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domingo, 25 de setembro de 2022

As 13+ da Rádio BZ FM


Não sei bem porquê, mas ontem, vendo tevê, bateu a vontade irresistível de embarcar nessa de #desafio13livros ou #13livrosvermelhos ou sei lá o nome.

Ps: gentileza ignorar os gibis ao fundo. Eles não têm lombada vermelha (vacilo, Comix Zone!).

sexta-feira, 1 de abril de 2022

No mundo do Lua


Cavaleiro da Lua, episódio um. So far, so good. E pelos motivos que a maioria deve detestar.

Primeiro, a incógnita que era a Marvel urbana produzida pela Disney+. Não é mais incógnita, a companhia não trabalha isso, a classificação é PG-13. Pelo menos no Da Lua. As cenas de pancadaria/matança —e teriam várias nesta estreia— são omitidas simplesmente mantendo o foco em uma das personalidades do vigilante. Só na volta do "apagão" é que vemos o estrago que ele fez ou a encrenca ainda maior em que se meteu. O que temos são montagens frenéticas que remetem a um Ilya Naishuller (Hardcore Henry) ou a um Guy Ritchie on crack. Na moral? Prefiro isso a outra coreografia de luta fofinha, como foi quase tudo da Marvel até aqui, ou mais um rip-off da clássica cena do corredor de Oldboy.

Segundo, não me irritei com a profunda alteração de sua origem —relendo minha gloriosa Almanaque Premiere Marvel #3 não tive dúvidas da quantidade de schnapps que Doug Moench matou enquanto escrevia aquilo—e que a Lua caia na minha cabeça se Oscar Isaac contracenando com Ethan Hawke não é um tempo de qualidade.

Os efeitos fantasmagóricos e a transformação do protagonista são despirocantes. Nunca tinha ouvido falar no cineasta egípcio Mohamed Diab, mas, diabos, parece mesmo que ele sabe onde o galo cantou.

Claro que nem tudo são flores sob a luz do Lua: Khonshu com trejeito e voz de Cookie Monster/Venom do cinema foi dose. Mumm-Ra deve estar rolando no sarcófago.

Que venham os próximos cinco capítulos (chuto que serão dois para cada personalidade, desfiando a mesma história sob diferentes perspectivas). E, mais importante ainda, que venham os próximos capítulos de Halo, cujos problemas só afetam os gamers. Viva!

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Os Velhos Mutantes


Nas HQs, os Novos Mutantes enfrentaram sagas espetaculares e monumentais, mas nenhuma comparada à saga de sua 1ª adaptação para o cinema. Os Novos Mutantes é sério candidato ao hall (hell?) dos filmes com bastidores turbulentos – um seleto clube onde se encontram preservados em carbonita O Portal do Paraíso (1980), Street Fighter (1994), A Ilha do Dr. Moreau (1996), Os Chefões (1996) e Quarteto Fantástico (2015), entre outros diamantes do ego humano. Porém, ao contrário destes, a culpa não é do diretor Josh Boone, mas é das estrelas (ah, essa foi boa, vai): a produção, que teve início oficial em julho de 2017, sofreu mudanças de direcionamento após o sucesso de It, ganhou refilmagens para reforçar os aspectos de terror, foi parar na geladeira após a aquisição da Fox pela Disney, teve vários cortes do estúdio até o derradeiro, em que o cineasta o deixou mais próximo de como foi idealizado originalmente, e sua data de estreia foi adiada só Deus sabe quantas vezes.

Ah, e teve a pandemia.

Amém.

Com esse perrengue todo, surpreende que o filme consiga entregar uma boa horinha e meia de distração – nada que corresponda à expectativa gerada por aquele longínquo 1º trailer, porém. No geral, forma e conteúdo remetem a um típico piloto de série nos padrões atuais.

Um pouco disso é pelo timing há muito perdido para a invasão dos super-heróis pelo streaming nos últimos anos. Outro pouco pelos flutuantes valores de produção sambando pra deixar tudo mais ou menos nivelado. E outro pouquinho pelo roteiro um tanto fugaz, escrito pelo próprio Boone e por Knate Lee, esticando a trama adaptada da clássica Saga do Urso Místico, de Chris Claremont e Bill Sienkiewicz, enquanto atira umas migalhas ao incerto futuro da franquia.

