenha sobre o filme, mas fiquei com o editor de posts aberto por duas semanas sem conseguir redigir uma frase. Não queria falar mal, mas era impossível falar bem. Desisti.

Segui o conselho do velho monge de Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavera (2003). É um bom conselho.


E serve tanto para coisas quanto para pessoas, viu Mignola?

quarta-feira, 11 de outubro de 2023

O último “Bwah ha ha ha ha”


Keith Ian Giffen
(1952 - 2023)

A esta altura já devia estar acostumado, mas a passagem do Keith Giffen deu uma ferroada daquelas no coração. Sei, ninguém nasce com garantia estendida, mas é muito tempo acompanhando o que esse senhor tem criado, escrito e desenhado. Tudo dele parecia valer a pena. E valia mesmo. Até a Ametista. Até os gibis do He-Man que ele roteirizou. Por Kirby, até aquele Thorion of the New Asgods, um dos poucos one-shots divertidos da infame série Amálgama.

Fora que uma figura anárquica como o Lobo só poderia ter saído da mente do Giffen.

Nem adianta desfiar uma tese quilométrica (como se capaz fosse) sobre as camadas da Liga da Justiça-Liguinha, dele com seu irmão artístico-espiritual J.M. DeMatteis e do Kevin Maguire. Ou da Legião dos Super-Heróis no período Five Years Later, um épico a ser (re)descoberto. O bojo de seu trabalho, não apenas na DC, trouxe conteúdo, tridimensionalidade e profundidade para ser apreciado, revisitado e reavaliado ainda por décadas.

Aliás, adoro Aniquilação. E isso não é só respeito à memória do Gifted Giffen.

Esse cara vai fazer falta.


Espirituoso até depois do final.

Thank you for everything, Giffen!

domingo, 25 de setembro de 2022

As 13+ da Rádio BZ FM


Não sei bem porquê, mas ontem, vendo tevê, bateu a vontade irresistível de embarcar nessa de #desafio13livros ou #13livrosvermelhos ou sei lá o nome.

Ps: gentileza ignorar os gibis ao fundo. Eles não têm lombada vermelha (vacilo, Comix Zone!).

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Réquiem para uma ave de rapina


Tom Veitch
(1941 - 2022)

Se foi Tom Veitch, aos 80 anos. Segundo comunicado de seu irmão, o grande Rick Veitch, a causa foi Covid. Tempos (ainda) difíceis.

A trajetória do escritor, poeta, roteirista e quadrinista foi um tanto peculiar. Iniciou a carreira no movimento Underground Comix de San Francisco, no iniciozinho da década de 1970. A tônica era aquele tsunami irrefreável de humor negro, sexo, drogas e violência que tanto escandalizava o Comics Code Authority. No entanto, foi em suas novelas e livros de poesia que Veitch desenvolveu um estilo pessoal, repleto de abstrações, existencialismo e espiritualidade, aspectos presentes também em sua incursão no mainstream dos comics a partir dos anos 1980 —o que não surpreende, já que, durante um período, Veitch foi monge beneditino.

Sua produção na 9ª arte foi modesta, porém marcante. E quase sempre fora da curva.

Gosto de tudo o que ele fez: a belíssima mini A Guerra de Luz e Trevas, o anárquico (e não menos esquisito) The Nazz, sua trinca de arcos do Homem-Animal (Réquiem para uma Ave de Rapina - O Senhor dos Lobos - O Significado da Carne), além, é claro, o seu material de Star Wars, precisamente o início da linha Tales of the Jedi, com a introdução da era da Velha República, e a memorável trilogia Império Negro - Império Negro 2 - Fim do Império.

Foi ele, aliás, quem propôs a George Lucas as ideias da clonagem do Imperador e de Luke indo para o Lado Sombrio. E as defendia muito bem.

Veitch tocava uma livraria na pequenina Bennington, Vermont. Completamente afastado do fenômeno midiático que os quadrinhos se tornaram na última década, ele poderia facilmente ter embarcado em qualquer um desses hypes da semana. Mas é difícil até mesmo encontrar imagens recentes dele.


Semi recluso e low profile, ao melhor estilo Bill Watterson/Steve Ditko. Mas o legado segue intocável e influente. E, certamente, por muito tempo ainda.

terça-feira, 30 de junho de 2020

😷 😷 😷 😷 😷 😷 Retrospec Junho/2020 😷 😷 😷 😷 😷 😷

Uma nova era está começando... aguardem! #conrad #conradeditora #quadrinhos #HQ #calvineharoldo #ConradNovaEra #conradVoltou #sobnovadireção #mangá
Publicado por Conrad Editora em Segunda-feira, 1 de junho de 2020

1/6¹ – A Conrad Editora anuncia uma volta dos mortos às atividades sob nova direção. Daqui onde estou, ouço foguetórios de celebração pelo passado de títulos incríveis e panelaços de indignação pelos preços colonoscópicos e pelas séries inacabadas. Mas darei um voto de confiança, assim que superar esse anúncio em fonte Comic Sans.

