Quem diria. Desenhos de sábado de manhã num sábado de manhã. Achava que a grade infantil - ou infanto-juvenil? - na TV aberta já tinha ido pro vinagre há éons.
No caso do SBT, é bom ver que não. E ainda com a ótima e solenemente ignorada Lanterna Verde: A Série Animada.
A série fechou em meros 26 episódios. Não vejo muitos órfãos por aí. Provavelmente tem algo a ver com o CGI superbásico no lugar da animação tradicional da linha Animated. Deve ter rolado uma estranheza. Mas a produção de Bruce Timm e a direção de Sam Liu e Rick Morales não deixaram a peteca cair.
Esse episódio, "Babel", o 21º da temporada, é um bom exemplo. Hal Jordan, Kilowog e o Lanterna Vermelho Razer tentam sobreviver numa cidadela hostil. O problema é que seus anéis estão descarregados e, sem o tradutor universal, eles nem mesmo conseguem compreender um ao outro. O resultado é engenhoso e impagável.
Teve mais um na sequência. Até onde vi, estão exibindo na ordem. Boa, Patrão!
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sábado, 10 de junho de 2023
Whoa, Oa!
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sexta-feira, 29 de abril de 2022
Nós perdemos outro herói
Neal Adams
(1941 - 2022)
1985 foi o ano. Em Batman #10, o Morcego passava um dobrado com o assustador Ra's al Ghul enquanto se envolvia até o pescoço (e acima) com Talia, a filha do vilão. Tudo muito mais visceral do que qualquer coisa que já havia lido nos gibis.
Alguns meses depois, a régua subia até a estratosfera, com Superamigos #4 e o célebre arco do Lanterna Verde e Arqueiro Verde combatendo o tráfico de drogas. Aquele tapa do velho Ollie no Ricardito acertava em cheio na alma do leitor.
O primeiro Neal Adams a gente nunca esquece. E nem o segundo.
Adams foi a cara e o espírito da Era de Bronze. Influência primordial (e estoque para tracing) de gerações de artistas. Alguns dos melhores momentos do Batman se deram por suas mãos — e também um dos piores. Só pra atestar que ele era humano, afinal.
Como bom veterano, seu ritmo de produção era absurdo. Seja nas décadas dentro da indústria (iniciou a carreira na Archie Comics em 1959!) ou fora dela. Sempre será um gênio e uma inspiração para a vida. Mesmo para quem não vive de quadrinhos.
Em 2020, ao se despedir do amigo e o melhor parceiro de trabalho Dennis O'Neil, escreveu:
“Denny O’Neil mudou os quadrinhos para melhor. Talvez seja hora de reaprendermos algumas daquelas lições.”
E o mesmo pode ser dito sobre ele. Foi um privilégio e tanto estar aqui no tempo de vida dessa dupla...
sexta-feira, 12 de junho de 2020
Obrigado, Sergius
Dennis J. O'Neil
(1939 - 2020)
Impossível resumir a importância de Dennis O'Neil – ou "Sergius O'Shaughnessy" – nos comics dos últimos 45 anos. Muito mais fácil resumir sua importância em nossas vidas. Ele já era publicado por aqui pelo menos desde o final dos anos 1960 e, num microcosmo de uma microsituação, desde os primeiros gibis que li na vida.
Foi ele quem criou a 1ª fagulha de consciência social em minha alienada cabecinha fã de "crunchs!" e "pows!" com sua inesquecível fase do Lanterna Verde & Arqueiro Verde ao lado do genial Neal Adams, lançada aqui na saudosa Superamigos. "Inesquecível", aliás, é um pleonasmo: pra mim, ainda é releitura sazonal e estupidamente atual.
E teve a revolucionária e influente incursão no Batman. E a fantástica carreira como editor – graças a ele, o jovem Frank Miller ganhou total controle sobre o Demolidor, livrando o herói da obscuridade certa. E o Questão, que, elevado a um novo patamar, tornou essencial a série Os Caçadores, da Abril.
