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sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Desafiadores do Conhecido

Onde estávamos mesmo? Ah, sim... no novo filme do Quarteto Fantástico.


Após seis décadas de quadrinhos, desenhos e sofridos quatro filmes (, na verdade), os primeiros passos de Quarteto Fantástico: Primeiros Passos seguem como os mais difíceis de trilhar. É uma ironia paradoxal. A cronologia é vasta e todos os seus clichês e arquétipos são reconhecíveis a parsecs de distância: um núcleo familiar, ou quase, protagonizando histórias que aliam fantasia, misticismo, mitologia e, claro, ficção científica a um contexto pop-aventuresco para toda a família. É um pacotão de entretenimento vencedor que sempre foi mantido atualizado.

Por algum motivo, no caso do Quarteto, a coisa invariavelmente adquire contornos complexos de concepção, transposição e execução. Talvez por lidar diretamente com o material bruto, bizarro e fantasticamente doidão criado por Jack Kirby e Stan Lee. Mais do que qualquer coisa que fizeram na Marvel, a química da dupla no Quarteto era da pura. A fine entry drug, difícil de reproduzir com integridade fora daquela mídia. Então, cada vez que se cogita um novo filme da "Primeira Família", é um drama, quase como se fosse algo infilmável. Primeiros Passos talvez seja o, arram, primeiro passo do mythos original rumo ao sonho descomplicado de uma franquia de verão.*

* não me refiro à performance nas bilheterias, onde o longa afundou drasticamente nas semanas seguintes, mas ao potencial escapista por excelência. A normalidade de sentar em frente à tevê, abrir uma cerveja e ver super-heróis viajando até um universo de antimatéria para sair no braço com um gafanhoto antropomórfico de metal. É pedir muito?

O diretor Matt Shakman é veterano de séries, de Game of Thrones e The Boys a Succession e WandaVision, quase um test drive da abordagem vintage de Primeiros Passos. Sabia exatamente como lapidar e conferir gravitas ao roteiro formulaico escrito a oito mãos (fora o aveludado par da Kat Wood, coautora da premissa). Particularmente, tinha minhas restrições com a ideia do filme se passar no ano de 1964 de um universo/realidade alternativa, apesar da jornada acachapante pelo Multiverso na série Loki – e não existe nada mais over-the-top no MCU do que Loki. Felizmente, a opção teve 99,9% de aproveitamento.

Os personagens parecem pertencer à tal Terra-828 bem mais do que à ilha de cinismo e irreverência da Terra-616 (ex-Terra-199999). A bela direção de arte futurista retrô à Syd Mead, além de um delicioso e irresistível guilty pleasure, também evidencia o impacto social, político e tecnológico causado pela existência de um Quarteto Fantástico naquele mundo. Algo bem Watchmen, se o Grande Barba me permitir a referência.

A trama é o basicão do sci fi pré-apocalíptico. Lá, o Quarteto Fantástico já existe há quatro anos, é adorado pelo público e, através de sua Fundação Futuro, tem parcerias com todos os governos (menos o da Latvéria!). Coisa, Tocha Humana, Mulher Invisível e Senhor Fantástico são celebridades pop defendendo o Silver Age Way of Life de supervilões da 2ª divisão. Isso até a chegada da Surfista Prateada anunciando a vinda de Galactus e o fim do mundo. A partir dali, a escala deixa de ser global e se torna cósmica.

A transição de escopo é sensacional. Dá pra sentir toda a tensão, medo e incerteza do Quarteto – em especial, de Reed Richards – frente ao imponderável pela 1ª vez. Pedro Pascal anda onipresente e triscando na hiperexposição (falta só fazer comercial da Bombril), mas tem uma grande vantagem: é um excelente ator. Transmite com maestria toda a frustração e impotência de Richards, com seu controle emocional e pensamento lógico ruindo diante de uma ameaça com tecnologia e poder vastamente superiores.

Já o Coisa de Ebon Moss-Bachrach (o Richie, de The Bear), visualmente, é o melhor Coisa que o dinheiro da renderização digital poderia comprar. Fidedigno. No texto e na caracterização de Moss-Bachrach, porém, deixa um pouco a desejar com a voz suave e um perfil bonzinho/paciente/conformado demais. Assim fica fácil para a Gangue da Rua Yancy. Prefiro o Michael Chiklis.

A Sue Richards de Vanessa Kirby, cheia do soft “girl” power, e o maninho Johnny de Joseph Quinn (keep metal, Eddie!) foram a primeira surpresa para mim. Além de cativantes, ambos têm as melhores cenas entre os quatro e decidem a partida com jogadas individuais em momentos-chave. São os grandes protagonistas do filme.

A outra surpresa foi a controversa Surfista Prateada Shalla Bal, numa escalação que se mostrou muito acertada no final das contas. Primeiro, porque Julia Garner é uma atriz espetacular, saltando do aterrorizante ao fragilizado com uma desenvoltura... fantástica. Segundo, a desconstrução da personagem ao longo do filme deixa sua figura ainda mais trágica e humana, com todos os seus erros, adversidades e superações. E terceiro, é dela as sequências de ação mais eletrizantes do filme, com a Surfista de fato surfando em um rio de lava, em perseguição faster-than-light ao Quarteto dentro de um buraco de minhoca e até no campo gravitacional de uma estrela de nêutrons. A tela grande ficou pequena.

E Galactus. Na cena em que ele é apresentado num crescendo nervoso, emergindo lentamente das sombras, confesso que até esqueci de respirar. Sonho realizado #385, check.

Pode ser a saudável influência de James Gunn em assumir o esdrúxulo para o mundo sem medo de ser feliz. O fato é que o velho Galan enfim saiu das páginas em toda a sua glória live action – armadura roxa e balde na cabeça inclusos. O vozeirão basso profondo do britânico Ralph Ineson confere um tom imponente, solene e ancestral ao Devorador de Mundos. O design segue o padrão clássico das HQs quase à risca, com linhas e detalhezinhos high tech ao longo da gigantesca armadura, lembrando a concepção do artista italiano Giorgio Comolo. Na Terra, ele é um arranha-céu ambulante, muito maior que nos quadrinhos.

Logicamente, algumas bolas batem na trave. Ao invés de consumir os planetas diretamente com o auxílio de seus conversores, Galactus tritura os astros em sua nave como se fosse o Unicron. Bem menos impressionante. A nave, aliás, parece ser a Star Sphere que Galactus usa quando sai de Taa II, sua nave-mãe-pai-e-avós com as dimensões de um sistema planetário. Pena não rolar ao menos uma frase com um fanservice maroto.

