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sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Zeros e uns nos trouxeram até aqui


Em 30 de abril de 1993, a World Wide Web entrava em domínio público. Três meses antes, o Jesus Jones já antecipava em Perverse o admirável cybermundo novo que surgia no horizonte. Trinta anos mais tarde, temos que convir que não é exatamente admirável, mas tanto a WWW quanto o disco foram divisores de águas. Perverse é o mais ousado e ambicioso registro do grupo britânico. Caso tivesse dado continuidade às trips revisionistas de 1991 e 1992, ele seria presença certa na leva seguinte.

Aliás, fico admirado em saber que a banda também curte.

Perverse está numa lista dos “10 álbuns matadores de carreira” não é à toa. O Jesus Jones vinha de sensação alternativa no Reino Unido com o debut Liquidizer, de 1989, ao sucesso mainstream com Doubt, de 1991, puxado pelo hit “Right Here, Right Now”. Até ali, seu techno-rock (ou rocktrônica) era associado às cenas rave e indie dance, mas também tinha ressonância com o público das rádios e da MTV.

Com Perverse, a história foi diferente. O tom do álbum era denso e sombrio, com muita influência de industrial e trance. A capa, estranhíssima, trazia um luchador sob um filtro psicodélico e uma saturação vermelha estoura-retina.

O figura Mike Edwards (vocalista, letrista, guitarrista, tecladista, faz-tudo) experimentou uma imersão tecnológica completa. Escreveu tudo em casa usando um sampler Roland W-30. Foi o 1º álbum gravado inteiramente por computador, com exceção dos vocais. As faixas foram registradas em jurássicos disquetes de 3½ polegadas (lembra disso?). A produção ficou a cargo de Warne Livesey, que trabalhou em discos do The The e vários do Midnight Oil, entre eles o clássico multiplatinado Diesel and Dust. Ele certamente encontrou ali o material mais esquisito de sua carreira.

A obsessão de Edwards por ciberespaço e pela revolução digital imprimiu em Perverse contornos de álbum conceitual.

De cara, em “Zeroes and Ones”, ele prevê, com notável precisão, os impactos positivos e negativos da internet na vida das pessoas. “The Devil You Know” tem camadas trance, climas orientais e recortes de guitarra onde se percebe nitidamente a influência da banda suíça The Young Gods. As animadas “Get a Good Thing”, “Magazine” e “Don't Believe It” atualizam a velha sonoridade, as soturnas “From Love to War” e “Yellow Brown” navegam em ondas synth DepecheModescas, “The Right Decision” traz um groove electro infeccioso, “Your Crusade” é uma paulada pop/rave'n'roll, o tribalismo industrial de “Tongue Tied” emenda na raivosa techno com Ø BPM de “Spiral” e no grand finale com o épico progressive house “Idiot Stare”. Um álbum espetacular.

E complicado de tocar ao vivo. Do setlist atual, apenas três faixas comparecem. Como o próprio Edwards comentou, foi uma abordagem fascista: “'essa é a canção, nada mais importa'. Havia músicas no álbum que os membros da banda não tocaram." E mesmo nas exceções, a execução ainda é cabulosa.

É o caso de “The Devil You Know”, a música de Perverse mais próxima de um hit.


Em várias aparições na TV e mesmo no DVD Live at The Marquee, de 2005, o riff – na verdade, uma saraivada de guitarras sampleadas à “Skinflowers”, do TYG – soa precário ao vivo. A menção honrosa vai para a esforçada apresentação no programa The Word, na ocasião em que promoviam o single.

Mesmo inevitavelmente ultrapassado pelo futuro, Perverse ainda soa refrescante e intenso. Uma experiência memorável de ousadia eletrônica de uma banda de rock em plena era grunge.

E, ao contrário de todo aquele futurismo e tecnologia de ponta, tive a K7 original. Comprada na Mesbla.

Bons tempos, ainda que low tech.

sexta-feira, 6 de outubro de 2023

Veni, vidi, Victor


O Prong estava na seca de álbuns de estúdio desde o já longínquo ano de 2017. Para quebrar o silêncio de rádio, soltaram um EPzinho matador em 2019, Age of Defiance. Nesse período, o fundador e frontman Tommy Victor aproveitou para lapidar a lineup com uma maratona de shows incendiários. É bom ver ouvir que todo esse preaquecimento valeu muito a pena. State of Emergency é uma sensacional playlist do Spotify. Ou, como diríamos no meu tempo: um discaço.

Isso terá a ressonância de um traço no Ibope, mas o Prong sempre foi uma das minhas bandas preferidas. O grupo veio daquela leva de metal alternativo/pós-hardcore que fervilhou no underground entre o final dos anos 1980 e o início dos anos 1990. Os riffs quebrados, estilo para-e-começa, eram uma característica marcante que dividiam com o também nova-iorquino Helmet e o irlandês Therapy?.

Os breakdowns no meio das músicas, embora pesadíssimos, eram quase dançantes. Foi o embrião do nu metal e do groove metal, o DNA que rendeu milhões de doletas para nomes como Slipknot, Disturbed, Five Finger Death Punch e outros que pasteurizaram a fórmula à exaustão. Em contrapartida, Victor, um mestre da rifferama, sempre passou longe dessa dinherama. E não foi por falta de tentativa.

Após o sucesso de Cleansing (1997), o Prong mergulhou numa série de álbuns irregulares e penou com a estabacada nas vendas. Quase baixando as portas, restou ao músico ir tocar guitarra no Danzig e no Ministry. Virou empregado.

Por sorte e (muito) talento, há cerca de dez anos a maré virou. A boa receptividade do excelente álbum Carved into Stone (2012) deu um boost em sua motivação com a banda. Na sequência, vieram os ótimos Ruining Lives (2014), o disco de covers Songs from the Black Hole (2015) e X – No Absolutes (2016) e o também excelente² Zero Days (2017). State of Emergency mantém o alto nível, com algumas particularidades.

Faixa a faixa na faixa:

"The Descent" é o começo forte e atropelante com o qual toda banda heavy metal sonha enlouquecidamente. Direto e já trazendo um breakdownzinho pra fazer a galera pular mais que na Pipoca da Ivete.

A faixa-título, duh, "State of Emergency" é herdeira da música (e também faixa-título) "Beg to Differ", de 1989. É quase uma versão atualizada com equipamentos mais poderosos e modernos. E, claro, agora com uma outra perspectiva sonora.

"Breaking Point" lembra o velho HC nova-iorquino à Cro-Mags/Agnostic Front. Refrão para bater a cabeça até soltar do pescoço.

"Non-Existence" é uma cruza das influências mais caras de Victor: os ícones pós-punk The Stranglers e, principalmente, Killing Joke. Leva jeito de single para rádios rock.

"Light Turns Black" é um exercício de peso e técnica. Nesse ponto já deu para perceber que o baixista Jason Christopher é bem versado na seara pós-punk e que Griffin McCarthy é da nova geração de bateristas technical thrash/death metal de Mario Duplantier (Gojira) e Eloy Casagrande (Sepultura). E toma headbanging debaixo de zilhões de ghost notes.

"Who Told Me" resgata o clima pós-punk novamente, desta vez numa pegada thrash. Lembrei na hora das guitarras dissonantes do Voivod. Aliás, que bela tour seria...

"Obeisance" é o puro suco de Killing Joke.

"Disconnected" é o puro suco do Killing Joke 100% concentrado. Tommy Victor destrava seu modo doppelgänger de Jaz Coleman. Poderia ser uma música do Absolute Dissent, fácil. Nem o próprio Coleman notaria a diferença. E que refrão ganchudo!

"Compliant" parece um lado B do Prove You Wrong (1991). E, de fato, é do lado B de State of Emergency. Delícia de filler.

A velocidade e a letra bairrista de "Back (NYC)" lembram o rock 'n' roll new yorker do Andrew W.K., só que menos festivo e (bem) mais HC porradeiro. É Prong, pô.

"Working Man" é um inesperado cover do clássico laboral do Rush. Boa versão, mas o Firebird fez melhor.

E é isso. O disco saiu hoje e já ouvi umas três vezes. Sinal que achei bom mesmo.

Com a palavra, o homem, o Victor.


In Victor veritas!

quinta-feira, 8 de junho de 2023

Os Filhos Rivais a casa tornam


Tem dias em que só o que preciso é de um bom disco de rock. Não hard rock. Não heavy metal. Rock. E o discaço Darkfighter atesta algo que venho repetindo mantricamente há anos: o Rival Sons é a melhor banda de rock da atualidade.

E vai cantar assim na puta que o pariu, Jay Buchanan.


Ps: o melhor de tudo é que vai rolar um jogo de volta esse ano ainda, com Lightbringer.

segunda-feira, 20 de março de 2023

Positive creep


Quando o Nirvana botou os pés no palco do Reading Festival, em 30 de agosto de 1992, o trio estava na crista do tsunami alternativo. Foram dias insanos para quem curtia um pingado noise e queria fugir da ressaca hard/glam dos anos 1980.