São apenas alguns highlights. O melhor run de O'Neil foi, sem dúvida, sua brilhante vida dedicada aos quadrinhos. Uma impecável lição de amor à arte.
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quinta-feira, 19 de dezembro de 2019
Departamento de promoções
O saldo final da Black Friday foi aquele já conhecido "bom-mas-podia-ser-melhor". O assombro das primeiras vezes já passou, de lá pra cá a Amazon dominou e é o que tem pra hoje. Ainda assim, consegui aproveitar e dar baixa em várias coisas de várias listas. No setor dos quadrinhos, resolvi o que tinha pra resolver com a Salvat, botei em dia algum material da Mythos, ri das promoções nonsense da Eaglemoss e recebi há pouco o pacote da Panini - não só o último da leva, como meu último pacote de gibis do ano.
Assim espero.
Justiceiro: Valley Forge é o 4º Deluxe do Caveirão. Um calhamaço de mais de 500 páginas que finaliza o espetacular run de Garth Ennis no título (depois assumido por Gregg Hurwitz) e trazendo complementos generosos: os one-shots The Cell (2005), The Tyger (2006) e The End (2004), além da mini solo completa do inesquecível vilão Barracuda - quem acompanha o blog, sabe que eu sou fã do rapaz. Um dos quadrinhos mais extremos, densos e complexos já feitos. Obrigatório é pouco.
Tinha adorado a capa de Mulher-Gato #1, mas ainda estava na dúvida. Há tempos não leio nada realmente empolgante da gatinha - desde Um Crime Perfeito, pra ser exato. E não conheço nada do trabalho prévio da desenhista e roteirista Joëlle Jones, mas uma googlada de reconhecimento me deu um belo cartão de visitas - além do fato da moça contabilizar três indicações ao Eisner. Em que pese também a parceria com a experiente Laura Allred, resolvi conferir o que essa Selina tem.
Já estava acompanhando a nova fase do Lanterna Verde por Grant Morrison, atualmente na edição #12 lá fora. Suas ideias e conceitos são, como sempre, lisergia pura - mas dessa vez, dando um barato do bom, sem bad trips. Porém, o que me fez sair do DC (++) e colaborar com a DC (Comics) foi o traço lindamente escalafobético do brit Liam Sharp, um dos melhores parceiros que o escocês voador já teve na vida. O homem está desenhando uma barbaridade. Pra daqui a 15 anos erguer essas edições e mandar a plenos pulmões (provavelmente pro espelho): "eu comprei isso na época!"
One-Punch Man é uma das coisas mais divertidas que já li na vida, mas aí vai uma pequena mea culpa: estacionei lá pelo vol. 12 ou 13 já há um bom tempo. O roteiro miniminimalista de ONE e os traços vertiginosos de Yusuke Murata mantiveram o nível tão alto e ainda tão refrescante que cultivei uma retranquinha antes de alguma (inevitável) queda de qualidade. Mas segui pegando e vou me atualizar assim que abrir uma brecha. O que, no caso do Saitama, é trabalho pra 10-15 minutos, no máximo. One-Punch read.
Surreal receber em mãos uma nova edição da Biblioteca Don Rosa pela Panini, no mesmo formato dos volumes da Abril e do ponto onde a coleção parou. Ainda tenho lá, "O Solvente Universal" cancelado na lista de desejos da Amazon. Virou o meu "Wilson". E hoje nós dois vamos tomar todas pra comemorar. Louco é a mãe.
E seguem mais dois volumes de A Espada Selvagem de Conan - A Coleção, as aquisições que mais me dão alegria atualmente. Parece até vingança pelas ESC da Abril nunca adquiridas em tenra idade ou um acerto de contas após décadas de quadrinhos com storytelling de videoclipe e personagens sem culhões (excetuando, claro, os sacudos da Bonelli). E até é, mas também dá uma olhada nas contribuições constantes nas capas. É Roy Thomas, John Buscema, Alfredo Alcala, Dick Giordano, Tony DeZuñiga e toda a sorte de demônios picto-filipinos com o fogo do inferno ebulindo a tinta de seus nanquins. Até o Necronomicon morre de inveja dessa coleção. Puta que o pariu.