Outro detalhe esquisito foi a fuga do Quarteto da nave. Como nas HQs, o Galactus do filme pode imobilizar seus oponentes com o pensamento, assim como faz com a Surfista em dado momento. Então não tem muito sentido aquela correria toda, senão o fruto de uma procrastinação galáctica.

Sobre a celeuma em torno da Mulher Invisível empurrando Galactus, posso listar umas notas de argumentação: 1) Sue é uma mãe defendendo o seu filho (além da Terra, óbvio); 2) A verdadeira extensão de seus poderes nos quadrinhos é tema de discussões a perder de vista e é algo que pode e deve ser aplicado à sua contraparte cinematográfica – e sabiamente evitaram o sanguinho no nariz; 3) Por fim, Galactus estava pronto para sua próxima lauta refeição e, portanto, com fome, enfraquecido e nessas condições, como todos sabemos...

Em suma, nada para ver aí, senão orgulho da Sue.

Me incomodou mesmo foi o Toupeira do canastrinho Paul Walter Hauser, numa repaginada clean e hipster do nosso grotesco favorito. E um desperdício pop do H.E.R.B.I.E. que Jon Favreau, Dave Filoni e, raios, James Gunn não deixariam passar.

Quarteto Fantástico: Primeiros Passos é o filme que os Quatro Fantásticos mereciam há tempos. Não é a Mona Lisa do audiovisual, nem a reinvenção do Universo Marvel nos cinemas, mas reinventa a Primeira Família de uma forma genuína e digna. Digna do legado, da influência, dos gibis e, o mais importante, da pipoca.

Ps: só me faltou mesmo o Balde-Galactus.

quinta-feira, 17 de abril de 2025

Trailer de família

Hoje é o dia dos trailers inesperados. Fantástico!


Quarteto Fantástico enfim numa adaptação live action decente e sem tergirversar o material original de Stan Lee e Jack Kirby. E com um crescendo climático que os Vingadores levaram dez anos para construir nas telonas. A Marvel Studios parece dar os primeiros passos para reencontrar o caminho.

É um alívio finalmente ver o Pedro Pascal menos gaiato e mais sério e cerebral com seu Reed Richards. Reed é um racionalista chatão arrogante, pô. Gostamos dele assim. Já Vanessa Kirby soa meio gélida e indiferente como a Sue Richards. A ver. Joseph Quinn acerta no alvo com o Johnny Storm e o Coisa visualmente perfeito de Ebon Moss-Bachrach carece de mais diálogos. A Shalla Bal/Surfista Prateada (já falei que é Luminaris!) ficou bacana e praticamente reedita o pique-pega com o Tocha Humana no filme do Quarteto de 2007. Não vi sinal do John Malkovich. E o rolê Galáctico pelas ruas de NY fecha com um tiro de Nulificador Total.

Além disso, a vibe de recap retrô me dá a impressão de que adotaram a ótima Quarteto Fantástico: História de Vida como bíblia de produção.


Expectativa lá no alto, portanto. Droga.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

A vinda do Fantástico

Trataram logo de tirar o Coisa do meio da sala.


Não passa despercebida a atitude Die Hard Silver Age à James Gunn no trailer de Quarteto Fantástico: Primeiros Passos. Não tenho a menor dúvida que o diretor Matt Shakman mergulhou de cabeça nessa fonte. Sem medo de ser feliz, a produção assume todo o colorido, o farsesco, o H.E.R.B.I.E. e o Ben Grimm mais fiel aos quadrinhos desde o Quarteto Furado do saudoso Roger Corman. Assume o fantástico, enfim.

Confesso não estava dando a mínima para a proposta. Mas até a estética retrofuturista, calcada no genial Syd Mead, ficou linda. Só perde mesmo para a Sue Storm Vanessa Kirby, uma mulher nada invisível para 400 talheres. Agora o filme tem a minha atenção.

Se bem que aquele Galactus, assim, na seca, sem nem um drinkzinho antes, ativou os sensores de alerta do Edifício Baxter...

terça-feira, 24 de outubro de 2023

Em busca do Warlock perdido


De um lado, o Omnibus mais desnecessário da História – do outro, um verme desprezível com um dilema nas mãos

Adam Warlock Omnibus é um calhamaço bíblico de 904 páginas com o Best Of do Gladiador Dourado, do Avatar da Vida, do Matador de Deuses, do Mestre de Todas as Almas...

O pack é de responsa:
Fantastic Four 66-67, The Mighty Thor 165-166, Marvel Premiere 1-2, Warlock 1-15, The Incredible Hulk 176-178, The Incredible Hulk Annual 6, Strange Tales 178-181, Marvel Team-Up 55, The Avengers Annual 7, Marvel Two-in-One 61-63 e Marvel Two-in-One Annual 2
São 35 edições com profissionais top de linha da Era de Ouro da Marvel em plena Era de Bronze com destaque para um jovem e faminto Jim Starlin. Um sonho de verão intergaláctico. O problema é quase todo esse conteúdo foi publicado aqui. Em reedições recentes, inclusive.

Juntos, os dois volumes de A Saga de Thanos (Panini), A Coleção Oficial de Graphic Novels Marvel - Clássicos Vol. 32 e Vol. 33 (Salvat), Os Heróis Mais Poderosos da Marvel Vol. 44 - Warlock (Salvat) e até Coleção Histórica Marvel: Os Vingadores Vol. 2 (Panini) compreendem algo como 90% do Omnibus. Quem tiver todos esses, pode passar sem dó. Meu caso.

Mas verme que é verme sempre encontra brechas na legislação interna.

No tomo inteiro, apenas quatro edições não têm republicação recente: a Hulk Annual #6 (novembro de 1977), publicada aqui há 43 anos (!) pela RGE em Almanaque do Hulk #2 (junho de 1980), e as Marvel Two-in-One #61, #62 e #63 (março-abril-maio de 1980), que a Abril "condensou" daquele jeitinho em O Incrível Hulk #19 e #20 (janeiro e fevereiro de 1985).

O primeiro caso, passo sem problema, mas o segundo...


O casulo de "Ela", a entrada triunfal de Parágona (depois, Kismet e, atualmente, Ayesha) e Benji providenciando as boas-vindas

A história traz o bom e velho Coisa com Alicia Masters, Águia Estelar/Aleta, Serpente da Lua, Alto Evolucionário e a semideusa Parágona indo até os confins do universo para reviver o lendário Adam Warlock. Essa aventura é uma queridona. Li e reli gazilhões de vezes desde molequinho. Na época, raramente conseguia de$colar duas edições novas na sequência, mas estas consegui por alguma rara conjunção astral.

Lembro que ficava fascinado pela intrigante capa de George Pérez, pelos desenhos de Jerry Bingham – com arte-final de Gene Day – e pelo roteiro frenético, engraçado e, ao mesmo tempo, reflexivo e melancólico do Mark Gruenwald. Qualidades que resistem até hoje. Era o Método Marvel no seu melhor.