O primeiro terço da história é conduzido por Danielle Moonstar (Blu Hunt), uma jovem nativa Cheyenne que perdeu o pai e todos de sua reserva em um terrível desastre. Acolhida por um abrigo dirigido pela Dra. Cecilia Reyes (Alice Braga), Danielle descobre que tem o gene mutante e está no, por assim dizer, "desabrochar" de sua mutação (existem metáforas mais sutis). Ela também descobre que não é a única nessa situação: estão lá os internos Rahne Sinclair (Maise Williams), Illyana Rasputin (Anya Taylor-Joy), Sam Guthrie (Charlie Heaton) e o brasileiro¹ Roberto da Costa (o brasileiro² Henrique Chagas Moniz de Aragão Gonzaga... ou simplesmente, Henry Zaga). Isso sem contar o mal que começa a rondar poltergeisticamente pelas instalações.


Como se vê, qualquer peso-galo em terror e ficção-científica já consegue matar todas as charadas do filme só de ler esse plot. Nesses termos, quem esperava um êxtase roteirístico vai fechar o app com sensação de punheta/siririca mal batida. Mas Boone consegue temperar bem esse arroz-com-feijão (putz, perdi a fome) e – aí vai a principal qualidade de Os Novos Mutantes – ainda é bastante ajudado pelo competente elenco, mesmo com todas as constrições e a limitadíssima dinâmica do roteiro.

O brit Charlie Heaton (de Stranger Things) faz uma interessante composição de Sam Guthrie/"Míssil", com um sotaque carregadíssimo do Kentucky. A sempre carismática Taylor-Joy se diverte como a arredia Illyana/"Magia", mesmo com a ingrata missão de ressignificar o dragãozinho Lockheed para o filme. Faltou algum sotaque para a russinha, mas aí já é pedir demais. A estreante californiana Blu Hunt foi uma bela surpresa, juntamente com a excelente Maise Williams (Arya!). A química entre "Miragem" e "Lupina" é, fácil, a melhor coisa do filme, junto com as culpinhas católicas da última.

Já Alice Braga, completamente engessada pelo enredo, exercita uma canastrice nunca antes vista na filmografia da atriz nem aqui, nem em Roliúdi. Faz parte. O que me leva ao brasiliense Henrique Ch... digo, Henry Zaga. Mezzo toy-boy, mezzo alívio cômico, o rapaz esteve em meio a uma controvérsia relacionando o seu Roberto/"Mancha Solar" à prática de whitewashing, o que não poderia estar mais longe da verdade.

De fato, seu casting pode ser o início da quebra de um antigo paradigma que retrata brasileiros invariavelmente como afrodescendentes. Ora, sempre fomos a Pangeia II, a Krakoa adormecida. Além de afrodescendentes, somos nativos indígenas, asiáticos, italianos, alemães, árabes, israelitas, acreanos e por aí vai. Aceitamos até argentinos. Lado a lado ou misturados. E vice-versa.

Nitidamente, faltou ao filme uns trinta minutos a mais para desenvolver melhor o cenário. Afinal, esse núcleo tem alguns dos personagens mais ferrados que vejo em muito tempo. Todas as bagagens pessoais ali são pesadaças e tinham um potencial de assalto psicológico nível Trilogia-Corpo-Fechado-encontra-Penny-Dreadful-e-tomam-um-porre-no-Bar-Zeitgeist-2020.

Mesmo o verniz de terror prometido nas promos é tênue, talvez para não assustar a PG-13zaiada. No fim, acaba lembrando uma versão ainda mais diluída de Aterrorizada, aquele John Carpenter light de 2010.



Spoiler devagar, spoiler bem devagarinho

Incomoda ver a Dra. Reyes dando conta sozinha do complexo, de todo o perímetro e de cinco mutantes. Mesmo com seu poder, impraticável. Ainda mais depois que é revelado que o projeto é bancado pelo Nathaniel E$$ex.

Aliás, exterminar uma possível mutante Ômega por representar extremo perigo? Ora, Sr. Sinistro do filme, tire essas fitas pretas que você não merece...


