José Eugênio Soares
(1938 - 2022)
Triste, devastadora notícia. E relacionada a um cara que só levou alegria ao Brasil.
Jô Soares entendia como poucos a complexidade do perfil brasileiro e cunhava sátiras profundas numa linguagem simples com uma facilidade que só os gênios seriam capazes. Na ativa desde a década de 1950, Jô enveredou por quase todos os campos artísticos e performáticos possíveis, seja na música, teatro, cinema, literatura e até nos quadrinhos, pelos quais sempre foi apaixonado — inclusive é dele a tradução na 1ª HQ da Barbarella publicada aqui, via Linográfica Editora.
Tanto nos especiais ou em seus programas estouradíssimos, Jô era uma referência pop na era pré-internet. Mas provavelmente sua grande sacada tenha sido sua própria reinvenção quando importou o modelo americano dos talk shows modernos. Foi um marco. E segue influente ainda hoje.
Confesso que nos últimos anos já não acompanhava tanto. Era visível seu estado cada vez mais debilitado e melancólico. Jô nunca superou o baque da partida de seu amado filho Rafael, em 2014. Agora finalmente estão juntos, pra sempre naquele dia da foto.
Penso, feliz, que a recepção lá do outro lado tenha começado com abraços carinhosos de seus queridos amigos Max Nunes e Chico Anysio. E, claro, com uma gargalhada estrondosa do bom e velho Bira.
Obrigado por tudo, Jô!