1/6² – Anota na agenda, Charlie Cox: daqui a seis meses os direitos do Demolidor retornam para a Marvel Studios.

1/6³O venerável Doug Bradley faz uma leitura do clássico Frankenstein, de Mary Shelley, para relaxar nesses tempos de quarentena. Pinhead é um demônio extradimensional do prazer e da dor, mas acima de tudo é um bom coração...

1/64Evan Peters, o melhor Mercúrio, estará na série WandaVision.

2/6¹ – Vários artistas e gravadoras se unem à campanha #blackouttuesday / #theshowmustbepaused em apoio aos protestos pelo assassinato de George Floyd.

2/6² – Não apenas a atriz Ruby Rose saiu de Batwoman, mas também sua personagem, Kate Kane. A nova protagonista da série será Ryan Wilder, que, literalmente, não tá no gibi.


3/6¹Se vai Maria Alice Vergueiro, aos 85. A atriz, pedagoga e professora paulista iniciou sua carreira na década de 1960. Foi proeminente no universo teatral, onde dividia os palcos com gigantes como Jandira Martini, Cacá Rosset e Paulo Autran. E também fez vários filmes, além de algumas novelas. No entanto, seu grande momento no mainstream foi com o clássico vídeo "Tapa na Pantera", um dos primeiros grandes hits viralizados da internet brasileira. Ainda hilário, diga-se...


Por um bom tempo achei que aquilo era verdade. Fui trollado profissionalmente (#orgulhodefine). Obrigado por tudo, Maria Alice!

3/6² – A nova edição americana de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis (1839-1908), via Penguin Classics, esgota nos Estados Unidos em um dia. E a resenha do The New Yorker é uma delícia – até complementar à do Better Than Food, diria. Sigo ansiosamente no aguardo pelos reacts gringos à ambiguidade da Capitu...

4/6¹ – E nessa volta "sob nova direção", a Conrad Editora anuncia a volta do editor Cassius Medauar (ex-Pixel, ex-JBC e ex-putz-Conrad). Suas passagens por títulos clássicos de mangás rendeu a adoração de muitos otakus. Em compensação, suas decisões "inusitadas" nos títulos Vertigo editados na Pixel deixou alguns traumas pelo caminho – mas isso foi frio, Luwig.


4/6²Se vai Steve Priest, aos 72. Baixista e vocalista da formação mais popular do grupo The Sweet, ele foi um dos precursores do glam e do hard rock. Entre seus maiores hits estão "Fox on the Run", "Little Willy", "Love Is Like Oxygen" e, lógico, a icônica "The Ballroom Blitz".

5/6 – Víamos isso chegando, mas não acreditávamos: a DC corta relações com a Diamond Comics Distributors! Negacionismo nerd é isso aí.

6/6 – Do alto de seus produtivos 99 anos, o legendário Al Jaffee, autor das famosas "Dobradinhas da MAD", resolve se aposentar. Grande Jaffee!


11/6¹ – Se vai Dennis O'Neil, aos 81. Entre a passagem pela Charlton e as idas e vindas pela Marvel e DC, sua carreira se confunde com a própria História dos comics pós-Era de Prata. Como roteirista e editor, revolucionou o conceito de quadrinho mainstream mais vezes do que qualquer um sonharia. Seus trabalhos nos títulos do Questão e do Batman se tornaram referências, sem contar o meu favorito: Lanterna Verde/Arqueiro Verde ao lado de Neal Adams – uma das maiores duplas dos quadrinhos em todos os tempos. O fim de uma era.

11/6²Morrison Hotel, clássico álbum do grupo The Doors, ganhará uma HQ. O roteiro é da Leah Moore, filha do Ômi, e conta com a colaboração de dois Doors: o guitarrista Robby Krieger e do baterista John Densmore. Boa sorte pra ela. As Portas remanescentes nunca foram um público fácil em se tratando de adaptações em quadrinhos – vide as críticas do tecladista Ray Manzarek à arte sensacional do gaúcho Henrique Kipper num projeto similar durante os anos 1990.

11/6³ – O New Order e o Pet Shop Boys remarcaram sua Unity Tour para 2021, com datas a partir de setembro (!). Olha que dá tempo de convidar o Depeche...


12/6¹ – A Marvel apresenta o design 2020 do Latinha. A caranga nova estreia em Iron Man #1 (set/2020) com roteiro de Christopher Cantwell e arte de... CAFU?! Caramba, sabia que o cara tava numa maré braba, mas fazer bico na Marvel já é demais.