Por enquanto é só, pessoal. E antes que eu me esqueça...
Senhor, agradeço por esse material que irei devorar assim que tirar do plástico. Em nome do Stan, do Kirby, do Steve Ditko, amém.
Assim espero.
Justiceiro: Valley Forge é o 4º Deluxe do Caveirão. Um calhamaço de mais de 500 páginas que finaliza o espetacular run de Garth Ennis no título (depois assumido por Gregg Hurwitz) e trazendo complementos generosos: os one-shots The Cell (2005), The Tyger (2006) e The End (2004), além da mini solo completa do inesquecível vilão Barracuda - quem acompanha o blog, sabe que eu sou fã do rapaz. Um dos quadrinhos mais extremos, densos e complexos já feitos. Obrigatório é pouco.
Tinha adorado a capa de Mulher-Gato #1, mas ainda estava na dúvida. Há tempos não leio nada realmente empolgante da gatinha - desde Um Crime Perfeito, pra ser exato. E não conheço nada do trabalho prévio da desenhista e roteirista Joëlle Jones, mas uma googlada de reconhecimento me deu um belo cartão de visitas - além do fato da moça contabilizar três indicações ao Eisner. Em que pese também a parceria com a experiente Laura Allred, resolvi conferir o que essa Selina tem.
Já estava acompanhando a nova fase do Lanterna Verde por Grant Morrison, atualmente na edição #12 lá fora. Suas ideias e conceitos são, como sempre, lisergia pura - mas dessa vez, dando um barato do bom, sem bad trips. Porém, o que me fez sair do DC (++) e colaborar com a DC (Comics) foi o traço lindamente escalafobético do brit Liam Sharp, um dos melhores parceiros que o escocês voador já teve na vida. O homem está desenhando uma barbaridade. Pra daqui a 15 anos erguer essas edições e mandar a plenos pulmões (provavelmente pro espelho): "eu comprei isso na época!"
One-Punch Man é uma das coisas mais divertidas que já li na vida, mas aí vai uma pequena mea culpa: estacionei lá pelo vol. 12 ou 13 já há um bom tempo. O roteiro miniminimalista de ONE e os traços vertiginosos de Yusuke Murata mantiveram o nível tão alto e ainda tão refrescante que cultivei uma retranquinha antes de alguma (inevitável) queda de qualidade. Mas segui pegando e vou me atualizar assim que abrir uma brecha. O que, no caso do Saitama, é trabalho pra 10-15 minutos, no máximo. One-Punch read.
Surreal receber em mãos uma nova edição da Biblioteca Don Rosa pela Panini, no mesmo formato dos volumes da Abril e do ponto onde a coleção parou. Ainda tenho lá, "O Solvente Universal" cancelado na lista de desejos da Amazon. Virou o meu "Wilson". E hoje nós dois vamos tomar todas pra comemorar. Louco é a mãe.
E seguem mais dois volumes de A Espada Selvagem de Conan - A Coleção, as aquisições que mais me dão alegria atualmente. Parece até vingança pelas ESC da Abril nunca adquiridas em tenra idade ou um acerto de contas após décadas de quadrinhos com storytelling de videoclipe e personagens sem culhões (excetuando, claro, os sacudos da Bonelli). E até é, mas também dá uma olhada nas contribuições constantes nas capas. É Roy Thomas, John Buscema, Alfredo Alcala, Dick Giordano, Tony DeZuñiga e toda a sorte de demônios picto-filipinos com o fogo do inferno ebulindo a tinta de seus nanquins. Até o Necronomicon morre de inveja dessa coleção. Puta que o pariu.
