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segunda-feira, 30 de junho de 2025
Grande Herói Marvel
Herói para muitos, desafeto para outros tantos. Se foi o grande Jim Shooter, figura única e histórica no mercado dos quadrinhos. E alguém com o qual o público mainstream tem uma dívida eterna.
Iniciando a carreira com inacreditáveis 13 anos, Shooter roteirizou Superman, Superboy e a Legião dos Super-Heróis nos anos 1970 para a DC, teve passagens pela Dark Horse e por várias pequeninas, além de fundar a Valiant, a Defiant e a Broadway Comics. Mas, claro, seu grande momento foi como editor-chefe da Marvel no período 1978-1987. As circunstâncias, da entrada à saída, mereciam uma série à parte sobre os bastidores da indústria. Editor linha-dura, Shooter não era fácil, mas foi quem salvou a Marvel da falência antecipada.
Para qualquer um que começou a ler gibis da editora nesse período, Shooter foi formador de caráter. Mesmo que por tabela. Em sua administração, a safra foi imbatível: os X-Men de Chris Claremont/John Byrne, o Demolidor de Frank Miller, o Thor de Walt Simonson, o Quarteto Fantástico de John Byrne, o Homem-Aranha de Roger Stern, os Vingadores dele mesmo e por aí vai até hoje nos desdobramentos cronológicos que valem.
Também houveram as picaretagens (lucrativas) de Guerras Secretas e (fracassadas) do Novo Universo, que, para o bem ou para o mal, mantiveram a marca Marvel em evidência. Faz parte. É business.
No meu caso, aprendi a ler com gibis da Marvel justamente na gestão Shooter. Simples assim.
Herói, sem dúvida.
Thank you for everything, Jim Shooter!
sexta-feira, 1 de novembro de 2024
Velha Abril Jovem
Vou te dizer... os cortes e alterações dos gibis da Abril ainda me dão nos nervos, mas a diagramação, o letreiramento e os retoques – em condições 100% artesanais – eram incrivelmente agradáveis aos olhos. Especialmente aos olhos de um moleque com o conforto de um prático formatinho.
Os caras sabiam fazer.
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sexta-feira, 6 de setembro de 2024
A volta da Legião Alien
Quase não lembrava que o Predador e os Aliens são propriedade da Marvel desde 2020. Em que pesem dois crossovers de 2023 (Predator versus Wolverine e Predator versus Black Panther), a sensação de espera por material inédito com os Aliens foi de uns 57 anos. E finalmente veio, com pompa e muita circunstância: a mini em 4 partes Aliens versus Avengers tem roteiro de Jonathan Hickman com desenhos de Esad Ribić e a 1º edição chegou às lojas no finalzinho de julho, às vésperas da estreia de Alien: Romulus. Timing impecável. Esses editores Hyperdyne modelo 341-B com inibidores de comportamento são os melhores.
Neste início, a pegada é de gibi cinematográfico, aos moldes do que Mark Millar fazia em seus tempos de Supremos. Muita ação, algumas dicas importantes espalhadas pelo caminho e um ou dois diálogos preparando os próximos rounds.
É bastante curiosa a efetivação da companhia Weyland no Universo Marvel. Parece que ela sempre esteve lá (e seu logo invertido para o "AVA" da capa reforça a impressão). O mesmo para a dupla de cientistas Shi'ar – e ainda considerando a real natureza de um deles – conduzindo experiências com Facehuggers impregnando Krees e Skrulls. É tão harmonioso e casual que chega a ser, putz, realista.
Esse "entrelaçamento quântico" de dois universos complexos chega a lembrar o mesmo mecanismo do clássico crossover dos X-Men com os Novos Titãs. Além de ser algo particularmente arriscado na perspectiva editorial.
Nos encontros dos Aliens com os super-heróis DC, como Batman, Superman e Lanterna Verde, foi dispensada a segurança do selo Elseworlds e a ação corajosamente se passa no presente da cronologia. Warren Ellis foi mais longe e usou os Aliens para fechar as contas do StormWatch.
Já Hickman, foi, digamos, mais conservador. Afinal de contas, a mini não é exatamente um What If...?. Não pegaria bem com os executivos da Disney um Xenomorfinho estourando o peito da Tia May e isso se tornando automaticamente canônico (viva!). Neste sentido, Aliens versus Avengers se aproxima do futuro sombrio da boa Saga dos Super Seven, da DC, com os super-heróis envelhecidos e derrotados num mundo tomado por uma invasão alien... ígena.
Quanto à adaptação, o próprio Hickman chegou a comentar: "foi complicado encontrar uma maneira de fazer essas duas coisas funcionarem juntas, mas acho que Esad e eu chegamos a algo que funciona para os fãs de ambas as franquias."
Ainda é cedo para um juízo de valor, mas, apesar da média alta, o roteirista parece ter sido pego na curva algumas vezes.
SPOILER
Por exemplo, se Valeria estava impregnada, por que os Aliens a atacavam?
FIM DO SPOILER
Evidente que é só a ponta do iceberg. E vindo da visão macro do Hickman, fiquei na pilha pelo escopo geral desse worst case scenario. O objetivo dessa edição #1 foi cumprido, portanto.
Aliens versus Avengers #2 chega às lojas (e às melhores importadoras do pedaço) em 6 de novembro. Looonge...
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sexta-feira, 11 de novembro de 2022
Dominando o mundo
Que semana excruciante². Mas ao menos me impulsionou para relembrar e revisitar algumas obras. No caso do já saudoso Carlos Pacheco, lembrei de The Order, minissérie de 2002 que ele capeou ao lado do conterrâneo Jesús Merino. Na época, a capa da 3ª edição me impactou, já que remetia ao clássico confronto Vingadores x Defensores em versão atualizada.
Infelizmente, Pacheco não faz a arte interna, que varia entre Matt Haley, Chris Batista, Luke Ross, Dan Jurgens, Bob Layton e Ivan Reis com artes-finais de Dan Panosian e Joe Pimentel. Um time competente e bom de deadline.
Na trama, os Defensores decidem que o mundo está um caos e que precisam impor uma Nova Ordem Mundial. Meio como um Defensores-encontra-Stormwatch-e-Authority. Logicamente, há algo mais por trás das aparências e o roteiro do Kurt Busiek consegue tecer um pano de fundo instigante.
Nas 6 edições, fica escandaloso o nível do grupo. Os Defensores clássicos são muito poderosos. Dr. Estranho, Surfista Prateado, Namor e Hulk juntos é uma insanidade editorial e, agora distante do anacronismo narrativo da década de 1970, o céu é o limite. Isso fica latente quando eles atropelam exércitos mundo afora e também os integrantes de suas formações posteriores sem o menor esforço. E claro que ainda rola aquele tira-teima maroto com os Vingadores.
Naquela época, havia um acúmulo de tralha cronológica nas HQs dos Defensores. Lá fora, a equipe estava em baixa, a série própria não foi pra frente (fechou em 12 edições, apenas) e nada desse material foi lançado por aqui. Busiek ainda tenta desembolar alguns fios, como a vida pessoal de Samantha Parrington, a obscura alter-ego-compartilhada da Valquíria, e sua relação com a Patsy "Felina" Walker e o Falcão Noturno II. Mas fatalmente pipocam conceitos e personagens há muito abandonados, como a entidade Gaea, o bizarro mago Papa Hagg e o vilão Yandroth. De fato, há um excesso de background pouco (ou mal) contado, dando a sensação de pegar o bonde andando. Ou melhor, descendo a ladeira a mil.
Talvez por isso, The Order segue inédita no Brasil. Mas se mantém dinâmica e divertida, especialmente nesses tempos de autoritarismo alucinado. Gibi de porradaria honesta e com substância. Bem que merecia um TPzinho daqueles de 30 mangos...