Fim do spoiler devagar, spoiler bem devagarinho


Em que pese a empolgação dos garotos nas cenas de ação e o escopo gigantesco do último ato, a coisa acaba esbarrando no teto baixo do orçamento. Então, tirando por menos a montagem enche-linguiça e a falta de traquejo do diretor com a pancadaria super-heróica, posso dormir tranquilo após afirmar que o quebra final é satisfatório.

E que o Urso Demônio é quase aquilo que sonhei em adoráveis pesadelos sienkiewiczianos...

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Departamento de promoções

O saldo final da Black Friday foi aquele já conhecido "bom-mas-podia-ser-melhor". O assombro das primeiras vezes já passou, de lá pra cá a Amazon dominou e é o que tem pra hoje. Ainda assim, consegui aproveitar e dar baixa em várias coisas de várias listas. No setor dos quadrinhos, resolvi o que tinha pra resolver com a Salvat, botei em dia algum material da Mythos, ri das promoções nonsense da Eaglemoss e recebi há pouco o pacote da Panini - não só o último da leva, como meu último pacote de gibis do ano.

Assim espero.



Justiceiro: Valley Forge é o 4º Deluxe do Caveirão. Um calhamaço de mais de 500 páginas que finaliza o espetacular run de Garth Ennis no título (depois assumido por Gregg Hurwitz) e trazendo complementos generosos: os one-shots The Cell (2005), The Tyger (2006) e The End (2004), além da mini solo completa do inesquecível vilão Barracuda - quem acompanha o blog, sabe que eu sou fã do rapaz. Um dos quadrinhos mais extremos, densos e complexos já feitos. Obrigatório é pouco.



Tinha adorado a capa de Mulher-Gato #1, mas ainda estava na dúvida. Há tempos não leio nada realmente empolgante da gatinha - desde Um Crime Perfeito, pra ser exato. E não conheço nada do trabalho prévio da desenhista e roteirista Joëlle Jones, mas uma googlada de reconhecimento me deu um belo cartão de visitas - além do fato da moça contabilizar três indicações ao Eisner. Em que pese também a parceria com a experiente Laura Allred, resolvi conferir o que essa Selina tem.



Já estava acompanhando a nova fase do Lanterna Verde por Grant Morrison, atualmente na edição #12 lá fora. Suas ideias e conceitos são, como sempre, lisergia pura - mas dessa vez, dando um barato do bom, sem bad trips. Porém, o que me fez sair do DC (++) e colaborar com a DC (Comics) foi o traço lindamente escalafobético do brit Liam Sharp, um dos melhores parceiros que o escocês voador já teve na vida. O homem está desenhando uma barbaridade. Pra daqui a 15 anos erguer essas edições e mandar a plenos pulmões (provavelmente pro espelho): "eu comprei isso na época!"



One-Punch Man é uma das coisas mais divertidas que já li na vida, mas aí vai uma pequena mea culpa: estacionei lá pelo vol. 12 ou 13 já há um bom tempo. O roteiro miniminimalista de ONE e os traços vertiginosos de Yusuke Murata mantiveram o nível tão alto e ainda tão refrescante que cultivei uma retranquinha antes de alguma (inevitável) queda de qualidade. Mas segui pegando e vou me atualizar assim que abrir uma brecha. O que, no caso do Saitama, é trabalho pra 10-15 minutos, no máximo. One-Punch read.



Surreal receber em mãos uma nova edição da Biblioteca Don Rosa pela Panini, no mesmo formato dos volumes da Abril e do ponto onde a coleção parou. Ainda tenho lá, "O Solvente Universal" cancelado na lista de desejos da Amazon. Virou o meu "Wilson". E hoje nós dois vamos tomar todas pra comemorar. Louco é a mãe.



E seguem mais dois volumes de A Espada Selvagem de Conan - A Coleção, as aquisições que mais me dão alegria atualmente. Parece até vingança pelas ESC da Abril nunca adquiridas em tenra idade ou um acerto de contas após décadas de quadrinhos com storytelling de videoclipe e personagens sem culhões (excetuando, claro, os sacudos da Bonelli). E até é, mas também dá uma olhada nas contribuições constantes nas capas. É Roy Thomas, John Buscema, Alfredo Alcala, Dick Giordano, Tony DeZuñiga e toda a sorte de demônios picto-filipinos com o fogo do inferno ebulindo a tinta de seus nanquins. Até o Necronomicon morre de inveja dessa coleção. Puta que o pariu.