12/6²Alejandro Jodorowsky: 4K Restoration Collection é o box que vai invadir seus sonhos como vikings sedentos por sangue, pilhagem e virgens. 400 e-daís (no câmbio de hoje) + shipping.

13/6 – A pedido da Associação de Oficiais Militares do Estado de São Paulo em Defesa da Polícia Militar (sério), a Justiça pede esclarecimentos à Folha e aos artistas João Montanaro, Alberto Benett e Laerte por uma série de charges abordando a violência policial no Brasil. Em suma, precisa desenhar. De novo.

14/6 – E... Bob Esponja é oficialmente um personagem LGBTQ+. Ah, esse tava fácil.

15/6 – Pode ser que os direitos cinematográficos de Hellraiser revertam para Clive Baker ano que vem. Será uma desfibrilada salvadora na surrada franquia. Mas a trama é mais complexa – e promissora – do que parece.

16/6¹ – Várias mulheres acusam o roteirista e desenhista Cameron Stewart (Batgirl) de má conduta sexual – sendo que uma delas ainda era adolescente na época. É, fiote...

16/6²Flea adorou "By the Way", do Red Hot Chili Peppers, na versão do Júnior Bass Groovador. Não é pra menos: ficou muito melhor que a original. #prontofalei

16/6² – A WarnerMedia anuncia o mega-evento virtual DC FanDome, que trará novidades da DC para TV e cinema. Também terá concursos entre cosplayers e artistas do mundo inteiroexceto para o Brasil, Cuba, Irã, Coreia do Norte, Sudão, Síria e Crimeia. Depois a Warner tentou contextualizar o veto, mas o gostinho de 7 x 1 é inconfundível.

17/6 – Minha Santa Aquerupita... Warren Ellis é acusado por múltiplas mulheres de coerção sexual através de táticas predatórias bluebeard. Por décadas. Até tu, Ellis?

18/6¹ – E Cameron Stewart é retirado de um projeto da DC após a chuva de alegações sobre sua má conduta sexual.

18/6² – Diz James Gunn que John Cena vai tocar o terror no novo Esquadrão Suicida. Eu pago um dólar por isso!


19/6¹Warren Ellis responde às acusações de má conduta sexual com uma conversa mole que faria a Jakita lhe quebrar uns ossinhos com petelecos estratégicos.


19/6² – Se vai Sir Ian Holm Cuthbert, aos 88. O veterano e premiadíssimo ator britânico iniciou sua carreira no teatro em 1953 (!). Em meados da década de 1960, fez parte das primeiras produções na TV (BBC, claro), daí para o cinema e o resto é História. Entre vários papéis emblemáticos, ficou mais conhecido pelas novas gerações por seu Bilbo Baggins da trilogia O Senhor dos Anéis. E para mim, sempre será o "simpático" Ash...

19/6³A DC remove uma história de 2 páginas escrita por Warren Ellis para um spinoff da saga Death Metal – a pedido do próprio, segundo a editora. Pelo visto, esse agora só vai dar as caras na próxima pandemia.


22/6¹ – Se vai Joel Schumacher, aos 80. O cineasta iniciou sua carreira no cinema como designer de figurino em 1970 e debutou na direção apenas quatro anos depois. A maioria dos portais de notícias certamente se renderá aos clickbaits garantidos com sua malfadada incursão na franquia do Batman, mas, justiça seja feita, ao longo da carreira Schumacher construiu uma filmografia bastante decente. E por vezes, até mesmo atemporal.

22/6² – E falando em Batman, ninguém menos que Michael Keaton está negociando seu retorno ao capuz do Morcego no vindouro The Flash, de Andy Muschietti. Batman velhusco e rabugento de DK à vista?


22/6³ – Grandiosaço esse teaser da série Foundation, hm? E ainda tem o Jared Harris. Asimov ficaria orgulhoso...

23/6 – Em tempos tão sombrios para o mercado editorial (mesmo para as gigantes do varejo), o serviço Bookshop é a estrela que está guiando as pequenas livrarias de volta ao público perdido.

24/6¹David Lynch está felizão com seu conjunto da obra, com exceção de Duna. Mas não disse o porquê.

24/6² – Caíram na rede umas fotos do set de Matrix 4. Neil Patrick Harris estrelão como sempre e Keanu Reeves com um visual meio... Neo-Jesus?

24/6³Shawna Gore, editora da Oni Press, revela um período de inferno na época em que trabalhava na Dark Horse e era assediada pelo roteirista e editor Scott Allie – comportamento que chegou às vias de fato num relato difícil de ler. A Dark Horse se pronunciou sobre o desabafo de Shawna e terminou de afundar a já péssima reputação do sujeito.