Ps: e acabamos de saber que Kevin Conroy, a Voz do Batman, se foi ontem, aos 66. Que tristeza.
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quarta-feira, 1 de dezembro de 2021
Meu Amigo, o Esmagonauta
O Hulk volta a esmagar tudo em "Smashtronaut! - Part One" —"Esmagonauta" é tradução filé by BZ® (Panini, joga aí uns três lobos-guarás na mão e estamos conversados). Com a numeração automaticamente zerada, a HQ marca o retorno do Verdão após a bombástica fase O Imortal Hulk, do roteirista Al Ewing com o artista paraense Bené "Joe Bennett" Nascimento. O run deu uma bem-vinda revitalizada no mythos do Gigante Esmeralda com seu mix de thriller metafísico-psicológico e um body horror gore/splatter que arrancaria sorrisos doidos de David Cronenberg e do saudoso Stuart Gordon. Uma perspectiva inusitada, mas profundamente arraigada na essência do personagem.
O sucesso de público e crítica, porém, não conseguiu evitar alguns perrengues pelo caminho. Mais notadamente a ascensão-e-queda do veterano e talentosíssimo Bené, que não sossegou até implodir sua carreira (provavelmente em definitivo) pelo mainstream dos comics.
Primeiro, chamou atenção ao vibrar com a agressão ao jornalista Glenn Greenwald, depois emendou com artes e posts curtidos em extremismo até finalmente ser dispensado pela Marvel e desconsiderado inclusive para projetos futuros. E o que já não era tão bom parece que piorou. Parafraseando o filósofo João Francisco Benedan, é mais um legítimo representante do movimento white pardo, essa anomalia aberrativa que só existe e se reproduz no Brasil.
Todo esse furdunço reaça-gama acabou gerando mais repercussão do que a própria conclusão da saga —um pecado capital, já que foi uma das fases mais bacanas e aclamadas do Golias Verde em anos. Pessoalmente, curto tanto que nem me adiantei pelas "importadoras": sigo adquirindo meus exemplares religiosamente na editora brasileira credenciada. Dessa forma, antes do derradeiro TP #10, resolvi conferir a nova série desde já, pra ver se entendo alguma coisa.
Afinal, pegar o bonde da cronologia andando é como andar de bicicleta pro marvete com vista cansada e dor nas costas.
O arco em seis partes é escrito pelo texano Donny Cates (Surfista Prateado: Escuridão, Thor: O Rei Devorador), atual bam-bam-bam do massaveísmo super-heroístico. O cara é criador do Motoqueiro Fantasma Cósmico, pelo amor de One-Above-All. A quantidade abusiva de punchlines e splash pages duplas megacolossais dão a impressão de ouvir as onomatopeias gritando a cada porrada desferida. É edição-porrada.
Até rola aquele momento onde um pequeno contigente Todos-os-Heróis-Marvel é reunido pelo Dr. Estranho para... ganha um Surpresa com card de tigre quem acertar... caçar o Hulk. De novo. Mas o grosso da edição é um vale-tudo —tudo mesmo— entre Hulk e Tony Stark com algumas unidades Hulkbuster. É curioso ver o desenhista Ryan Ottley pendendo aqui entre um Ed McGuinness surtadão e a visceralidade não-retranqueira de seus tempos de Invencível. A maneira que o Verdão encontra para se libertar de uma armadilha de adamantium é de emocionar até o Thunderbolt Ross. Coisa linda.
Mas a grande questão é saber se Cates tem bala na agulha para segurar o tchan pós-Imortal. Parece que tem. Sei lá. Não finalizei Imortal ainda e a ideia aqui era saber se daria pra entender alguma coisa. Claro que deu. Ou melhor, não muito. Quase nada, pra ser sincero. Mas, de início, deu pra notar que a rererediviva Betty Ross, em seu melhor estilo mocinha-normalista-pós-família-nuclear, não é aquilo que parece. E que algo estupidamente cabuloso aconteceu em El Paso. Com vítimas. Muitas delas.
O que levou Banner a ficar furioso com o Hulk.
De novo².
Banner, aliás, está bem babacão, num nível quase Hank Pym de zé-ruelismo. Parece mais sagaz do que o normal e lá pelas tantas cita até A Profecia (que referência mais 70's). Contudo, no geral, está a parsecs de distância daquela época do "Hulk-é-um-bom-camarada-mesmo-com-a-cabeça-trocada". Tenho que admitir que o "conceito Esmagonauta" não é novo (você já leu isso na fase Peter David ou em qualquer das trocentas sessões com o Dr. Samson), mas a perspectiva é. A tônica é de pancadaria enche-linguiça servindo de intro. Gloriosa pancadaria, que se registre nos autos.
É basicamente uma edição disso culminando numa splash tão celestialmente massaveiorama que só o Stark mesmo seria capaz. Ele só precisava de tempo e grana. Por sorte, ele tem as duas coisas. Sabe como é.
Na conclusão, Hulk dá um mergulho numa Muralha da Fonte versão 616 e, do lado de cá, me toca alguns sinos. Seja na fase Encruzilhada, na fase Planeta Hulk ou na fase Imortal, a chave para o sucesso parece que é tirar Banner/Hulk da sua zona de conforto —o que, no caso, se traduz como tanques e helicópteros partindo pra cima, tal qual na imagem do topo.
E certamente, Cates vai começar a contar essa história de verdade a partir da próxima edição. A menos que haja um esquadrão Caça-Hulk esperando por ele do outro lado. Ou o Homem Quintrônico.
Nah, Cates não seria tão massaveio...
Ps: ...veremos isso no próximo dia 15.
segunda-feira, 19 de outubro de 2020
Hulk esmaga o Coisa!
Certa vez, Rick Jones deu uma ideia do quão aterradora é a sensação de estar perto do Hulk. O velho e bom Rick é o melhor amigo do Verdão, mas mesmo ele não hesita em compará-lo a um caminhão se aproximando em alta velocidade. Com essa adorável visão em mente, o que seria então um confronto entre o Hulk e o Coisa?
Uma frota inteira de caminhões. Mineradores. Descendo a ladeira. Direto para um penhasco.
Benjamin Jacob Grimm, o Coisa (e sobrinho favorito da saudosa e gostosa Tia Petúnia), é o maior veterano da história das pancadarias gama. É uma rivalidade que remonta à Era de Prata da Marvel, sendo ele e o Golias Verde as duas primeiras powerhouses da editora – e, ainda em pleno Mês das Bruxas, os dois maiores monstros da Casa das Ideias.
Claro, é senso comum (e oficial) que o Hulk é "o mais forte que existe!!" e, portanto, o mais forte dos dois. Mas considerando a diferença relativa de seus estados iniciais de força e as variáveis a favor do Coisa, como destreza, resistência, sagacidade e proficiência em vários estilos de luta, é seguro dizer:
"Yes. Ben can."
É muito difícil, mas já aconteceu antes, num momento antológico do Latinha. E, recentemente, num momento igualmente antológico do próprio Coisa contra o Imortal Hulk – controlado, mas ainda assim um Hulk. E que, por sinal, acabou de ser publicado aqui.
Do lado psicológico, o embate com o Hulk é uma das poucas ocasiões em que Ben se sente orgulhoso de ser o Coisa, superando até mesmo sua notória autopiedade. Afinal, é uma oportunidade de ouro para usar toda a sua força sem restrições, de descontar a sua raiva e frustração num oponente que não só vai aguentar o tranco, como irá revidar à altura – e acima...
Com o decorrer dos anos e após tantas batalhas contra o Golias Esmeralda, Titio Benji acabou cultivando algumas marcas de guerra. Não são raras as longas e melancólicas reflexões pré-confronto, tal qual um pugilista submerso na solidão e tensão do vestiário, minutos antes de subir ao ringue para a luta de sua vida.
Como se aquilo fosse uma grande luta de boxe, alegoricamente falando. Ou quase.