Vi uns trechinhos da apresentação, exibida na época pela (então descoladinha) TV Bandeirantes. Kurt Cobain entrando numa cadeira de rodas travestido com uma longa peruca loira e clima de ensaio empolgado diante de 60 mil doidões e doidonas.

Nesses anos todos, nunca ouvi a performance completa. Pelo menos até dia desses, ao conferir o monumental Live at Reading, pack de CD + DVD lançado em 2009. E me surpreendi muito.

Apresentação coesa, sem firulas, porrada atrás de porrada, tudo muito bem calibrado para funcionar naquele espaço gigantesco — 150 acres da Little John's Farm — com andamentos ligeiramente mais lentos, pesados e arenosos, mesmo nas baladas. Um showzaço. Mal dá pra acreditar que, quatro meses depois, a banda cometeria algumas das apresentações mais caóticas da história do showbiz em pleno Hollywood Rock, com praticamente o mesmo setlist.

Em algum multiverso grunge, o Nirvana entregou aqui o show que fez no Reading. E o Reading recebeu a nossa bomba. Que se fodam os ingleses.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Live on 90's


Quando soube que o Soundgarden finalmente lançaria seu primeiro álbum ao vivo, pensei que seriam registros extraídos de shows pós-reunião. Nada mais natural, já que o grupo se concentrou bastante nos grandes festivais (Lolla, Big Day Out, Download, Voodoo Experience) e estes fornecem um quórum de luxo pra qualquer disco ao vivo. Contudo, Live on I-5, lançado em 2011, traz performances de shows da turnê do Down on the Upside, registradas entre novembro e dezembro de 1996. Seria lançado na mesma época, mas a banda resolveu fechar o boteco sem nem liberar uma saideira.

Sempre achei que o fim do Soundgarden teve a questão financeira como principal gatilho, embora estivesse em seu auge técnico quando encerrou as atividades. A performance registrada em Live on I-5 demonstra bem isso. Graças ao trabalho do produtor Adam Kasper, também o responsável pela captura dos shows (num trampo com 16 anos de gap!), o álbum mostra o grupo mais evoluído e coeso do que nunca. Mesmo a sempre problemática performance on stage do Chris Cornell se sobressai sem grandes chamuscadas.

Do set list, meu Jesus Christ Pose, tenho nem o que falar. É um desfile de hits da antologia Soundgardeana, com "Spoonman", "Let Me Drown", "Slaves and Bulldozers", "Head Down", "Fell On Black Days", "Ty Cobb", "Black Hole Sun", a maravilhosa "Rusty Cage" e muitas outras... sem falar na histeria coletiva provocada por "Outshined" (o produtor se empolgou na masterização aí, mas ainda assim...). De quebra ainda tem dois covers descoladões: "Helter Skelter", do Fab Four, e o clássico Stoogeano "Search and Destroy".

Mesmo sendo parte da reabilitação pública do grupo (missão iniciada pela coletânea Telephantasm, de 2010), Live on I-5 acaba saindo melhor do que a vil encomenda. É um discaço pra ouvir até furar o CD/DVD/BD/HD. E, sem dúvida, de uma das melhores bandas daquela safra.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Cães velhos merecem o céu


Steven Gene Wold, vulgo Seasick Steve, aprendeu a tocar guitarra aos oito anos de idade. Quem ensinou foi o bluesman K.C. Douglas, que fazia um bico na oficina de seu avô. Aos 13 fugiu de casa - e dos maus-tratos que sofria do padrasto - e caiu na estrada. Pegou muita carona, viajou como clandestino em trens, conheceu o Mississippi, o Tennessee e Deus sabe mais onde. Viveu muitos anos como sem-teto, comeu muita poeira. Virou um hobo: migrava pelo interior atrás de emprego, trabalhando sazonalmente em fazendas. Depois sumia no mundo de novo, evaporando por longos períodos.

Emergiu nos anos 60, em meio à efervescência blueseira e psicodélica de São Francisco. Tocou com vários artistas da cena independente. Foi músico de rua em Paris. Em 2001, morando na Noruega, lançou seu 1º disco, como Seasick Steve & The Level Devils. Em 2006 veio o primeiro álbum solo.

You Can't Teach an Old Dog New Tricks já é seu quarto álbum e, pra mim, um dos melhores de 2011. Na bateria está o figuraça Dan Magnusson (parece roadie do ZZ Top, como o próprio Steve) e nas quatro cordas um ilustre senhor de nome John Paul Jones. É um discaço de country 'n' blues com os dois pés fincados na garagem - vide a cigar box guitar zoadaça construída por Steve - e recheado de slides insanos e boogies deliciosos. Ora melancólico, como na abertura "Treasures", ora rasgado e frenético como em "Days Gone", mas sempre carregado com um groove blueseiro irresistível. Sob medida para as melhores espeluncas de beira de estrada.

Na última faixa, "Levee Camp Blues (Write Me A Few Of Your Lines)", Steve deixa de lado os instrumentos e desfia um tostão da sua vida louca vida. Fantástico.


Steve tem estado em alta na Inglaterra desde sua aparição no programa do Jools Holland. Tem sido redescoberto na América também, inclusive com dois terços do Them Crooked Vultures lhe pagando tributo e servindo de banda de apoio. Merecido é pouco.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

She-Wolfe of the Satan's Service


Faria muito mais sentido se Chelsea Wolfe fosse natural de algum lugarejo perdido do leste europeu ou de algum país pródigo na cena black metal. Mas foi mesmo a ensolarada Califórnia quem pariu uma das revelações mais sombrias da cena alternativa. Ovelha negra per se, a cantora, guitarrista e compositora passa longe do ideário californiano padrão, do rock alto astral e das pistas de skate aos calçadões de Venice e às onipresentes praias - exceto, claro, se estiver nublado.

O tom é de uma suavidade melancólica, liricamente pesada, estranha e de uma forma incomum, sedutora. Não é uma música de fácil assimilação, mas certamente muito recompensadora para iniciados em Nick Cave, My Bloody Valentine, PJ Harvey, Portishead, Patti Smith e esquizoidices quetais. Em suma, uma resposta das profundezas à new age popstar de Florence + The Machine. Get out!!

Esse negrume todo ganhou a atenção da crítica indie e também a afinidade de fãs ilustres, ilustríssimas. Merecido.


Ἀποκάλυψις ("Apokalypsis"), seu segundo álbum, é arrepiante. Lançado no final de 2011, virou figurinha fácil nas listinhas mais descoladas de melhores do ano. Na parte melódica, o disco tem lá seus momentos "PJ & The Banshees", mas a obsessão por morte e desespero impregnada nas letras, o instrumental fúnebre, as vocalizações fantasmagóricas, a atmosfera soturna... porra, é de fazer até os caras do Ghost se mijarem nas batinas.

Não há nada de poser na cantora californiana. Ela é the real deal. Tori Amos fez uma cover do Slayer, Chelsea Wolfe fez uma do Burzum!

O som foi batizado de doom folk pela crítica, mas é apenas uma tentativa pífia de categorizar a demon-girl. A única música que se aproxima do rótulo talvez seja "Pale on Pale", um pesadelo sepulcral de sete letárgicos minutos com uma indefectível influência de "Black Sabbath", a música. A intro "Primal/Carnal" parece saída de uma missa negra ministrada pelo próprio Pazuzu e "To The Forest, Towards The Sea" é trilha pra fugir da bruxa de Blair e de toda a população demoníaca de Amityville e Cuesta Verde. Vade retro.

Já nas músicas "Demons" e "Friedrichshain" ela reafirma sua vocação pra PJ Harvey do inferno.


Mas é nas demais faixas que a artista destrincha mais a fundo sua identidade musical (ainda em formação, segundo ela), que lembra vagamente uma versão dark da Nico, a icônica musa ex-integrante do Velvet Underground.

Não duvidaria se o cultuado disco Chelsea Girl também escondesse alguma profecia sobre uma Chelsea sinistra de um futuro próximo...

sábado, 20 de novembro de 2010

O culto à Grande Abóbora


Jim Martin - Milk and Blood
(Steamhammer, 1997)

"Big" Jim Martin era o cara esquisitão do Faith No More. Guitarrista virtuoso (o quanto é possível sem resvalar no shredding), famoso tanto pela pegada setentista quanto pela juba nohawk e os indefectíveis óculos de aro vermelho. Discreto e nem de longe a primeira opção para entrevistas, sempre aparentou indiferença ao sucesso estrondoso da banda, que integrava desde 1983 - Martin deve pertencer a algum Illuminati de músicos imunes à hype, ao exemplo de Krist Novoselic, Izzy Stradlin e John Frusciante.

Após a sua "retirada" do Fenemê no final de 1993, o guitarrista ingressou numa carreira discográfica errática, sobretudo low profile (intencionalmente, imagino). Primeiro, integrou o supergrupo thrasher Voodoocult, em 1995. No ano seguinte, montou o power trio The Behemoth. Lançou apenas um single antes de descobrir que esse nome já pertencia ao grupo polonês de black metal. Se trancou no estúdio e, em 1997, lançou este Milk and Blood, via Steamhammer.