"O Roubo da Contraterra" é o melhor título ÉVER e a splash do Alto Evolucionário é para emoldurar



A metamorfose macho-fêmea de Parágona e a transição corpórea de Águia Estelar e Aleta sem problematizações



Rindo disso há 38 anos — Titio Ben em momento Jece Valadão sem medo do cancelamento



Troféu cata-piolho: a Abril não era a Bloch, mas também inventava página ampliando um quadro



O momento que todos esperavam e que me ensinou uma lição para a vida

Sem dúvida, é uma história muito importante para mim. Formadora de caráter até.

Há décadas espero por esta reedição na íntegra, em formato original e com papel delícia, mas ainda assim... Pegar um Busão de 370 paus por causa de três histórias parece a descrição de um crime hediondo.

Já fiz algo levemente parecido, há pouco tempo, quando peguei Liga da Justiça: Antologia só por causa da maravilhosa JLA #200. Mas isso já é outro nível de conversação. Outro, outro.

Completamente.

(...)

Ps: 🤔

quarta-feira, 15 de março de 2023

Que droga de vida


Jim Starlin pode ter passado a carreira imerso em sagas cósmicas e reflexões transcendentais, mas sempre foi um dos criadores mais socialmente conscientes dos quadrinhos mainstream. Com frequência, usou aquele pano de fundo galáctico, macro, para ilustrar os dramas do cidadão comum, os dilemas das pessoas invisíveis. E vez ou outra também mandou ver na crítica social pura e simples.

Um bom (e surpreendente) exemplo é a 2º história de A Saga do Batman Vol. 6.

Em Você Devia Ter Visto Ele..., o Morcego se depara com a dura realidade de um casal de irmãos que, apesar da tenra idade, já são sobreviventes da decadência da sociedade, da criminalidade e da falência do sistema. Tudo isso na ordem e em partes dolorosamente iguais.

A sequência em que o Maior Detetive do Mundo desvela o contexto dos irmãos não é muito elaborada, tampouco complexa. E nem deveria mesmo. O impacto dramático da cena que deu o título à trama é o que importa.


Não envelheceu um dia sequer.

Com roteiro de Starlin e desenhos de Dave Cockrum, a tocante história saiu originalmente em Batman #423, de setembro de 1988. Até há pouco, seguia inédita no Brasil, mas, num espaço de apenas dois anos, foi publicada duas vezes pela Panini — o que me deixa com um repetecão bonito nos arquivos. Mais um.

Ou seriam dois?

Quase cuspi o café na HQ quando bati o olho nessa comovente punchline. Como bom gibizeiro velhusco, não poderia deixar de notar uma certa, hmmm, semelhança dessa cena com uma outra anterior do mesmo autor, porém, para a concorrência.


A história Confronto Inesperado saiu aqui em O Incrível Hulk #37, em julho de 1986, formatinho da Abril — e lá fora, na Marvel Fanfare #20, em maio de 1985. Daquela vez, Starlin fez tudo, com exceção da arte-final, a cargo de Al Milgrom.

Na trama, o Coisa e o Dr. Estranho se unem para enfrentar o mago Xandu e seu inesperado... e esverdeado... assistente. Mas antes de encarar o pérfido feiticeiro e seus demônios interdimensionais, Ben esbarra no mal que habita cada esquina desse mundo cão. E ainda faz questão de lembrar que reclamar demais é um péssimo hábito.

Comentário social rapidinho antes de jogar o leitor numa das aventuras mais engraçadas e eletrizantes que já li nesta vida.

A dinâmica e a composição das duas cenas é a mesma. É quase como se ele tivesse mostrado essa página para o Cockrum três anos depois e falado: "tá vendo isso? Faz igual, só que diferente". E nem ficou tão diferente. Piorzinho, com certeza...

Até no autoplágio, lance de gênio. Coisa de Starlin.




Numa das minhas cenas prediletas da melodramédia de Mel Brooks, a mocinha, uma sem-teto, conversa com seu parceiro, um ex-bilionário e também sem-teto, que está em coma num hospital:

“Eu sei que você quer desistir, mas você está errado. Mesmo sem dinheiro, a vida é boa.”

No que ele balança a cabeça negativamente...

É só um momento dentro de um arco de redenção da adorável (mesmo cafona) fábula do veterano cineasta, mas que só traz verdades. Sem grana, a vida ainda é boa. Porém, dura.

E, algumas vezes, uma droga.

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Hulk esmaga o Coisa!


Certa vez, Rick Jones deu uma ideia do quão aterradora é a sensação de estar perto do Hulk. O velho e bom Rick é o melhor amigo do Verdão, mas mesmo ele não hesita em compará-lo a um caminhão se aproximando em alta velocidade. Com essa adorável visão em mente, o que seria então um confronto entre o Hulk e o Coisa?

Uma frota inteira de caminhões. Mineradores. Descendo a ladeira. Direto para um penhasco.

Benjamin Jacob Grimm, o Coisa (e sobrinho favorito da saudosa e gostosa Tia Petúnia), é o maior veterano da história das pancadarias gama. É uma rivalidade que remonta à Era de Prata da Marvel, sendo ele e o Golias Verde as duas primeiras powerhouses da editora – e, ainda em pleno Mês das Bruxas, os dois maiores monstros da Casa das Ideias.

Claro, é senso comum (e oficial) que o Hulk é "o mais forte que existe!!" e, portanto, o mais forte dos dois. Mas considerando a diferença relativa de seus estados iniciais de força e as variáveis a favor do Coisa, como destreza, resistência, sagacidade e proficiência em vários estilos de luta, é seguro dizer:

"Yes. Ben can."

É muito difícil, mas já aconteceu antes, num momento antológico do Latinha. E, recentemente, num momento igualmente antológico do próprio Coisa contra o Imortal Hulkcontrolado, mas ainda assim um Hulk. E que, por sinal, acabou de ser publicado aqui.

Do lado psicológico, o embate com o Hulk é uma das poucas ocasiões em que Ben se sente orgulhoso de ser o Coisa, superando até mesmo sua notória autopiedade. Afinal, é uma oportunidade de ouro para usar toda a sua força sem restrições, de descontar a sua raiva e frustração num oponente que não só vai aguentar o tranco, como irá revidar à altura – e acima...

Com o decorrer dos anos e após tantas batalhas contra o Golias Esmeralda, Titio Benji acabou cultivando algumas marcas de guerra. Não são raras as longas e melancólicas reflexões pré-confronto, tal qual um pugilista submerso na solidão e tensão do vestiário, minutos antes de subir ao ringue para a luta de sua vida.