Ben é bom de metáfora
Daí que após o incrivelmente espetacular "hardcover virtual" Hiper-Almanaque Marvel - Hulk Esmaga o Homem-Aranha, nada mais lógico que Hiper-Almanaque Marvel - Hulk Esmaga o Coisa!® seja o próximo passo do brainstorm-gamma com o parceiro VAM!, da Batdeira. O VAM!, logicamente, com a concepção gráfica (Deluxe, diga-se... custaria uns 600 paus na promocha) e eu, com o papo-de-buteco sobre cada edição.
Que, modéstia à parte, poderia até entrar como extra em nosso Omnibus imaginário. Hoje em dia, qualquer um escreve "matérias", "prefácios" e "editoriais", não é mesmo?
Behold the cover!
No primeiro volume, fizemos uma seleção com os melhores encontrões do Homem-Aranha com o Gigante Esmeralda, o que já é um tremendo contraponto em termos de dinâmica. O Teioso nunca teve intenção de encarar o Hulk diretamente; e o Coisa, apesar de reconhecer o perrengue, quase sempre segue em rota de colisão com o Golias Verde, invariavelmente com resultados imprevisíveis e pra lá de divertidos. A ideia básica pode até não ser original, mas a nossa versão é muito melhor, mais forte e mais rápida!
Mas chega de papo, porque... Tá na hora de esmagar!
Err...
Fantastic Four #12 (mar/1963)
A estreia foi já na edição #12 do Quarteto Fantástico. Na capa, uma amostra de como o Hulk era retratado em seus primeiros dias, traiçoeiro e amoral, se esgueirando para atacar a Primeira Família de surpresa. Produzida pela dupla Stan Lee/Jack Kirby, a história é simplesmente entitulada "The Incredible Hulk" (minimalismo é isso aí) e começa com o Coisa sendo confundido com o monstro - uma constante. A partir daí, o Quarteto é contatado pelo General Ross para auxiliar na captura do Verdão. O grosso da trama é ocupado por uma conspiração arquitetada pelo subvilão Destruidor; a luta em si é curta e inconclusiva, mas não faltam emoção e trash-talks disparados pelo Coisa, pelo Hulk e até pelo Titio Stan nos recordatórios. Ouro puro.
Por incrível que pareça, esse quadrinho clássico - ou, como anunciou hiperbolicamente nosso eterno fanfarrão Stan, "um dos momentos mais dramáticos da História da Fantasia & Aventura" - só foi publicado aqui duas vezes, pela RGE e pela Abril.
Momento Tá na Hora do Pau!: o Ben, a voz da emoção, e Sue, a voz da razão.
Fantastic Four #25–26 (abr–mai/1964)
Hulk e Coisa são levados de volta ao ringue por Lieber-Kurtzberg apenas 1 ano após o primeiro combate. Menos por um tira-teima e mais para promover a nova formação dos Vingadores, agora liderados por um recém-descongelado Capitão América. Na história "The Hulk Vs. The Thing" (Fantastic Four #25), o Golias Verde decide ir até New York trocar uma palavrinha com os Vingadores após saber que foi substituído pelo Bandeiroso. Chegando lá, é recepcionado por 3/4 fantásticos: Tocha Humana, Mulher Invisível e nosso esforçado Coisa. Claro que o abacaxi acaba sobrando pro Ben numa luta divertida e com soluções criativas recicladas ad nauseum nas décadas seguintes. Na edição seguinte - aquela, da capa do Hulk Donkey Kong – com a auto-explicativa "The Avengers Take Over!", os Vingadores... tomam conta. Mas no final quem vence o Incrível Hulk é o Incrível Rick!
O detalhe é que Stan Lee estabelece de vez a superioridade física do Hulk; e foi o 1º registro da força do Verdão aumentando junto com seu nível de raiva/stress - mais de 1 ano antes da máxima "quanto mais furioso, mais forte o Hulk fica" estrear, portanto. Também ali o bom Doutor é sempre chamado de Bob Banner... eles estavam mesmo tentando evitar o, na época, "suspeitíssimo" Bruce.
Essas duas edições só saíram aqui pela EBAL, em preto e branco, num longínquo ano de 1971. Ainda há muito o que fazer, muito o que relançar...
Momento Tá na Hora do Pau!: Ben fazendo um ultimato pro Hulk enquanto foge de barco é o fino, mas fico com o... GERONIMO!
The Incredible Hulk #122–123 (dez/1969–jan/1970)
De cara, essas edições tem alguns dos melhores desenhos do meu desenhista ruim favorito, Herb Trimpe. Ainda na veia Kirbyana, o artista não economiza nos detalhes e nos gadgets do laboratório do Quarteto Fantástico. Também fica evidente quando um roteirista fora da curva assume as rédeas do Verdão: nas histórias "The Hulk's Last Fight!" e "No More the Monster!", Roy Thomas não apenas se torna o 1º autor a "curar" o Hulk (temporariamente, claro), mas também o 1º a manter a personalidade e inteligência de Banner após sua transformação no Gigante Esmeralda. Mas o que interessa aqui é a porradaria e o Coisa tem que se virar quando o Hulk fica descontrolado em pleno Edifício Baxter. E se vira muito bem, diga-se!
Essas histórias saíram aqui pela EBAL em 1971 e pela Bloch em 1975 – milagre não pintarem o Hulk de amarelo.
Momento Tá na Hora do Pau!: Coisa dando um olé no Hulk duas vezes seguidas. É um craque!
Fantastic Four #111–112 (jun–jul/1971)
O confronto da vez foi em grande estilo: "Big" John Buscema no traço, Joe Sinnott finalizando e o Tio Stan de volta ao roteiro. Nas histórias "Thing -- Amok!" e "Battle of the Behemoths!", Reed Richards consegue reverter Ben à sua forma humana, mas, claro, com um revés: ele se torna um sociopata. Provavelmente por isso, o Pedregulho não se segura e rende uma das batalhas mais equilibradas com o Golias Verde. Ora apostando nas diferenças físicas (força X velocidade), ora invertendo os papéis (Coisa esmagando tudo pela frente e Hulk usando estratégias!), é perceptível o carinho (e a torcida) que Lee tinha pelo Ben. Não fosse por uma pequena bobeada... Seja como for, é uma das tretas mais eletrizantes da dupla.
Fantastic Four #111 foi editada aqui pela GEA (Grupo de Editores Associados) em 1972. Já Fantastic Four #112, com a luta propriamente dita, segue inédita até hoje, mesmo com a GEA prometendo o "Duelo de Monstros!" para o próximo número – que nunca veio. Queria o quê, por 1 cruzeiro e 50 centavos?
Momento Tá na Hora do Pau!: Vem pro papai!
Marvel Feature #11 (set/1973)
A história "Cry: Monster!" tem argumento de Len Wein, desenhos de Jim Starlin e arte-final do operário-Marvel-padrão Joe Sinnott. É o 1º contato de Starlin com o crossover laranja-esverdeado – e parece que tomou gosto pela coisa, já que comandaria outros encontrões impagáveis da dupla no futuro. Fora que é dele o meu visual predileto do Coisa (sorry, Byrne & Pérez). Na trama, o Líder e Kurrgo – subvilão que o Quarteto baculejou em priscas eras – disputam o "direito" de controlar o Hulk e o Coisa. E para isso, nada mais racional que provocar uma briga entre os dois e fazerem uma apostinha entre cavalheiros!
Essa edição foi publicada pela Abril em 1992, no 1º volume da mini A Saga de Thanos (?!). Segundo o recordatório no final, tinha a ver...
Momento Tá na Hora do Pau!: Hulk acha "Hora do Pau" idiota!
