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sexta-feira, 19 de abril de 2024

90 centímetros a mil


Nelson Ned não tinha 90 centímetros. Tinha 1 metro e 12. Isso não impediu a gravadora de tascar a marca fake em seu disco de estreia, Um Show de Noventa Centímetros, de 1964, por questões marketeiras. Está tudo bem explicado na bio Tudo Passará: A Vida de Nelson Ned, o Pequeno Gigante da Canção (Companhia das Letras, 2023), escrita pelo jornalista André Barcinski.

Bio, aliás, que anda fazendo mais barulho que o próprio Barulho. Merecido.

Querendo ou não, cresci ouvindo Nelson Ned. Nada de rock americano ou pós-punk inglês lá em casa, apenas a fina flor das paradas AM: trilhas de novelas, compactos e elepês de Roberto Carlos, Ângela Maria, Núbia Lafayette, Clara Nunes, Nelson Gonçalves, Sérgio Reis. De artistas internacionais, dá-lhe Ray Conniff e italianos como Peppino di Capri, Sergio Endrigo e Nico Fidenco. E havia o Eu Também Sou Sentimental, então, para mim, um muito curioso disco de 1970.

a capa já me deixava fascinado, com o Nelson sentado num banco, fotografado de corpo inteiro (raridade). Nunca havia visto alguém com nanismo, quanto mais um cantor com nanismo. Era desconcertante ouvir aquele artista pequenino com um vozeirão tão imponente. Era mágico até.


Na fauna midiática popularesca do Brasil dos anos 1970-1980, Nelson Ned era um paradoxo. Surgia num Chacrinha aqui, num Raul Gil ali, num Silvio Santos acolá e sumia. Parecia muito ocupado, pois seguia no topo da forma vocal e não parava de lançar discos.

Tínhamos certa noção do sucesso dele lá fora, mas não fazíamos ideia do tamanho desse sucesso. Um pouco pela barreira cultural que separa o Brasil dos demais países da América do Sul e muito pela má vontade da imprensa brasileira com a obra do Nelson. Não havia informações, excetuando algumas poucas matérias em programas de variedades. E mesmo assim nenhuma dava a dimensão exata.

Tudo Passará traz justiça à jornada de superação de Nelson Ned e à sua carreira única no estrelato mundial. Mais ainda, faz uma reparação histórica do jornalismo musical brasileiro com o cantor. Espero sinceramente que não acabe por aí.

O texto de Barcinski tem uma dinâmica ágil e bastante visual. Serve perfeitamente como base para o roteiro de um filme – ou de uma minissérie da Netflix ou da Globoplay, quem sabe? A tocante sequência de abertura, mostrando os bastidores de um show do Nelson do ponto de vista do baterista Raymundo Vigna, é para ler chorando e fazendo o enquadramento da cena com as mãos.

Essa sensação acompanha a maior parte da leitura como uma opção narrativa eficiente e instigante, jamais de maneira apelativa.


O livro cobre desde as suas origens humildes em Ubá, na Zona da Mata Mineira, e as primeiras incursões em carros de som e programas de rádio até o avassalador sucesso na América Latina e na África lusófona. E, claro, também traz toda a bagagem hardcore de sexo, drogas e violência que o próprio Nelson, já evangélico, não se furtava em confessar em entrevistas.

Esse é outro aspecto que também não tínhamos ideia do tamanho da encrenca. Tudo é esmiuçado em detalhes de empalidecer até o Keith Richards. Nelson Ned não era brinquedo.

A bio contou com o precioso apoio e colaboração da família de Nelson, aparentemente sem restrições. Algo que não se vê muito por aí, infelizmente.

Uma dica aos aventureiros é deixar as orelhas e o ótimo texto do Marcelo Rubens Paiva na contracapa para leitura posterior. Preservar as surpresas da experiência foi tão bom que até evito – com muito esforço! – comentar aqui sobre as situações cabulosas e as figuras improváveis que pipocaram na trajetória do Nelson. O livro merece. E o leitor, mais ainda.

De ruim, é justamente o tamanho (sem trocadilho): apenas 256 páginas que passam rápido demais. Menos que as imersões de Vale Tudo: O Som e a Fúria de Tim Maia e do 50 Anos a Mil, do Lobão – em contrapartida, é bem mais fluído e sem a prolixidade, por exemplo, de Chacrinha: A Biografia. Provavelmente, mais uma opção de abordagem.

O importante é que agora finalmente há um registro oficial para esta história inacreditável. E bota inacreditável nisso.


Coisa que o próprio Nelson Ned tinha consciência há tempos.

terça-feira, 9 de maio de 2023

Essa tal de Rita Lee


Rita Lee Jones de Carvalho
(1947 - 2023)

Não foi exatamente uma surpresa, mas o choque... ah, esse foi inevitável.

Rita Lee é uma figura tão arraigada na vida da minha geração, que é difícil conceber que ela não estará mais aqui, fisicamente, na vanguarda contra a caretice estabelecida. Essa ficha vai demorar a cair. Quiçá, nunca. Mas a arte, como dizem, é eterna. E a Rita tratou de providenciar isso desde seus anos no grupo Os Mutantes.

Conheci a Rita na fase pop açucarado, pós-Tutti Frutti, ao lado do marido Roberto de Carvalho. Na época, era um moleque e fiquei nada menos que arrebatado pela imagem da mulher mais sexy e cool que já tinha visto na vida.

Mulher não, deusa. Do rock, do pop, o que seja. Mas deusa.

No tempo certo e nas circunstâncias certas, fui conhecendo a obra completa. E os shows. A sagacidade. O humor. As tiradas. E o ativismo. Rita Lee iria me acompanhar por muito tempo ainda. Chuto, de voleio, que para sempre.


