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quarta-feira, 19 de abril de 2023

John Buscema vive!

Ao menos no legado e nas artes de Roberto De La Torre para Conan the Barbarian, da Titan Comics.



"Big" John Buscema sempre foi uma referência bíblica para quadrinistas do Oiapoque à Angoulême. Junto com Stan Lee, ele reformulou e modernizou o Estilo Marvel de desenhar HQs. E mesmo após tantos anos e dos incontáveis artistas que o sucederam em Conan, nunca vi um traço tão diretamente influenciado pelo homem. Isso é surreal. E é o que faz estas prévias soarem tão impactantes e... canônicas.

Além, claro, de ser um bálsamo para olhos, após décadas de coisas que simplesmente não dá para desver. Crom!

Recapitulando, após a extensa fase Marvel a partir de 1970, o bárbaro foi para a Dark Horse. A estadia também foi generosa: começou em 2003 e durou até 2018, quando a licença foi revertida mais uma vez para a Casa das Ideias. Neste interím, os direitos caíram em domínio público na França e, no mesmo ano, a Glénat passou a publicar a série de álbuns Conan le Cimmérien, lançada aqui pela Pipoca & Nanquim — a Itália e a Espanha também têm seus próprios Conans, via Weird Book e DQómics, respectivamente.

A última passagem pela Marvel foi breve e durou até outubro de 2022. Logo em seguida, Conan já estava na britânica Titan Comics. Os direitos, assim como os das demais obras de Robert E. Howard, pertencem à Cabinet Entertainment, da qual a Conan Properties International é uma das subsidiárias.

A nova equipe do cimério parece bem montada pela Titan. Tanto De La Torre quanto o roteirista Jim "Zub" Zubkavich são reincidentes na Era Hiboriana: ambos colaboraram em algumas edições da ótima Conan the Barbarian recente da Marvel, publicada aqui pela Panini. Já o veterano colorista José Villarrubia trabalhou no Conan fase Timothy Truman, da Dark Horse, que a Mythos publicou até ano passado.

Mas confesso que até preferia o material em preto e branco mesmo, como nas preliminares só no nanquim. As páginas ficaram espetacularmente ESC.

O clima de Conan da Era Clássica Marvel parece ter contagiado inclusive Dan Panosian e Patrick Zircher, artistas do material promocional e da capa variante da edição #1.


Nem imagino o que o ranzinza do Barry Windsor-Smith diria desta recriação, mas ficou legal demais.

Na sinopse:
“Na véspera de sua primeira grande batalha, o jovem CONAN DA CIMÉRIA imagina uma vida além das fronteiras de sua terra natal e anseia por uma vida de aventuras jamais sonhada em seu pequeno vilarejo.

Visões de futuros aliados e males indescritíveis que ele eventualmente encontrará ao longo de sua lendária carreira preenchem sua mente enquanto ele faz a escolha de dar seu primeiro passo fatídico para a ERA HIBORIANA!
A nova Conan the Barbarian está prevista para sair em julho. Antes disso, terá uma edição #0 no Free Comic Book Day, em 6 de maio.

E é claro que estarei no encalço disso tudo, como um maldito cão rastreador picto.


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Enquanto isso, no Depto. de Aquisições & Lombadas...


Huh, oquei... acompanhei todo o processo, mas confesso que não vi isso chegando.

Fico tentado a fechar com um tradicional "Porra, Panini!" ®, mas, desta vez, eles não têm culpa. Ao contrário. Fizeram o melhor que puderam, até.

Questão de costume. Outras coisas me incomodam bem mais.

terça-feira, 20 de setembro de 2022

Crush verde-urânio

A série da Mulher-Hulk é problemática, fato. Mas, a despeito de ser um típico produto dessa fase sorvete-na-testa da Marvel Studios, é um guilty pleasure diliça. Dropzinhos de meia-hora pra relaxar com a Tatiana Maslany cheia de graça. Quero muito mais não. Só uma xícara de café e um... bom número de encadernados com a injustiçada fase inicial da personagem na íntegra.