Giant-Size Super-Stars #1 (mai/1974)
Não, os balões não estão trocados
Com roteiro de Gerry Conway, traço Kirbyano de Rich Buckler e arte-final de – adivinha! – Joe Sinnott, a história "The Mind of the Monster!" traz Bruce Banner fazendo pior que Reed Richards ao tentar curar Ben Grimm e a si próprio: sua mente Hulkificada vai parar no corpo do Coisa e vice versa. Seria a chance do bom e velho Ben espancar o Verdão até 2040, mas sua adaptação lenta somada à fúria incontrolável do Coisa-Hulk pesaram na dinâmica e ele leva uma das maiores surras da vida... no corpo do Hulk. Então, pode-se dizer que o Coisa arrebentou o Hulk dessa vez, se é que você me entende.
Esse gibi nunca foi publicado no Brasil. Aliás, a única Giant-Size Fantastic Four que saiu aqui foi aquela do Madrox.
Momento Tá na Hora do Pau!: o Coisa-Hulk socando a Tundra achando que era um cara...
Fantastic Four #166–167 (jan–fev/1976)
Escrita pelo grande Roy Thomas, a dobradinha "If It's Tuesday, This Must be the Hulk!"/"Titans Two!" tem algumas das maiores forçadas de barra já registradas numa HQ – e olha que estamos aqui em plenos anos 1970. Na premissa, o Hulk é derrotado pelo Quarteto Fantástico em tempo recorde (!), mas o piedoso Ben toma as dores do velho desafeto e o liberta. Na sequência, os dois fogem num jato e team-upeiam contra o Quarteto e, claro, o exército. Mesmo com momentos descendo quadrado (ah, a parte do avião...), a parte on the road – ou on the air – dos brutamontes tem boas tiradas. Traço do George Pérez de várzea nas duas edições. Na 2ª parte, Joe Sinnott, lógico, faz uma eficiente finalização; provavelmente para compensar a 1ª parte, onde Vince Colletta só reforça a munição de seus detratores.
Até hoje essas HQs não foram publicadas por aqui. E aposto que nunca serão...
Momento Tá na Hora do Pau!: SMRAASHH!
Marvel Two-in-One #46 (dez/1978)
Pra dar uma relaxada, uma história (ainda) mais fugaz e bem humorada. Em "Battle in Burbank!", o Coisa, em mais um de seus clássicos rompantes "tempestade em copo d'água", fica revoltado com um seriado televisivo com a cocotinha Karen Page estrelando ao lado do Hulk... quer dizer, não O Hulk, mas um dublê bom de imitação. Indignado, Ben parte pra Hollywood para cobrar dos produtores o seu próprio show de TV! E na mesma hora em que o verdadeiro Hulk está indo pra lá, furioso com o modo como foi representado na telinha!! E ao mesmo tempo em que a estrela Karen Page está sendo sequestrada!!! Pô!!!! Roteiro absurdista de Alan Kupperberg com um timing cômico que lembra as revistas satíricas da Marvel, tipo a Crazy e a Not Brand Echh. Aliás, a bela capa (de Keith Pollard com arte-final do Bob Layton!) engana, já que Kupperberg também desenha a história com pegada tosca e algo estilizada.
A edição foi publicada no Brasil pela RGE em 1979. E o pior é que tive essa, não muito tempo depois.
Momento Tá na Hora do Pau!: impossível não associar a Karen da fase pornstar com a manchete do jornal e o célebre grito de guerra do Coisa...
Marvel Two-in-One Annual #5 (set/1980)
A "Marvel Dois-em-Um Anual" #5 conta com roteiro e desenhos de Alan Kupperberg (ainda assinando "Kupperburg") salvos pela arte-final do grande Pablo Marcos, o artista peruano famoso pelas colaborações no Conan clássico da Marvel. Na trama, o estranho Estranho coopta o sobrinho mais famoso da Tia Petúnia e o Golias Esmeralda para ajudá-lo a impedir a destruição do Universo pelo vilanesco Plutão, o "Rei do Inferno"... mas não conte para Hela, Lúcifer, Zarathos, Belasco e muito menos para Mefisto e o novo capeta-sensação Aquele Abaixo de Todos. Como esperado em se tratando do título, rola aquela brodagem do trio contra um inimigo em comum, mas os dois brutamontes não deixam passar a oportunidade de um tira-teima (mais um) lá pelas tantas. Não que isso tivesse alguma relevância para a história.
Saiu aqui no Almanaque do Hulk #3, da RGE, há exatos 40 anos. Mano...
Momento Tá na Hora do Pau!: Benjy, Campeão Mundial de Trash-Talk a uma Distância Segura.
The Incredible Hulk #293 (mar/1984)
Em "Assassin!" não há um quebra real entre o Hulk e o Coisa, mas um quebra onírico, passado num baita pesadelo do pobre Dr. Banner. De fato, é uma história perturbadora, a começar pela famosa capa de Bret Blevins com o Verdão despedaçando o queixo do Ben. A trama escrita por Bill Mantlo, apesar de protagonizada pelo Hulk inteligente, tem um tom melancólico e amargo, com o personagem atravessando um tipo de PTSD-gama, após tantos anos de destruição e fúria. O traço de Sal Buscema também passava por uma profunda evolução (estava a meio passo da pegada mais sombria que adotou na fase da Encruzilhada), o que, sem dúvida, reforçou o clima taciturno. O título dessa história no Brasil era bem mais acurado: "Remorso".
Foi publicado aqui duas vezes. No formatinho da Abril e na abençoada Coleção Histórica Marvel, da Panini.
Momento Tá na Hora do Pau!: Hulk entregando um conjunto habitacional que ele destruiu anos antes. Redenção com gostinho de Minha Casa Minha Vida.
Marvel Fanfare #20–21 (mai-jul/1985)
Sem a menor sombra de dúvida, as duas partes de "The Clash" seriam o carro chefe do compiladão. Fácil, um dos quadrinhos divertidos que já li na vida. Aliás, Jim Starlin escrevendo o Hulk e o Coisa já merecia um TPzinho honesto por si só. A exemplo daquela histórica Graphic Marvel #1, é sempre imperdível. Na história, o Coisa é convocado pelo Dr. Estranho para deter o demoníaco mago Xandu. Xandu, por sua vez, convoca o Verdão direto da Encruzilhada para equilibrar as coisas (ou o Coisa). As piadas são sensacionais e funcionam até hoje, os diálogos são afiadíssimos e a pancadaria corre lindamente por páginas a fio, sem apelar pro lugar comum. O roteiro e o traço de Starlin estavam irradiando inspiração. São tantos os momentos inusitados e impagáveis que dá vontade de citar cada página da HQ (na verdade, apaguei uns 15 parágrafos em que estava fazendo exatamente isso!). Li quando saiu e, desde então, reli um milhão de vezes. Definição de clássico? Isso aqui.
Absurdamente, a aventura saiu no Brasil uma única vez, nos formatinhos do Hulk da Abril. Já passou da hora de uma reedição marota em formato americano, capa cartão & papel offset filezinho.
Momento Tá na Hora do Pau!: Coisa espancando o Hulk como se não houvesse amanhã. Na hora, o Verdão estava zumbificado, mas foi bom enquanto durou.
Fantastic Four #320–The Incredible Hulk #350 (nov-dez/1988)
As histórias "Pride Goeth..."/"Before the Fall" trazem uma quase redenção para o perseverante Ben. Na época, o Coisa estava curtindo os benefícios de uma estranha mutação. Embora estivesse com um visual ainda mais disforme, cheio de esporas e pontas pelo corpo, também estava muito mais forte e resistente. E o Hulk estava em plena fase "Sr. Tira-Teima", com terno, gravata, pele cinza e consideravelmente mais fraco. É nesse contexto que o Dr. Destino chantageia o Verdão, ou melhor, o Cinzão para que ele ataque o Super-Ben. Na 1ª parte, escrita por Steve Englehart, Ben atropela o Golias Cinza (sem saber que era o Hulk!), descontando com juros os anos de murros e voadoras que aguentou até ali. Tudo com a arte magnífica do Keith Pollard. Um sonho do Grimm realizado. Já na 2ª parte, o roteiro de Peter David vira o jogo e o Sr. Teima usa o que tem de melhor, a malandragem. Resultado: o Super-Ben quase vai pro saco e, o que é pior, na arte tosquíssima do Jeff Purves. Damn, Ben.