Obrigado por tudo, Rita Lee!

segunda-feira, 13 de março de 2023

Opa! Peraí, Canisso


José Henrique Campos “Canisso” Pereira
(1965 - 2023)

Pegando todos os quarentões-e-além no contrapé, se foi o grande Canisso. E com ele, boa parte do elemento "diversão" no rock brazuca dos anos 90. Aliás, nem vou fingir que não achava o Raimundos a banda mais divertida do cenário noventista nacional e certamente aquela na qual mais fui aos shows. Era o lugar certo, na hora certa.

Canisso parecia, de longe, o cara mais sussa entre os quatro integrantes. Fosse no palco, fosse nas entrevistas em meio aos seus inflamáveis colegas, ele sempre manteve uma postura, digamos, Coach Beard: estóico, imperturbável, pé no chão e com um pavio de 12 quilômetros de extensão. Um cara-crachá inequívoco de sujeito boa praça.

E figura no seleto clube de baixistas que me faziam cometer um air bass criminoso, mas daora, debaixo do chuveiro.

Também, com esse naipe de estaladas matadoras, quem nunca?






Valeu por tudo, Canisso!

terça-feira, 22 de novembro de 2022

O Gigante que sabia viver


Erasmo "Carlos" Esteves
(1941 - 2022)

Erasmo Carlos fez suas últimas graças com o público ao sair de uma internação preocupante no início do mês. Sempre uma figuraça, até nos momentos mais delicados. Quase dois metros de pura simpatia e coração fizeram do "Gigante Gentil" um dos apelidos mais certeiros do showbiz. Claro que sua partida surpreende, claro que emociona, mesmo que o tal quadro de síndrome edemigênica (?) já inspirasse cuidados redobrados para um colosso de 81 primaveras.

Faz parte da vida e, no caso do eterno Tremendão, o pacote vinha completo. Entre uma discografia com mais altos do que baixos, destacam-se três obras-primas: Erasmo Carlos e os Tremendões (1970), Carlos, Erasmo (1971) e Sonhos e Memórias (1941-1972) (1972), com o artista adotando letras confessionais e intimistas, imerso em influências soul, samba, funk, acid rock e experimentalismos.

Não por acaso, três discos imediatamente posteriores ao seu protagonismo no programa/gênero/movimento Jovem Guarda ao lado do amigo-de-fé-irmão-camarada Roberto Carlos.

A parceria com o "Rei" até a sua (dolorosa) separação rendeu uma música lindíssima, a clássica "Sentado à Beira do Caminho", lançada em compacto 12" em 1969. Nelson Motta, sempre ele, contextualizou o momento em seu livro Noites Tropicais:
“Mas todo mundo percebeu que alguma coisa havia mudado. Começava o reinado de Roberto Carlos, o artista mais popular do Brasil.

Aos poucos, ele foi saindo da ‘Jovem guarda’, que se tornou apenas mais um entre vários programas em que se apresentava. O programa continuaria sem ele, comandado por Erasmo e Wanderléa.

Na última vez em que Roberto se apresenta na ‘Jovem guarda’, em que não aparecia há semanas, Erasmo lança um dos maiores sucessos musicais do ano e um clássico instantâneo: ‘Sentado à beira do caminho’ é a música de despedida, uma bela balada de abandono e de solidão, que era para o fim da ‘Jovem guarda’ o que ‘Quero que vá tudo pro inferno’ tinha sido para o início:

‘Preciso acabar logo com isso, preciso lembrar que eu existo, que eu existo...’

O Brasil inteiro cantou com Erasmo, Bráulio Pedroso dedicou praticamente um capítulo inteiro de sua novela ‘Beto Rockeffeller’ na TV Tupi, o maior sucesso do momento na televisão, a cenas mudas com o protagonista Luiz Gustavo andando pelas ruas de São Paulo ao som de ‘Sentado à beira do caminho’, um capítulo-clip.”

Um daqueles conselhos pra vida. Só faz bem ouvir de tempos em tempos.

Obrigado, Erasmo! Valeu, bicho!

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

À Gal


Gal Maria da Graça Penna Burgos Costa
(1945 - 2022)

Sem chance de racionalizar qualquer coisa mais elaborada agora. Estou tão atropelado pelo dia de hoje quanto qualquer brasileiro com o mínimo de bom senso.

Como momento de arte, de cultura, de país... histórico, com certeza. Gal Costa era a nossa Primeira Diva, agora eterna.

Diria que era hora de ouvir um dos meus discos favoritos de todos os tempos, Fa-Tal: Gal a Todo Vapor, dela com o genial guitarrista e arranjador sino-brasileiro Lanny Gordin. Mas é algo que faço desde sempre.

Achei uma graça as duas últimas publicações dela no Instagram.

sábado, 22 de outubro de 2022

Tim Maia em suas próprias palavras


Difícil pensar numa conexão mais esdrúxula que Frank Zappa e Tim Maia. Mas a docussérie Vale Tudo com Tim Maia, produção da Globoplay codirigida por Nelson Motta e Renato Terra, mostra que existem mais similaridades entre o fusionista de Baltimore e o soulman da Tijuca do que julga a vã filosofia. A começar pela própria natureza musical: compositores multi-instrumentistas autodidatas (apesar de Zappa dominar tudo de teoria) que estrearam na carreira como bateristas. E um dos aspectos mais importantes, que era a saudável mania de registrar tudo o que fosse possível, de conversas informais e coletivas de imprensa a ensaios e bastidores.

Uma semelhança em vida que tornou possível uma bem vinda semelhança póstuma.