Além da curiosidade em saber como o barbicha soava fora do Frankenstein sonoro que era o Faith No More, também era a oportunidade de identificar mais nitidamente suas digitais no som de seu ex-grupo. Heavy metal rasgado? Com certeza. Uma breve olhadinha nos créditos do The Real Thing basta pra ver que Martin contribuía a conta-gotas no processo de composição, mas a única música de sua autoria exclusiva era pra lá de sintomática: o thrash Surprise! You're Dead!. Isso, fora as co-participações em Zombie Eaters e Woodpecker from Mars, porradas de trincar o crânio que contrabalanceavam perfeitamente a cervical funk melody do disco.

Com esse background, surpreende que no DNA musical de Martin também brotem grooves em profusão. O álbum traz dez músicas próprias e dois covers. A faixa de abertura, Disco Dust, tem palhetadas rápidas sobre um ritmo cadenciado e os backings escarrados do ilustre convidado James Hetfield (o que acabou lembrando o White Zombie do álbum La Sexorcisto: Devil Music, Vol. 1). Na sequência, Fear e Dead seguem a mesma trilha de metal ritmado, por vezes se aproximando do pós-hardcore nova-iorquino, estilo Prong. Investindo em atmosferas mais esparsas e harmônicas, a faixa seguinte, Loser, é a quebra de clima. Guitarra melódica viajandona com levada remetendo às indie bands dos anos 80 (!). Cliff Burton, com quem Martin montou uma banda nos tempos de escola, certamente iria curtir.

A quase punk Barsoap Hair traz as guitarras de volta ao topo dos amps. É outra com backings do Hetfield. Em seguida, Mexican Sangwich, que parece material de (fita) demo. Ou sobra de garagem. O que for mais lisonjeiro, já que não é exatamente uma música ruim, tampouco sensacional. Já Navigator, cover eletrizante do The Pogues, é um cowpunk que também seria uma ótima ideia de cover pro Matanza. Clima festeiro total.

A seguir, Around the Sun, com seus 8 minutos, retorna ao clima relaxadão-riponga de Loser, só que num patamar muito mais melódico e progressivo. Bebe garrafadas da fonte do Pink Floyd de Roger Waters (na longa introdução e no andamento) e de Lennon/McCartney (no refrão). Som intrigante, com uma vibração meio mântrica/mística inesperada vinda dele.

Com levada à Caffeine, do FNM, Special Tea chega chutando toda a introspecção pro espaço. O clima pesa de vez com Fatso's World, um death metal lento e cavernoso com os vocais guturais de Jason Newsted (outro convidado metallico), e com uma regravação genérica de Surprise! You're Dead!. O álbum fecha com o "country apache" instrumental Hunter Shepard, sequência natural do som The Grade (faixa-bônus incluída no CD Live at the Brixton Academy, do Fenemê).

O máximo que se pode falar da cozinha escalada por Big Jim é que é competente. O batera Joe Cabral tem um naipe apenas modesto de tempos e não trabalha muito o kit, mas acaba se destacando frente ao baixista Brent Weeks, que se limita a acompanhar as linhas de Jim. Ambos levam uma borrachada de Mike Bordin e Billy Gould.

A engenharia e produção, a cargo do próprio Martin, até que surpreende e consegue reeditar a timbragem que sua guitarra sempre teve no FNM. Mas sai no prejú em relação ao Matt Wallace (produtor dos discos de maior sucesso do Fenemê), já que: 1º. não tem a malícia de um produtor de carreira; 2º. colocou o volume da bateria meia-boca acima do resto; 3º. não conseguiu dar uniformidade ao conjunto variado de ritmos, resultando naquilo que o Fenemê nunca foi em disco algum: irregular.

Descontando que praticamente todo debut solo é irregular e o fato de Big Jim mandar umas vocalizações bacanas (mesmo soterradas na produção), com urros neanderthais, falsetes, trechos quase falados e uns uivos coyotescos à Brujeria, até que sua performance individual é bastante divertida. Das letras, não posso opinar nada. Quando o vocal não está dobrado ou em último plano, está cheio de reverber. E nem achei no Google também - com exceção da Navigator (hino pra marinheiro zoar igual viking bebum em terra firme) e da Surprise! (discurso sádico para tosquiar vítimas no filme O Albergue).

É um CD que eu compraria (e ouviria muito ocasionalmente), caso um dia ganhasse edição nacional. Duvido que aconteça, assim como duvido que seja redescoberto em alguma onda revisionista B. O que, sinceramente, deve ser a última coisa que Jim Martin iria querer hoje. O cara raspou a pelagem sasquatch, saiu fora da festejada reunião FNMística e virou cultivador de abóboras gigantes. E é o 38º no ranking mundial!

Eat those, Syd Barrett.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Sabaoth bloody sabaoth


Parece que Danzig curtiu mesmo a viagem arqueológica do The Lost Tracks of Danzig. O baixinho demoníaco intensificou a carga e promoveu um verdadeiro retorno às raízes em Deth Red Sabaoth, seu novo álbum. O lançamento está previsto para o dia 22 próximo, mas providencialmente vazou na internet esta semana.

As primeiras impressões não deixam dúvidas: existem discos fantásticos que precisam de um certo tempo para a devida assimilação; já outros, dizem a que vêm logo de cara e praticamente informam ao ouvinte que ele não largará de seus alto-falantes tão cedo - exatamente o caso aqui. Para os admiradores dos primeiros quatro discos do Evil Elvis, Deth Red Sabaoth é item obrigatório.

As faixas são de uma simplicidade abençoada (ou melhor dizendo, amaldiçoada). Em se tratando de Danzig, menos é mais. Nada da maquinária industrial e dos flertes nu-metal dos álbuns anteriores. Aqui só se ouve o bom e velho blues metal estradeiro com cheiro de zona, gasolina e enxofre. Melodias cavernosas, riffs sabbáthicos, letras tétricas e aquela voz. Tudo aquilo que o Danzig sempre teve de sobra, mas sabe-se lá porque motivo, abdicou em determinado momento de sua carreira. A sensação de gap temporal é avassaladora. É como se ele tivesse sido abduzido em 1994, substituído por um clone e libertado só agora.

A line-up não deixa nada a dever à formação clássica: o prong man Tommy Victor incorpora uma guitarra 'iommiana' sob medida para a voz do baixinho, enquanto a cozinha é uma muralha subsônica erguida pelo baixista Steve Zing (antigo companheiro de Danzig no Samhain) e o baterista Joe Kelly, ex-Type O Negative (R.I.P. Steele!). O álbum é perfeito de cabo a rabo, mas as faixas que bateram mais rápido foram "Hammer of the Gods", que tem jeitão de carro-chefe e deve ser o primeiro single (ainda existe isso?), a evocativa "On a Wicked Night" (boa trilha pra sodomizar mênades), o rockaço "Deth Red Moon" e a porrada infernal "Night Star Hel".

A capa segue a tradição meio HQ da banda: dessa vez a arte é de Joe Chiodo, habitué de Marvel/DC e também da Verotik, editora do Danzig.

Provavelmente, Glenn Danzig precisava mesmo das longas férias dos estúdios (seis anos desde seu último álbum, sem contar o solo orquestral Black Aria II). E talvez os shows com os Misfits também tiveram sua parcela de influência nesse back-to-the-basics. Seja como for, é o seu melhor disco em dezesseis anos e desde já (ou a partir do dia 22...) um dos melhores de 2010.

Tranquem suas filhas... o guerreiro doom está de volta!




Discografia comentada

sábado, 6 de setembro de 2008

BACK TO THE FRONT


Tempos modernos. Ao lado do Google Chrome, o leak do novo álbum do Metallica foi o evento da semana. Death Magnetic será lançado oficialmente no próximo dia 12, mas uma loja francesa queimou a largada e patrocinou uma verdadeira farra P2P mundo afora. Numa postura bem diferente da época em que comia napsters no café da manhã, Lars Ulrich tem se mostrado mais compreensivo na questão: "Todos estão felizes. Estamos em 2008 e isso faz parte de como são as coisas agora, então tudo bem. Nós estamos felizes.". Mais compreensivo ainda foi a bandeira branca sinalizada por ele sobre as releituras de clássicos do grupo feitas por fãs no YouTube. Não que essa declaração tenha vindo do fundo do coraçãozinho ardiloso do baterista, mas o Metallica de fato tem reavaliado sua posição em relação à web. Vendas online de registros ao vivo e divulgação de músicas inéditas via streaming de qualidade revelam uma boa vontade (ou necessidade) em dialogar com esse novo mercado. Nada mais simbólico do que uma banda que é a personificação do establishment-rock revendo seus próprios conceitos.