As histórias foram publicadas aqui em O Incrível Hulk #108 e #109, da Abril.
Momento Tá na Hora do Pau!: Coisa, o cara mais forte da cidade!
Hulk #9 (dez/1999)
A história "Chip on my Shoulder" (por aqui, "Acerto de Contas") abre e fecha com aquele solilóquio de Ben sobre seus encontrões com o Hulk – e traçando um paralelo muito bacana com a rivalidade entre os pugilistas Muhammad Ali e George Foreman. Ponto para o roteiro co-escrito por Jerry Ordway e Ron Garney. A mesma inspiração não se repete no miolo, mas o embate entre os nossos gigantes guerreiros é praticamente garantia de diversão. Pra sorte do Coisa, o Hulk aqui está sendo controlado pelo vilão rerererecorrente Tyrannus (já perdi as contas de quantas vezes esse cara morreu!), o que dá certa vantagem ao Pedregoso. Mas é o Hulk de qualquer modo e se Rick Jones o comparava a um caminhão se aproximando, a certa altura o velho Ben parte pra cima dele com um caminhão maior ainda. A fina ironia fica por conta da onomatopeia: RUMMBBLLE ...in the Jungle?
Essa edição saiu por aqui em Grandes Heróis Marvel #10, da infame linha Super-Heróis Premium da Abril, pioneiríssima no conceito de gibi gourmet. Conheço um cara que tem todas. Ah, playboy.
Momento Tá na Hora do Pau!: o Coisa jogando fora sua medalha de boa conduta. Quase deu certo. Wotta revoltin' development!®
E.... C'est fini.²
Editoras interessadas, ainda estamos abertos a propostas.
Panini, para negociações sobre um Omnibusaço disso aí, direto em pvt. Nem precisa traduzir.
Ps: meus sinceros agradecimentos aos srs. Benjamin Jacob Grimm, Robert Bruce Banner, à Tia Petúnia e, principalmente, ao VAM! Ilustrador, por mostrar um nível de paciência que nem imaginava que existia!
quarta-feira, 8 de abril de 2020
Um pouco de luz antes da luz no fim do túnel
E de preferência canalizada pelo Mjolnir. Não parece que foi ontem?
Precisamos de um Vingadores: Ultimato ou similares para torcida-de-arquibancada-no-cinema quando toda essa confusão terminar.
ENDGAME: A Nice Reminder
Just like the Avengers, we will assemble once more.
Publicado por IGN em Terça-feira, 7 de abril de 2020
Precisamos de um Vingadores: Ultimato ou similares para torcida-de-arquibancada-no-cinema quando toda essa confusão terminar.
domingo, 4 de agosto de 2019
Fim de semana Ultimato
Após as devidas análises num ambiente controlado, cheguei a uma conclusão.


Isso vai demorar muito para envelhecer...
Isso vai demorar muito para envelhecer...
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quinta-feira, 30 de maio de 2019
Um
Dizem que a jornada é mais importante que o destino. Só esqueceram de avisar aos cineastas Joe e Anthony Russo. Vingadores: Ultimato entrega tudo que o público médio não-estúpido espera de um blockbuster de qualidade (e mais), além de concluir espetacularmente as três primeiras fases do universo cinematográfico da Marvel Studios. É o auge de um trabalho ousado e faraônico que levou onze anos num projeto inédito até aqui em dimensão, capital humano e conquistas técnicas.
Para um velho leitor de gibis, a recompensa maior é ver na telona vários daqueles conceitos malucos e infilmáveis até há alguns anos funcionando como se tivessem nascidos pra isso. Neste sentido, é o filme mais eficiente já realizado no gênero, com um Taa II de vantagem sobre os demais. Acima de tudo, por entender que não se trata apenas de som e fúria, mas também de coração, altruísmo e sacrifício, a quintessência dos quadrinhos de super-herói desde sempre. Ultimato não cede um milímetro desses fundamentos, em maior parte, veja só, de raiz marvete.
Heróis que são pessoas antes de tudo e com cada um fazendo a diferença no resultado final; uma admirável preocupação pelo estado psicológico geral; tempo e espaço para cada personagem respirar e se redescobrir; narrativa que sabe onde enxugar e o que priorizar; trama imprevisível no ponto de partida, na condução e na conclusão sem reviravoltas mágicas; e tridimensionalidade: cada integrante do núcleo principal, seja herói, vilão ou zona cinza/azul/verde, tem suas motivações pessoais e age de acordo.
É notável como os roteiristas de Christopher Markus e Stephen McFeely, que também assinam Vingadores: Guerra Infinita, conseguem administrar tantos personagens e variáveis. E ainda manter o foco numa premissa complexa para os padrões mainstream e, por isso mesmo, potencialmente desastrosa. De forma sucinta, o roteiro exerce sua lógica interna apoiado em extrapolações simples, cobrindo assim os pontos cegos enquanto leva o espectador para a brincadeira.
No fim, Ultimato não só se apresenta como uma sequência digna para Guerra Infinita, como expande seu conflito e aumenta as apostas.
O filme tem três atos divididos por um exercício de estilo brutal. O 1º terço amarra as pontas deixadas pelo longa anterior em tempo recorde e investe com mão pesada no drama. Num clima funesto, os sobreviventes tentam juntar os estilhaços de um mundo com 50% a menos de seres vivos e todos os estragos decorrentes disso. A 2ª etapa sobe o tom partindo de um princípio bem difundido na ficção pop - mas com uma dinâmica deliciosamente... quadrinhos - e faz uma verdadeira celebração para quem acompanhou os filmes da Marvel todos esses anos. Já o arco final é a experiência Splash Page de George Pérez definitiva. É todo o pay-off e o fanservice que existem no final do arco-íris. Sangue de Kirby tem poder.
Quase todo o elenco principal está integrado ao seu personagem-avatar num nível Christopher Reeve-é-o-Superman de conversação, além de apresentar suas melhores performances até aqui: Jeremy Renner zera o até então subaproveitado Gavião Arqueiro num bem-vindo acerto de contas com o roteiro, Karen Gillan extrai ainda mais camadas da hermética Nebulosa, Paul Rudd precisa fazer muito em muito pouco tempo e o Homem-Formiga dá conta, Scarlett Johansson se atira, literalmente, na evolução de "Nat" Romanoff, o Capitão América de Chris Evans é a melhor personificação do herói clássico que poderíamos ter hoje e Robert Downey Jr. fecha o ciclo com a redenção do personagem de sua vida.
Chris Hemsworth, por sua vez, tirou a sorte grande. Thor foi um dos poucos que mantiveram uma saga própria nos dois filmes. Em Ultimato, confesso, o susto inicial foi grande, porém coerente. Plus: agora sim o loiro está parecendo um Viking.
E a Situação-Hulk. Personagem que a Marvel Studios penou para achar o tom na telona, algo que só aconteceu em Thor: Ragnarok, quando já era tarde demais para qualquer pretensão cinematográfica do Golias Esmeralda & mitologia. A expectativa por uma virada foi lá pro caixa-prego após a ignorada sistemática em Guerra e agora, em Ultimato.