No doc Eat That Question: Frank Zappa in His Own Words (Thorsten Schütte, 2016) — que já mencionei en passant, inclusive — fiquei maravilhado com a proposta old school de conduzir o filme apenas com materiais de arquivo. E mais ainda com o volume impressionante desse material, que possibilitava uma narrativa com início, meio e fim amarrando cenas bem difundidas com outras obscuras e/ou raríssimas. Tudo isso sem apresentadores ou narrações em off, apenas com breves legendas para efeitos contextuais e cronológicos.

É muito bom ver que o formato não só foi possível no caso do Síndico, como funcionou à perfeição. Tim Maia era o melhor promotor de si mesmo. A série em três capítulos reúne registros pessoais doces e bucólicos com sua família e com as crianças do orfanato Lar de Narcisa (graças à colaboração de seu filho Carmelo) ao lado de típicos "momentos Tim Maia", antológicos, e muita, mas muita música. As sequências da fase de shows em bailões de subúrbio, em particular, são sensacionais, com lotação sold out e público enlouquecido. E claro que as pirações-Maia também têm seu espaço garantido. A fase Racional tem o merecido lugar de destaque, bem como a entrevista de um Tim doidão para o Otávio Mesquita após um show caótico em que até o Fábio Jr. foi convocado ao palco para dar uma "ajudinha" nos vocais.

Essenciais também são as passagens de Tim pelo Cassino do Chacrinha. O cantor trovejando no palco cercado pelas gostosíssimas Chacretes é o puro suco de Brasil dos anos 80. E bola dentro para a inclusão da bizarra cena que resultou na briga do Síndico com o Velho Guerreiro.

Em contrapartida, o mesmo programa foi palco do lindo dueto de Tim e Gal Costa, que simplesmente para de cantar só para ficar admirando o vozeirão do homem. Momento fanzoca total, paralelo ao trecho da entrevista no programa Gente de Expressão, da Bruna Lombardi. Num momento confessional sobre a dualidade da fama e o preço da solidão, Tim derrete o coração da entrevistadora com uma palhinha de "Não me Iludo Mais". E emenda com um "mas a voz é foda, né?", quase como se estivesse se referindo a outra coisa ou pessoa. Um momento que sintetiza todo o embate entre o Tim e o Sebastião.

Uma amostra da esportividade de um dos realizadores foi a inserção do dueto ao vivo de Tim e Marisa Monte. Cantando "Chocolate" abraçadinho com a artista, Tim dá uma provocada: "Nelson Motta, cê tá cheio de ciúme, né? Nós estamos só vendo que música que nós vamos cantar, cara. Calma, bróder." Divertido, com certeza, mas ganha a ressonância de piada interna para quem leu a bio/ensaio Noites Tropicais (2000), do notório produtor.

Vale Tudo com Tim Maia é uma deliciosa (e rápida) viagem pela carreira do Síndico. Imperdível documento histórico para admiradores do músico ou simplesmente de música popular brasileira. E funciona ainda melhor em conjunto com o especial de tevê Por Toda a Minha Vida: Tim Maia, de 2007, e, logicamente, o livraço Vale Tudo: o Som e a Fúria de Tim Maia (2006), de Motta.

Ao contrário do Tim, esses não podem faltar...


quarta-feira, 29 de junho de 2022

Panela vegan é que faz comida boa


Já espalhei a palavra em tudo que é lugar: há tempos o Panelaço é o melhor programa de entrevistas brasileiro. E de culinária vegana. Os pratos são saborosos (os que arrisquei copiar, pelo menos) e inacreditáveis: coxinha de jaca, strudel de maçã e banana, penne ao abacaxi, cebolada com farofa de maracujá, pudim de tapioca e por aí vai.

E o Gordo, cara.

Gordo é foda. A cancha que o cara tem hoje é anos-luz de sua época na MTV, que já era muito legal. Ele sabe criar/manter um clima informal como poucos e deixar os convidados bem relaxados (excetuando uma), dispostos a responder praticamente qualquer coisa. Ele não é de desperdiçar chances. Além de tudo, é obrigatório para quem se interessa pela fauna musical brasileira.

Portanto: feito, feito e feito. E vou dormir feliz, crucificando o sistema.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Pavões do Barulho


Uma das maiores surpresas do jornalismo musical do ano. O jornalista e diretor André Barcinski lançou Pavões Misteriosos originalmente em 2014 pela editora Três Estrelas, do Grupo Folha. É uma das investigações mais completas já impressas sobre o cenário da música brasileira embaixo e fora dos holofotes. Agora, com uma reedição turbinada com 400 páginas extras, vira quase uma Bíblia da bizarrice pop-canarinha.

E Barulho: Uma Viagem pelo Underground do Rock Americano saiu em 1992, pela editora Paulicéia. Foi um livro-evento para todo mundo que curtia rock não-farofa do final da década de 1980 até o início da década de 1990. O material foi resultado de uma viagem de dois meses e ½ fotografando e entrevistando alguns dos pilares da seara alternativa da época —figuras como Steve Albini, Jello Biafra, Ministry, Nirvana, Mudhoney, Ramones, Red Hot Chili Peppers e por aí foi. Algumas destas reportagens inclusive foram editadas na revista Bizz como "amostra grátis" numa série de matérias sensacionais intitulada, logicamente, Barulho. Brodagem pura, só pra ficar nos anos 90.

O que é mais curioso sobre essas futuras reedições (autopublicadas, por sinal) é a discrepância absurda de timing. Pavões foi escrita na mesma pegada analítica e documental de publicações seminais como Mojo, Uncut e a Rolling Stone gringa. Material atemporal para ler, reler e manter sempre ao alcance da mão para consultas. Já Barulho...

Kurt Cobain botou um fim em boa parte daquela história poucos anos depois, quase todos os Ramones se foram, o palco desabou, a indústria morreu, enfim. O único fator que justifica a publicação de Barulho hoje é a força da nostalgia.