Como se aquilo fosse uma grande luta de boxe, alegoricamente falando. Ou quase.


Ben é bom de metáfora

Daí que após o incrivelmente espetacular "hardcover virtual" Hiper-Almanaque Marvel - Hulk Esmaga o Homem-Aranha, nada mais lógico que Hiper-Almanaque Marvel - Hulk Esmaga o Coisa!® seja o próximo passo do brainstorm-gamma com o parceiro VAM!, da Batdeira. O VAM!, logicamente, com a concepção gráfica (Deluxe, diga-se... custaria uns 600 paus na promocha) e eu, com o papo-de-buteco sobre cada edição.

Que, modéstia à parte, poderia até entrar como extra em nosso Omnibus imaginário. Hoje em dia, qualquer um escreve "matérias", "prefácios" e "editoriais", não é mesmo?

Behold the cover!


Clique para ampliar

No primeiro volume, fizemos uma seleção com os melhores encontrões do Homem-Aranha com o Gigante Esmeralda, o que já é um tremendo contraponto em termos de dinâmica. O Teioso nunca teve intenção de encarar o Hulk diretamente; e o Coisa, apesar de reconhecer o perrengue, quase sempre segue em rota de colisão com o Golias Verde, invariavelmente com resultados imprevisíveis e pra lá de divertidos. A ideia básica pode até não ser original, mas a nossa versão é muito melhor, mais forte e mais rápida!

Mas chega de papo, porque... Tá na hora de esmagar!

Err...


Fantastic Four #12 (mar/1963)


A estreia foi já na edição #12 do Quarteto Fantástico. Na capa, uma amostra de como o Hulk era retratado em seus primeiros dias, traiçoeiro e amoral, se esgueirando para atacar a Primeira Família de surpresa. Produzida pela dupla Stan Lee/Jack Kirby, a história é simplesmente entitulada "The Incredible Hulk" (minimalismo é isso aí) e começa com o Coisa sendo confundido com o monstro - uma constante. A partir daí, o Quarteto é contatado pelo General Ross para auxiliar na captura do Verdão. O grosso da trama é ocupado por uma conspiração arquitetada pelo subvilão Destruidor; a luta em si é curta e inconclusiva, mas não faltam emoção e trash-talks disparados pelo Coisa, pelo Hulk e até pelo Titio Stan nos recordatórios. Ouro puro.

Por incrível que pareça, esse quadrinho clássico - ou, como anunciou hiperbolicamente nosso eterno fanfarrão Stan, "um dos momentos mais dramáticos da História da Fantasia & Aventura" - só foi publicado aqui duas vezes, pela RGE e pela Abril.

Momento Tá na Hora do Pau!: o Ben, a voz da emoção, e Sue, a voz da razão.


Fantastic Four #2526 (abr–mai/1964)


Hulk e Coisa são levados de volta ao ringue por Lieber-Kurtzberg apenas 1 ano após o primeiro combate. Menos por um tira-teima e mais para promover a nova formação dos Vingadores, agora liderados por um recém-descongelado Capitão América. Na história "The Hulk Vs. The Thing" (Fantastic Four #25), o Golias Verde decide ir até New York trocar uma palavrinha com os Vingadores após saber que foi substituído pelo Bandeiroso. Chegando lá, é recepcionado por 3/4 fantásticos: Tocha Humana, Mulher Invisível e nosso esforçado Coisa. Claro que o abacaxi acaba sobrando pro Ben numa luta divertida e com soluções criativas recicladas ad nauseum nas décadas seguintes. Na edição seguinte - aquela, da capa do Hulk Donkey Kong – com a auto-explicativa "The Avengers Take Over!", os Vingadores... tomam conta. Mas no final quem vence o Incrível Hulk é o Incrível Rick!

O detalhe é que Stan Lee estabelece de vez a superioridade física do Hulk; e foi o 1º registro da força do Verdão aumentando junto com seu nível de raiva/stress - mais de 1 ano antes da máxima "quanto mais furioso, mais forte o Hulk fica" estrear, portanto. Também ali o bom Doutor é sempre chamado de Bob Banner... eles estavam mesmo tentando evitar o, na época, "suspeitíssimo" Bruce.

Essas duas edições só saíram aqui pela EBAL, em preto e branco, num longínquo ano de 1971. Ainda há muito o que fazer, muito o que relançar...

Momento Tá na Hora do Pau!: Ben fazendo um ultimato pro Hulk enquanto foge de barco é o fino, mas fico com o... GERONIMO!


The Incredible Hulk #122123 (dez/1969–jan/1970)


De cara, essas edições tem alguns dos melhores desenhos do meu desenhista ruim favorito, Herb Trimpe. Ainda na veia Kirbyana, o artista não economiza nos detalhes e nos gadgets do laboratório do Quarteto Fantástico. Também fica evidente quando um roteirista fora da curva assume as rédeas do Verdão: nas histórias "The Hulk's Last Fight!" e "No More the Monster!", Roy Thomas não apenas se torna o 1º autor a "curar" o Hulk (temporariamente, claro), mas também o 1º a manter a personalidade e inteligência de Banner após sua transformação no Gigante Esmeralda. Mas o que interessa aqui é a porradaria e o Coisa tem que se virar quando o Hulk fica descontrolado em pleno Edifício Baxter. E se vira muito bem, diga-se!

Essas histórias saíram aqui pela EBAL em 1971 e pela Bloch em 1975 – milagre não pintarem o Hulk de amarelo.

Momento Tá na Hora do Pau!: Coisa dando um olé no Hulk duas vezes seguidas. É um craque!


Fantastic Four #111112 (jun–jul/1971)


O confronto da vez foi em grande estilo: "Big" John Buscema no traço, Joe Sinnott finalizando e o Tio Stan de volta ao roteiro. Nas histórias "Thing -- Amok!" e "Battle of the Behemoths!", Reed Richards consegue reverter Ben à sua forma humana, mas, claro, com um revés: ele se torna um sociopata. Provavelmente por isso, o Pedregulho não se segura e rende uma das batalhas mais equilibradas com o Golias Verde. Ora apostando nas diferenças físicas (força X velocidade), ora invertendo os papéis (Coisa esmagando tudo pela frente e Hulk usando estratégias!), é perceptível o carinho (e a torcida) que Lee tinha pelo Ben. Não fosse por uma pequena bobeada... Seja como for, é uma das tretas mais eletrizantes da dupla.

Fantastic Four #111 foi editada aqui pela GEA (Grupo de Editores Associados) em 1972. Já Fantastic Four #112, com a luta propriamente dita, segue inédita até hoje, mesmo com a GEA prometendo o "Duelo de Monstros!" para o próximo número – que nunca veio. Queria o quê, por 1 cruzeiro e 50 centavos?