Pensando bem, isso já vinha sendo estabelecido desde Vingadores: Era de Ultron (2015), com a infame derrota do Verdão para o Hulkbuster (Hulkbusters e esquadrões Caça-Hulk existem para serem esmagados pelo Hulk, oras!). Seus poderes nos gibis nunca foram adotados pelo UCM: nada de saltos quilométricos, palmada sônica, fator de cura e o mais importante e muda-vidas, o "quanto mais furioso, mais forte o Hulk fica". O que sobrou é um Hulk limitado e em estado de calma - em Ultimato, em estado de calma baiana. Mark Ruffalo é um sujeito boa-praça, mas nem de longe é um Dr. Bruce Banner. A trama ainda dá alguma continuidade à sua cronologia nas HQs, despejando o personagem direto na fase do Hulk inteligente, o que resulta apenas e tão somente num Ruffalo Verde. Um Hulkffalo.
Paradoxalmente, é dali que sai uma das referências mais bacanas aos quadrinhos - a clássica imagem do Hulk em Guerras Secretas. E outras, que não sei bem se foram referências de fato ou apenas dissonâncias em minha cachola de gibizeiro: o Verdão doando o braço em Planeta Hulk, a aventura espaço-tempo-apoteótica de Vingadores Eternamente, o "1" do Dr. Estranho para Tony Stark paralelo ao timing de Adam Warlock para o Surfista Prateado em Desafio Infinito, Steve Rogers e Gail no final de Supremos 2 e por aí vai. Essas vieram fluídas e precipitadas como lembranças de velhos amigos. E eu agradeço ao filme por isso.
Surpreendente mesmo foi o resgate de dois grandes personagens por dois atores maiores que a vida: Tilda Swinton reprisando a Anciã e Robert Redford novamente como Alexander Pierce. Redford já havia encerrado a carreira em meados de 2018, mas voltou atrás no final do mesmo ano. Esqueça a mera condição de filme-pipoca. Isso já é cinema grande, meu chapa.
Josh Brolin pode não ter percebido ainda (ou é modesto demais para admitir), mas acabou por personificar um dos maiores vilões do cinema. Thanos é fascinante, perspicaz, tem a sua cota de honra distorcida e acredita piamente que está do lado certo da História. Ameaçador e absurdamente poderoso, Thanos protagoniza, fácil, as melhores e mais engenhosas lutas super-heroísticas já feitas até aqui. Mesmo a Capitã Marvel de Brie Larson - um tanto deslocada pelos cameos pontuais - teve seus melhores minutos numa telona, incluindo aí seu filme solo. O ponto alto, claro, é sua frenética e nervosíssima luta com o Titã Louco.
Há pelo menos uns três ganchos antológicos durante a luta de Thanos contra a "Trindade" - também conhecida como Vingadores Primordiais. E fazia tempo que não via uma sala de cinema virando uma arquibancada em final de campeonato. Especialmente no momento "Capitão, o Digno". Memorável.
Quando Jim Starlin criou Thanos no início da década de 1970, a gênese do Titã não indicava uma carreira muito promissora. O autor mesmo comentou: "Você pensaria que Thanos foi inspirado em Darkseid, mas não era o caso quando eu o apresentei. Nos meus primeiros desenhos de Thanos, se ele parecia com alguém, era com Metron. (...) Roy (Thomas) deu uma olhada no cara com a cadeira ao estilo Metron e disse: 'Aumente esses músculos! Se for para roubar um dos Novos Deuses, então roube Darkseid, o único realmente bom!'"
45 anos depois, Thanos está mais vivo do que nunca, coletando Jóias do Infinito em blockbusters bilionários e se tornando uma referência pop no mundo inteiro. E o que é mais incrível: adaptado sem comprometer sua personalidade. Pra mim, que li e reli as sagas de Thanos infinitas vezes, isso é muito além de um presente.
Toda a sequência final reservada ao personagem é sob medida. O momento da transição do Thanos ambientalista para o Thanos niilista é de arrepiar. Era o passo que faltava para o... Dark Side. E ainda corrobora os pensamentos de Jim Starlin sobre uma futura abordagem da Senhora Morte, a convidada que faltava. Promissor como parece.
Já se vão onze anos desde que saí daquela sessão de Homem de Ferro com um enorme sorriso no rosto e a cabeça fervilhando em pensamentos. Alguns viraram texto; outros, atrelados a uma certa melancolia por tempos idos, foram para o mesmo cantinho da memória que já serviu de palco para grandiosas batalhas emprestadas das páginas dos gibis. Eu sabia que ali era o máximo que o cinema real se aproximaria dos quadrinhos e estava mais do que satisfeito com aquilo. Filme após filme, desafio após desafio, a Marvel Studios foi superando aqueles limites - em maior ou menor grau e com resultados variáveis, mas sempre com bom senso, respeito às duas artes e, principalmente, coração.
Vingadores: Ultimato é sangue, suor e lágrimas. O ápice de uma autêntica odisséia cósmica (epa!) e o registro de que um dia duas formas de arte chegaram tão perto que quase convergiram.
Mesmo sendo o mais épico, ambicioso e visualmente deslumbrante, claro, não é um filme perfeito. Capitão América: O Soldado Invernal (2014) segue no topo da minha lista. E ainda tenho um carinho todo especial por Os Vingadores (2012) pelo impacto sobre este leitor ad eternum de Heróis da TV. Junto com Guerra Infinita, Ultimato habita n'algum lugar no éter entre esses dois.
Algo a se avaliar com o tempo. E com sessões infinitas.
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domingo, 28 de abril de 2019
Amo Vingadores: Ultimato 3000
Se eu dissesse para aquele moleque embasbacado com a inesquecível Grandes Heróis Marvel #1 que um dia o mundo inteiro conheceria Thanos... provavelmente ele acreditaria, já que sua visão de mundo, ainda relativamente inocente e sonhadora, permitiria tal devaneio. Mas nada que durasse muito.
Thanos, cara. Thanos.
Como disse o Dr. Estranho na reta final de Vingadores: Guerra Infinita, "estamos no fim do jogo agora". Errado duas vezes: estamos em Vingadores: Ultimato - numa das maiores vaciladas de adaptação de títulos em português; e não estamos só no fim do jogo, mas numa final de campeonato.
Daquelas pra ficar na história.
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quarta-feira, 27 de março de 2019
Girl, You'll Be a Danvers Soon
Às vezes, uma parte supera o todo. E no caso de Capitã Marvel, são várias as partes: o plot intrigante com flashbacks e reviravoltas, a origem simplificada que unifica toda a tralha cronológica da personagem nos gibis, o subtexto feminista pero sin perder la ternura, a ambientação na década do Nirvana, o orçamento parrudo garantindo um elenco de responsa, o CGI de grife. Por último, e o mais importante: uma Carol Danvers show-de-vizinha envergando delícia o uniforme da heroína.
Então por que Capitã Marvel é o filme mais sem sal da Marvel Studios até agora?
Antes, minha reverência ao mero fato de existir um filme da Capitã Marvel; também conhecida no dialeto marvete como Miss Marvel, Binária e Warbird. Isso era algo impensável até outro dia, fruto apenas de meus devaneios com a Feiticeira Joana Prado num maiôzinho preto cavado com um raio amarelo estilizado. "Depois dela, não tem pra mais ninguém..."
Mas claro, isso foi antes de mergulhar no mythos da heroína e no ethos de sua trajetória, o que me fez tridimensionalizá-la (droga). Em termos de carreira editorial, Carol Danvers é Amélia desde o Dia 1. Difícil não ficar penalizado após uma overdose de Miss Marvel safra 1968-2000 direto no lobo frontal. O mundo é machista, cinzento e cruel, mas graças a Stan Lee, os piores dias ficaram de fora da adaptação.