Barcinski nunca demonstrou grande interesse em um relançamento do livro —meio um álbum de fotos com textos curtos e diagramação marota pra dar aquele realce— e até se mostrava a favor de seu compartilhamento digital. Certamente, os pedidos de reimpressão da turba carente na casa dos quarenta e alguma pesquisa de mercado (de revivais) devem ter mudado os planos. Um Catarse teria sido um belo termômetro de alcance público.

Também não deixa de ser sintomático que os dois livros tratem da música produzida há, pelo menos, trinta anos. E claro que vou correr atrás dos dois. Pode me chamar de Matusa nostálgico, mas não de ter mau gosto musical.

domingo, 19 de junho de 2016

Os discos voadores estão chegando!


Sempre me perguntei por onde eles andavam.

Como devoto fervoroso de São Maia, padroeiro do Soul e do R&B, fui surpreendido nesta idílica manhã domingueira com o ribombar de uma banda marcial se aproximando ao longe. Na espiadela discreta pela janela, fui fulminado pelo reluzir do uniforme branco-como-uma-fuckin'-supernova dos músicos e do animado coralzinho de crianças.

"Não, não pode ser", pensei eu, até ver a inscrição gravada no bumbo e atestar o inatestável:

"UNIVERSO EM DESENCANTO
CULTURA RACIONAL"

Parafraseando o saudoso Tim Maia, nesses tempos bagunceiros, onde a racionalidade e o bom senso das instituições, da política, das classes, dos gêneros e até da nossa adorada cultura pop parecem ter sido mandados para as cucuias, nada mais normal. Acho mesmo que a Cultura Racional era a peça que faltava nesse Bizarro World que é o mundo atual (falemos mais disso no post seguinte). A nave-mãe não poderia ter (res)surgido em melhor hora.

Pena que as antenas eletromagnéticas do comboio espacial não estavam bem calibradas, visto que passaram reto pelo maior expert em Cultura Racional da rua. Sério, por aqui sou praticamente um cavaleiro jedi da matéria.

Pelo menos deu tempo pra correr e ganhar uns folhetos de um súdito que irradiava alegria em sua indumentária branco-Omo Ultra Mega Ação!

Vede, mortais magnetizados:


A Verdade em frente e verso. Midi-chlorians on crack!

Esse vai pra seção de memorabílias trash pop.

Confesso que estou me segurando demais pra não visitar o QG alien e fazer um recon da patifaria in loco. Mesmo com receio de sair de lá vestindo roupas brancas. Com esses caras não se brinca.

Só pra situar: surgida na década de 1930, a Cultura Racional era mais uma seita misturando bases religiosas tradicionais com esoterismo e ufologia num insano plano cósmico que mais parecia Star Trek encontra Deixados para Trás. Os ensinamentos eram compilados numa série interminável de livros chamada "Universo em Desencanto", vendidos a preços módicos pelos fiéis seguidores.

Em suma, foi um precursor la garantía soy yo da Cientologia, fadado à obscuridade total, não tivesse seduzido um famoso adepto em meados dos anos 70 - o indomável Tim Maia, então em grande fase artística e comercial.

Durante o breve namoro, Tião perdeu tudo em sua louca paixão racional/superior/extraterrestre, mas legou para posteridade dois excepcionais álbuns "religiosos": os míticos Tim Maia Racional vol. 1 e vol. 2.

Apesar de musicalmente brilhantes, os bolachões pegavam pesado na pregação, não venderam nada e foram irrevogavelmente banidos da memória e do repertório do Síndico assim que ele, falido, cortou relações com a seita. Com o tempo, os discos ganharam reconhecimento e status cult - e ainda renderam um terceiro miojão de sobras, póstumo, muito divertido.

O causo é folclórico no panteão do pop nacional e bastante conhecido, mas sempre vale o replay.


Para maiores e melhores informações, recomendo logo o calhamaço punk-biográfico Vale Tudo, de Nelson Motta. Depois do arrebatamento visual que tive hoje, não será outra a minha fonte de leitura nos momentos de ostracismo laboral durante a semana.




No vídeo abaixo, Tim estava bem no início de sua jornada de "desmagnetização" (e de sua bancarrota profissional e financeira). A música de louvor é a última do pout-pourri, quase ao final, mas vale destacar a abertura também, com uma raríssima "Réu Confesso" ao vivo, outra que, devido a imbróglios legais, foi riscada para sempre da vida do Síndico.



Uma excelente semana. E não se esqueça dele:

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Mr. Catra's in the House


Deu no feice: tudo certo pro álbum de estreia do Mr. Catra & Os Templários, a banda de metal e hardcore do digníssimo embaixador/engenheiro/diplomata Wagner Domingues da Costa, vulgo Mr. Catra - e dou o serviço, foi o Wikipédia quem caguetou essa informação. Quem estava acostumado com o folclórico cancioneiro do MC, abordando de conduta moral à crise na instituição do casamento até relações trabalhistas, vai arrepiar os cabelos descoloridos, franzir as tocas ninja e inverter os sorrisos de suas tatuagens do Jóker. 

Ao que parece, as músicas realmente não fazem a menor concessão pra malandro (e muito menos pra mané) e mostram que Catra & cia não vêm pra perder viagem. O som é papo reto!






O que normalmente pareceria mais um atentado ao rock 'n' roll nosso de cada dia, se desenha não como sua salvação, mas como a injeção de sangue quente que o pop brasileiro vem implorando há muito tempo. Sim, o underground é fervilhante, só que aquela ponte para o mainstream continua no fundo do rio. Catra, por sua vez, é um dos artistas nacionais com maior exposição na grande mídia - agora mesmo ele está lá, distribuindo seus vaticínios pra revista grande. E com público próprio e fidelizado garantido a autossuficiência comercial.