Momento Tá na Hora do Pau!: Vem pro papai!


Marvel Feature #11 (set/1973)


A história "Cry: Monster!" tem argumento de Len Wein, desenhos de Jim Starlin e arte-final do operário-Marvel-padrão Joe Sinnott. É o 1º contato de Starlin com o crossover laranja-esverdeado – e parece que tomou gosto pela coisa, já que comandaria outros encontrões impagáveis da dupla no futuro. Fora que é dele o meu visual predileto do Coisa (sorry, Byrne & Pérez). Na trama, o Líder e Kurrgo – subvilão que o Quarteto baculejou em priscas eras – disputam o "direito" de controlar o Hulk e o Coisa. E para isso, nada mais racional que provocar uma briga entre os dois e fazerem uma apostinha entre cavalheiros!

Essa edição foi publicada pela Abril em 1992, no 1º volume da mini A Saga de Thanos (?!). Segundo o recordatório no final, tinha a ver...

Momento Tá na Hora do Pau!: Hulk acha "Hora do Pau" idiota!


Giant-Size Super-Stars #1 (mai/1974)


Não, os balões não estão trocados

Com roteiro de Gerry Conway, traço Kirbyano de Rich Buckler e arte-final de – adivinha!Joe Sinnott, a história "The Mind of the Monster!" traz Bruce Banner fazendo pior que Reed Richards ao tentar curar Ben Grimm e a si próprio: sua mente Hulkificada vai parar no corpo do Coisa e vice versa. Seria a chance do bom e velho Ben espancar o Verdão até 2040, mas sua adaptação lenta somada à fúria incontrolável do Coisa-Hulk pesaram na dinâmica e ele leva uma das maiores surras da vida... no corpo do Hulk. Então, pode-se dizer que o Coisa arrebentou o Hulk dessa vez, se é que você me entende.

Esse gibi nunca foi publicado no Brasil. Aliás, a única Giant-Size Fantastic Four que saiu aqui foi aquela do Madrox.

Momento Tá na Hora do Pau!: o Coisa-Hulk socando a Tundra achando que era um cara...


Fantastic Four #166167 (jan–fev/1976)


Escrita pelo grande Roy Thomas, a dobradinha "If It's Tuesday, This Must be the Hulk!"/"Titans Two!" tem algumas das maiores forçadas de barra já registradas numa HQ – e olha que estamos aqui em plenos anos 1970. Na premissa, o Hulk é derrotado pelo Quarteto Fantástico em tempo recorde (!), mas o piedoso Ben toma as dores do velho desafeto e o liberta. Na sequência, os dois fogem num jato e team-upeiam contra o Quarteto e, claro, o exército. Mesmo com momentos descendo quadrado (ah, a parte do avião...), a parte on the road – ou on the air – dos brutamontes tem boas tiradas. Traço do George Pérez de várzea nas duas edições. Na 2ª parte, Joe Sinnott, lógico, faz uma eficiente finalização; provavelmente para compensar a 1ª parte, onde Vince Colletta só reforça a munição de seus detratores.

Até hoje essas HQs não foram publicadas por aqui. E aposto que nunca serão...

Momento Tá na Hora do Pau!: SMRAASHH!


Marvel Two-in-One #46 (dez/1978)


Pra dar uma relaxada, uma história (ainda) mais fugaz e bem humorada. Em "Battle in Burbank!", o Coisa, em mais um de seus clássicos rompantes "tempestade em copo d'água", fica revoltado com um seriado televisivo com a cocotinha Karen Page estrelando ao lado do Hulk... quer dizer, não O Hulk, mas um dublê bom de imitação. Indignado, Ben parte pra Hollywood para cobrar dos produtores o seu próprio show de TV! E na mesma hora em que o verdadeiro Hulk está indo pra lá, furioso com o modo como foi representado na telinha!! E ao mesmo tempo em que a estrela Karen Page está sendo sequestrada!!! Pô!!!! Roteiro absurdista de Alan Kupperberg com um timing cômico que lembra as revistas satíricas da Marvel, tipo a Crazy e a Not Brand Echh. Aliás, a bela capa (de Keith Pollard com arte-final do Bob Layton!) engana, já que Kupperberg também desenha a história com pegada tosca e algo estilizada.

A edição foi publicada no Brasil pela RGE em 1979. E o pior é que tive essa, não muito tempo depois.

Momento Tá na Hora do Pau!: impossível não associar a Karen da fase pornstar com a manchete do jornal e o célebre grito de guerra do Coisa...


Marvel Two-in-One Annual #5 (set/1980)


A "Marvel Dois-em-Um Anual" #5 conta com roteiro e desenhos de Alan Kupperberg (ainda assinando "Kupperburg") salvos pela arte-final do grande Pablo Marcos, o artista peruano famoso pelas colaborações no Conan clássico da Marvel. Na trama, o estranho Estranho coopta o sobrinho mais famoso da Tia Petúnia e o Golias Esmeralda para ajudá-lo a impedir a destruição do Universo pelo vilanesco Plutão, o "Rei do Inferno"... mas não conte para Hela, Lúcifer, Zarathos, Belasco e muito menos para Mefisto e o novo capeta-sensação Aquele Abaixo de Todos. Como esperado em se tratando do título, rola aquela brodagem do trio contra um inimigo em comum, mas os dois brutamontes não deixam passar a oportunidade de um tira-teima (mais um) lá pelas tantas. Não que isso tivesse alguma relevância para a história.

Saiu aqui no Almanaque do Hulk #3, da RGE, há exatos 40 anos. Mano...

Momento Tá na Hora do Pau!: Benjy, Campeão Mundial de Trash-Talk a uma Distância Segura.


The Incredible Hulk #293 (mar/1984)


Em "Assassin!" não há um quebra real entre o Hulk e o Coisa, mas um quebra onírico, passado num baita pesadelo do pobre Dr. Banner. De fato, é uma história perturbadora, a começar pela famosa capa de Bret Blevins com o Verdão despedaçando o queixo do Ben. A trama escrita por Bill Mantlo, apesar de protagonizada pelo Hulk inteligente, tem um tom melancólico e amargo, com o personagem atravessando um tipo de PTSD-gama, após tantos anos de destruição e fúria. O traço de Sal Buscema também passava por uma profunda evolução (estava a meio passo da pegada mais sombria que adotou na fase da Encruzilhada), o que, sem dúvida, reforçou o clima taciturno. O título dessa história no Brasil era bem mais acurado: "Remorso".

Foi publicado aqui duas vezes. No formatinho da Abril e na abençoada Coleção Histórica Marvel, da Panini.