Tudo isso e a eterna promessa de retorno às raízes criativas só aumentaram as expectativas em torno do disco novo. Sem entrar em méritos mercadológicos, Death Magnetic já é o álbum mais contundente do Metallica desde And Justice for All (1988). Estão lá as seções rítmicas brutais de Lars e do ex-suicidal Robert Trujillo, a artilharia pesada das guitarras, os andamentos deslavadamente thrash da velha escola. Tem o Kirk Hammett de volta aos solos. Tem James Hetfield puto da vida, em vários momentos mandando as melodias pro inferno e esmerilhando a goela como em 1986. Sem dúvida o grupo recuperou muito daquele velho e irrefreável punch. Mas não totalmente, à despeito das seguidas tentativas de sonic boom e pulverização de pedais, cordas e amps.

Segundo os músicos, Rick Rubin desapertou os coturnos de todos durante as gravações - o contrário daquela panela de pressão gerenciada por Bob Rock. O que não deixa de ser curioso, já que, à vontade, todos contribuíram em cada uma das faixas (pela 1ª vez na história da banda) e em vinte anos foi o momento em que soaram mais fiéis às suas origens. Da parte puramente técnica, as texturas estão mais secas e nítidas, conferindo maior dinamismo e uma pegada mais efetiva ao instrumental. A guitarra-base parece uma motosserra assassina e a cozinha é uma muralha de coesão. Isso que é um som de bateria, pelo amor do Bart. Não é à toa que o Slayer não largava do sujeito. É realmente um badass moderfocka.

O resultado está a meio passo do berserker defenestrador que o Metallica já foi um dia, mas ainda com resquícios do feeling hard que vem sendo destilado desde Load (1996) - o que deve desaparecer progressivamente se os próximos álbuns mantiverem o direcionamento. Notável também o cuidado do grupo em não se aproximar demais do passado, evitando a temida auto-paródia (exatamente o que muitos andam malhando no disco em fóruns gringos, sem absolutamente nenhuma procedência). Alguns vícios ainda persistem, mas após tantos anos com a fera enjaulada e com um tour-de-force dessa magnitude, fica difícil não se curvar. Não sei por quanto tempo ainda, mas os reis estão de volta.


Faixa-a-faixa:

"That Was Just Your Life" - meu Santo Araya! Intro pulsante e dedilhados sombrios tomados de assalto por um riff cruel e uma pancadaria fulminante. Estamos de volta aos dias do No Life 'til Leather aqui. Um início espetacular.

"The End Of The Line" - essa fica bem no meio da encruzilhada. Quebrada à "Master of Puppets", métrica à "Creeping Death" e com passagens extraídas da cervical hard rocker da banda. Quase uma "Fuel" metalizada.

"Broken Beat And Scarred" - mais pesada e progressiva. Parece um lado B perdido do Justice, com palhetadas rápidas em uma base cadenciada e variações rítmicas com solo do Kirk. Excelente performance do James.

"The Day That Never Comes" - talvez a mais polêmica do disco, revisitando os mesmos climas da inesquecível "Fade to Black". É uma balada pesada que segue uma pegada mais tradicionalesca, com guitarras dobradas e final abrupto. Uma justa homenagem aos velhos tempos e uma auto-referência no mínimo merecida.

"All Nightmare Long" - mostra exatamente como é a banda migrando para o lado mais agressivo. Começa com as nuances do hard pesado da última década e desemboca num thrashão de explodir o seu lado da rua. Catártica.

"Cyanide" - por incrível que pareça, os grooves de Trujillo e a quebradeira de Lars funcionam muito melhor no disco do que ao vivo. Tem jeito de música de trabalho.

"The Unforgiven III" - fechando a trilogia (assim espero) com chave de prata. Não se compara à primeira parte, mas ganha fácil da segunda.

"The Judas Kiss" - o andamento me lembrou algo vindo do Angel Dust do Faith No More, com alguns riffs e nuances em slow-tempo à Soundgarden. Estranho, mas logo emenda num hardzão metálico de primeira linha.

"Suicide And Redemption" - instrumental colossal de dez minutos. Fazia tempo, hein.

"My Apocalypse" - me diga você, fã de Kill 'Em All e Ride the Lightning: como não sorrir de alegria em ouvir um speed thrash sangüinário como esse saindo novamente dos PA's do Metallica? Mike Portnoy disse que é a melhor música deles desde "Dyers Eve". Roubou a minha deixa o baterista de araque (sic).


Ps: apesar da capa mais tenebrosa de sua discografia, esse eu vou comprar. Faço questão.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

EVIL ELVIS NÃO MORREU


Este mês completou 30 anos que Mr. Aaron Presley resolveu cantar Can't Help Falling In Love para platéias, digamos, mais seletas. Coincidentemente, Glenn Danzig, um de seus súditos mais fiéis, retorna das trevas em grande estilo com sua banda homônima.

The Pelvis foi influência primordial na sonoridade do grupo em seus quatro primeiros discos e em seu estilo vocal desde sempre - referência discográfica já devidamente exumada aqui. O legal é que não é gratuito. Ele de fato engrossa esta veia pélvica (opa) e a introduz (opa²) num contexto musicalmente funcional. O crossover de blues rock com o espírito obscurecido do Rei, mais a pegada cramulhística fim-dos-tempos do Black Sabbath se mostrou vigoroso desde os primeiros acordes.

Também é notável que após a espetacular quadra inicial, o Danzig entrou na zona de rebaixamento - mais precisamente, a partir do baticum equivocado de Blackacidevil, de 1996. O disco era uma maçaroca eletrônica sem eira nem beira, na cola do boom industrial noventista. O que se seguiu foi uma produção de metal genérico que muitos classificariam de 'meia-boca' sem dor na consciência.

Apesar dos álbuns recentes terem resgatado um pouco da dignidade musical de "seu" Glenn (o cara já está com 52, ainda no shape - Elvis cravou nos 42, acabado), nunca houve uma recuperação completa. Talvez fosse pelo time de músicos modernoso demais. Ou simplesmente porque as composições não traziam nenhum vestígio daquele feeling blueseiro de encruzilhada. A verdade é que faltou mais 666 nos últimos discos do Danzig.

Mas veja/ouça só como são as coisas... o novo álbum é antes de tudo old school. É tão bom quanto sua antológica primeira fase, sem que nada mudasse efetivamente no Danzig atual.


The Lost Tracks Of Danzig é a tradicional compilação de canções inéditas. Mesmo pertencendo ao velho esqueminha dos caça-níqueis, o material surpreende pela quantidade e qualidade. São 26 músicas "novinhas" de primeiríssima, não raro melhores que muitas das que entraram nos álbuns oficiais. Impressionante como a pré-produção daqueles discos foi cruel.

Paradoxalmente, a nova masterização - feita pelo próprio Glenn e por Rick Rubin - nivelou todas as faixas, sendo bem-sucedida em manter a coesão de uma coletânea que prima pela variação extrema de sonoridade. Convivem no mesmo pacote o blues metálico dos primórdios, a fixação cinqüentista do Evil Elvis, industrial ressacado, experimentalismo neo-gótico e as guitarradas tonitruantes dos últimos dois álbuns. O resultado é um discaço classe "A" (ou "B", o que for mais lisonjeiro). Merece cada níquel investido.

Quando comentei que muitas destas canções mereciam figurar em seus respectivos álbuns oficiais, foi pensando na arregaçante faixa de abertura, Pain Is Like An Animal e nas sensacionais Angel Of The Seventh Dawn e The Mandrake's Cry. Se destacam na imediata segunda audição a baladona soturna Crawl Across Your Killing Floor, as duas versões de When Death Had No Name, o hard de botequim vagabundo Soul Eater, o doomzão cavernoso Lady Lucifera (a versão s&m da Grazi Massafera!) e duas pérolas que pagam tributo ao Rei: Cold, Cold Rain (meia-irmã de Sistinas) e a bela acústica Come To Silver, que Danzig diz ter composto para Johnny Cash.


A faixa Satan's Crucifixion merece uma menção à parte: riff marcante, melodia tétrica, satanismo de história em quadrinhos e climão pesado de cortejo fúnebre. Desde já, um clássico imediato da banda. Há uma história curiosa sobre a canção, contada por Danzig em entrevista à Rock Brigade.

Nas demais, há poucos pontos baixos na repescagem (contabilizei só duas), predominando composições que figuram confortavelmente na 2ª divisão do melhor que o Danzig já produziu - mesmo as inéditas do famigerado Blackacidevil, superiores ao álbum inteiro. O disco também traz ótimas versões de Caught In My Eye (do The Germs), Cat People (tema de David Bowie que entrou na trilha do filmão A Marca da Pantera, de 1982) e Buick McKane (clássico taradão do T. Rex).

Chega o fim do álbum e "Evil Elvis has left the building". Fazia tempo que ele não fazia por merecer o anúncio. Este conjunto da (s)obra rendeu uma moralzinha extra.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

O FIM ESTÁ PRÓXIMO


...e o Ministry começa a desligar seus motores secundários, após 26 anos de funcionamento nonstop. Vazou ontem na rede The Last Sucker, último álbum de estúdio da banda (finalizando assim a trilogia/atentado à administração W. Bush iniciada em 2004 com House Of The Molé e seguida por Rio Grande Blood, de 2006).