Por enquanto é só, pessoal. E antes que eu me esqueça...
Senhor, agradeço por esse material que irei devorar assim que tirar do plástico. Em nome do Stan, do Kirby, do Steve Ditko, amém.
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domingo, 25 de julho de 2010
Oa Fashion Week
Divulgada a roupagem live-action do Lanterna Verde, as discussões não param de...
(...)
Interlúdio esmeralda marvete:
(já que aqui, nenhum papo é 100% decenauta)
Desenterrando algumas relíquias Marvel de tempos idos (salve o DC++! Hm... "DC", tsc), fiquei surpreso com a edição de estreia do Abominável, arquivilão do Hulk que foi para as telonas em 2008. Surpreso, porque o roteiro (do véio Stan) o concebe como um antagonista muito mais poderoso que o Verdão. Apesar do traço meio capenga de Gil Kane (ô blasfêmia!), a carroçada que o Hulk leva no primeiro encontro dos dois é inesquecível.
Outro ponto bacana é comparar essas edições (Tales To Astonish #90-91) com o excelente arco que Paul Jenkins e John Romita Jr. fizeram pro Verdão em 2001. A estrutura dos plots é similar, têm o mesmo vilão, McGuffin e personagens coadjuvantes. É praticamente um remake.
Fora que as citações do Romitinha são ótimas.
Mas voltando ao papo do Lanterna...
Parece que o único consenso é de que radicalizaram no visual, com todos aqueles detalhes energéticos fluorescentes sugerindo uma interação algo simbiótica com o Ryan "Deadpool" Reynolds.
Pra mim, foram duas impressões rápidas: ou esse cara é o primo esverdeado do Automan ou o velhinho Stan novamente serviu de inspiração para a distinta concorrência.
O conceito do personagem envolvido na energia verde com o emblema quase ofuscante é o mesmo da versão "Apenas Imagine..." dele e de Dave Gibbons. E bem coerente com o contexto dos poderes do herói.
Seja como for, muito do que se vê na imagem já foi classificado como "não-finalizado" pelo estúdio. Não dá pra formar uma opinião definitiva, porém já dá pra ter uma boa ideia do caminho pretendido - arriscado, mas correto, IMHO.
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quarta-feira, 19 de agosto de 2009
A VOLTA DO HOMEM DE VERDE
Enquanto as adaptações dos quadrinhos da DC para o cinema vão tomando rumos incertos (salvo as do orelhudo de Gotham, claro), o departamento de animações straight-to-DVD vão indo muito bem, obrigado. Lanterna Verde: Primeiro Voo (Green Lantern: First Flight, EUA, 2009) mantém o bom nível com uma aventura divertida e lançada sem muita cerimônia - talvez para aproveitar o bom momento do universo do personagem nas HQs e as constantes notícias sobre o filme. Com nomes do porte de Bruce Timm (aqui produzindo) e Alan Burnett (roteirizando, ao lado de Michael Allen), não tem erro. Esses dois, ao lado de Paul Dini, moldaram a cara das animações da DC nas últimas duas décadas. Além de estabelecerem um padrão de excelência para as séries animadas daqui do ocidente, foram, de longe, a melhor alternativa à invasão animê daquele período.
Com esse timaço nivelando tudo por cima, Primeiro Voo se torna uma boa oportunidade para acompanhar a evolução da "novata" Lauren Montgomery. Co-diretora de Superman/Doomsday, ela participou do storyboarding dos bacanas Hulk Vs e dirigiu o surpreendente Wonder Woman, ilustrando frame a frame como a personagem funcionaria na telona às mil maravilhas (sem trocadilho). Se destacando cada vez mais nessa nova fase de animações pós-Liga da Justiça Sem Limites e assumindo projetos com as principais marcas da casa (aos 29 anos, num mercado concorrido e predominantemente Clube do Bolinha), a promissora cineasta é gente igual a gente mesmo.