Momento Tá na Hora do Pau!: Hulk entregando um conjunto habitacional que ele destruiu anos antes. Redenção com gostinho de Minha Casa Minha Vida.


Marvel Fanfare #2021 (mai-jul/1985)


Sem a menor sombra de dúvida, as duas partes de "The Clash" seriam o carro chefe do compiladão. Fácil, um dos quadrinhos divertidos que já li na vida. Aliás, Jim Starlin escrevendo o Hulk e o Coisa já merecia um TPzinho honesto por si só. A exemplo daquela histórica Graphic Marvel #1, é sempre imperdível. Na história, o Coisa é convocado pelo Dr. Estranho para deter o demoníaco mago Xandu. Xandu, por sua vez, convoca o Verdão direto da Encruzilhada para equilibrar as coisas (ou o Coisa). As piadas são sensacionais e funcionam até hoje, os diálogos são afiadíssimos e a pancadaria corre lindamente por páginas a fio, sem apelar pro lugar comum. O roteiro e o traço de Starlin estavam irradiando inspiração. São tantos os momentos inusitados e impagáveis que dá vontade de citar cada página da HQ (na verdade, apaguei uns 15 parágrafos em que estava fazendo exatamente isso!). Li quando saiu e, desde então, reli um milhão de vezes. Definição de clássico? Isso aqui.

Absurdamente, a aventura saiu no Brasil uma única vez, nos formatinhos do Hulk da Abril. Já passou da hora de uma reedição marota em formato americano, capa cartão & papel offset filezinho.

Momento Tá na Hora do Pau!: Coisa espancando o Hulk como se não houvesse amanhã. Na hora, o Verdão estava zumbificado, mas foi bom enquanto durou.


Fantastic Four #320The Incredible Hulk #350 (nov-dez/1988)


As histórias "Pride Goeth..."/"Before the Fall" trazem uma quase redenção para o perseverante Ben. Na época, o Coisa estava curtindo os benefícios de uma estranha mutação. Embora estivesse com um visual ainda mais disforme, cheio de esporas e pontas pelo corpo, também estava muito mais forte e resistente. E o Hulk estava em plena fase "Sr. Tira-Teima", com terno, gravata, pele cinza e consideravelmente mais fraco. É nesse contexto que o Dr. Destino chantageia o Verdão, ou melhor, o Cinzão para que ele ataque o Super-Ben. Na 1ª parte, escrita por Steve Englehart, Ben atropela o Golias Cinza (sem saber que era o Hulk!), descontando com juros os anos de murros e voadoras que aguentou até ali. Tudo com a arte magnífica do Keith Pollard. Um sonho do Grimm realizado. Já na 2ª parte, o roteiro de Peter David vira o jogo e o Sr. Teima usa o que tem de melhor, a malandragem. Resultado: o Super-Ben quase vai pro saco e, o que é pior, na arte tosquíssima do Jeff Purves. Damn, Ben.

As histórias foram publicadas aqui em O Incrível Hulk #108 e #109, da Abril.

Momento Tá na Hora do Pau!: Coisa, o cara mais forte da cidade!


Hulk #9 (dez/1999)


A história "Chip on my Shoulder" (por aqui, "Acerto de Contas") abre e fecha com aquele solilóquio de Ben sobre seus encontrões com o Hulk – e traçando um paralelo muito bacana com a rivalidade entre os pugilistas Muhammad Ali e George Foreman. Ponto para o roteiro co-escrito por Jerry Ordway e Ron Garney. A mesma inspiração não se repete no miolo, mas o embate entre os nossos gigantes guerreiros é praticamente garantia de diversão. Pra sorte do Coisa, o Hulk aqui está sendo controlado pelo vilão rerererecorrente Tyrannus (já perdi as contas de quantas vezes esse cara morreu!), o que dá certa vantagem ao Pedregoso. Mas é o Hulk de qualquer modo e se Rick Jones o comparava a um caminhão se aproximando, a certa altura o velho Ben parte pra cima dele com um caminhão maior ainda. A fina ironia fica por conta da onomatopeia: RUMMBBLLE ...in the Jungle?

Essa edição saiu por aqui em Grandes Heróis Marvel #10, da infame linha Super-Heróis Premium da Abril, pioneiríssima no conceito de gibi gourmet. Conheço um cara que tem todas. Ah, playboy.

Momento Tá na Hora do Pau!: o Coisa jogando fora sua medalha de boa conduta. Quase deu certo. Wotta revoltin' development!®


E.... C'est fini.²

Editoras interessadas, ainda estamos abertos a propostas.



Panini, para negociações sobre um Omnibusaço disso aí, direto em pvt. Nem precisa traduzir.

Ps: meus sinceros agradecimentos aos srs. Benjamin Jacob Grimm, Robert Bruce Banner, à Tia Petúnia e, principalmente, ao VAM! Ilustrador, por mostrar um nível de paciência que nem imaginava que existia!

domingo, 8 de novembro de 2015

"O último X-Men é lixão", "Dimensão X", "Sexo sobre as mesas" & outras histórias


E vamos à digerida suicida de Quarteto Fantástico de Josh Trank & Equipe de Contenção de Danos da Fox Studios...

"Ainda isso?", você vai perguntar. E eu, pimpão, replico: pois é! Já me fiz entender em posts-protesto aqui e acolá, inclusive pré-julgando a 200 por hora, sem as mãos e com os faróis apagados. Lógico que não fui ao cinema e pretendia ignorar a existência disso ad eternum, mas grupos de e-mail e arquivos torrent são como a máfia: você tenta sair, mas eles sempre te puxam de volta.

Só que dessa vez a coisa será diferente. Merece ser. Afinal, essa foi uma das produções mais caóticas da História do Cinema. Seguindo a tradição das análises já bem pernetas dos filmes anteriores e prestando tributo ao seu aspecto mais singular (a edição à Frankenstein), vou apenas desovar a conversa que me trouxe até aqui, em versão nua, crua e tranker.

Estiveram presentes no experimento Ludovico 2.0: Sandro, do Reverberre!, o tricolor em recuperação Fivo e um elemento suspeito que, por questões de segurança (do leitor), vamos simplesmente chamar de Guimba.

Olho no lanceeeee...!


SANDRO - Aqui eu vou apanhar e vão tirar sarro da minha cara eternamente nível Liga Extraordinária, mas eu gostei do filme. Reitero novamente que não conheço os quadrinhos da família, então a história da origem me pareceu bem estruturada (com falhas, obviamente), principalmente o relacionamento deles com o governo. A coisa vai bem até a primeira metade, inclusive os poderes adquiridos por uma viagem dimensional funciona legal e o Doom estar próximo deles é uma motivação interessante e plausível. Mas é aí que tudo começa a ruir: antes da transformação, você até entende o Doom. Depois, fica uma coisa tão insossa e corrida que vc pensa "espero que todos morram" e acabe aí. Os atores foram bem escalados e funcionam como equipe. As cenas de ação até funcionam, mas são poucas. O Coisa, mesmo pelado, está muito bom. Mas nota-se que da metade pra frente (onde a necessidade de efeitos aumenta) o diretor perdeu a força e alguns efeitos são risíveis. Achei melhor que o último X-Men. Sério mesmo. Mas X-Men eu conheço, Quarteto, não.