Por enquanto é só, pessoal. E antes que eu me esqueça...

Senhor, agradeço por esse material que irei devorar assim que tirar do plástico. Em nome do Stan, do Kirby, do Steve Ditko, amém.

domingo, 12 de julho de 2015

QUACK!

Hoje, dia 12 de julho, o gibi do Pato Donald completa 65 anos de circulação ininterrupta no Brasil. Desnecessário mensurar o tamanho desse feito nesse país tropical com fortes tempestades econômicas.

Pra comemorar, nada melhor que a chegada de um bando de patos clássicos à coleção.


A Saga do Tio Patinhas e Os 80 Anos do Pato Donald fazem parte de uma série especial de capa dura da Disney publicada pela Editora Abril e que conta também com Dragon Lords: O Reino dos Dragões, O Mistério dos Signos e Era Uma Vez na América. Meu fraco pelos patos facilitou a priorização, mas nem foi tão difícil assim. Há muitos anos afastado dos gibis Disney e passando batido pela coleção O Melhor da Disney: As Obras Completas de Carl Barks, essa foi uma oportunidade de ouro pra ter acesso a uma antologia com material clássico dos personagens.

O HC A Saga do Tio Patinhas, com um belo e certeiro hot stamp dourado na capa, traz os 12 capítulos escritos pelo mestre Don Rosa, acrescidos das 6 histórias complementares lançadas posteriormente. Nos extras, galerias, textos explicativos com a cronologia detalhada, além de duas árvores genealógicas da família pato - uma delas baseada nos trabalhos do próprio Carl Barks e a única onde consta a antológica "foto" do pai de Huguinho, Zezinho e Luisinho.

Além da aventura emocionante, Don Rosa mostra porque é considerado um dos maiores desenhistas dos quadrinhos. Sua arte vibrante, apaixonada e cheia de detalhes justifica a alcunha extra-oficial - e merecidíssima - de "George Pérez dos Patos".

Ou seria o George Pérez o "Don Rosa dos super-heróis"?





Os 80 Anos do Pato Donald é edição histórica per se. 484 páginas, 26 histórias de 15 artistas, dentre eles Carl Barks, Don Rosa, Al Taliaferro e Marco Rota. Precisa mais?





Não costumo chamar quadrinhos de "livros", mas nesse caso a exceção se torna inevitável. É um material realmente de luxo com miolo em papel couché, acabamento com relevo, resistente e visualmente impecável, acima inclusive do padrão utilizado pela Panini nos volumes de Sandman.

Algumas dessas histórias já foram publicadas no Brasil ao longo dos anos (/décadas!), revelando claramente seu objetivo de alcançar os leitores veteranos (/acima dos 30 anos). Tão interessante quanto ver a Editora Abril investindo novamente no público adulto da Disney é ver esse mesmo público correspondendo à altura - público, aliás, carente de publicações desse naipe desde mil novecentos e antigamente.

A procura foi enorme e as edições literalmente evaporaram das bancas, lojas físicas e virtuais, sendo necessárias novas tiragens, que também foram sumindo rapidamente. A quem interessar possa, as últimas ainda estão por aí.

E aproveitando o resgate inesperado de uma das histórias de Os 80 Anos - "No País dos Vulcões" - não pude evitar de dar uma olhadela no ML em busca de um antigo encadernado que marcou a minha infância.


Pato Donald Especial foi lançada em 1975 pela Abril e trazia uma sensacional antologia de obras de Carl Barks. Há muito havia esquecido dela e do título, mas nunca esqueci de quando era guri e viajava para a casa de parentes no interior e um deles (minha irmã mais velha) tinha essa edição na estante. Lia e relia sempre lá na rede do varandão. Foi responsável direta pelo meu gosto pela leitura de quadrinhos.

Encontrei num ótimo preço e num ótimo estado e então foi isso. Déjà vu total, daqueles que só o reencontro com um bom gibi pode proporcionar. Quem curte HQ sabe como é.

Pra arrematar, no mesmo período, adquiri minha 1ª mensal da Disney em... o quê, uns 25 anos (puta merda!). Como consumidor, me senti um peixe pulando pra dentro do barco, mas foi uma barbada: revista Pato Donald nº 2.442 trazendo nada menos que o destino de Dumbela, irmã do Donald e mãe de Huguinho, Zezinho e Luisinho!