O canto do cisne foi anunciado em maio do ano passado pelo alter-ego do grupo e anti-republicano de carteirinha, Al Jourgensen. Entre os motivos para o término das atividades, ele destacou a manutenção de seu novo selo, 13th Planet Records, a produção de bandas e, principalmente, evitar que o Ministry se torne uma caricatura ("and doing crappy Aerosmith and Rolling Stones albums 30 years later").

Geralmente, grupos com fim de atividade programado agendam a longo prazo certos packages estratégicos. O esquema continua o mesmo. Senão, vejamos: Rantology (2005) é a coletânea (ainda que subverta o formato) e Rio Grande Dub (2007) é o disco de remixes. Agora só falta o Live. O fato é que de Ministry mesmo só tem mais esse resto de ano. Concluindo a atual "MastubaTour", eles fecham o boteco ao vivo com a "SeeYouLaTour". Em 18 de setembro, eles lançam The Last Sucker. Depois disso já era.

O fim da banda deixa o mundo mais babaca, mal-humorado e politicamente correto. Com a saída do baixista e ex-parceiraço Paul Barker em 2003 (o único colaborador fixo), o Ministry termina sua existência da mesma forma como começou - pelas mãos de Al Jourgensen, como uma one-man-band. Triste ainda é constatar que a trilha dessa despedida é simplesmente um dos álbuns mais destruidores do ano. Jourgensen preparou um track-list violento, direto e, de certa forma, menos dispersivo e mais "musical" que os últimos discos. Ao todo são onze lajotadas na testa.


A faixa de abertura Let's Go, é thrash dos bons e chega derretendo os auto-falantes com um riff serra-elétrica e um solo psicótico de Mike Scaccia (ex-Rigor Mortis). Watch Yourself é um speed metalzão mixado com EBM old school. Lembra algo do The Land Of Rape And Honey, de 1988, produzido com tecnologia atual. A ritmada Life Is Good, é o Service Pack 2 do Sepultura fase Chaos AD. The Dick Song é escandalosamente pesada. Poderia facilmente constar no repertório do sujão 1,000 Homo DJ's, uma das filiais do Al. A faixa-título resgata a essência pós-punk na qual o grupo foi tão influente. No Glory e Death & Destruction são literalmente morte e destruição sem glória, com samplers de W. Bush ordenando a implosão do planeta. Roadhouse Blues é um inesperado cover do clássico do The Doors. Thrash industrial com harmônica. Caraaaaalho. Acrescentaram 850 toneladas de peso na música e juro que o blue ainda continua lá, intacto. Die In A Crash é um electro-punk embebido em new wave, coisa realmente alienígena no som da banda, mas executada em altíssima voltagem.

End Of Days partes I e II têm participação de Burton C. Bell, frontman do Fear Factory, e fecham o álbum em tom inequívoco de "tá chegando a hora". Especialmente a parte II, com riff melódico inspirado, coralzinho de crianças ao fundo e a sonzeira se esvaindo até a última pancada do drum machine. Isso aqui vai deixar saudade.

Rest in peace, Ministry.


...mas tenho lá as minhas reservas. Al Jourgensen é malandro pra caramba.


A propósito, pra efeito de comparação: Cold Life, o primeiro single do Ministry, de 81, e Let's Go, do disco novo.

It's evolution, baby.

terça-feira, 31 de outubro de 2006

SEND MORE ROCK'N'ROLL


"Sua música pode ser descrita como zombiecore - uma tétrica fusão de thrash metal e punk hardcore moderno, contaminado e desfigurado por uma obsessiva fascinação por filmes B de mortos-vivos."

Os ingleses do Send More Paramedics talvez sejam os caras mais dedicados à "cultura zombie" dentro do circuito rocker atual. Eles levam a coisa à sério mesmo. Nos shows, os integrantes sobem ao palco devidamente caracterizados como mortos-vivos putrefactos - menos o baterista, que usa uma daquelas máscaras mexicanas de luta-livre (o que é tão trash quanto). As letras, verdadeiros relatórios de guerra narrando com detalhes um apocalipse canibal-zumbístico. E as músicas são abarrotadas de samplers com diálogos de filmes clássicos do gênero, como A Noite dos Mortos-Vivos, Dia dos Mortos, Zombie, etc. Fora o próprio nome da banda, tagline clássica de A Volta dos Mortos-Vivos. É a trilha sonora perfeita para um clip com trechos de filmes do George A. Romero.

B'Hellmouth [vocais], Medico [guitar], xUndeadx [baixo] e El Diablo [batera], formaram a banda em 2001 e, desde então, já atacaram os seres vivos com dois discos e dois EPs split. Seu mais novo álbum chama-se The Awakening, e mostra que eles retornaram sedentos por sangue quente e carne fresca. E cheios do profissionalismo! O crossover destruidor dos caras saiu do gueto e suas composições agora estão muito mais focadas, técnicas e furiosas. Chega a lembrar um mix thrashcore de Samhain/Misfits com a sonoridade do último do Slayer, mas com identidade própria. Jeff Walker e Ken Owen, dois integrantes do podraço e inesquecível Carcass, participam em duas faixas. Devem ter se sentido em casa.

Citar algum destaque é meio complicado, já que o CD 1 inteiro é um fôlego só. Mas na próxima festa punk que eu armar, tem de rolar The Crowd Is Crushing Me, Blood Fever, Virulence, Anthropophagi, Vital Signs e I Am Every Dead Thing. Sensacionais. Já no CD 2 a coisa atinge um nível de sofisticação inesperado. Trata-se de uma trilha instrumental com quinze faixas incidentais assustadoras, à John Carpenter, com toda aquela atmosfera tétrica horripilante de filme de terror.


Pra ouvir enquanto recarrega uma 12 com cano serrado e, munido de martelo, pregos e umas ripas de madeira, sela um barracão cercado por centenas de mortos-vivos pútridos com os estômagos necrosados roncando por tripas frescas. Hell yeah!


"Braaaaiinnss... braaaaiinsss..."

quinta-feira, 18 de maio de 2006

Nem eu, nem Fivo: dessa vez é o colleague Sandro quem psicografa, em sua primeira incursão zombística. A seguir, ele destrincha o verdadeiro sentido de parar pra curtir um bom rock'n'roll. E não estamos falando só de música aqui.


IT'S EVOLUTION, BABY!!!


Parte 1: Os de estúdio.

Início dos anos 90. Eu tinha uns 17 anos. Época boa, na verdade uma época de escolhas, mas ninguém estava afim de escolher nada. Ao mesmo tempo que tínhamos que escolher algo perante nossos pais, a gente estava descobrindo um monte de coisas, o que teoricamente anulava o fator escolha naquele momento, já que tanta coisa nova aparecia. Era época de Batman chutando o Azulão, Rorschach, aquelas porcarias de tamagochis, Holden Caufield e seu campo de centeio. Época de blá-blá-blá sobre teoria das Supercordas, importância do voto, não fume, se alimente bem e suco Tang dá câncer. Era época de garotas também. Era época de engolir Fernão Capelo Gaivota, Os Lusíadas e qualquer um do Machado de Assis pra vestibular. Mas, na verdade, nada disso importava, porque a época era mesmo de uma banda: Nirvana.

Começar um texto sobre o Pearl Jam falando do Nirvana parece sacanagem, mas não é. Temos que admitir que Smells Like Teen Spirit abriu espaço pra um monte de gente mostrar seu trabalho. Poucos se deram bem e estão até hoje por aí, outros já não conseguiram o tipo de exposição que pretendiam, ou a musicalidade deles não seria compreendida por muitos, ou simplesmente não quiseram entrar no bloco mainstream da coisa. Eu, particularmente, agradeço a Kurt e companhia por terem me apresentado ao Mudhoney, Screaming Trees e ao Mother Love Bone, uma das bandas que tem o nome mais legal que já vi. Projetos solo à parte, nenhuma conseguiu o êxito a curto prazo que o Nirvana conseguiu. Nem o Pearl Jam, citado aí em cima. E novamente, parece estranho falar de uma banda e ficar citando outra, mas não é.

Admito que queria que o Pearl Jam se explodisse na época. Aquele primeiro disco deles, com aquela capa semi Poison me deixava puto. Como alguém pode aprovar uma coisa daquelas? E o povo que idolatrava Alive como hino me enchia o saco com discussões sobre o significado daquelas mãos juntas e o nome do disco. Um bebê nadando com uma arma flutuando não precisa de grandes explicações, assim como as capas dos discos do Soundgarden ou do Alice in Chains. A impressão que me dava é que os boyzinhos da sala curtiam Pearl Jam e os sujões, que eram os reais líderes das salas de aula, o Nirvana. Aqui ou ali um fã de Guns, mas eu sempre detestei Guns, portanto não sei o que eles pensavam ou se pensavam em algo.