Colocando as HQs na ordem para uma maratona light, só agora vi que o título The Savage She-Hulk viu a luz do dia por aqui até a edição #10 (de 25). Tudo pela descontinuada RGE, via Almanaque Premiere Marvel e O Incrível Hulk, há 42 longos anos. O que é lamentável, visto que está tudo compiladinho e ok-to-go em dois volumes marotos da Marvel Masterworks dedicada.

Outra coisa que revisitei com as edições velhuscas foi a colorização das edições nacionais num verde fluorescente capaz de contrair as pupilas por uns três dias. Comentei sobre isso num post de 2018 — e que reposto abaixo.


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Parece que foi ontem. Início da década de 1980 e lá estava eu devorando a Almanaque Premiere Marvel #1, meu primeiro contato com a saudosa RGE. Uma das coisas que mais curti - além da maravilhosa Mulher-Hulk - foram as "cores radioativas" usadas pela editora. O verde da heroína era tão aceso e vibrante que quase brilhava no escuro.

Algum tempo depois, quando a Abril assumiu o título da Jess (como nós, íntimos, chamamos a Mulher-Hulk) e corrigiu a tonalidade das cores, demorei muito pra aceitar a mudança.




Na verdade, acho que detestei. Senão não lembraria disso, 35 anos mais tarde. Puta merda.


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Na RGE, aquele padrão de impressão de cores brilhantes sempre se manteve, até mesmo após sua reformulação na Editora Globo. Era um diferencial e tanto. Paradoxalmente, nas edições gringas, o verde mais escuro da versão original foi substituído pelo verde-explosão gama na reedições posteriores. Uma tremenda justiça tardia.

Bons tempos de beldades radioativas em seus formatinhos atômicos.

domingo, 15 de março de 2020

Balão, papel & tesoura


De todas as idiossincrasias editoriais da Abril nos quadrinhos da Marvel e da DC, uma das mais curiosas, pra mim, era a supressão de textos. O objetivo, reza a lenda, era dar conta da enorme carga narrativa em formatinhos de 13,5 x 19 cm contra os folgados 17 x 26 cm dos originais. Dependendo do roteirista, não era mole mesmo. Chris Claremont que o diga. E Marv Wolfman, Steve Englehart, Len Wein, Bill Mantlo e mais uma caçambada de autores não muito conhecidos pela objetividade e poder de síntese.

Mas isso era só um detalhe de um expediente muito corriqueiro nas redações: o copy desk. Resumindo muito (ops), é a lapidação de um material previamente redigido - seja uma notícia, um artigo ou os diálogos de um gibi - até se tornar dinâmico e palatável para o leitor médio. É um processo que envolve várias etapas, da edição à revisão à remontagem à diagramação.

No caso das HQs da Abril, isso ia de um extremo ao outro. Podia ser uma adaptação comprimida de uma fala sem grandes prejuízos à trama, a omissão de referências a eventos não publicados anteriormente (criando uma bola de neve inevitável) ou a alteração e até a remoção de balões/recordatórios, já arranhando a lataria do material original - como foi o caso do nosso estimado Galactus multifacetado de John Byrne.


E, claro, isso chegava ao famigerado corte de páginas. Em alguns casos, parecia que o gibi era editado pelo próprio Edward Mãos-de-Tesoura!

Hoje, alguns leitores antigos não apenas defendem a supressão de texto, como vão além e elogiam os cortes de páginas da Abril. A alegação é que supostamente melhorava leituras que sofriam com textos prolixos e expositivos. Pura Síndrome de Estocolmo quadrinhística, ao meu ver.

Sempre preferi apreciar uma obra em sua totalidade, com todos os seus requintes e anacronismos, erros e acertos, partes legais e partes chatas (e o que seria das partes legais sem as partes chatas?). Enfim, a experiência Chris-Claremont-on-crack completa.