Destrinchei ambas num post do blog dos meus amigos d'Os Escapistas.

Agora já posso morrer sossegado. Bem mais pobre (se virem, herdeiros), mas sossegado.

Quack!!

quinta-feira, 16 de abril de 2015

DuckNewTales


Causou comoção entre os trintões a notícia de que a Disney irá revisitar a série animada DuckTales, Os Caçadores de Aventuras. O desenho foi originalmente lançado em 1987 e estreou no Brasil logo no ano seguinte, pelo SBT. Fez um grande sucesso entre o público infanto-juvenil - provavelmente desencadeando ali toda a geração noventista de séries animadas da Disney.

Segundo Marc Buhaj, vice-presidente sênior da Disney XD, a nova série "trará a mesma energia e espírito aventureiro para uma nova geração".

Quando DuckTales estreou, eu, marvete da gema e decenauta meio-período, estava começando uma descoberta dos gibis mensais da Disney. Meu forte eram os patos. Durante um período, Pato Donald, Peninha, os encalhernados Disney Especial: "As Melhores Histórias..." e, principalmente, Tio Patinhas viraram compras certas. Ou trocas certas nas banquinhas de usadas.

A revista do pato mais pão-duro do mundo foi uma revelação: aventuras pop que iam de outras galáxias ao universo subatômico, de cidadelas perdidas à viagens no tempo, de realidades alternativas até ao reino da mágica, pura e simples. Uma doce good trip cartunesca, lisérgica e espirituosa transcendendo tanto os limites da imaginação quanto qualquer saga do Quarteto Fantástico e de Jornada nas Estrelas. Pode-se dizer, no meu caso, que o desenho certo chegou no momento certo.

Com quase o mesmo núcleo de personagens e inspirado nas obras do criador Carl BarksDuckTales assimilou uma boa parte daquele clima das HQs, aliado a espertos revamps de literatura, cinema e até eventos históricos. O negócio era bom assim. E lúdico. E simples. E genial.

Melhor ainda foi constatar que aquela qualidade não era apenas uma ilusão pré-adolescente. Quando o desenho foi reexibido pela Globo em 2009, vi ali uma adaptação mais direta e ingênua do material original, mas sem dúvida, uma criação muito bem cuidada, evocativa e memorável. E que devia ser ainda mais fascinante aos olhos de um garoto daquela época.

É por esse detalhe que não compartilho do entusiasmo dos meus camaradas da Casa dos 30.


Nem precisa da expressão "para uma nova geração" pra que eu não veja esse revival com bons olhos. Basta uma zapeada pelos principais desenhos infanto-juvenis exibidos nos últimos 10 anos para ver o lixo sem alma que andam produzindo para a molecada. As séries já nascem com jeito de product placement. Não são desenhos, são marcas e sponsors frenéticos com roupagens modernas e "radicais".

E a gurizada de hoje, francamente, não está nem aí. Tem outras coisas pra se preocupar, como o novo app da moda ou a expansão de algum game que acabou de sair.

Eu daria cem quaquilhões pra que deixassem o desenho intocado, no mesmo lugar onde esteve nos últimos 25 anos. Acho muito difícil que a nova série não se dobre aos fatores mercadológicos em detrimento daquilo que fazia de melhor: divertidos e cativantes duck tales.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Fawn of the Dead


Em seu episódio de estreia, a série MAD soou absolutamente familiar. Dez minutinhos movidos a comédia de sketches animados, na cola do que se vê na revista desde sempre. E ainda funcional, mesmo que a matriz já não seja mais aquelas coisas há uns bons vinte anos - aliás, me parece que quanto mais antigo é o leitor, maior é esse gap qualitativo.

Há um ou outro momento mais fugaz que lembra as vinhetinhas com montagem warp estilo MTV. Felizmente, as tirinhas animadas emulando o traço do Sergio Aragonés e do grande Don Martin nivelam tudo por cima. O carro-chefe é definido logo de cara, com uma zoação meio tardia em cima de Avatar ("Avaturd") e o mashup CSI Miami/iCarly ("CSiCarly"), realmente impagáveis.

