Há tempos ando atrás de
Great Choice, curta de 2017 dirigido e roteirizado pelo cineasta indie
Robin Comisar. Após seguir umas migalhas de pão jogadas no Reddit, enfim encontrei o filme no VK, a maior rede social da Rússia, com legendas, logicamente, em russo. Com alta rotatividade em festivais alternativos (levou o Melhor Curta do Overlook Film Festival), a produção era virtualmente impossível de encontrar nos streamings da vida. Ao menos em tempo hábil. E o motivo é bem simples. Mas já volto aí.
A premissa é o puro suco do minimalismo: uma mulher se vê presa dentro de um
comercial da Red Lobster. Com uma pegada sádica, Comisar faz do curta de 7 minutos uma montanha russa enervante e absurdista com uma reviravolta final que dá um nó de marinheiro nos miolos.
É
Feitiço do Tempo mais
Twilight Zone e os
Infomercials do Adult Swim atirados no Grande Colisor de Hádrons & Metalinguagens.
Ah, e com humor negro de ótima safra...
Surpreende a presença da veterana
Carrie Coon (
The Leftovers,
Ghostbusters: Mais Além,
Vingadores: Guerra Infinita) num projeto tão segmentado e fora da curva. É preciso muito samba no pé pra não se acomodar. E sua "interação" com o
Morgan Spector (de
Homeland), no papel do garçom-Agente-Smith, é visceral, pra dizer o mínimo.
Robin Comisar é um curtista por excelência — tanto que nem a sua
ficha no IMDb consegue acompanhar o volume de produções. E é
bastante ativo em suas
mídias sociais, disponibilizando seus trabalhos sem problemas.
A exceção é justamente
Great Choice.
A base do curta é uma fantástica recriação de um
comercial clássico da Red Lobster de 1994, incluindo os chuviscos, fantasmas e distorções de um típico VHS da época. Reflexo da experiência do diretor pelo setor de efeitos visuais. Tanto por isso quanto pela violência quase
gore de algumas cenas, Comisar morre de medo de ser processado pela gigante das lagostas.
Compreensível. Mas valeu a pena.