Muito simpática, bem-humorada, fã da Cheetara (!), fissurada em A Pequena Sereia (a Disney é uma influência primordial), com blog e deviantArt à distância de um clique pra quem quiser curtir - impressiona a simplicidade. Pra lembrar como isso é raro no meio, confira qualquer entrevista com o Bruce Timm ou o Brad Bird onde eles emanam toda aquela aura übernerd/Brainiac híbrida e tão agradável quanto um banho de nitrogênio líquido. Creepy.
Historicamente, o Lanterna Verde sempre foi um personagem do segundo escalão. Senão vejamos: Clark, Bruce, Diana, depois Barry/Wally... o velho Hal Jordan é imediatamente o segundo herói abaixo da santíssima trindade world's finest da DC. Com poderes tão Era de Prata em essência, o maior risco era de uma interpretação camp, o que, felizmente, não ocorre em nenhum momento. E por aí se nota o quanto foi importante e definitiva a caracterização conceitual e estética criada para o Lanterna John Stewart nas séries da Liga. Praticamente toda aquela abordagem foi reeditada no longa, com as providenciais expansões que o herói sempre mereceu. Toda aquela dimensão e grandiosidade estão lá e a gama de possibilidades se mostra realmente universal. Fica bem claro: o lugar desse cara é no cinema.
Outro bom timing foi abreviar a origem do personagem, considerando que já foi mostrada recentemente em Liga da Justiça: A Nova Fronteira. Uma ótima ideia para agilizar a trama e evitar repetições, mesmo com Nova Fronteira sendo de um "elseworld". Assim, o background do Lanterna é bastante sintético e dura o tempo dos créditos de abertura: uma breve apresentação do piloto de testes Hal Jordan, seguido do clássico encontro com o alienígena moribundo Abin Sur e logo o herói chega ao planeta Oa para integrar a Tropa dos Lanternas Verdes. Lá, ele enfrenta os problemas típicos de adaptação de um recém-chegado em meio a veteranos, mais a perigosa rotina da maior força peacemaker do universo - além, é claro, de uma obscura ameaça que se revela na segunda metade da trama.
A dinâmica entre os personagens principais costura uma relação tensa, bem ao estilo do filme Dia de Treinamento, onde o novato Jordan passa dobrados cada vez mais sinistros com seu oficial... Sinestro. Que por sinal rouba a cena. Sua evolução e motivações pessoais são observadas bem de perto, desde a relação desgastada com os Guardiões de Oa até sua transformação no primeiro Lanterna Amarelo, ganhando mais tempo de tela do que o esperado. Isso acaba criando a interessante sensação de que Primeiro Voo se trata mais sobre a origem do vilão do que do herói.
Dono de um carisma arrogante e uma relação dúbia com Hal - ele admira a raça humana por tudo que ela tem de pior -, Sinestro ainda conta com uma irretocável dublagem.
Estreando em animações, o ator Victor Garber empresta elegância e sagacidade ao Lanterna renegado. Já Hal Jordan teve a ótima performance de Christopher Meloni, o Chris Keller, da série Oz (tão inesperado quanto irônico). Kilowog encontrou sua voz definitiva no gogó de Michael Madsen (superando até o excelente Dennis Haysbert, na série da Liga), Kurtwood Smith competente como sempre na voz de Kanjar Ro e a fabulosa Tricia Helfer bem à vontade na voz da Lanterna Boodikka.
Mas se for contabilizar tempo de tela x desenvoltura, quem sai na frente é a atriz Juliet Landau. Numa pequena (e sensacional) participação, ela confere sarcasmo e uma deliciosa vulgaridade na voz da alien Labella.
Até onde conheço do universo do Lanterna, Primeiro Voo se mostra bem fiel aos seus aspectos mais caros. E alguns deles tiveram uma ótima transição da arte sequencial para a arte animada. Um bom exemplo são os anéis que retornam à Oa quando seus portadores morrem. Isso rende cenas tão sutis quanto impactantes - o que parece ser o objetivo maior da diretora Montgomery nos 75 minutos da animação.