Mas sempre fui do tipo "tenho que ouvir pra criticar". Tinha medo de ler Mein Kampf, do Hitler, por pré-julgamento do povo mindless, então lia escondido. Mas lia. Queria saber o que pensava um cara como Hitler, assim como queria saber o que Mandela e o Black Panther Party pensava. Informação sempre é útil, mesmo quando se tratava de uma álbum como Ten. Ouvi tudinho. Vi clipe na MTV. A tal da Jeremy tinha uma letra bem legal, mas não adianta, eu só ouvia a merda da Alive no rádio e na boca dos pseudo-fãs. Não ouvi ninguém falar nada do restante do disco. Mais tarde, Black tocou até doer. Mas não adianta, para quem estava ouvindo Jesus Christ Pose ou Suck You Dry não havia Why Go? que agradasse. Pelo menos, esse era meu ponto de vista.

Ouvi Nevermind até sangrar meu ouvido esquerdo. E não cansava. E não canso. E nunca vou cansar, assim como ouço Badmotorfinger até hoje no último. Era também uma época de descobrir Sonic Youth, Jesus and Mary Chain e ficar garimpando coisas novas das lojas de disco. CD tava começando a aparecer, mas nem tanto. Mas em todo lugar pra onde me virava, ouvia Alive. E não aguentava mais. Até hoje tenho uma coisa com essa música. Não aguento. Simplesmente não aguento. PJ pra mim era a Polly Jean Harvey. Ponto.


O disco novo veio logo, uns dois anos depois. Vs era o nome e tinha uma foto de um bicho tirada com uma grande angular. Na primeira vez que vi não entendi direito e nunca iria pensar que era uma ovelha. Eu estava chapado de bebida numa festa, mas ainda lembro quando fulano veio me mostrar o CD. Era um dos primeiros cd's que eu via na vida. E confesso que fiquei curioso pra saber o que aqueles caras iriam fazer depois da mega exposição. Perdão pelo trocadilho, mas acho que no momento pensei "será que eles still alive?". Chapar nessa época era legal. Surpresa minha ao acordar na casa de meus pais no dia seguinte com uma puta dor de cabeça e o tal do disco no bolso da minha jaqueta. Eu nem tinha CD player e, mais ainda, nem sabia de quem era o disco, não lembrava do fulano que me mostrou. Se você, fulano, está lendo isso, eu te devolvo, ok? É só pedir educadamente.

Fui na casa do meu amiguinho rico e pedi pra ele gravar numa fita. Meio com mal gosto, meio com vontade de tirar sarro dos meus amigos eddie fazóides, coloquei a fita e os fones de ouvido, sentei no chão da sala e pensei automaticamente nos primeiros acordes: "o chicão me gravou disco errado. Não é Pearl Jam isso aqui...". Peguei o encarte e comecei a seguir as letras. Encarte maneiro, pensei. Letras maneiras pensei. Som do caralho, pensei. Fãs de Alive reclamando, pensei.

E foi nessa hora que virei fã do Pearl Jam. Ouvindo Go, Animal e Indifference. Esta última, aliás, parecia que estava no final do disco por um motivo. Parecia que eles estavam indiferentes com o primeiro disco, que o que eles queriam fazer mesmo era rock'n'roll. Que o segundo é um evolução do primeiro e que eles queriam continuar fazendo isso. "Saw things so much clearer..." gritava no meu ouvido. E, sem pestanejar ouvi o disco novamente. 4 vezes naquele mesmo dia. E decidi comprar meu primeiro CD, mesmo não tendo player. A mudança toda do PJ era sentida na capa, que não tinha nenhuma indicação do nome da banda, somente aquela ovelha torta. Coragem, pensei. A gravadora obviamente colocou um adesivo gigante "O Novo do Pearl Jam", mas era fácil de arrancar. A capa era ótima sem aquela droga de adesivo.

Novamente, dois anos depois, uma nova e agradável surpresa. Vitalogy era o projeto gráfico mais ousado que eu já havia visto. O CD é um livro, o acabamento impecável e a música tendenciando para um pré-experimentalismo, o que ocasiona, obviamente, queda nas vendas. Poucos hits de rádio e o Pearl Jam já tinha declarado que odiava fazer videoclipe, o que iria baixar ainda mais as vendas do disco. MTV vende. E muito. Mas tava estampado no disco todo que os caras queriam mesmo é que se foda, queriam segmentar o público-alvo deles com gente que gostasse. Queriam esquecer o passado black e simplesmente tocar. Ainda assim, músicas como Nothingman ou Not For You tocaram em rádios consideradas de rock, antes da jabálização das mesmas. Para fãs, um disco espetacularmente diferente, com direito a sanfona em Bugs e experimentalismos diversos, o que os levou a No Code, um disco em que os integrantes realmente deixaram de lado opiniões totais e simplesmente tocaram. Novamente com projeto gráfico impecável, que trazia algumas imitações de polaroids com letras de músicas no verso e fotos representativas, o disco torceu o nariz até dos fãs mais ardorosos. Eu, particularmente, somente admirava mais e mais a coragem dos caras e, até hoje, me surpreendo um pouco. De Oceans para Sometimes em 5 anos não é um pulo, é uma queda livre a 350km por hora, principalmente no conceito dos fãs do primeiro disco. E eu queria mais, queria saber onde é que aqueles caras iriam parar.

Em 1998, a banda havia firmado o que queria musicalmente e fora do circuito de grandes divulgações. Ainda assim, sem mega produções, o PJ levava milhares de fãs a shows, e isso os irritava. Queriam shows menores, mas era impossível. A produtora via o potencial de renda dos shows mais ainda do que da vendagem de discos, o que ocasionava contratos milionários e, conseqüentemente, um preço extremamente alto para os fãs que, ainda assim, pagavam. E nova briga comprada pelo Pearl Jam, agora com as empresas que vendiam seus ingressos a preços exorbitantes. Briga esta vencida pela banda, que conseguiu baixar em cerca de 65% o valor cobrado. Neste ano também veio a conciliação com a MTV, através do petardo visual Do The Evolution lançando o disco novo Yield. Dirigido por Todd "Spawn" McFarlane e roteirizado pela banda, o clipe não só é revolucionário pela sua técnica como pelo seu conteúdo, até hoje, 8 anos depois, ainda atual. E o disco trouxe de volta um Pearl Jam não de raízes, mas de coesão musical e, principalmente, satisfeito consigo mesmo. E isso dava pra se sentir nas letras e músicas. Discão para qualquer fã de rock, se nada de experimental, somente grandes músicos tocando grandes músicas, o que fez com que o próximo álbum de estúdio, Binaural fosse recebido com grande expectativa pelos fãs, agora já segmentados e não apenas "Eddie Vedder wannabes". Não manteve a estrutura musical de seu antecessor, mas concluíu o caminho da banda no sentido de direcionamento. Músicas como Nothing As It Seems e Breakerfall foram lançadas nas rádios, sem muito alarde e, consequentemente, sem o sucesso esperado. Acredito que a gravadora sempre esperou um novo Even Flow, que não veio. De certa forma, isso é um grande alívio. Entre um disco e outro, a banda lançou um disco ao vivo muito bom chamado Live On Two Legs, uma compilação de grandes músicas, nem todas grandes sucessos, o que comprova mais uma vez a intenção real da banda, a divulgação do trabalho em si, não apenas de hits ou vendagens. Banda de caráter, isso sim.


2002. Sem nenhum tipo de divulgação encontro o disco Riot Act numa loja. O PJ é uma as poucas bandas em que faço questão de comprar o disco original, mesmo antes de conhecer o conteúdo. Pelo menos um bom projeto gráfico eu terei em mãos. E não era surpresa alguma ao ouvir o disco saber que o Pearl Jam continuava seu caminho em direção a evolução, com músicas impecáveis como Ghost e I Am Mine, com direito a imagem da banda na MTV em videoclipe gravado em estúdio depois de cerca de quase 10 anos, desde Rearviewmirror. Era um retorno, mas um retorno ao estilo da banda, do jeito deles. Mais uma vez o disco tinha algo que falta na maioria das bandas atuais: conceito. Foi o que permeou o próximo disco, Lost Dogs, que trazia apenas B-Sides e raridades da banda, disco fundamental pra qualquer fã que queira realmente conhecer o trabalho sério e digno da banda. Na verdade, você só conhece uma banda realmente depois de conhecer o outro lado dela, o lado significativo e não-vendável, o aspecto simbólico concreto da motivação deles. Um disco como este mostra o que você não vai ouvir em rádios provavelmente nunca, mas nem por isso, menos importante e sonoro. Em 2003 mais um disco ao vivo, agora com vendagem revertida para o Youth Care, com grandes sucessos e a pouco conhecida Crazy Mary, o que mostrava como a banda mantinha seu engajamento sócio-político e causas humanitárias em pauta.

Dois anos depois, o inevitável Best Of. Chamado Rearviewmirror, era uma compilação dupla de sucessos da banda. Só isso. O Pearl Jam é o tipo de banda que você tem que descobrir por si próprio para conhecer a essência. Mas todo mundo precisa de dinheiro e contratos são assinados para isso.