Essas malandragens de edição já existiam antes da Abril. Em muitos aspectos, a EBAL, a Bloch e a RGE faziam até pior. Mas também é inegável que foram os editores/tradutores Jotapê Martins e Hélcio de Carvalho que "aperfeiçoaram" o artifício quando a Abril adquiriu o licenciamento da Marvel em 1979. Inclusive isso é destrinchado sem nóias pelo próprio Jotapê quando está com bons entrevistadores (ao invés de ser lambido por algum youtuber) chegando mesmo a oferecer uma outra perspectiva do complexo cenário da época.

A verdade é que a cronologia fidedigna era impossível de ser transposta e mantida. O relógio estava correndo e algo precisava ser feito. Eram homens desesperados em tempos desesperados, goddamned! Mas esse é assunto pra outra hora.

(em alguma realidade paralela, Jotapê e Hélcio não copydeskaram nada, SAM, Heróis da TV e Capitão América foram canceladas após 6 meses e ficamos muitos anos sem material Marvel/DC no Brasil... acredite se puder)

A única certeza que tenho é da minha imensa admiração pelos letristas da época - profissionais como Edison Gasparim, Lilian Mitsunaga, João Anselmo N. Menezes, o pessoal do Estúdio Artecômix (de Jotapê, Hélcio e Dorival Lopes - os dois últimos fundadores da Mythos), etc. Mesmo recebendo um conteúdo consideravelmente reduzido, é quase inacreditável o fato de tudo aquilo ter sido feito à mão, balão por balão, recordatório por recordatório. Imagino que os ataques de LER eram frequentes ali - e não me refiro à leitura.

Mais embasbacante ainda são os tradutores e letristas franceses da Les Éditions Héritage, que, também à mão, traduziam tudo verbatim do original, sem pular uma única palavra e sem encostar nos balões e recordatórios. E ficava um troço espetacularmente zoado.




Pensou que aquele "F" era de "Brasil"?

Ps: esse post não foi copydeskado. Mas tenha uma ótima...

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Sangue de Conan tem poder

Em que caverna eu estava que só agora fui saber da existência disso?


Quase-existência, pra ser exato.

O megadoc A Riddle of Steel: The Definitive History of Conan the Barbarian, que explora as várias nuances do cimério pelo universo pop, dentre as quais o cultuado filme de John Milius e Arnold Schwarzenegger, começou a ser produzido no início de 2015 - este "teaser em processo" é de março do mesmo ano.

Ou seja: atualmente o projeto jaz no temível limbo on hold dos documentários independentes.

Desde então, os cineastas indie-barra-canadenses Randall Lobb, Mark Hussey e Isaac Elliott-Fisher vêm batalhando pra finalizar o projeto em sanguinárias batalhas contra horas de conteúdo pendente e os cães pictos das distribuidoras, conforme atualização em post de 1 ano na página oficial do filme no Facebook.

Good day to our AROS friends!
I know it's been a while since we've been able to share any information, and sadly, we're still on hold, but I wanted to reach out and catch up and give you what I could...
We've recently taken a run at our six hour rough assembly (REALLY rough) and without too much gnashing of teeth, we made some great progress in tuning the narrative.
This process has revealed to us a few things, a few of which I am able to share.
1. We need more content for the Milius Conan movie. And yes, that includes Arnold, but there are a few other people we really need to sit down on camera to make that section work.
2. We shot a lot of awesome B roll! This documentary looks great, if I do say so myself, and that is largely due to the skills of our DP and Definitive Film partner, Isaac Elliott-Fisher.
3. The Conan story is ongoing. There are things happening now (and over these past months) that we would love to cover and include in the doc. One more round of production should get us there, but man, there's a LOT of Conan out there!
I wish I could tell you more, but we really need to be circumspect and careful because we hope to time what we're doing with wider franchise activity. Documentaries like ours work best when there are other things going on.
We've learned from some of our other efforts that, in the absence of a bigger push in the IP, distribution companies are skittish.
We've also learned that we always have some work to do in getting the word out that our deep-dive documentaries are much more than "fan docs" and as rich as they are, they also have a wider appeal for general audiences.
Sorry for the size of the update, but after talking to Isaac last night about how long we've been working on this particular film, I really wanted to reach out do my best to be transparent.
Please be patient and stay tuned for more info, which I'll share when I can.
And it would be awesome if you could step on over to our Definitive Film page, give us a like and a follow, and find out what else we're doing with pop culture docs!