Se o vindouro filme tiver metade dessa vibe, o dia será mais claro e a noite menos densa para as adaptações da DC. Afinal, nem todos vivem de intimidações.
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segunda-feira, 29 de novembro de 2004
ALÉM DO CIDADÃO LEE
Alvejado por uma de suas próprias flechas (disparada por dois junkies sem qualquer habilidade e em plena crise de abstinência), Oliver Queen, o Arqueiro Verde, se depara com um desafio muito pior do que os supervilões que estava acostumado a enfrentar: o tráfico de drogas. Dessa vez, o Mal não vinha dos confins do Universo ou de outra dimensão. O Mal agora era interior e contava com tantas nuances que tornava a sua resolução praticamente impossível. Para auxiliá-lo nessa verdadeira bad trip, o herói e amigo pessoal Hal Jordan, o Lanterna Verde, em sua concepção da Era de Prata - não por acaso, sua melhor fase.
E assim começava o arco O Pranto dos Pássaros Feridos/A Morte Cresce Dentro de Mim, publicada no Brasil na edição #4 da saudosa Superamigos e uma das melhores e mais atemporais histórias já concebidas nos quadrinhos. Um clássico da abençoada dupla Dennis O'Neil/Neal Adams. Quando eu classifico essa fase de "atemporal" não é à toa. Longe do maniqueísmo e escapismo tradicionais, o roteiro corajoso de O'Neil colocava os heróis enfrentando não vilões, mas pessoas reais, com todos os erros e acertos comuns a qualquer um.
Inteligentemente, os heróis também "sofriam" com os efeitos da realidade e, não raro, demonstravam falhas de caráter e cometiam erros de julgamento. Isso sem falar da temática barra-pesada, muito à frente de seu tempo e sem o glamour familiar das HQs. Já a arte clássica de Adams, além de ser um colírio visual, exibia uma técnica estilosa, bem-acabada e muito acima da média, mesmo para os dias de hoje. Aliás, principalmente para os dias de hoje, infectados por poses sexistas e músculos inexistentes na anatomia humana.
Tudo isso em uma história publicada originalmente em 1971 (!).
Às vezes eu fico com um pouco de receio de ser tachado de saudosista, mas relendo histórias antigas e com esse nível de qualidade, é impossível ficar impassível (putz). A perfeição mora nos detalhes, e até o formato de quadrinhização foi utilizado por Adams como uma ferramenta. Esse trecho, por exemplo, fala por si só. Para ilustrar a dor do Arqueiro ao levar um soco no braço machucado, ele driblou a falta de espaço com uma classe impecável. Conseguiu passar o sentimento surpresa-reação-dor-impotência em apenas um quadrinho fragmentado em sentido descendente. Perfeito.
Isso pode parecer simples (e até é - as melhores idéias não são as mais simples?), mas se fosse nos dias de hoje, qualquer Liefeld ou Bagley da vida transformaria esse mero quadrinho numa página dupla central e ainda assim não conseguiria transmitir a mensagem.
Outra sacada de mestre e característica principal da fase O'Neil/Adams. Mesmo habituados a enfrentar ameaças de porte incomensurável, ao lado da Liga da Justiça ou em suas aventuras solo, tanto o Lanterna como o Arqueiro encontravam as maiores dificuldades ao lidar com o "real". Seus dons acabavam sendo anulados pelo fato de que não há somente o bom e o mau. Na prática não é tão simples, e o uso dos poderes e habilidades ficavam extremamente restritos, pois não havia um "alvo" pré-definido.
Esse momento é bastante ilustrativo. Após a ajuda voluntária de um viciado "que não agüentava mais o seu vício", eles acabam sendo traídos pelo mesmo, que não suportou sequer olhar para o seu traficante sem querer se drogar novamente. Com apenas um golpe, ele pôs abaixo o Lanterna Verde, um dos maiores pesos-pesados das HQs. Irônico e trágico ao mesmo tempo. E genial também.