FIVO - Mermão... se tu achou quarteto melhor que Xmen, vou ter que ver.  Vou esperar um BRRip.

SANDRO - Ah, cara, sei lá se vai curtir. Eu fui com a expectativa -1, então o que viesse era lucro. Ao meu ver, inclusive, é um filme que estaria facilmente ambientado no universo X-Men/Fox.

GUIMBA - Melhor que o último X-Men? Vou ver só pra manter o score das suas indicações. TRDV (trad.: "Tô Rindo De Verdade")

SANDRO - TRDV. O último X-Men é lixão.

DOGG - Também verei FF. Sandro, contamos com você! rs

SANDRO - Meu, eu acho que vc vai acabar com o Quarteto. Mas tudo bem, eu pensei bastante antes de escrever.


DOGG - Vou não... rs

O filme se autossabota a partir da metade, quando vira um remendo de cenas nitidamente refilmadas, mas nem de longe é aquele lixo que apregoaram. Fica na média minus.

Agora, como leitor dos gibis:


- o build-up, tomando todo o terço inicial, é uma boa adaptação do Quarteto Ultimate. A abertura, em particular, é... fantástica. Coisa linda mesmo. Mas para por aí;

- perderam deixas inacreditáveis para referenciar o cânone clássico da equipe... nada de Latvéria... falam em "4ª Dimensão" e "Planeta Zero", mas nada de chamarem aquele mundo de Dimensão X (sic!), o lugar preferido do Quarteto e de onde saíram grandes vilões;

- o Coisa pode até agradar visualmente, mas ficou totalmente sem alma e o ator, que é dos bons, sacaneado com um script de 10 linhas - Fivo... ele lembra mais o Coisa calado e assassino de Planetary que o velho e bom Ben Grimm;

- Victor Von Doom... inexplicável.

- a equipe não tem a menor química. Nem mesmo os irmãos Storm.

Em tempo... ótima:

Re: Has anyone played the Fantastic Four drinking game?

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by 
 » 13 hours ago (Mon Nov 2 2015 17:16:59)Flag ▼ | Reply |  
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Every time Kate Mara's wig appears, take a shot.

Every time it reverts to her normal hair, take two.

Pela frequência que isso aconteceu, todo mundo ia sair bêbado.

GUIMBA - Vc não foi direto ao ponto: afinal, é melhor que Dias de um Futuro Esquecido?

DOGG - heh... Futuro eh problemático, mas nao da nem pra comparar. Eh como se fosse o Barcelona, e F4 o Ibis.

FIVO - Melhor não é, mas tá longe de ser ruim. Vou te dizer que gostei muito. Comparando com os outros quartetos, esse é muito, mas muito melhor. Aliás, é melhor que o superman do Singer, que os dois wolverines, que o terceiro aranha McGuire e os dois recentes, todos os motoqueiros fantasmas, Batman antigo e mais alguns que devo estar esquecendo.

Problemas:


A. cagaram o final com aquele destino.
B. O coisa pareceu um cameo, de tão inexpressivo (mas os efeitos dele ficaram ótimos)
C. O filme inteiro é minimalista no trato do que está rolando. Parece mais um piloto muito bom de série do que um filme fechado em si.
D. O Victor não se encaixa no filme. Tá perdido. Em todos os sentidos. Mais perdido que ele, só o militar arrogante e canastra.

Pontos fortes:
A. Gostei da Química reed e Susan. Mas só deles.
B. Os efeitos do tocha estavam muito bons.
C. A construção toda até eles ganharem os poderes, apesar do Victor e do minimalismo, foi ótima.

DOGG - Em azul-da-cor-do-mar:

"Melhor não é, mas tá longe de ser ruim. Vou te dizer que gostei muito. Comparando com os outros quartetos, esse é muito, mas muito melhor. Aliás, é melhor que o superman do Singer, que os dois wolverines, que o terceiro aranha McGuire e os dois recentes, todos os motoqueiros fantasmas, Batman antigo e mais alguns que devo estar esquecendo."

Subscrevo todos, menos o SuperSinger (coisa minha) e o Batman antigo (o do Burton, né?), que acho sensacional. Muita vontade de incluir nessa lista Vingadores 2, mas não é pra tanto... :)

"Problemas:

A. cagaram o final com aquele destino."

Pra mim a cagada já começou na caracterização bad-boy.


"B. O coisa pareceu um cameo, de tão inexpressivo (mas os efeitos dele ficaram ótimos)"

Textura tava ótima, só preferia menos irregular. E de cueca. Reparou que o escondiam sempre que podiam? Bicho ficava tanto nas sombras que parecia um Dark Coisa. Grana tava curta.

"C. O filme inteiro é minimalista no trato do que está rolando. Parece mais um piloto muito bom de série do que um filme fechado em si."

Aí sim teria contornos expressivos, mesmo com o efeito da fuga do grupo pelo portal, ao final, parecendo feito pela equipe de mkt do Dollynho. Já como produto para cinema, é fragmentado e defeituoso além do suportável. Os cortes novos e diálogos expositivos aparecem em neon da metade pro final... e qualquer dúvida era só olhar pra cabeça da Kate Mara. Uma vergonha pra Fox e pra Hollywood no âmbito técnico. Mesmo o Quarteto do Corman teve a hombridade de ser engavetado.


"D. O Victor não se encaixa no filme. Tá perdido. Em todos os sentidos. Mais perdido que ele, só o militar arrogante e canastra."

O engravatado? Se for, não me incomodou não. É um estereótipo apenas. Victor sem nenhuma razão de ser ali e não podia estar mais distante da essência original e da Ultimate, na qual o filme se aproxima.

"Pontos fortes:

A. Gostei da Química reed e Susan. Mas só deles."

Só gostei da conversa na biblioteca e dela curtindo Portishead. De resto, não vi nenhuma conexão entre os dois. Em tempo... ridícula a fuga do Reed. Nada adicionou à história, à unidade do grupo ou à diversão do espectador. E totalmente contra a postura lógica dele. Largar a base de última geração pra revirar sucata em ferro-velho... Pior quando volta, 1 ano depois. Parecia que tinha ido ao barzinho da esquina tomar uma.

"B. Os efeitos do tocha estavam muito bons."