25/6 – Se vai Joe Sinnott, aos 93. O "arte-finalista de Jack Kirby" foi essencial na gênese da indústria dos quadrinhos mainstream. Foram nada menos que 60 anos de Marvel – fora que já estava "por ali" desde 1951, na Timely/Atlas, a pré-história da editora. E desenhou até o fim, mesmo aposentado desde março do ano passado. Veterano é pouco.


26/6Se vai Milton Glaser, aos 91. O nova-iorquino é uma verdadeira referência no mundo do design gráfico. Ao longo da carreira não só revolucionou a estética gráfica publicitária como reestruturou o conceito visual de jornais e revistas do mundo inteiro. Sabia como ninguém fazer a ponte entre a simplicidade e a genialidade. Claro que todos irão se lembrar de um de seus maiores legados, o icônico I NY – mas pra mim, ele sempre será o criador do insuperável "logotipo balístico" da DC...


O melhor logo de todos! De todos!



29/6 – Se vai o gênio da comédia americana Carl Reiner, aos 98. O ator, diretor, roteirista e escritor iniciou na carreira dramática enquanto servia na 2ª Guerra, em uma unidade de entretenimento. E nunca mais parou – seu último trabalho foi em Toy Story 4, do ano passado. Mesmo entre tantos momentos antológicos na TV, nos teatros e no cinema, pra mim é difícil não destacar as parcerias com Steve Martin (O Panaca, Cliente Morto Não Paga) e o improvável e impagável Curso de Verão, um dos filmes que mais assisti na vida.

ZECK, DeMATTEIS' Classic CAPTAIN AMERICA to Get EPIC COLLECTION. DETAILS:
Publicado por 13th Dimension em Terça-feira, 30 de junho de 2020

30/6¹ – A aclamada fase de J.M. DeMatteis, Mike Zeck e John Beatty no Cap vai ganhar uma Epic Collection para chamar de sua. Ou minha, porque esperar pela Panini a esta altura é pedir pra levar. Sai lá fora no outono – entre 22 de setembro e 22 de dezembro.

Day of the Dead
Day of the Dead premiered June 30, 1985
Publicado por Hallowin em Terça-feira, 30 de junho de 2020

30/6² – Hoje Dia dos Mortos completa 35 primaveras! É o mais tosco, cru e gore da franquia de George A. Romero, mas atualmente é o que mais gosto de revisitar/estudar, por motivos perfeitamente elaborados por outra pessoa. Thank you, mister!

domingo, 16 de junho de 2019

Eu traí o movimento punk, véio!


No atual pega-pra-capar da Panini em busca da liquidez perdida, tanto a oferta quanto a demanda têm ensaiado um desencontro sem precedentes. Ao menos é que tem sido comentado ad nauseum em redes sociais e canais do YouTube. Provavelmente nem sempre é verdade - ou você acha que a editora já não teria puxado o freio de mão, ao invés de jogar mais dinheiro na fogueira? - e, pessoalmente, faço o meu mea culpa: encomendei minha edição de Marshal Law - Edição Definitiva diretamente pelo site da Panini (eufemismo para "pode meter tudo e sem vaselina") logo que pus meus olhos pidões no volumão. Uia.

No meu caso, nem foi opção. Não só amo o Pat Mills, como pulo a cerca com o Kevin O'Neill. Marshal Law sempre foi um dos meus quadrinhos do coração. E foi amor à primeira vista, já que é também o 1º gibi de ultraviolência que li na vida. Ultraviolência na concepção de 1987, claro, mas que batia maravilhas em 1991, quando foi publicado aqui pela Abril. E ainda uma delícia de incorreção política em 2019.

Com prefácio bem sacado de Jonathan Ross (traçando um paralelo de Mills/O'Neill/Law com o punk rock, veja só) e posfácio do próprio Mills, a edição é trampadíssima, trazendo tudo o que já foi publicado do Matador de Super-Heróis - menos os crossovers intereditoras e os livros ilustrados.

É uma belezura.



Com o verme temporariamente fora de ação, agora é só colocar uma playlist punk/hardcore e mergulhar nesse tratado de anarquia no future.

E, claro, rezar pra não ver muitos erros de revisão...

terça-feira, 9 de abril de 2019

Big Guy & Rusty sonham com ovelhas elétricas?


Deu no Guia dos Quadrinhos: há 10 anos, Big Guy & Rusty, o Menino-Robô era publicado no Brasil. Criado por Frank Miller e Geof Darrow em 1995, o título teve vida relâmpago, se bastando em duas edições fininhas lá na gringa via selo Legend, da Dark Horse. Mas rendeu uma moralzinha cult com direito a remasterização em hardcover, action-bonequinhos e uma série animada espetacular.