Mas a menção honrosa desse boteco vai para o Bambi e sua mamãe zumbi!



Mirror

Quem será o próximo da lista? Meu voto vai pro Mufasa.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Chris McNolan & seus Beagle Boys


Origem é um filmão. É pop com neurônios, tem um título nacional imbecil mas que inadvertidamente preserva a surpresa da experiência e é bem mais simples do que insistem em complicar por aí. Nesse ponto, também achei que houve um excesso de explicações - fosse menos mastigado e um pouco mais subjetivo, não hesitaria em defendê-lo lá no cânone.

(Pobre Nolan... quando explicou de menos em The Dark Knight, os meros mortais também chiaram)

Mas o cerne do post é uma história do Tio Patinhas, publicada em 2002. Escrita pelo mito ambulante Don Rosa, "The Dream of a Lifetime!" tem um plot que só não é mais parecido com o de Origem porque, ao contrário do DiCaprio, o Donald é anti-herói por natureza.

Sei, Nolan já amaciava esse script há dez anos, etc e tal, mas as similaridades são várias e escandalosas. É ler pra crer.

Sem falar que é uma aventura das boas!

quinta-feira, 27 de julho de 2006

JACK SPARROW E OS CAÇADORES DA ARCA PERDIDA


No começo dos anos zero (esquisito demais isto... Anos zero... Tomara que passe logo para começar a chamar de anos dez, que também é estranho, mas vá lá... Bem melhor que anos zero) estávamos vivendo o momento onde as adaptações de quadrinhos recentemente feitas colhiam seus primeiros louros, já semeando o campo para uma seqüência alucinante de anúncios de novos filmes nesta linha, além de adaptações também de video-games (foi desta gosma que surgiu Uwe Boll, o Ed Wood dos anos zero - ARRRGHH), o que me fez elocubrar a respeito do paradeiro daquilo que existiu um dia sob o nome de roteiro original. Não que não curta filmes de quadrinhos e tal - tipo da possibilidade ridícula em se tratando deste blog - mas diversidade é interessante também. Eis então que começaram a anunciar a possibilidade de produzir um filme sobre uma atração de parque de diversões! Pensei: Aí forçaram! Atração de parque de diversões é o cúmulo. É muita falta de boas idéias mesmo. Ainda por cima sendo esta atração da Disney, o que traz consigo a idéia inequívoca de filme água com açúcar.

Era natural que, ao acompanhar as novidades acerca dos filmes que me interessavam, as notas de produção de Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra (Pirates of the Caribbean: The Curse of the Black Pearl, 2003) viessem misturadas, mas mesmo assim desdenhei muito, a ponto de nem ver trailers e não saber qual seria o elenco. Por acaso, por força de uma namorada da época, acabei por ver o filme no cinema e logo de cara percebi algo de bom poderia ter, já que Johnny Depp estava no elenco. O resultado final foi muito positivo. Achei tudo muito divertido, engraçado e com uma dose de aventura que, se não era extraordinária, ao menos valia o ingresso. Claro... O filme devia 87,25% de seu êxito a Depp e seus trejeitos e sotaque, sem isto seria um filme ordinário (prova disto tive umas duas semanas atrás, quando vi o filme novamente na TV, só que dublado... Graça nenhuma). Foi o suficiente para respeitar a seqüência. Não estava apreensivo nem nada, mas tinha ótimas expectativas. E não me decepcionei.


O primeiro era um balão de ensaio. Claro, visava a bilheteria das férias, mas para saber se conseguiria arrancar muito mais dinheiro do público em seqüências, tinha que testar a empatia de personagens daquele tipo, já há algum tempo sem dar as caras no cinema. Além disto, arriscou também ao não colocar nenhum destes personagens como protagonista, quer dizer, até acho que o Will Turner de Orlando Bloom seria este cara, mas o ator é tão inexpressivo que foi nivelado aos "coadjuvantes". Em Piratas do Caribe: O Baú da Morte (Pirates of the Caribbean: Dead Man's Chest, 2006), com balão de ensaio já digerido, naturalmente ousaram mais, muito mais. A começar pela própria estória, onde duas linhas independentes seguem seu caminho, cada uma com complicações suficientes para render um filme independente, mas convergem mais à frente e criam outras tantas situações. Por óbvio, um roteiro deste tipo não pode ser executado em menos de 2 horas, sem contar que é um tanto quanto complicado manter a atenção do público desta forma, a não ser que tenha ação suficiente. E ação não falta. Não diria que é non stop, já que há de se criar os elos entre os acontecimentos, mas o filme é dinâmico o suficiente para fazer as duas horas e meia passarem voando e não percebermos alguns furos aqui e ali. Mas furo em filme é que nem celulite... Se a mulher não tem, não é de verdade.