Não tá fácil nem no Canadá.

Pelo relato, a equipe também aguarda um hype maior do personagem no mainstream, o que comercialmente é uma boa jogada, mas que pode deixar o filme mais uns bons anos sem ver a luz do dia. Por um ângulo mais otimista, na página do filme no IMDb, o lançamento foi (re)programado para agosto do ano que vem.

Que Crom abençoe a agenda e o orçamento dos documentaristas. Torcida aqui é que não vai faltar.

O cast de entrevistados é matador: Roy Thomas, Mark Schultz, Sal Buscema, Kurt Busiek, Boris Vallejo, Julie Bell, Rusty Burke, Frank Frazetta Jr., Mike Richardson (da Dark Horse), entre outros. O alcance sobre livros, games, pinturas, quadrinhos e memorabílias é impressionante. Até mesmo o seriado noventista tosco é lembrado. Imperdível.

Para fanáticos pelo filme de 1982, como este que vos rabisca, o doc parece particularmente promissor, com novas infos, perspectivas e material de arquivo inédito. Mais do que isso, pode ser um complemento de luxo para o belíssimo documentário Conan the Barbarian Unchained, que veio nos extras do DVD nacional.

Por fim, A Riddle of Steel também conta com a pior analogia já criada para descrever Conan:

"Ele é uma combinação de motoqueiro e Jesus" - Fredrick Malmberg

Jesus.²

Preciso assistir isso.

sexta-feira, 16 de março de 2018

Os editores da Salvat adiam o lançamento da Coleção “A Espada Selvagem”...


Pois é.  Aquele silêncio estava mesmo esquisito.

A despeito do baque, a reação geral tem sido uma só: um $u$piro de alívio. Segundo o comunicado, a épica coleção ficou para o 2º semestre de 2018.

"Sabemos o quanto vocês estão ansiosos para a chegada de Conan, e estamos tão ansiosos quanto, mas essa adaptação na data foi necessária para garantir a produção e distribuição adequada da integralidade da obra."

Além da justa justificativa - particularmente a tal "produção adequada da integralidade da obra", copiaram tradutores e revisores salvatianos? - é engraçado acompanhar nos comentários a condescendência cumplicidade do(a) analista de mídias sociais.

Nunca vi uma empresa tão preocupada com o bem-estar financeiro do consumidor. Nem parece aquelas editoras que lançam coleções e extensões ao mesmo tempo e algumas até de surpresa.

Longe de mim reclamar. São alguns shillings a mais para gastar nas tavernas mais vagabundas da Neo-Hibórea. Aye!


Quadra inicial de volumes  1as. impressões:
A Espada Selvagem de Conan - A Coleção vol. 1
A Espada Selvagem de Conan - A Coleção vol. 2
A Espada Selvagem de Conan - A Coleção vol. 3
A Espada Selvagem de Conan - A Coleção vol. 4

terça-feira, 17 de outubro de 2017

CONCUBINAS DE ISHTAR!


Na conexão cimério-capixaba da vez, A Espada Selvagem de Conan - A Coleção vol. 4: O Conquistador. O volume compreende de Savage Sword of Conan #8 a #11 e deixa evidente o quão multifacetado era o título. Estão ali contos curtos, aventuras mais longas e sagas divididas em várias partes que se tornaram momentos essenciais para a compreensão da trajetória do bárbaro. Essa diversificação também era característica da seleção de artistas sob o comando de Roy Thomas - sem, logicamente, ofuscar o protagonismo do lendário John Buscema.