Mesmo com o hype há muito perdido - se é que teve algum naquela era pré-Internet - a microssérie acabou saindo por aqui 14 anos mais tarde. Provavelmente, a Devir deve ter visto ali a chance de uma capitalizadinha com a (acredito) boa receptividade da HQ mais conhecida da dupla, Hard Boiled - À Queima-Roupa, republicada aqui um ano antes. Com isso, fecharam em duas graphics os trampos do power duo em formatão magazine. Grandes caras.

E por que o formatão foi importante? Essa é fácil.




A arte de Geof Darrow é um show à parte, isso até a minha bisavó sabe. Mas com esse detalhismo obsessivo nem mesmo as dimensões 21 x 28 cm da brochura parecem segurar o rojão visual; e provavelmente nada menos que as medidas de um Wednesday Comics ou de um King-Size Kirby fariam justiça ao seu TOC preciosista-micronauta.

Era a trincheira perfeita para Miller sair metralhando suas críticas curtidas em humor negro-vantablack ao american way, ao capitalismo e ao consumismo desenfreado. Tudo no mesmo balaio do sci-fi militarizado de Hard Boiled, Bad Boy, Martha Washington e, Milton Friedmans me mordam, suas colaborações na franquia RoboCop. Só lembrando que se tratava daquele Miller recém-saído da DC cuspindo marimbondo contra a censura e o establishment - mas ainda não era aquele Miller pós-11/9, danificado e cheirador de napalm pela manhã. Ainda era um meio-termo anárquico, divertido e combinando genialmente panfleto com escapismo.

A respeito de Big Guy & Rusty, muito se comenta sobre a patriotada impressa por Miller na história. Mais especificamente, sobre o fator Complexo do Salvador Branco/Narrativa do Salvador Branco, explícito numa sequência em que autoridades do Japão delegam aos EUA o status de xerife do mundo. Isso rola, exato e previsível como um relógio suíço. A diferença é que os perdedores têm o seu lado da história contado por eles mesmos; e o lado dos vencedores é conduzido num tom conciliador e amigável, não superior ou sectário.

Em contrapartida, já desarticulando minha própria defesa, uma das melhores coisas de Big Guy & Rusty é justamente seu ufanismo americanóide. Tudo à moda antiga, cheio de valores morais ("Agora é matar ou ser morto! ...Não! Tem que haver outro jeito!"), cristãos ("Eu só tenho um Deus, meu chapa e, com certeza, ele não é um iguana supercrescido!") e todos aqueles anacronismos deliciosos convivendo com cenas frenéticas de ação em toda a sua glória chuta-bundas/yippee-ki-yay-motherfucker.

Dá pra ver quanto o Mark Millar bebeu daqui para compor seu Capitão América Ultimate. E até mesmo o Universo Cinematográfico Marvel recente - mas aí é só suspeita minha.


Fuck yeah.

Ao contrário do que geralmente ocorre, soube da existência de Big Guy & Rusty anos antes da HQ sair aqui, pela série animada. Foi co-produzida pela Columbia TriStar Television e Adelaide Productions - o mesmo pessoal das divertidas Men in Black: The Series e Godzilla: The Series - em conjunto com a Dark Horse Entertainment e exibida pela Fox Kids. Coisa linda de joint venture.

Na TV aberta, o desenho passou na Globo na década de 2000, ou seja, nos últimos suspiros da sua faixa infantil matinal. Nem imagino em qual programa - seria aquele com a ruivinha marota, a TV Globinho? Àquele ponto, eu já era um autêntico Sargento Rock de guerra civil brasileira, então é certo que conheci pela tevê de alguma repartição pública, enquanto me decompunha em vida com uma senha de atendimento na mão; por sinal, o mesmo cenário desolador que me fez descobrir o igualmente maravilhoso desenho Avatar: A Lenda de Aang. Como um alívio em meio a tamanha tortura, foi amor à primeira assistida.

O conceito era, basicamente, os ícones do cânone pop-animê (Astro Boy/Jet Marte, Gigantor, Pirata do Espaço) e da cultura kaiju (Godzilla, Gamera, Rodan) colidindo com a ficção-científica americana do pós-Guerra. Irresistível.

Uma das grandes sacadas do cartoon foi adotar a ingenuidade e bom-mocismo dos 50's, apesar de se passar num futuro próximo - e isso inclui a patriotada, assumida de forma ainda mais incisiva e paródica que na HQ. Sempre há uma bandeira tremulando em algum lugar, os valores americanos são repetidos como mantras, a propaganda da máquina de guerra yankee é massiva, a trilha tem várias passagens em ritmo marcial e até o tema de abertura lembra um orgulhoso e grandiloquente hino militar.