O filme tem início no outro lado da galáxia, no coração do Império Kree. Vemos a protagonista sendo treinada por seu mentor Yon-Rogg e integrando o grupo black ops Starforce. Amnésica e atormentada por déjà vus e pesadelos recorrentes, ela detém poderes vastos e quase incontroláveis. Por isso é vista pela entidade Inteligência Suprema como a chave para a vitória Kree na guerra contra os perigosos transmorfos Skrulls. Após uma missão conturbada, ela vai parar acidentalmente na Terra. Lá (ou aqui?), a heroína une forças com Nick Fury, Agente da S.H.I.E.L.D.®, e juntos investigam pistas que podem revelar a sua verdadeira origem.
Que um raio cósmico do Mar-Vell me parta se esse não foi um resumo conciso e sem spoilers.
Já elocubrei muito sobre como arrumariam a zona disfuncional que é a timeline de Carol Danvers nas HQs. Mas até que fizeram uma boa triagem do revamp setentista de Chris Claremont, eliminando a clicherama donzela-em-perigo prévia e usando a Guerra Kree-Skrull como ponte até a fase "on the road no espaço sideral" de Kelly Sue DeConnick, mais recente.
Isso rende até uma metáfora (de boteco) ao ilustrar o choque entre o feminismo clássico e o feminismo do milênio: no início, Carol luta para conquistar respeito em territórios tradicionalmente masculinos (corridas, exército, trabalho); no fim, tem a "iluminação": ela não precisa provar nada para ninguém e seu lugar no mundo - ou, no caso, universo - é onde ela bem entender. O sutiã em chamas de ontem é o "meu corpo/vida, minhas regras" de hoje. Isto posto em perspectiva sóbria, sem panfletos e não-intrusiva; embora deva passar reto para quem acha que mulher na vertical, só na frente de um fogão.
Méritos para o casal de diretores Anna Boden e Ryan Fleck, que assina o tratamento final do roteiro com Geneva Robertson-Dworet (do Tomb Raider 2018, naturalmente) e que, em muitos pontos, até revitaliza o surrado motif original. Um exemplo foi abrir o filme no planeta Kree com Carol tendo flashbacks da Terra, invertendo a ordem do que foi feito nos gibis e que era um porre.
Outra boa sacada foi a origem per se da Capitã Marvel, consumando a Jornada
Estabelecer a trama na 2ª metade da década de 1990 serve aos propósitos da Fase 3 do Universo Cinematográfico Marvel e rende mais que o simples valor estético; o que inclui aí a camiseta do Nine Inch Nails, hoje até meio hipster se for analisar. Mas não muito. A trilha rádio rock FM é mais reconhecível e efetiva que o Best Of über-rebuscado dos Guardiões da Galáxia, embora se mostre pentelha em um ou dois momentos do filme - mas já volto aí.
As piadas envolvendo as maravilhas tecnológicas da época, como o modem 56k, o CD-Rom e o Windows 95, são tão inevitáveis quanto irresistíveis. Mesmo repetitivas, funcionam, talvez por serem podreiras ainda recentes na memória; particularmente, pelas pequenas tragédias diárias estreladas por essas divas high-tech em ambientes de trabalho. E com uma deadline esmurrando a porta...
Mas o troféu cata-piolho noventista vai para a ponta do eterno Stan Lee lendo o script do crássico Barrados no Shopping (Mallrats, 1995). Kevin Smith deve estar liquefeito até agora.
Ok, ok, mas plenos anos 90 e não rola uma ceninha da Capitã Marvel com um pôster "I Want to Believe"? É como perder um gol daqueles que não se perde...
Porém, essa mesma cara noventista reverbera na dinâmica narrativa e faz a canoa virar, olê olê olá. O storytelling é burocrático e boa parte da trama é dedicada à tal investigação de Carol e Fury, que, além de tediosa, é inútil àquele ponto: toda a verdade será entregue de bandeja num momento-chave logo mais e reiterada depois num flashback estendido. Bem diferente da subtrama investigativa de Capitão América 2: O Soldado Invernal, só pra ficar num paralelo tramado de forma eficiente.
Mesmo as cenas de ação são bastante datadas em conceito e executadas no piloto automático. A esta altura, quantas vezes já vimos sequências com heróis e super-heróis lutando em cima, dos lados e dentro de um trem? Ou perseguições de carros num centro urbano? Isso até funcionaria, pela enésima vez, em toda a sua glória noventista clichê-bagaceira, se fosse conduzido com inspiração em craques como John McTiernan, Richard Donner, John Woo, Walter Hill e o saudoso John Frankenheimer. Ou até mesmo o Jan de Bont na veia absurda e divertidíssima do 1º Velocidade Máxima.
Infelizmente, o que temos pra hoje é o casal Boden/Fleck, que decididamente tem pouca intimidade com cinema de ação.
As sequências/coreografias de luta estão no padrão, com uma estrelinha na testa da protagonista. É bem convincente no quesito garota-chutando-bundas-de-marmanjos, o calcanhar de Aquiles de toda película com garotas-chutando-bundas-de-marmanjos. Talvez seja o resultado dos treinamentos, mas o mais provável é que tenha gostado da brincadeira.
No campo dos superpoderes, o processo é desenvolvido gradualmente, o que aumenta o impacto na reta final, com a Capitã detonando cruzadores no espaço como se fosse o Surfista Prateado - e visualmente lembrando a Fênix Negra, apesar da referência ser a fase Binária. De fato, parece a personagem mais poderosa do UCM, superando até o Thor com o Rompe-Tormentas em Vingadores: Guerra Infinita. E aí surge outro problema - e grave: a ausência de um antagonista à altura. Lembra de Hancock?
Capitã Marvel faz parte da lista de filmes vacilões que não providenciaram um supervilão para seus super-heróis. O silêncio da contrapartida inexistente é gritante (daqui a dois minutos não lembrarei o isso significa, mas neste momento faz sentido). Uma boa opção teria sido Ronan, o Acusador, reprisado no filme pelo ótimo Lee Pace, mas é criminosamente desperdiçado. Sobrou o quê? Os dublês da Starforce. Os Skrulls que já apanhavam de Carol quando ela suprimia seus poderes. A paciência do espectador.
Outra bobagem é o hype marketeiro montado ao redor da gatinha Goose, interpretada pelos promissores felinos Gonzo, Rizzo, Archie e Reggie (olho neles). Achava que o bichano seria um MacGuffin ao estilo Orion, do 1º M.I.B., mas é uma cruza de The Thing com o Groot adulto. E tiveram a desfaçatez de copiar uma cena antológica do Groot no 1º Guardiões, quando Goose abate uma fileira de soldados Kree num corredor.
Isso me leva às derrapadas individuais. Samuel L. Jackson exagera no humor de seu Nick Fury. Não é como se o agente fosse um novato com zero traumas. Ele inclusive lista as várias zonas de guerra em que já esteve, então é no mínimo estranho seu perfil gaiato apenas 12, 13 anos antes de Homem de Ferro. Mas aqui ele é somente um alívio cômico às raias do pastelão.
E cá pra nós... que razão tosca pro Fury ficar caolho, hein. Faça-me o favor.
Jude Law até começa bem como Yon-Rogg, mas é prejudicado pela reviravolta no meio da história, que ignora todo o conflito pessoal/ético inerente à situação e o obriga a zerar completamente sua relação com sua ex-protegée/colega/talvez-ficante. Maniqueísmo total.
Da mesma forma sucumbe o excelente Ben Mendelsohn no papel de Talos, o líder Skrull. Inicialmente disposto a tudo para cumprir sua missão, Talos muda de personalidade a partir da fatídica reviravolta. Ele até comenta que toda guerra tem muitos lados, como que preparando o terreno - até aí tudo bem. Mas Skrull bonzinho e conciliador logo na estreia, não dá. Nem ambiguidade moral rola; e deveria rolar, já que é uma guerra, oras. E são Skrulls, pelo amor do Kirby.
Piora-plus: conforme visto na prévia, o visual Skrull ficou mesmo a dever e quase não dá para associá-los aos aliens queixudos dos gibis.