Até então, Ricardito era só mais um ajudante de Papai Noe... ops, de super-herói. Ele era um sub-Dick/Bucky travado, situação que piorava pelo fato de que o próprio Arqueiro (seu "patrão") sempre foi relegado à condição de coadjuvante. Mas nas idéias e mãos hábeis de O'Neil/Adams, Ricardito adquiriu mais dimensão que muito super-herói de destaque por aí. De bom moço aspirante a herói teen, ele se tornou um... drogadito (putz²) - talvez o primeiro personagem de HQ a passar por uma barra dessa. E bem debaixo da barbicha do Arqueiro, o que lhe rendeu um dos acessos de fúria mais singulares dos quadrinhos. Essa cena é clássica, sem dúvida uma das mais marcantes da história da nona arte.
Drogadi... digo, Ricardito, recebeu de O'Neil um senhor precedente para grandes histórias no futuro. Pense em Tony Stark, o Homem de Ferro, e seu onipresente fantasma do alcoolismo. Com Ricardito seria parecido, mas muito mais intenso, devido à ilegalidade do objeto de seu vício. Infelizmente, num belo equívoco editorial, o personagem ficou abandonado após essa fase, limitado a fazer pontas (sem trocadilhos!) nas entressafras das aventuras principais dos Novos Titãs.
Em novembro de 2000, a DC resgatou essa fase memorável de O'Neil/Adams à frente da revista Green Lantern/Green Arrow, através da série DC Archive Editions. The Green Lantern/Green Arrow Collection, trazia toda essa fase num encadernado de capa dura e 368 páginas. Seria um belo presente de Natal, não fosse o preço sanguinolento: US$ 75,00 (!).
Mais recentemente (setembro último), a editora Opera Graphica resolveu entrar na brincadeira e lançou Lanterna Verde e Arqueiro Verde: Sem Destino, um álbum que contém duas histórias dessa fase: ...E Uma Criança Irá Destruí-lo e Um Mundo Feito de Plástico, ambas inéditas por aqui (essa Abril Jovem...). Agora, as más notícias: o álbum traz apenas 64 páginas à 'módicos' R$ 19,90.
Tudo bem que as histórias primavam pelo "realismo", mas isso não precisava chegar até o preço...
Link:
Excelente matéria sobre a fase O'Neil/Adams, escrita por Rafael Lima, no Sobrecarga
Não sou tão entusiasta assim de animês, com exceção dos tour-de-force habituais do gênero (tipo Akira, Ghost In The Shell, Cowboy Be-Bop, Metropolis, etc.). Mas o estilo sempre me agradou - e muito - pela dinâmica e fluidez. Além do quê, o anime é uma clara representação da cultura japonesa moderna, repleta de inovação e tecnologia, e que, ao mesmo tempo, reverencia sua cultura milenar. É, talvez, o choque "velho/novo" mais harmonioso de toda a cultura pop contemporânea, com a grande vantagem de trazer um raro conhecimento de causa - coisa que o filme A Viagem de Chihiro realizou com maestria ímpar. Pra falar a verdade, até que eu saco um pouco de animês, sim...
E Quentin Tarantino também, ao inserir aquela antológica seqüência animada em Kill Bill. O mérito pela grande idéia é todo dele, já o mérito pela eficiência técnica vai pra Production IG, a empresa responsável pela inspirada animação. Para quem (como eu) ficou querendo mais daquele anime session surrealista, o Linkin Park (banda que eu rotulo de playstation rock) resolveu embarcar na onda e contratou a Production IG pra dar um "trato" no clip da música Breaking The Habbit, do álbum Meteora.