A galeria de vilões era esparsa e variada: robôs, alienígenas, aberrações genéticas (e nucleares e químicas), mais robôs, monstros interdimensionais, evil cientistas e ainda mais robôs. Dos poucos recorrentes, meus favoritos eram os masterminds terminators da Legião Pró-Máquina (Legion Ex Machina), que mereciam até um desenho solo. Apesar de censura livre, o desenho era generoso em gore e grafismo sugeridos. Por várias vezes pesquei referências às nojeiras de O Enigma de Outro Mundo, The Hidden - O Escondido, A Mosca e até Do Além. O simples design de alguns monstros já parecia quase demais para um desenho voltado para crianças.


A parte técnica era um primor, com animação acima da média e arte mimetizando, à medida do possível, os traços originais - tanto que impressionou o próprio Darrow. O elenco de dublagem era um dream team: Jim Hanks (irmão do Tom) como o Tenente Dwayne Hunter, o piloto de Big Guy; o saudoso R. Lee Ermey como o General Thornton; o veterano ator M. Emmet Walsh como Mac, o mecânico mais velho de Big Guy; Stephen Root (de Corra!) como o ganancioso Dr. Axel Donovan; Gabrielle Carteris (a Andrea de, opa, Barrados no Baile) como a Dra. Erika Slate; o grande Clancy Brown (a voz definitiva do Lex Luthor!) fazendo quase todos os integrantes da Legião Pró-Máquina; o mestre Tim Curry como o Dr. Neugog; e fazendo a voz estridente de Rusty, a talentosa Pamela Adlon - a impagável Marcy, de Californication.

Já a relação gibi-desenho era curiosa, considerando o minimalismo típico do Miller noventista. Além do trabalho de adaptação, o desenho desenvolveu todo o background da HQ, criando do zero quase todos os personagens, cenários, motivações e objetivos a médio/longo prazo. A única grande convergência é o episódio de estreia, que começa do ponto onde o quadrinho parou (Big Guy e Rusty salvando vacas de uma abdução alienígena!), mas na verdade é uma adaptação livre do gibi inteiro, com alguns diálogos e cenas adaptadas ipsis literis. Muito legal.

A grade de cartoons americanos sempre foi competitiva e implacável. Assim, Big Guy & Rusty, o Menino-Robô foi uma pérola de vida curta, durando apenas 26 episódios em 2 temporadas - e nenhum home video para a posteridade. Tive que me contentar com aquele pack TV-rip em baixa resolução da Baía do Pirata. Sem grandes revisionismos da velha geração ou reverências da nova, segui resignado com a certeza que a viagem terminava ali.

Contra todas as (minhas) expectativas, em julho de 2016 veio a quase-redenção: Big & Rusty, the Boy Robot finalmente foi lançado em DVD.


Não foi um home video per se, mas um DVD MOD (made on demand) exclusivo da Amazon. A prática é corriqueira da gigante americana e mostra que: 1) mesmo obscuras, algumas séries tem sim uma demanda expressiva, saudosista que seja; 2) é uma das maneiras mais fáceis de fazer grana investindo uma merreca: o DVD é o cúmulo do básico, com a capinha impressa em HP Deskjet e autorado sem extras de qualquer tipo, constando apenas o menu de seleção com o nome dos episódios. Consumidor de DVD MOD é second-class citizen na visão das distribuidoras.

Mesmo assim, estava disposto em converter meu desvalorizado, mas suado dinheirinho nos 27 Trump$ e 99 + shipping para ter em minhas mãos putrefactas este item superlativo da minha coleção pop por ordem autobiográfica®. Mas bucaneiro véio nunca se endireita, então resolvi fazer pequenas escavações atrás de um lendário baú do tesouro em forma de arquivos matroska/container do DVD da série. Ou ao menos um DVD-rip em mp4. E nada.

Fui procrastinando e enrolando o carrinho da Amazon-US igual noivo fujão. Até que, há algumas semanas, sob um ímpeto fecha-compra ferrado e com a página amazônica escancarada, fiz uma última busca no Yandex. Dessa vez, com um resultado novo por ali: uma página japonesa - com tudo o que isso representa - trazendo a lista dos episódios em mkv e um magnet link solitário lá no finzinho.

Colei no µTorrent sem grandes expectativas e... não é que milagres acontecem?

Hooray!

Clique aí no Tetsujin 28-go - o Gigantor, pô - para copiar o magnet link.


O torrent agora está na Baía do Pirata também. E em outras fontes.

Sobraram poucos seeds, é verdade. Demorei uma vida pra completar esse download. Então vou manter os arquivos semeando ainda por um bom tempo. Não direto 24/7, mas ao menos algumas horas, todos os dias à noite. E quase direto nos fins de semana.