Olhando em retrospecto - e em tempo real, agora, com "A Coleção" da Salvat - fica difícil pensar num título mais complexo do que Savage Sword of Conan. Apesar de metódico e obsessivo, o criador Robert E. Howard não era exatamente um adepto da continuidade. Mapear e adaptar a atribulada vida do bárbaro em ordem cronológica sempre foi um verdadeiro desafio para editores, roteiristas, tradutores, etc. Fosse nos dias de hoje, cabeças rolariam entre as deadlines industriais da Marvel.

É aí que, lá pelas tantas deste volume ("Conan, o Conquistador - parte 5: A Estrada para Acheron", 1976), surge do nada a 1ª menção em SSC à Zenóbia, futura esposa do Conan-Rei de Aquilônia.

Zenóbia havia estreado dois anos antes, em Giant-Size of Conan #2, edição não coletada nesta série por razões óbvias. Mas para entender plenamente a relação entre os dois e a linha do tempo que levou o cimério à coroa, é imperativa também a leitura do conto "A Hora do Dragão", cuja adaptação para os quadrinhos começa na Giant-Size of Conan #1 anterior, vai até a #4 e segue aqui sob o nome "Corsários Contra Stygia" até o fechamento da saga "O Conquistador" - precisamente nestas SSC #8-10. Crom!

Um embróglio editorial difícil de desenrolar e que passa ao longe da jurisdição d'A Coleção salvatiana. E evidentemente uma bola levantada perfeitinha para a Mythos cortar impiedosamente com seu megaluxuoso Conan: O Conquistador. Ora, mas que diacho, hm?

Voltando ao quarto volume, temos novamente a trinca-padrão com a intro de Max Brighel, a galeria de capas e as minibios de Thomas & Buscema.




E sem maiores problemas relacionados à impressão desta vez. O conto de abertura "O Pacto Maldito" está o fino dos tons cinzas na arte de Tim Conrad, assim como o traço de Jess Jodloman em "A Última Canção de Conan, o Cimério". Os cinco segmentos da saga "Conan, o Conquistador", de Buscema com finalização d'A Tribo, também estão acima da apresentação da "dupla" no volume anterior.

E arrisco afirmar que, se Buscema e Windsor-Smith não existissem, o Conan oficial dos quadrinhos seria o de Pablo Marcos. Em "A Maldição da Deusa-Gato", o cimério ronca e vomita fogo, como se um cometa explodisse dentro de um vulcão em erupção*, pronto responder a um simples "bom dia" com uma machadada na testa. Perto dele, os personagens de Hokuto no Ken fugiriam correndo para a aula de balé mais próxima!

* parafraseando meu personal Obi-Wan Berrah de Alencar!

Claro que não podia deixar de destacar a saga em seis partes "A Fortaleza dos Condenados". Essa foi realmente minha menina dos olhos deste vol. 4. Em sua maior parte pela química do traço de John Buscema com a arte-final soberba do filipino Yong Montano. O homem é um monstro do nanquim, um mestre nas sombras, detalhes, texturas e expressões. Ao mesmo tempo em que traz uma pegada densa e carregada, também turbina as sequências de Buscema com um dinamismo que poucas vezes vi.

Um espetáculo que rouba a cena até mesmo da histórica aventura-título. Obrigatório é pouco.

Junto com o volume, a Salvat incluiu uma cartinha bastante cordial agradecendo o apoio à "distribuição local avançada" e se disponibilizando para o ressarcimento dos valores gastos nos 4 volumes.


Obrigado, mas passo. So far, so good.

Então... será que finalizaram os testes? E qual terá sido o resultado?

A Espada Selvagem de Conan - A Coleção vol. 1
A Espada Selvagem de Conan - A Coleção vol. 2
A Espada Selvagem de Conan - A Coleção vol. 3

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

CROM E MITRA!


Dando sequência à saga do lendário bárbaro/capitão/pirata/rei cimério, a Salvat lança pelos circuitos setorizados A Espada Selvagem de Conan - A Coleção vol. 3: A Maldição da Lua Crescente. Em três edições pontualmente quinzenais, a editora deve ter tirado algumas lições preciosas com a recente distribuição de materiais com baixa tiragem. Ao contrário das coleções da Marvel em capas preta e vermelha, a regularidade aqui tem sido britanicamente impecável.