Claro que ali foi mais timing e oportunismo barato do que genialidade propriamente dita. Mas que ficou bom pra cacete, ficou (tem até um construto igualzinho ao do filme Contato, com a Jodie Foster).
A propósito, eu não assisto à MTV... mas imagino que você já deve ter assistido esse clip no mínimo umas 4.000 vezes. Eu baixei dia desses e só vejo de vez em quando. :P
SF2V conseguiu a proeza de criar um background, se não verossímil, ao menos aceitável, para os personagens. Na verdade, sempre houve um senso comum do que eles poderiam ser, e isso já era perceptível mesmo na velha plataforma 2D. Eu, por exemplo, nunca imaginei a Chun Li como uma vilã, ou o carniceiro Vega como um mocinho. A índole dos personagens já era subentendida, e pra saber a origem de cada um, bastava zerar o jogo (o que eu nunca consegui fazer com o desengonçado Dhalsim).
Em 29 episódios, a série era centrada em Ryu Hoshi e no playboy Ken Masters, amigos de infância e exímios lutadores. Eles se reencontram após vários anos e Ken banca uma turnê mundo afora, em busca dos maiores lutadores do planeta. E é só isso...! A premissa era básica ao extremo (como de se esperar!), mas executada tão bem, de forma tão empolgante e competente, que era impossível não se emocionar. Sem o crivo da M.P.A.A. e das zilhões de siglas de órgãos de censura norte-americanos, a Capcom (dona dos direitos do game) largou a equipe japonesa à vontade. E a pancadaria comeu solta.
Pra alegria dos fãs, SF2V era violento com força! Espirros de sangue, lacerações e ossos fraturados eram lugar-comum na série. Dificilmente seqüências gráficas como a luta entre Ken e Vega passariam pelo crivo da censura norte-americana. Os combates era muito bem tramados e "coreografados", sempre ao som de muito rock pesado e tecno. A trilha sonora de abertura, aliás, é um primor à parte, lembrando um mix do tema de Exterminador do Futuro com a pegada épica de Jerry Goldsmith (tá, exagerei um pouquinho).
Outro detalhe interessante - e relacionado à cultura japonesa - é a maneira como o sexo comparece em SF2V. A sexualidade ali é mostrada de uma forma mais natural, libertadora e até inocente (da maneira como eles o enxergam), não libidinosa e contraventora (como nós o enxergamos e na maioria dos casos, queremos). Mas calma, não existem hentais nos desenhos não. Eu me refiro apenas ao subcontexto que veio camuflado, como na cena de topless da sexy Cammy e em seu uniforme pra lá de sumário, e, principalmente, no embate/dominação entre Bison e Chun Li, onde seu vestido é reduzido a pedacinhos bem estratégicos.
Os episódios de Street Fighter 2 Victory são uma beleza de se assistir, altamente empolgantes. Pena que foi tudo muito breve. Para os incautos, recomendo uma generosa sessão de downloads no KaZaA. Todos os episódios estão lá, o que me faz agradecer à Hórus pela existência dos P2P.
Seguem uns shots, pra matar a saudade.
Ken e Ryu, treinando ainda moleques...
...e mais tarde, já adultos e batendo muito mais forte
Vega... traiçoeiro, impiedoso, ultra-violento...
...e retalhando Ken de fora a fora
O temível Bison e o misterioso artefato que lhe confere o Psycho Power
O combate final... o esperado momento do ajuste de contas...
Bison, esbanjando energia negra...
...e esfregando o chão com a cara do Ken!
Ryu, invocando o Hadouken...
...a energia primordial...
...e Bison, esperando seu primeiro desafio digno em muito tempo!
Foda, foda, foda! Já quero até assistir de novo. E como diria o slogan/grito de guerra do desenho...
dogg, que queria ganhar Lanterna Verde e Arqueiro Verde: Sem Destino de Natal, mais o DVD-Box de SF2V (um pacote natalino, na verdade!), ao som de Tornado of Souls, do CD ao vivo do Megadeth.
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