E a quem colaborar possa: que tal degustar esse torresmo, subir os episódios em alguma conta do Mega ou Mediafire e espalhar a palavra? O espírito público agradece.

Maratonei o desenho reservando certa condescendência para um possível envelhecimento técnico e narrativo. Felizmente, foi desnecessário: a série continua tão espirituosa, eletrizante e divertida quanto da primeira vez. Pode até ser uma Síndrome de Peter Pan (é provável), mas já quero conferir mais uma vez os "golpes movidos a plutônio" de BGY-11, vulgo Big Guy, e os "poderes núcleo-protônicos" de Rusty - que, lembrando, não tem "receptores de dor".

O tiozão do Anime Abandon concorda comigo.


Ps: é tarde demais pra sonhar com aquele live-action?

domingo, 3 de fevereiro de 2019

Vem aí... MarshaLL Law!


Espero que os erros tenham acabado no release. Há tempos aguardo esse material. Marshal Law é uma zoeira divertidíssima de Pat Mills e Kevin O'Neill em cima dos comics de super-heróis e uma crítica corrosiva ao american way. E essa versão é a mesma da despirocante The Deluxe Edition que a DC lançou em 2013 reunindo a porra toda - menos os crossovers com Hellraiser, Savage Dragon e o Máskara.

Mas a pergunta que fica é: que Mefistos anda acontecendo com a Panini? Ao contrário dos preços, a qualidade da revisão desabou.

Com tantos editores e revisores talentosos precisando de emprego neste cenário pós-Abril...

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Sangue de Conan tem poder

Em que caverna eu estava que só agora fui saber da existência disso?


Quase-existência, pra ser exato.

O megadoc A Riddle of Steel: The Definitive History of Conan the Barbarian, que explora as várias nuances do cimério pelo universo pop, dentre as quais o cultuado filme de John Milius e Arnold Schwarzenegger, começou a ser produzido no início de 2015 - este "teaser em processo" é de março do mesmo ano.

Ou seja: atualmente o projeto jaz no temível limbo on hold dos documentários independentes.

Desde então, os cineastas indie-barra-canadenses Randall Lobb, Mark Hussey e Isaac Elliott-Fisher vêm batalhando pra finalizar o projeto em sanguinárias batalhas contra horas de conteúdo pendente e os cães pictos das distribuidoras, conforme atualização em post de 1 ano na página oficial do filme no Facebook.

Good day to our AROS friends!
I know it's been a while since we've been able to share any information, and sadly, we're still on hold, but I wanted to reach out and catch up and give you what I could...
We've recently taken a run at our six hour rough assembly (REALLY rough) and without too much gnashing of teeth, we made some great progress in tuning the narrative.
This process has revealed to us a few things, a few of which I am able to share.
1. We need more content for the Milius Conan movie. And yes, that includes Arnold, but there are a few other people we really need to sit down on camera to make that section work.
2. We shot a lot of awesome B roll! This documentary looks great, if I do say so myself, and that is largely due to the skills of our DP and Definitive Film partner, Isaac Elliott-Fisher.
3. The Conan story is ongoing. There are things happening now (and over these past months) that we would love to cover and include in the doc. One more round of production should get us there, but man, there's a LOT of Conan out there!
I wish I could tell you more, but we really need to be circumspect and careful because we hope to time what we're doing with wider franchise activity. Documentaries like ours work best when there are other things going on.
We've learned from some of our other efforts that, in the absence of a bigger push in the IP, distribution companies are skittish.
We've also learned that we always have some work to do in getting the word out that our deep-dive documentaries are much more than "fan docs" and as rich as they are, they also have a wider appeal for general audiences.
Sorry for the size of the update, but after talking to Isaac last night about how long we've been working on this particular film, I really wanted to reach out do my best to be transparent.
Please be patient and stay tuned for more info, which I'll share when I can.
And it would be awesome if you could step on over to our Definitive Film page, give us a like and a follow, and find out what else we're doing with pop culture docs!

Não tá fácil nem no Canadá.

Pelo relato, a equipe também aguarda um hype maior do personagem no mainstream, o que comercialmente é uma boa jogada, mas que pode deixar o filme mais uns bons anos sem ver a luz do dia. Por um ângulo mais otimista, na página do filme no IMDb, o lançamento foi (re)programado para agosto do ano que vem.

Que Crom abençoe a agenda e o orçamento dos documentaristas. Torcida aqui é que não vai faltar.

O cast de entrevistados é matador: Roy Thomas, Mark Schultz, Sal Buscema, Kurt Busiek, Boris Vallejo, Julie Bell, Rusty Burke, Frank Frazetta Jr., Mike Richardson (da Dark Horse), entre outros. O alcance sobre livros, games, pinturas, quadrinhos e memorabílias é impressionante. Até mesmo o seriado noventista tosco é lembrado. Imperdível.