Piora-extra-plus: além de tudo, a prótese/máscara engessa o rosto dos atores, atrapalhando bastante a fala. É constrangedor ver o Mendelsohn lutando pra cuspir algumas palavras pra fora da mordaça de látex. Inacreditável.
Lashana Lynch faz o possível pela sua Maria Rambeau, velha amiga de Carol (e mãe da pequena Monica, outra Capitã Marvel dos quadrinhos). O problema, mais uma vez, é a narrativa pontuada por flashbacks: apesar da grande entrega da atriz, não há uma química entre as duas, simplesmente porque Carol tem pouca ou nenhuma ligação emocional com sua vida pré-Kree. Sem troca, sem cumplicidade. O que vemos são apenas fragmentos da amizade entre as duas e Carol aceitando este fato de forma impessoal.
Já Annette Bening é apenas uma coadjuvante de luxo. Não ao exemplo das coadjuvadas de luxo de Michelle Pfeiffer em Homem-Formiga 2 e Robert Redford em Cap 2, onde eram relevantes e cruciais para o enredo, mas de forma titular, quase reverente. Mal dá para especificar de maneira concreta os papéis que ela desempenha, visto que um deles é uma lembrança distorcida e o outro é um holograma da Inteligência Suprema.
E voltando à deixa musical, "Come as You Are" rolando num toca-discos durante seu confronto com Carol foi um exagero estético. Sem contar a contradição da letra para aquela situação... Quem queria ver o Wilson Fisk versão amoeba alienígena se revelando em algum momento, saiu emburrado da sala.
E Brianne Sidonie Desaulniers, a Brie Larson. Pra mim foi surpreendente a escolha da atriz de O Quarto de Jack e Free Fire: O Tiroteio. Mesmo que a aura de musa indie não se traduzisse em "plano de carreira cult" (vide Kong: A Ilha da Caveira, que ela protagonizou de topzinho molhado ao lado do L. Jackson), um blockbuster-de-super-herói-da-Marvel era anos-luz além do que eu esperava dela pelos quadrantes mainstream. Adorei.
Sua Carol Danvers é teimosa, impulsiva e sagaz. É única. Há um certo desencontro entre seu tom discreto e cool com o clima frenético da produção, mas ela está à vontade no uniforme azul e vermelho. E com um carisma provavelmente maior do que qualquer uma das tentadoras opções; Amber Heard, a Mera, me vem à mente agora... mas tal qual um canto da sereia, não creio que resultaria em um final feliz, especialmente quando se exige maiores recursos dramáticos.
Para melhorar, o timing pessoal da Brianne é admirável, inclusive ao despertar a ira de fanboys analfabetos funcionais. Nada melhor para esquentar os ânimos. Considerando que um dos primeiros inimigos de Carol Danvers nas HQs se chamava Patriarca, fecha-se aí mais um ciclo.
No geral, Capitã Marvel fica a dever. Longe de ser ruim; tem seus momentos e conceitos bacanas que, trabalhados a contento, teriam dado um filmaço. Mas no fim, a falta de ousadia e de culhões na direção cobra seu preço: é só um passatempo agitado e fugaz no espectro aventura/sci-fi, coisa que nem os debuts medianos do Thor, do Capitão América e do Dr. Estranho foram.
É, portanto, um filme sem sal.
Mas confesso: assim como certas coisas na vida, também tenho uma quedinha por filmes sem sal. Depois da 1ª vez, só melhora...
Ps: ao menos o Killing Joke embolsou um gordo royaltiezinho.
sexta-feira, 10 de novembro de 2017
Avante, Salvat!
Sabe aquele momento no programa do Silvio Santos em que um participante já ganhou uma boa quantia em espécie e, já pronto pra partir felizão pra casa, recebe do faustiano apresentador uma proposta que triplica/quintuplica/decuplica o prêmio num tudo-ou-nada irresistível?
Pois é. A editora Salvat é o Silvio Santos do mercado brasileiro de quadrinhos. Mah-oeee.
Eu, que já vislumbrava a 3ª idade da relação com os gibis, à base de Bonellis, linhas claras e bárbaros cimérios, me vi tragado de volta à singularidade adolescente e colorida do mainstream super-heróico. Ah, para, ô.
Mas tenho meus motivos.
Essa é nada menos que uma das melhores fases dos Vingadores, com a parceria clássica-sim-clássica de Kurt Busiek e George Pérez explorando a quintessência de uma super-equipe. É o suprassumo do super-heroísmo. Juro pelas pinups de Jordi Bernet: se já vi os Vingadores batendo a Liga da Justiça alguma vez em seu próprio território, foi aqui.
Segue a grade dos três tomos (1.136 omnibústicas páginas no total!), incorporando espertamente alguns títulos extra-Avengers adjacentes.
Tenho a maior parte desse run nos formatinhos e formatões derradeiros da Abril e a coisa toda digitalizada pela Marvel há alguns anos. E vai pra estante. Com a caixinha.
Só a edição 01 coletando, entre outras coisas, a descaralhante Grandes Heróis Marvel v2 #6 praticamente na íntegra (faltou o gibi #10 do Mercúrio) trazendo o inferno pessoal da minha adorada Carol Danvers, já me justifica esse desatino financeiro. Fora que lá vem Conan, Tex Gold, Vilões Mais Poderosos, extensões...
Por favor, alguém pare a Salvat.
Ps: a bem da verdade, só remanejei a verba dacancelada Black Friday da Mythos deste ano. Limões & limonadas...
Pps: SQN... a Mythos incorporou um 1º de Abril em novembro e mandou ver numa BF esticada!
Pois é. A editora Salvat é o Silvio Santos do mercado brasileiro de quadrinhos. Mah-oeee.
Eu, que já vislumbrava a 3ª idade da relação com os gibis, à base de Bonellis, linhas claras e bárbaros cimérios, me vi tragado de volta à singularidade adolescente e colorida do mainstream super-heróico. Ah, para, ô.
Mas tenho meus motivos.
Essa é nada menos que uma das melhores fases dos Vingadores, com a parceria clássica-sim-clássica de Kurt Busiek e George Pérez explorando a quintessência de uma super-equipe. É o suprassumo do super-heroísmo. Juro pelas pinups de Jordi Bernet: se já vi os Vingadores batendo a Liga da Justiça alguma vez em seu próprio território, foi aqui.
Segue a grade dos três tomos (1.136 omnibústicas páginas no total!), incorporando espertamente alguns títulos extra-Avengers adjacentes.
Marvel Edição Especial Limitada Ed. 01 - Os Vingadores: Avante, Vingadores!
Avengers (vol. 3) 1-11, Avengers Annual 1998, Captain America (vol. 3) 8, Iron Man (vol. 3) 7 e Quicksilver (vol. 1) 7
Marvel Edição Especial Limitada Ed. 02 - Os Vingadores: Ultron Ilimitado
Avengers (vol. 3) 0, 12-22 e Avengers Annual 1999
Marvel Edição Especial Limitada Ed. 03 - Os Vingadores: Lendas Vivas!
Avengers (vol. 3) 23-34 e Thunderbolts (vol. 1) 42-44
Tenho a maior parte desse run nos formatinhos e formatões derradeiros da Abril e a coisa toda digitalizada pela Marvel há alguns anos. E vai pra estante. Com a caixinha.
Só a edição 01 coletando, entre outras coisas, a descaralhante Grandes Heróis Marvel v2 #6 praticamente na íntegra (faltou o gibi #10 do Mercúrio) trazendo o inferno pessoal da minha adorada Carol Danvers, já me justifica esse desatino financeiro. Fora que lá vem Conan, Tex Gold, Vilões Mais Poderosos, extensões...
Por favor, alguém pare a Salvat.
Ps: a bem da verdade, só remanejei a verba da
Pps: SQN... a Mythos incorporou um 1º de Abril em novembro e mandou ver numa BF esticada!
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