Agora o PJ está com um disco novo, batizado com o nome da banda. Para uma banda que tem mais de 10 discos lançados, quase 70 discos duplos com gravações de shows (será que algum fã tem todos?) e participações em trilhas sonoras de filmes e causas humanitárias, até que demorou para lançarem um disco com esse título. Na verdade, o disco demonstra exatamente o que seu título quer dizer. O novo disco É o Pearl Jam. É a demonstração precisa de para onde a banda gostaria de ter ido, e conseguiu chegar. Músicas rápidas, diretas, som rasteiro e sem frescura. Num mundo globalizado, World Wide Suicide, que já começou a tocar nas rádios, devia virar hino. E não consigo enumerar as que mais gostei, porque o disco todo é recheado de riffs cortantes e letras concretas. Acho que banda boa é assim, surpreende a gente a cada disco. E eu, como fã real do Pearl Jam, estou novamente surpreendido pela dedicação aos fãs e por lutar pra fazer o que eles querem. Se todas as bandas fossem assim, talvez as coisas fossem um pouco diferentes por aqui. Atitude e iniciativa, é isso que o Pearl Jam representa para mim.

Precisa mais?


PS.: Infelizmente, por motivos financeiros, não vi os shows aqui no Brasil. Sim, me arrependo muito, assim como me arrependo muito de não ter visto o Rush (nota do ed.: deu mole... eu fui. Show-za-ço! :D). Mas já ofereci vários Sangue de Boi, Pirulitos Zorro e Pipocas Panda na macumba pra que eles voltem.


Sandro TC é publicitário, redator, designer e parece um mix de Jack Black, Robert Smith, Juggernaut e Bob Cuspe. E é o fã número 0,01 daqueles clipes bizarros do Tool. Atualmente, anda escrevendo Escrevia no Ctrl+Z e no Cine MKT, e, pelo jeito, tá querendo escrever aqui também.

segunda-feira, 14 de novembro de 2005

DUCK MUSTAINE


Sábado retrasado (5/11) o canal pago Boomerang exibiu um episódio bem atípico do desenho Duck Dodgers (um Patolino from the future), chamado "In Space No One Can Hear You Rock/Ridealong Calamity". O convidado especial da vez foi ninguém menos que Dave Mustaine, o Megadeth-man em pessoa.

No desenho, os marcianos estão tentando escravizar os terráqueos com a execução massiva de easy-listening. Pra quem não sabe do que se trata, tenha em mente: saxofones, teclados, pianos, música de elevador, Ray Coniff, Baden Powell, Kenny G, Richard Clayderman... sentiu o drama? Pois bem, Patolino/Duck Dodgers resolve tirar a humanidade dessa fria e resgata Mustaine de seu estado criogênico pra executar os acordes de Holy Wars, Tornado Of Souls e outros hinos do thrash metal. O problema é que, sem querer, ele apaga a memória do cara durante o processo. Mustaine precisa reaprender a tocar e o Pato mostra pra ele uns discos velhuscos do Megadeth, tenta reensiná-lo a bangear, fazer stage-diving, mosh, etc, sem nenhum resultado. Patolino então monta o grupo Megaduck, que, por sinal, tem um logotipo igualzinho ao do Megadeth. Saca só um trechinho do desenho.

Fica aí a dica para a caça ao Pato... ou melhor, ao episódio. E, como não poderia deixar de ser, o desenho também é mais um elemento na guerra fria entre o Megadeth e o Metallica. Quem assistiu ao filme Some Kind of Monster teve a impressão de que Mustaine virou um mendigo após sua expulsão do grupo de Lars Ulrich. Com quinze milhões de discos vendidos, hype total de seu último álbum, The System Has Failed (e num momento de baixa comercial no heavy), e aparições freqüentes na grande mídia, acho que mr. Mustaine vai muito bem, obrigado. Correndo por fora, o 'Metllica' gravou, em setembro, a comentada participação no desenho dos Simpsons. Peace sells... but who's buying? :)



METAL É LINDO


Na próxima quinta-feira (17/11) haverá um bom... não, ótimo... não, excelente motivo pra assistir ao Programa do Jô (até para os que adorariam bater no rotundo apresentador). O grupo holandês Epica será o convidado especial do programa, e deverá executar duas músicas em versões acústicas. Pra quem não conhece, a banda pratica aquele heavy melódico, técnico e, hã... "épico", que fez a fama de bandas como Nightwish e Lacuna Coil. É bem-feitinho, bem tocado e tudo mais, embora não seja muito a minha praia. Mas o motivo real de existirem estas linhas, de assistí-los no Jô (e até de existir a banda...) é a vocalista, frontwoman e deusa Simone Simons. Minha nossa... desde que o Epica começou a se destacar, há uns dois anos atrás, que o heavy metal ficou mais bonito. Com uma presença constante nos principais festivais de rock da Europa (Graspop, Dynamo Open Air, Wacken, etc), a banda vem conquistando uma carreirada de admiradores, 99% destes atraídos pelo canto da sereia Simons.

Ah, sim... ela canta muito bem. É mezzo soprano formada. Tecnicamente superior à Amy Lee, sem a frieza excessiva da Tarja Turunen e mais linda que as duas juntas. E ainda traz no nome uma aliteração de fazer inveja à Lois Lane e Marisa Monte. Prevejo bons ventos para o Epica, visto que Tarja está fora de combate (chutada - quase literalmente - do Nightwish), e o pessoal do Evanescense ainda está curtindo a ressaca do primeiro disco.

Galeriazinha de leve. A moça merece.



PRA OUVIR EM ALGUMA ENCRUZILHADA DO MISSISSIPI


Se um dia você resolver vender a alma numa encruzilhada pra se tornar uma fera no violão, vá ouvindo no caminho a trilha sonora de E Aí, Meu Irmão, Cadê Você? (O Brother, Where Art Thou?, 2000). Evitará qualquer arrependimento ou hesitação, e o chifrudo enxofrento ainda lhe agradecerá por mais um bom negócio. Do filmaço dos Coen saiu uma das trilhas mais legais dos últimos anos. É irresistível. Eles dão uma verdadeira garimpada na música popular americana da primeira metade do século 20. Folk, blue-grass, country, blues, soul, gospel e cajun se misturam com a mesma reverência de uma procissão interiorana. Convivem no mesmo ambiente um canto chamado-e-reposta com batida minimalista (Po Lazarus, de James Carter & The Prisioners, logo no início), um hit matusalém (You Are My Sunshine, de Norman Blake), um spiritual à capela (O Death, de Ralph Stanley), um doo-woop negão (Lonesome Valley, do Fairfield Four), uma relíquia raríssima (Big Rock Candy Mountain, de Harry McClintock), o resultado daquele rolo com o coisa-ruim (Hard Time Killing Floor Blues, de Chris Thomas King), e por aí vai. Mas não dá pra deixar de mencionar dois pontos...

1) O sensacional trabalho de Alisson Krauss (estrela do country americano) em Down To The River To Pray e na "melô das sereias" Didn't Leave Nobody But The Baby (nesta, acompanhada de Emmylou Harris e Gillian Welch). Excepcional;

2) A "aderente" Man Of Constant Sorrow, do Soggy Bottom Boys (Fivo, não sei se te agradeço ou te amaldiçôo...). É difícil acreditar que isso veio dos gogós de George Clooney, John Turturro e Tim Blake.

Veja o filme, ouça o disco e leia o conto Old Man, de William Faulkner, que serviu de inspiração para os irmãos Coen. Se conseguir o conto, me manda que eu quero.

Stubbs The Zombie periga ser o jogo mais legal do século (tá, ainda tem mais um chãozinho pela frente). A história se passa em 1933 e começa com Stubbs, um caixeiro viajante, tentando sobreviver à Grande Depressão. Com uma vida repleta de fracassos, e um loser quase profissional, Stubbs é brutalmente assassinado por um desconhecido e enterrado como indigente em um campo da Pennsylvania. Corta pra 1959... um industrial bilionário chamado Andrew Monday constrói uma cidade futurista bem em cima do campo onde Stubbs apodrece anonimamente. Aí, o nosso anti-herói levanta de sua sepultura sem saber como e porque retornou, ou quem foi seu algoz. O novo Stubbs só tem uma certeza: cérebros irão rolar...

A trilha desse combo splatter/gore nonsense é uma surpresa. Composto de covers de hits dos anos 50 (sejam canções rock, jazz ou pop da época), a seleção mantém um clima sempre irônico, que já dá pra antever só de conferir o cast, basicamente de bandas alternativas. Lollipop, de Ben Kweller, é a típica pop song dos charts cinqüentistas. If I Only Had A Brain, com o Flaming Lips, é uma vinheta radiofônica de dois minutos, pingando de tanto cinismo. Lonesome Town, com Milton Mapes, é uma balada rock à Ritchie Valens. The Living Dead, do Phantom Planet, já carrega bastante nas guitarras, e My Boyfriend's Back, com The Raveonettes, é aquele bubblegum grudento que parece coisa da Olivia Newton-John dos tempos de Grease.

Mas os vencedores são o badalado Death Cab For Cutie, com a 'xonadinha Earth Angel, e o mais-badalado-ainda Cake, com o clássico Strangers In The Night, do old blue eyes Frank Sinatra.