Da treta muito louca da Panini (parceira na empreitada) com a distribuidora Total-ex-Dinap, pelo visto, só chegou a "marolinha" - e vamos bater na madeira 3 vezes, por favor.

O que mudou? Não faço ideia, já que esse tipo de informação as editoras brasileiras guardam como se fossem códigos de ogivas nucleares. Me atenho aos fatos - e volumes - empíricos.

Por exemplo, a única grande mudança ardeu os olhos, mesmo já prévia e fartamente anunciada.


"Achou que eu estava brincando?" - Salvat, com um bastão de baseball

Já distante dos idílicos tostões que custearam os dois primeiros volumes, o preço real de 44,90 reais foi realmente de um choque de realidade. O que me leva a mais e melhores cálculos e à possibilidade concreta de dar um hiatão nesses posts E$pada $elvagem, além de repensar o timing da entrada de cabeça nas assinaturas do ano que vem. E o mais importante, tomar um remédio para verme extraforte.

Voltando aos fatos, o pacote bárbaro daqui pra frente não será mais pacote: só a edição lacrada.

Menos glamouroso, mais prático = Melhor assim.




Os bônus são sucintos: novo prefácio do editor Max Brighel, galeria de capas e uma belíssima chamada para o próximo volume.

Entre as histórias, Alfredo Alcala dá mais um show de finalização no clássico "A Cidadela no Centro do Tempo", o veterano dos gibis de terror Sonny Trinidad (ah, esses filipinos) deixa sua marca em "O Terror Dorme Sob a Areia" e até a arte estranha e vanguardista de Alex Niño (ah, esses filipinos²) combina bem com a história estranha e vanguardista de "O Povo da Escuridão". E claro que não poderia deixar de destacar o arco-título em oito capítulos onde Conan se vê às voltas com a linda e traiçoeira bruxa Salomé.

É nesse épico de Roy Thomas e John Buscema que acontece um dos momentos mais icônicos do personagem, transposto inclusive para o filme de 1982: a crucificação de Conan e a antológica sequência do abutre na "Árvore da Morte". Com certeza, uma das minhas aventuras favoritas do cimério.

Infelizmente, também é ali que a problemática digitalização da Dark Horse faz mais vítimas. Desta vez, foi a arte-final de The Tribe - o time de filipinos que finalizava artes para a Marvel e que tinha em suas fileiras o grande Tony DeZuñiga (ah!). Cheia de nuances suaves nos sombreamentos e tons de cinza e/ou aguados®, o acabamento orgânico e mundano da equipe levou um banho de água sanitária da editora do cavalo preto.

Detalhes de painéis mais trabalhados ficaram bem apagados, lembrando aquelas famigeradas impressões pixelizadas que ninguém gosta de lembrar. Basta comparar algumas das amostras com as respectivas artes originais. Em alguns quadros o nanquim vira um lápis. De lascar.

Friso, não é culpa da Salvat, os arquivos digitais já vieram assim, é o que tem pra hoje, etecétera e tal.

Felizmente, no restante da edição a parte gráfica segue em bom nível. O volume defende com tranquilidade o status de acervo histórico da série e, confesso, é algo emocionante ver A Espada Selvagem de Conan já atingindo seu #7 original bem adaptado, na íntegra e em capa dura.

Parece até que já estou vendo algo se formando no horizonte...




Sim, sim... estou vendo algo! Estou vendo algo!!

Só gostaria de ter uma casa maior ao redor dessa estante.

A Espada Selvagem de Conan - A Coleção vol. 1
A Espada Selvagem de Conan - A Coleção vol. 2

terça-feira, 12 de setembro de 2017

MÃE DE MITRA!