Usando todo esse alcance pra tocar o terror num programa dominical, ou mesmo sabático, o estrago seria antológico.

Habitué em qualquer atração da TV aberta, seja pra falar de maconha, do funk proibidão ou de seus 788 filhos e 354 esposas, a correção política é a menor de suas preocupações. Não é balela poser, o cara vive isso. Fosse na gringolândia, certamente seria parte da turminha do Lil Jon, Big Boi e Snoop Dogg. Transposto para o idioma do rock pesado, acaba adquirindo contornos de autêntico bad boy, saído direto da favela/gueto/trenchtown. Um Ice-T dos trópicos - e olha que Ice é um chihuahua perto da besta-fera carioca. 

Marrento que só, diz que "curte e respeita" Led Zep, Biohazard e Body Count. Sem descansar a artilharia, se compara a David Coverdale. E antes que alguém leve à ponta da faca, é bom frisar que isso também tem tudo a ver com a melhor tradição malaca do rockstar.

Trash talk, inadvertido que seja. E se for, melhor ainda.


Pra quem está de saco cheio de rockinho cara limpa, Chicos Buarques de CCE universitário e indies de SESC, o álbum do Catra (e d'Os Templários) parece até providência divina. Chuva de fogo e enxofre pra cima de uma ceninha de bastardos bossa-novistas e penetras no Clube da Esquina. 

Ou como ele mesmo explica numa síntese que só as mentes mais aerodinâmicas são capazes:

"Acho que esse disco vai acabar com a brincadeirinha que virou o rock. Agora é porrada. O rock voltou. Acabou o colorido. Acabou a matinê."

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Não morreu, descansou



MTV Brasil
* 1990  † 2013

Só ela me fazia escalar o telhado pra fuçar febrilmente na antena externa até conseguir uma imagem menos deplorável. Bons tempos.

Obrigado pelo Fúria, Garganta e Torcicolo, Gordo a Go-Go, Hermes & Renato, Gás Total, Lado B, Mondo Massari, Teleguiado, Barraco, Yo!, Sabrina Parlatore, Fernanda Lima, Cuca, Soninha, Marina Person e Didi.

R.I.P.!

Uma notícia trazida até você pela funerária Cavallote.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

"JOE, CALL THE POLICE... THE GIRL IS A ZOMBIE!"







"My Girl Is A Zombie"
Junkie Jesus Freud

Rigor Mortis is visible in her skin
Darling, you are so cold
And purple today
I'm curious to hear the news
From the living dead
Excuse me, there are some
Worms dancing in your head
But I want to know
That I'm glad to see you
Girl, I think I pissed in my pants

Joe, call the police
Joe, call the police
The girl is a zombie
Operator, please
It's an emergency

Joe, I think she wants
To eat me slowly
Darling, please
Go back to your grave
"'Till death take us apart"
Is a fucking joke
Baby, I'm serious
It's time to go
But I want you to know
That I'm glad to see you
Girl, I think I really can't
Drive you home



Mas quase sempre é tarde demais.

terça-feira, 13 de abril de 2004

LIVE SHIT: O MELHOR DOS MELHORES!


Reconhecidamente dono de uma das melhores performances (senão a melhor) dentro do estilo hard/heavy, em novembro de 1993, o Metallica resolveu suplantar a enorme quantidade de material pirata que levava o seu nome. O resultado foi um projeto-monstro que envolvia um CD triplo e 3 home-vídeos VHS cobrindo parte da turnê do Black Album, de 91. Isso tudo, fora os já então lançados home-vídeos da série A Year and A Half..., que focavam os bastidores das gravações e parte da tour subseqüente. Com certeza um lançamento ainda mais radical do que os dois Use Your Illusion, dos gunners - então os reis da montanha heavy.


O box importado é bem mais legal!!

Live Shit: Binge & Purge, um mega-registro dessa época, foi relançado recentemente na seguinte configuração: CD-triplo, DVD duplo e um livreto de 72 páginas contendo entrevistas, fotos e comentários. A trouxa toda está saindo em torno de uns 200 reais. É um absurdo mesmo, mas tenho de dizer: vale a pena! Vale, vale, vale. Se você é fã do Metallica então, é obrigatório. Se não, eu diria que é um excelente estudo de sociologia. Os shows são verdadeiras catarses coletivas, privilegiando a interação visceral entre público e banda, através da música. Sem contar que a banda estava no auge da sua excelência técnica. Entrando em contato pela primeira vez com o mainstream, o Metallica estava unindo o melhor dos dois mundos – a qualidade sonora incrível (e asséptica na medida certa) do pop e a intensidade, coesão e energia da música pesada. A parte técnica visual então, é irrepreensível. A edição dos filmes dá um show à parte. Não digo que não rolam overdubs, mas a coisa fica muito próxima da realidade. E finalmente vi os famosos cortes rápidos (estilo MTV) funcionarem harmoniosamente com o andamento das músicas. E as músicas...


O Metallica tem a maior coleção de hits conhecidos entre os rockeiros de plantão... nesse quesito, talvez só perca para o Iron Maiden e o AC/DC. Como o repertório é do Black Album pra trás, temos aí as pedradas da fase antiga e o choque bem-vindo que foi o álbum preto. E dá-lhe Creeping Death, Harvester of Sorrow, Welcome Home (Sanitarium), Enter Sandman, The Four Horsemen, Trough The Never, Battery, Blackened, Master of Puppets, mais um senhor medley, Justice Medley, três covers, Last Caress, do Misfits, Am I Evil?, do Diamond Head e Stone Cold Crazy, do Queen, e mais um monte de porrada. Graças à Deus, nada do Load e Reload (cá entre nós, King Nothing e Fuel, que eles tocam em todos os shows atuais, são uma puta perda de tempo). Ali é só o melhor. Dos melhores.