Bem à frente do Tocha Evans e Motoca, mas ainda longe de convencer. Fogo é osso.

"C. A construção toda até eles ganharem os poderes, apesar do Victor e do minimalismo, foi ótima."

Tava indo bem e garantindo o passe das liberdades criativas sobre os quadrinhos. Única coisa que não desceu mesmo da "parte boa" foi construírem uma máquina que lida com buracos negros num prédio no centro da cidade. No gibi Ultimate, a mesma máquina foi construída no meio dum deserto.

FIVO - No e-mail do celular não dá para comentar no texto, então vai aqui mesmo.

Me referi aos Batman do Burton, Schumacher e o quarto que não lembro quem dirigiu. Os dois últimos nem se discute, enquanto os dois primeiros tem fãs de verdade e fãs nostálgicos. Já eu acho aquilo um Carnaval.

Problemas


A- sim, concordo. Meio que joguei a crítica à fase "humana" dele para a letra d. Além disso que vc destacou, o personagem Bad boy, descolado e genial simplesmente não tem aderência com os perfis que de espera para aquilo. Veja bem... Ele não é um geek, nem um funcionário sinistro do Google... O cara estava desenvolvendo fringe Science, porra.

B- a falta de cuecas não me incomodou. Me pareceu até lógico, assim como a textura. O movimento da boca dele ficou natural, até.  Não tinha me tocado que tinham escondido ele, mas agora que vc falou, é vero.

C- a questão dos cortes me deixou curioso para ver como era o filme no primeiro corte, antes de ser retalhado. Não entendi a cabeça da Kate Mara. Do jeito que vc fala sobre a hombridade de ser engavetado, vc rebaixa o filme ao nível de merda malcheirosa.

D. Sim, estereótipo, mas ainda assim mal interpretado.

Pontos fortes:

A. Gostei da parte em que ficam conversando e o Victor fica com ciúmes (o que tb não teve nenhuma utilidade no filme). Quando à fuga, pode ter sido roteiro remendado. Ou só fizeram aquilo para mostrar que ele podia moldar o rosto. Naquele momento, a fuga faria sentido se ele estivesse tentando tirar todos de lá, não apenas o Ben.


B. Acho que só os olhos e boca ficaram esquisitos, muito embora seja semelhante à representação dos quadrinhos. De resto, o fogo ficou muito natural e curti o lance de o uniforme servir para conter o fogo.

C. A questão da máquina no centro é o que chamei de tratamento minimalista. Um empreendimento daqueles e eles tratavam como mais um dia no escritório. Mandam um macaco para outra dimensão e beleza, ok, keep up with the good work. Porra, era para estarem todos fazendo sexo sobre as mesas, em puro êxtase.

DOGG - Em verde-Hulk:

"No e-mail do celular não dá para comentar no texto, então vai aqui mesmo.

Me referi aos Batman do Burton, Schumacher e o quarto que erro não lembro quem dirigiu. Os dois últimos nem se discute, enquanto os dois primeiros tem fãs de verdade e fãs nostálgicos. Já eu acho aquilo um Carnaval."

Os BatBurton são isso mesmo. Eventos pop. Kim Basinger, trilha do Prince, etc. Um dos poucos que curti. Já hoje, vejo que eram mais filmes de freaks do Burton que qualquer outra coisa. Também acho o Bruce do Keaton dos mais intrigantes. Não há ponte visível entre o playboy yuppie e o vigilante sisudo. Isso chega a ser meio perturbador.

"Problemas
A- sim, concordo. Meio que joguei a crítica à fase "humana" dele para a letra d. Além disso que vc destacou, o personagem Bad boy, descolado e genial simplesmente não tem aderência com os perfis que de espera para aquilo. Veja bem... Ele não é um geek, nem um funcionário sinistro do Google... O cara estava desenvolvendo fringe Science, porra.

B- a falta de cuecas não me incomodou. Me pareceu até lógico, assim como a textura. O movimento da boca dele ficou natural, até.  Não tinha me tocado que tinham escondido ele, mas agora que vc falou, é vero."

A falta de cueca não vinha me incomodando tanto, mas no final, quando caminham até uma sacada da base, aparece a bundinha pedregosa do cara... aí incomodou, rs...

"C- a questão dos cortes me deixou curioso para ver como era o filme no primeiro corte, antes de ser retalhado. Não entendi a cabeça da Kate Mara. Do jeito que vc fala sobre a hombridade de ser engavetado, vc rebaixa o filme ao nível de merda malcheirosa."

Me referi apenas aos aspectos técnicos da montagem. Colocar na praça um filme tão mal editado - e a parte técnica é a única que Hollywood ainda pode se vangloriar sem reservas - é como a Volkswagen colocar automóveis defeituosos no mercado conscientemente (o que acabou fazendo dia desses, por sinal). O resultado final não ser uma merda malcheirosa foi acertar um 1 em 1 milhão.

Cabeça da Mara:


Me tirava do filme toda vez.

"D. Sim, estereótipo, mas ainda assim mal interpretado.

Pontos fortes:

A. Gostei da parte em que ficam conversando e o Victor fica com ciúmes (o que tb não teve nenhuma utilidade no filme). Quando à fuga, pode ter sido roteiro remendado. Ou do fizeram aquilo para mostrar que ele podia moldar o rosto. Naquele momento, a fuga faria sentido de ele estivesse tentando tirar todos de lá, não apenas o Ben."

Se foi remendado, não sei. Mas dá pra saber verificando a cabeça da Mara quando ela triangula a localização do Reed. Se estiver normal, a culpa é do Trank, rs.


O problema mesmo é esse perfil do Reed. Ele negociaria algumas condições sim, mas ganharia pela lógica (pense na mecânica dessa cena - https://www.youtube.com/watch?v=5_m_ggToC2I). Tiraria todos daquela prisão e voltaria às pesquisas na base do gogó. É uma pena que não pescaram esse personagem das HQs.

"B. Acho que só os olhos e boca ficaram esquisitos, muito embora seja semelhante à representação dos quadrinhos. De resto, o fogo ficou muito natural e curti o lance de o uniforme servir para conter o fogo.

C. A questão da máquina no centro é o que chamei de tratamento minimalista. Um empreendimento daqueles e eles tratavam como mais um dia no escritório. Mandam um macaco para outra dimensão e beleza, ok, keep up with the good work. Porra, era para estarem todos fazendo sexo sobre as mesas, em puro êxtase."

Se já penso nisso nas minúsculas vitórias do dia-a-dia, imagina diante desse marco científico e uma Kate Mara nas redondezas...


Cena pós-créditos:

DOGG - Pedido... Sandro e Fivo, posso copiar e colar esse papo no blog, assim mesmo, sem edição?