Para fanáticos pelo filme de 1982, como este que vos rabisca, o doc parece particularmente promissor, com novas infos, perspectivas e material de arquivo inédito. Mais do que isso, pode ser um complemento de luxo para o belíssimo documentário Conan the Barbarian Unchained, que veio nos extras do DVD nacional.

Por fim, A Riddle of Steel também conta com a pior analogia já criada para descrever Conan:

"Ele é uma combinação de motoqueiro e Jesus" - Fredrick Malmberg

Jesus.²

Preciso assistir isso.

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

CROM E MITRA!


Dando sequência à saga do lendário bárbaro/capitão/pirata/rei cimério, a Salvat lança pelos circuitos setorizados A Espada Selvagem de Conan - A Coleção vol. 3: A Maldição da Lua Crescente. Em três edições pontualmente quinzenais, a editora deve ter tirado algumas lições preciosas com a recente distribuição de materiais com baixa tiragem. Ao contrário das coleções da Marvel em capas preta e vermelha, a regularidade aqui tem sido britanicamente impecável.

Da treta muito louca da Panini (parceira na empreitada) com a distribuidora Total-ex-Dinap, pelo visto, só chegou a "marolinha" - e vamos bater na madeira 3 vezes, por favor.

O que mudou? Não faço ideia, já que esse tipo de informação as editoras brasileiras guardam como se fossem códigos de ogivas nucleares. Me atenho aos fatos - e volumes - empíricos.

Por exemplo, a única grande mudança ardeu os olhos, mesmo já prévia e fartamente anunciada.


"Achou que eu estava brincando?" - Salvat, com um bastão de baseball

Já distante dos idílicos tostões que custearam os dois primeiros volumes, o preço real de 44,90 reais foi realmente de um choque de realidade. O que me leva a mais e melhores cálculos e à possibilidade concreta de dar um hiatão nesses posts E$pada $elvagem, além de repensar o timing da entrada de cabeça nas assinaturas do ano que vem. E o mais importante, tomar um remédio para verme extraforte.

Voltando aos fatos, o pacote bárbaro daqui pra frente não será mais pacote: só a edição lacrada.

Menos glamouroso, mais prático = Melhor assim.




Os bônus são sucintos: novo prefácio do editor Max Brighel, galeria de capas e uma belíssima chamada para o próximo volume.

Entre as histórias, Alfredo Alcala dá mais um show de finalização no clássico "A Cidadela no Centro do Tempo", o veterano dos gibis de terror Sonny Trinidad (ah, esses filipinos) deixa sua marca em "O Terror Dorme Sob a Areia" e até a arte estranha e vanguardista de Alex Niño (ah, esses filipinos²) combina bem com a história estranha e vanguardista de "O Povo da Escuridão". E claro que não poderia deixar de destacar o arco-título em oito capítulos onde Conan se vê às voltas com a linda e traiçoeira bruxa Salomé.

É nesse épico de Roy Thomas e John Buscema que acontece um dos momentos mais icônicos do personagem, transposto inclusive para o filme de 1982: a crucificação de Conan e a antológica sequência do abutre na "Árvore da Morte". Com certeza, uma das minhas aventuras favoritas do cimério.

Infelizmente, também é ali que a problemática digitalização da Dark Horse faz mais vítimas. Desta vez, foi a arte-final de The Tribe - o time de filipinos que finalizava artes para a Marvel e que tinha em suas fileiras o grande Tony DeZuñiga (ah!). Cheia de nuances suaves nos sombreamentos e tons de cinza e/ou aguados®, o acabamento orgânico e mundano da equipe levou um banho de água sanitária da editora do cavalo preto.

Detalhes de painéis mais trabalhados ficaram bem apagados, lembrando aquelas famigeradas impressões pixelizadas que ninguém gosta de lembrar. Basta comparar algumas das amostras com as respectivas artes originais. Em alguns quadros o nanquim vira um lápis. De lascar.

Friso, não é culpa da Salvat, os arquivos digitais já vieram assim, é o que tem pra hoje, etecétera e tal.

Felizmente, no restante da edição a parte gráfica segue em bom nível. O volume defende com tranquilidade o status de acervo histórico da série e, confesso, é algo emocionante ver A Espada Selvagem de Conan já atingindo seu #7 original bem adaptado, na íntegra e em capa dura.

Parece até que já estou vendo algo se formando no horizonte...




Sim, sim... estou vendo algo! Estou vendo algo!!

Só gostaria de ter uma casa maior ao redor dessa estante.

A Espada Selvagem de Conan - A Coleção vol. 1
A Espada Selvagem de Conan - A Coleção vol. 2