CÁTIA FLÁVIA E A CALCINHA EXOCET


O nome da femme fatale moulin rouge aí é Bianca Jhordão, guitarrista e vocalista da banda carioca - e promessa pop - Leela. Agora um copy/paste diretamente do site oficial:

"Com o fim do Polux, banda da qual faziam parte Rodrigo e Bianca, em junho de 2000, os dois decidiram seguir em frente e formar uma nova banda. A idéia era trabalhar as canções que os dois estavam fazendo no final do Polux, além de experimentar novos caminhos musicais.

Nesse momento de transição, eles ainda não contavam com integrantes fixos nem nome para a banda. Tinham apenas a vontade de pôr em prática idéias que fervilhavam cada vez mais em suas cabeças. Em pouco tempo eles já tinham a concepção das músicas que fariam parte do primeiro registro da banda, o baixista e o baterista fixos na banda: Katia Dotto no baixo e Alexandre "Velho" Griva na bateria.

Com eles gravaram duas músicas e, no final de julho, a banda (ainda sem nome) deu uma parada. Bianca e Rodrigo viajaram durante um mês e Katia e Velho dedicaram-se às suas bandas paralelas (Kanella Pie e Jimi James respectivamente).
Quando voltaram, já tinham um show marcado e um nome para a banda: LEELA."

Bem, vamos ao que interessa. A banda é ótima, muito boa mesmo. Lembra um Breeders mais sexy. Bem mais. O grupo tem o tesão rocker e o tino pop que falta no cenário atual. Tão bom quanto o trabalho da Mariana Davies e bem melhor do que Penélope. Merece todos os louros do sucesso, e as viscitudes conseqüentes do mesmo (o que seria da vida sem o fundo do poço...?). Mas o que chama atenção logo de cara (o que seria da vida sem as primeiras impressões...?), é o rostinho angelical/sensual da front-woman Bianca... E se vocês a ouvirem cantando, vão ficar ainda mais... ahn... animados... A seguir, umas espiadelas na gata...











Aaaahh... eu quero... :P



Pra acabar, mais um resíduo do furacão que foi a chamada Era Jim Lee dos quadrinhos. Não essa agora, do Bruce e do Clark (Era Jim Lee 2 - A Missão), mas durante os anos 90, à frente dos X-Men e o que mais pintasse de heróis ultra-anabolizados e heroínas gostosudas, com altas caras, bocas e poses de quem está doido pra dar um cruzo. Confiram aê.


Na verdade não se trata de um plágio, mas de uma homenagem. O desenhista Silvio Spotti fez uma Sonya Blade (aquela do Mortal Kombat) em uma pose similar àquela clássica passagem da Psylocke do Jim Lee. Interessante.

Mas fica a questão... Olhando hoje, 10 anos depois... será que o Jim Lee foi prejudicial à qualidade das HQs? Será que produtos realmente bons, como os X-Men de Grant Morrison e os Ultimates de Bendis e Millar, sofreram um atraso de, no mínimo, uma década, por conta desse boom de heróis musculosos, heroínas peitudas e histórias de qualidade duvidosa? Como estariam as HQs de hoje se não existisse o Jim Lee?

Na minha opinião, acho que bem melhores.

domingo, 11 de abril de 2004

"FUCK YOU, ASSHOLE"



Matei o padeiro hoje. Descobri que o bandido colocava bromato na massa do pão o suficiente para cimentar toda a calçada de Copacabana. Confesso que hoje está sendo um dia agitado, afinal não são nem 9 horas e já fiz justiça 11 vezes. O problema é que as pessoas estão se esquecendo de que serão punidas se desobedecerem a Lei. E eu estou aqui para garantir isso. Outro dia, uma senhora foi assaltada quando parou o carro no sinal vermelho. Como eu estava passando, indo à praia dar uma relaxada (de bermuda, camiseta regata com estampa do caveirão e uma AR-15), eliminei com sucesso o meliante. Infelizmente, quando fui entregar os objetos pessoais da mulher do carro, percebi que ela avançou 3,7 cm para cima da faixa. Pronto, esvaziei o resto do pente.

Matei mais um loiro, há dez minutos atrás. Fui conferir e vi que me enganei, não era o Lundgren. Damn it! Vou considerá-lo mais uma baixa de guerra - o 534º sósia do Dolph Lundgren que elimino desde que aquela bomba estreou nos cinemas. Vocês não imaginam como a bandidagem me sacaneia por aquilo. Tem nego que até morre rindo, por mais que eu atire no infeliz.


Falando em filmes, fui ao cinema assistir ao City of God. Odeio trabalhar na hora da folga, mas tive de eliminar cinco infratores que furaram a fila da pipoca. Voltando ao filme... eu me identifiquei muito com o tal Little Johnny, apesar dele ser do mal. Ele seria um bom mariner, que nem eu fui.

Ouvi dizer que o cinema latino-americano é bem realista... Muitos daqueles atores moram em guetos de verdade e têm contato freqüente com o crime... hhmm, qual é o nome daquele ator mesmo?


Há algum tempo ouço falar num certo morcego de Gotham City, a cidade-hospício. Dizem que ele é o maioral, o vigilante e tal... Seria interessante se um dia eu fizesse um tour lá para aquelas bandas, pois o tal morcego infringe várias leis passíveis de punição severa. Aliciamento de menores seria uma delas. Fiquei sabendo que um dos ajudantes dele tem cara de moleque de 11 anos, vê se pode. Aproveitaria também e puniria alguns elementos da polícia local, entre eles um tal de James Gordon. Ele dá cobertura pras ações da tal vigilante. Putz, lá em Gotham não existe corregedoria não?!