Pareceu-me menos "engraçado" que seu predecessor, certamente pelos maneirismos de Jack Sparrow não serem mais novidade para ninguém (segundo Depp, a composição do personagem é uma mistura de Keith Richards com Pepe Le Gambá... vai saber), mas isto foi compensado com um jogo de situações que há muito não vejo. Os problemas e soluções vividos pelo personagem são tão bem escritas e executadas que não sentia o mesmo prazer que tive ao assistí-las desde as aventuras de Indiana Jones, especialmente a seqüência da gaiola de ossos - regurgitada após na forma de um moinho d'água - onde faltou pouco colocarem o hino de Indy para tocar. Todas as seqüências do Kraken (Kray-ken ou Kráken?...rs...) também são competentíssimas.


Comentei também quanto ao estereótipo que filmes da Disney têm, e o curioso é que este aqui passa longe disto. Morre gente a dar com pau, mutila-se mais do que em muito filme que se pretende terror, humor-negro em situações propícias e, principalmente, a falta do herói de caráter indiscutível (Orlando Bloom não conta). Não que ter estes elementos seja sinal de filme bom, longe disso, mas é interessante sob o ponto de vista dos pré-requisitos que a gigante do entretenimento estaria partindo em suas obras. Para um filme da Disney, diria que tem gente lá quebrando seus paradigmas, só para usar uma expressão chatíssima de ambientes empresariais. Talvez seja estímulo de gente politicamente incorreta tirando mingau da sua cumbuca, como Shrek, por exemplo.

Por falar em rótulos, vejo por aí o pessoal classificando PdC como um "ótimo filme de piratas", mas creio que este tipo de designação encarcera o filme num rótulo que diminui sua envergadura. É um filme com elementos do mundo fantástico, transcendendo em muito a definição do que seriam filmes de piratas, ou seja, aqueles embates em alto mar que têm muito mais a ver com Errol Flynn do que com Johnny Depp. As figuras que povoam os roteiros da cine-série constituem uma mitologia à parte, assim como os respectivos das séries Star Wars e Senhor dos Anéis, por exemplo. Por falar nos elementos fantásticos, os efeitos dos piratas mortos-vivos do primeiro já eram ótimos, mas a caracterização dos marujos do Holandês Voador é qualquer nota. Em alguns momentos não sabia ao certo para onde olhar, já que naqueles seres tudo se move, tudo me era curioso, inclusive o capitão, Davy Jones, um Homem-Coisa genérico, interpretado por Bill Nighy, único ator à altura de Depp e também cheio de trejeitos que, mesmo embaixo de toda aquela maquiagem, ainda mostravam que era o roqueiro Billy Mack o dono dos tentáculos.

Como esperado, Depp ainda é o ponto alto do filme, mas o roteiro extremamente bem dirigido por Gore Verbinsky faz com que não seja mais o único trunfo, o que é muito bom. Ele, para mim, é o melhor ator de sua geração (de onde vieram Brad Pitt, Tom Cruise, Christian Slater, Keanu Reeves e outros). Costumo dizer que, se há Depp no elenco, pode até ser que o filme seja ruim, mas certamente Depp é muito bom. Claro, tem lá suas exceções medianas, mas normalmente ele é o destaque. Keira Knightley faz a boneca que tem que ser, chegando a protagonizar uma cena de comicidade até mesmo ingênua, mas bem bacana, mas sua atuação não superou a do macaquinho morto-vivo que servia de alívio de tensão para o Capitão.

Vale lembrar, após os créditos ainda tem uma cenazinha que não acrescenta nada, mas diverte. Quem não viu antes pode ver abaixo. O terceiro já está filmando e, a julgar pelo final muito bem sacado deste, vai ser mais um arraso.