E seguimos com o Plantão A Espada Salvatiana® de Conan:


Novamente sem maiores alardes, aportou nas bancas de Vila Velha A Espada Selvagem de Conan - A Coleção vol. 2: A Libertação de Thugra Khotan. O que marca finalmente a republicação oficial dos primeiros números da clássica The Savage Sword of Conan, agora sim pela consagrada dupla Roy Thomas/John Buscema. Aye!

Compilando as edições de #1 a #4 de SSC, mais a adaptação do conto "Os Demônios da Montanha", do autor sueco Björn Nyberg, assinada por Thomas e Tony DeZuniga, a segunda entrega da Salvat dá o salto no preço para as previstas 29,90 sonjas - a ruiva, aliás, faz uma participação especialíssima nessa estreia.

Até aqui ainda desceu redondo, mesmo com o folder já antecipando a natureza salgada do investimento para o próximo volume - 44,90 thulsa-dooms!

Vai aí uma oração ao deus encarregado:

Crom, eu nunca orei para ti antes. Não levo jeito pra isso. Ninguém, nem mesmo tu te lembrarás se fomos homens bons ou maus, por que lutamos ou por que morremos. Não, tudo o que importa é que somos dois (eu e meu bolso) contra muitos (volumes), isto que é importante. A coragem te agrada, Crom, então concede-me um pedido, concede-me a verba! E se não me escutares, podes ir para o inferno!

(Crom, amigão, nunca concordei com essa última parte, isso é coisa de bárbaro cimério sem respeito pelas autoridades, espero que não tenha se ofendido)

arram.

A edição vem nos mesmos moldes da anterior, em versão enxuta. O folder é menor e dessa vez não tem encartezinho. Os extras também são mais contidos: temos um prefácio, a 2ª parte das Crônicas da Espada, a galeria de capas, as minibios, as próximas atrações e fim.

Um pack honesto, ainda que, ironicamente, mais caro que o recheado 1º volume.




E algum problema no paraíso? Não. E talvez.

Um dos aspectos mais marcantes na arte das Savage Sword originais - e que, diga-se, foi replicado fielmente nas ESC da Abril - eram os efeitos e sombreamentos cinzas auxiliando o preto definitivo do nanquim na arte-final. Com isso, o acabamento nos desenhos do bárbaro adquiria um detalhamento e complexidade ainda maiores, com um quê de virtualmente irreplicável. Não era arte de baixo padrão mesmo - apesar do formatão popular com grande herança do universo dos pulps.

Então, nunca foi apenas preto & branco - eu lembrava bem da "sujeira" desse lápis (ou tinta cinza clara, não sei mesmo) como algo bastante peculiar e recorrente nos gibis do Conan. E só deles.

Nos arquivos digitais que a Salvat usou para esta impressão, todas essas técnicas usadas por gênios da arte-final como Pablo Marcos e Alfredo Alcala quase não veem a luz do século XXI.

Quase... mas que saíram visivelmente prejudicadas em relação ao original, isso não há como negar.


Para comparar, clique em cima, desconte o amarelado da versão original e a qualidade chumbrega da câmera

A nova impressão está muito mais limpa, pálida e estéril, em contraste com o vigor e a vivacidade de outrora. Nada dramático, claro. Os tons de cinza ainda estão lá, ainda que bastante esmaecidos.

Aí volto a questionar sobre as fontes, franquias e joint-ventures envolvidas.

A Salvat em parceria com a Panini-matriz (só tem ragazzos & ragazzas no expediente) pode ter adquirido o material digitalizado pela Dark Horse, que, reportadamente, também trazia essas particularidades. Será? Não há qualquer menção à Dark Horse nos créditos, apenas à fonte direta, a inexpugnável Conan Properties.

Dúvidas, dúvidas...

Não é o fim do mundo, embora a arte tenha perdido um tanto de peso e profundidade. Mas após esse breve entrevero que tive entre as versões, veio justamente deste volume 2 a redenção que eu não esperava: a reedição do primeiro contato que tive com a arte-final do mestre Alcala, em meados dos anos 1980.


Sem dúvida, um belíssimo (re)começo.