Hum. Estão fazendo outra adaptação minha para o cinema. Maldita Hollywood, por quê não me deixam em paz? Bem, me parece que a coisa dessa vez não será muito capenga não. O tal do Thomas... ahn... Jane se parece comigo e tem cara de durão. Tirando o sobrenome boiola do sujeito, aparenta estar tudo ok. Acho que não corro o risco de ser retratado como um doente terminal, que nem no outro filme. A única coisa que me incomoda mesmo é que o tal Jonathan Hensleigh nunca dirigiu filme antes. Ele vai estar na minha mira se o filme ultrapassar 3 tomates no Rotten Tomatoes.

Aliás... por onde anda o Demolidor? Estou com saudade de chutar o traseiro dele. Adoro quando ele vem com aquela conversa para fazer eu me arrepender das minhas ações, pra eu me render à essa Justiça caótica... aí eu o corto na tora e dou um socão na boca dele, heheh... é bom demais, muito relaxante. O cara é muito fraquinho pra mim.

Ei, e aquele papo de cinema me lembrou que quem o interpretou o DD no filme foi o Ben Affleck... HUAHUAHUEHEUHEUAUHAU.... Hum... o quê foi isso? Eu não rio. Nunca. Eu detesto alegria. O culpado é Bennifer... Sem contar que ele fez Gigli, o pior atentado cinematográfico desde A Reconquista... acho que isso o caracteriza como um dos piores criminosos da América. Alguém deveria puní-lo... Ok, já me decidi. Microchip, arrume o furgão. Vamos para Bervely Hills! Temos um trabalho a fazer!


RECEITA DO SKYLAB PARA DOR-DE-COTOVELO


Rogério Skylab é um artista performático carioca que faz bastante uso do lado escatológico da vida. No meio underground, suas canções são hits certeiros, num estilo meio The Cramps, só que mais suburbano. São pérolas do humor negro/trash, como Matador de Passarinho, Urubu, No Cemitério, Carne Humana, entre outras. Uma delas, Moto-Serra, virou até uma mini-HQ - tão tosca e divertida quanto a premissa original. Mas não é que eu já pensei nisso também? Aliás, quem não pensaria depois de levar um chute da pessoa amada...? Clique aqui pra conferir.


NÃO EXISTEM PESSOAS FEIAS


Não mesmo. Esse bonitão aí figura no BZ como o avatar oficial não é à toa (substituindo aquela caverinha verde). O olhar sensível, sincero, e o sorriso simpático é capaz de derreter os corações mais gélidos. Ele é o number one entre a mulherada.

Às vezes, quando estou perambulando pelo MSN, eu coloco esse rostinho lindo aí. Já até me perguntaram se sou eu mesmo, hehehe... como não sou de mentir, respondo que "infelizmente não" - se bem que tiveram umas vezes que eu não resisti e falei que sim (as reações são hilárias).

Na verdade, o lindão aí não é nenhum zé-ninguém e sim o famosíssimo Peter Mayhew. O único detalhe é que ele só é famosíssimo de máscara. Ele é o cara que faz o wookie Chewbacca, na mega-saga Star Wars. Segundo depoimento em seu site oficial, Lucas o convidou para o papel do peludão após a recusa de David Prowse (preferiu ficar com Darth Vader o espertalhão). O ano de 1977 foi especial para Peter. Além de SW, ele ainda fez uma ponta não-creditada em Simbad e o Olho do Tigre, no papel do Minoton, aquele minotauro de ferro sinistraço! Pra quem lembra, é um clássico e tanto...

Confiram umas fotos dele aí embaixo. Reparem que em algumas ele tá a cara do Jimmy Page nos anos setenta... Cuidado pra não se apaixonarem. :)








Se Jennifer Aniston tivesse conhecido o Peter há uns 15 anos atrás, nem sonharia em casar com o feião Brad Pitt. Um dia eu serei tão charmoso quanto o Peter...!

domingo, 14 de março de 2004

O SHOW DO SEPULTURA EM VITÓRIA!


Antes de mais nada, queria dizer que estou QUE-BRA-DO fisicamente. A última vez que fiz tanto exercício foi com a minha ex-namorada no aniversário dela, ano passado. E também estou rouco, muito rouco. Mal consigo atingir 2 decibéis de ruído. Ah e, principalmente, estou surdo. Mais surdo que o Pete Townsend, do The Who. Eu não ia no show não, apesar de curtir a banda desde 89. Acontece que ontem, 3 amigos meus da minha fase headbanger (na época da escola!), e os quais eu não via há tempos, me ligaram e me recrutaram para encarar essa missão. Então, vambora... de volta ao final da década de 80/início dos 90...


Andreas Kisser arrancando sangue da guitarra

Ontem, sábado, dia 13 de março, no ginásio Álvares Cabral, em Vitória, caiu uma bomba atômica. Eu já fui à muitos shows de rock/metal e, sem fazer gênero, posso afirmar seguramente: quem ainda não foi a um show do Sepultura não sabe o que é um show de rock pesado. Com a força, coesão e profissionalismo de quem já está na estrada há mais de vinte anos, a banda mostrou que o sangue quentíssimo ainda corre nas veias com a mesma intensidade da época da garagem. E daí se Max Cavalera rachou fora? Problema dele. O vocal rasta Derrick Green não deixou que ninguém sentisse a sua falta, agitando a galera e batendo a cabeça durante duas horas ininterruptas. O baixista Paulo Júnior definitivamente deixou pra trás os tempos de "músico meia-boca", se tornando um verdadeiro carniceiro no baixo. O guitarrista Andreas Kisser se destaca de maneira única na cena da guitarra heavy. Ao contrário da maioria (leia-se Kirk Hammett, Dave Mustaine, Yngwie Malmsteen e outros), o cara não faz somente aquele bê-a-bá do metal, que é a digitação e acordes altos, ele imprime uma boa dose de experimentalismo, ruído e... silêncio! Um mestre, sem exageros.


Igor Cavalera, literalmente espancando a bateria

Esse aí é um assunto em particular. Eu já vi vários shows do Sepultura em vídeos, na MTV e no MuchMusic, e pra quem também já viu e não foi ao show, um aviso: o cara é muito melhor do que se vê na telinha. Considerem a opinião de alguém que já viu o Neil Peart tocando de perto. Misturando uma técnica intrincada e irrepreensível com uma intensidade incrível nas batidas, Igor ainda arranja tempo de combinar ritmos tribais com linhas de percussão quebraçadas. É ao vivo que vemos músicas mais experimentais como Sepulnation e Apes of God fazerem todo o sentido do mundo.

Falar do set-list fica até difícil, já que a apresentação inteira manteve a pressão lá no pico. Mesmo pra quem não é apreciador desse estilo extremo, acharia incrível a interação público/banda, através de um som pra lá de dicotômico. Stress zero após o show. De qualquer forma, a banda inciou o assalto com uma sessão do novo Roorback (Come Back Alive e Godless), emendou com clássicos mais recentes (Propaganda e a arrasadora Biotech is Godzilla), mais umas novas e depois só as antigas. Aí foi festa. Claramente pra compensar o atraso da banda em tocar no ES, clássicos do metal desfilaram no ginásio lotado: Troops of Doom, Arise, Dead Embryonic Cells, Innerself, Mass Hypnosis e outras pérolas do cancioneiro thrash. Um breve intervalo e uma citação ultra-cool de Dazed and Confused (do Zeppelin) prepara o terreno para uma versão tonelada de Bullet in The Blue Sky, do U2. Com pernas, braços e pescoço pedindo arrego, encaramos ainda uma seqüência matadora: Territory, Refuse/Resist e a arrasa-quarteirão Roots Bloody Roots.

Não teve Orgasmatron, mas, sinceramente, eu já estava paralisado do pescoço pra baixo e com um enxame de abelhas zumbindo dentro da cabeça. ROCKAÇO!



Dead Fish - hardcore na veia!!!

A abertura ficou a cargo do excelente Dead Fish, verdadeira referência hardcore brasileira. Ao contrário de baboseiras românticas, como CPM22 e Detonautas, o DF é uma metralhadora giratória com alvo certo no "sistema". Com mais de dez anos de estrada (e que estrada!), a banda está 100% profissional, com um show realmente arrasador, nível Pennywise/Bad Religion. Confesso que sou suspeito, pois curto esse grupo desde a fase das fitas demo, lá por 92/93. É uma pena que eles estão de mudança pra São Paulo, a nossa Babilônia moderna. Tomara que eles se dêem muito bem por lá, por mais burguês que seja.


O DUELO DAS RUIVAS!


Pode não parecer, mas o COELHINHAS DA MANSÃO TRIPLE XXX ainda está ereto e pedindo mais! Aproveitando a ocasião da estréia nacional (finalmente!) da revista Battle Chasers, façamos uma mini-pseudo-enquete aqui. De um lado, uma das pin ups mais bem dotadas das HQs, a cavalaça Red Monika. Cria do artista Joe Madureira, a guerreira ruiva protagoniza cenas pra lá de picantes e ensaia posições pra lá de tentadoras... Mas também ela é quase que um tributo à outra guerreira veterana, que anda meio sumida das HQs: Red Sonja. No traço de Frank Thorne ela já fez muito marmanjo (eu) babar a gola da camisa, "entre outras coisas mais" (eu). Ela já teve inclusive um filme bem tosco, com a ultra tesuda Brigitte Nielsen no papel principal. Putz, a Sonja era muito gostosa!!

Enfim, agora é com vocês... quem é a mais gostosa e mais merecedora de um Especial Coelhinhas? Red Monika ou Red Sonja??


E ANTES QUE EU ME ESQUEÇA: FODA-SE, BLOGGER BRASIL!


Todo "foda-se" é pouco pra expressar o ódio que eu tenho do Blogger Brasil e sua equipe de urubus leprosos. Os caras bloquearam o BZ, ainda que ele estivesse de acordo com as suas novas regras (10 MB por blog). Pra piorar, ainda me colocam no endereço que "Este site foi bloqueado por não respeitar as Normas de Utilização do Blogger"! Putz! Quem lê isso, pensa que eu sou um traficante de armas ou coisa parecida! E a cambada de cornos me deu um prazo até sexta pra acertar tudo, depois me "devolviam" o blog. Deletei quase tudo, só deixei os últimos 2 ou 3 posts, mais umas coisinhas - deu uns 600 Kb - e até agora nada! Não dá nem pra copiar as imagens... e eu achando que estava tudo certo e que eu estava fora da malha-fina... o pior soco é aquele que a gente não espera.

De qualquer modo, rapei o template (deu tempo!), e botei aqui no Blogspot - que também usa os servidores do Blogger Internacional. Só que aqui a coisa é bem mais às claras: nada de uploads. E já que o reflexo no Brasil demora mas acontece, podem esperar que em breve o Blogger Brasil vai zerar os 10 MB pra não-assinantes também. PAU NO CU DO BLOGGER BRASIL!

Ah, e valeu pela força (e informações!), OutZ, Alcofa, .:Logan:., Conde Dookan e mais uma galera (vocês sabem).