Agradecimentos ao Lobo Schmidt por me informar sobre a existência do Stubbs. :P


Acabei reparando que o Type O Negative aí ao lado não tem nada a ver com doom ou stoner. Eles são gothic. A culpa é do Black Sabbath, que influenciou três estilos distintos do rock. Agora a gente fica aí, confundindo tudo. :)

domingo, 6 de novembro de 2005

JÁ FOMOS OS DEFENSORES

Defenders #1/#4 (de 5)


Antes mesmo de sair o segundo capítulo da Liga da Justiça "tosca", em JLA Classified #4, Keith Giffen já havia espalhado aos quatro ventos que esse seria o último arco que ele escreveria para o grupo. Cascata? Aposto que é, mas também acho que naquele momento ele mesmo acreditava nisso. Afinal, já devia saber que alguns meses mais tarde iria assumir a batuta dos Defensores, supergrupo da Marvel que sempre exibiu um inegável apelo cômico (ainda que involuntário), até mais forte do que a equipe B da Liga. Uma equipe no qual ninguém concorda com ninguém, nenhum dos integrantes tem a mínima empatia e cujos inimigos remetem aos padrões vilanescos mais esdrúxulos da chamada 'Era de Ouro'. De JLA para Defensores? Nada se perde...

Mas não me entenda mal. Sempre curti muito os Defensores. Apesar de sua formação ter sido modificada meia-dúzia de vezes (sai Valkíria, entra Daemon Maelstrom, sai Felina, entra Gavião Noturno, etcs), os titulares mesmo eram Namor, Hulk e Surfista Prateado, liderados pelo Dr. Estranho. É que nem o Black Sabbath... com o Dio foi bom, mas com o Ozzy é que era o bicho. Além do mais, os Defensores eram a equipe mais overpower que se tinha notícia. Chegava ser covardia. Só a inclusão do Gigante Esmeralda e do ex-arauto de Galactus já os colocava na posição de supergrupo mais poderoso da Marvel. Da Marvel não... dos quadrinhos. Entretanto, a relação interna do grupo era pra lá de conturbada, principalmente entre Namor e o Surfista. Não raro, os dois se engalfinhavam em pancadarias homéricas, sendo que o Dr. Estranho tentava intermediar a coisa toda a duras penas e o Hulk não estava nem aí. De inimigos, a fina flor de tudo o que a Marvel tinha de mais atual... nos anos 60: Homem-Planta, Nebulon, Xemnu, Calizuma e... adivinha-quem-veio-pra-jantar, Dormammu, o antagonista mais recorrente das histórias em quadrinhos, Sua Majestade O Rei das Entressafras. Talvez por isto mesmo foi o eleito por Giffen e DeMatteis para ser o primeiro inimigo dos Defensores "toscos" (ainda mais).

Nas mãos hábeis de Kevin Maguire, Dormammu ganhou um visual meio s&m, tipo Hellraiser. Mas só mudou aí. Os roteiristas, espertos, praticamente não mexeram em nada. É incrível como os mesmos diálogos, lidos hoje, soam tão ridículos. Às vezes, Defenders periga virar uma história de uma piada só, sempre se baseando em toda aquela grandiloqüência e pompa descabidas - e algum espertinho(a) tirando sarro da clicherama e das situações incrivelmente piegas (lembrei logo do filho do Dr. Evil, de Austin Powers). A premissa, por si só, é quase um emblema do maniqueísmo pop: o demônio Dormammu se une a sua irmã, a impiedosa Umar, dando fim à uma desavença familiar (e milenar) que era a única coisa que o impedia de ser o detentor do Poder Absoluto. E qual é a maior ambição de Dormy agora que é um deus vivo? Dominar a Terra!® Só que sua "querida" irmãzinha tem outros planos...

Aliás, o resgate da personagem Umar foi um achado. Ela parece um mix de Cléo Pires e Angelina Jolie com o senso de humor fúnebre da Mortícia Adams. E além de ser uma gostosa de mão cheia...


...é uma tremenda ninfomaníaca, capaz de estremecer os alicerces da Torre de Mordo... digo, Dormammu. Atraída fisicamente pelo Hulk (!), Umar, fã de verdura, faz as mais de 100 toneladas de "sustança" do Golias Verde ficarem carentes de vitamina C(atuaba). Com ela, a expressão "enquanto eu tiver língua e dedo..." fica bastante depreciada.

Do lado dos heróis, sem grandes problemas também. Eles mesmos se autodestroem sem o auxílio de terceiros. Namor é uma figura: narcisista crônico, elitista e arrogante ao extremo. Banner/Hulk, depois de tanta desgraça que lhe acometeu na cronologia normal, já está mais pra lá do que pra cá: revoltado, cínico e com uma inequívoca atitude tô-fazendo-hora-extra-no-mundo. Já o Doc Strange vem com sacas daquela ironia cortante que vem sendo amolada desde Vikings, a mini do Thor escrita pelo Garth Ennis. E por incrível que pareça, o Surfista Prateado é o único que ainda não moveu nem uma palha, mesmo faltando apenas 1 edição para o arco terminar. Contudo, não deixa de ser insólita a sua situação: imerso em ponderações sobre o Sentido da Existência (uma constante), o angustiado Surfista se identifica com uma tribo terráquea e acredita que encontrará ali as respostas que tanto persegue. Cabe dizer que o Surfista do Maguire está igualzinho ao C3PO.

Vou te dizer. Esperava mais dos Defensores de Giffen/DeMatteis/Maguire. É melhor do que a última da JLA tosca (mesmo porque, esta já estava bem aquém das anteriores), mas com certeza eles podem fazer mais que isso. Seja como for, os diálogos ainda estão bem malandros, há ganchos realmente espirituosos (o que Umar e Dormammu fazem com o todo-poderoso Eternidade pode parecer blasfêmia pra alguns, mas que foi engraçado, foi), a tiração em cima dos clichês é nonsense total ("Onde está Dormammu? Se eu o conheço bem, deve estar contando ao Estranho cada detalhe do nosso plano. Ele sempre faz isso. Não consegue manter aquela boca flamejante fechada!"), e o Doutor Estranho está impagável nas alfinetadas que troca com o Namor e quando tenta convencer cada Defensor a retornar à equipe.

Mas o ponto alto da revista, na minha humilde opinião, é a dominatrix do inferno Umar, deliciosamente cruel. A menina rouba a cena! Além de ser uma pinup de cair o queixo e um paradoxo interessante a eterna silly-girl Mary Marvel. :)



QUEM NÃO TE VIU, QUEM TE VÊ


Estamos pagando o preço por termos deixado Hollywood monopolizar o mercado cinematográfico por todos esses anos. O mundo ao redor desta fábrica de sonhos está se tornando tão bom em produzir sonhos quanto, senão melhor. O que chega por aqui em termos de "novidade estrangeira" é à base de conta-gotas, naquele festival de cinema independente que vai acontecer em um estado que provavelmente não é o seu. Fora isso, é apelar para a última fronteira - avançando via web e treinando a paciência tibetana com aquele download interminável (porque o BitTorrent é lerdíssimo ou porque o e-Mule e congêneres ainda não encontrou fontes suficientes para baixar o arquivo). Isto pra não falar na legenda (a qualidade ou a falta da mesma), já que o idioma das produções não será o inglês. O resultado é Free Zone, Immortel, Guardiões da Noite, Oldboy, 2046, Casshern, Three... Extremes, Haute Tension, Sympathy for Mr. Vengeance e pérolas quetais, sendo exibidas num cinema bem longe de você.

Mas, às vezes, e só às vezes, um barquinho fura o embargo comercial/cultural e se materializa, como que por encanto, bem ali na locadora da esquina. Foi assim com Casshern, e um pouco antes, com Vidocq (França, 2001). Na época em que este filme foi lançado, houve um corre-corre underground que chegava a ser irritante, de tão restrito. Mandei se foder e fui seguir minha vida (=puta merda, todo mundo viu, menos eu!). Confesso que nem lembrava mais quando me deparei com esta jóia rara, hoje no semi-anonimato.

Dirigido pelo escalafobético Jean-Christophe Comar, o filme causou furor na época por ser a primeira produção filmada com as câmeras de alta definição da Sony, as tais CineAlta 24-P. E faz alguma diferença? Ô! Através deste recurso, o diretor optou por uma filtragem mais chapada no contraste de cores e redefiniu o conceito de fotografia e perspectiva digital. Ainda hoje, quatro anos depois, a concepção visual empregada no filme é impressionante. Às vezes chega a lembrar a psicodelia gótica do clip The Perfect Drug, do Nine Inch Nails, como na antológica seqüência do jardim.


Eugene François Vidocq (Gérard Depardieu) é um detetive na Paris caótica de 1830, à beira de uma revolução após uma abdicada básica de Carlos X. Ríspido, perspicaz e inteligente, Vidocq é considerado o melhor no que faz. Em meio aos distúrbios, uma série de raptos e assassinatos é atribuída à uma criatura aparentemente sobrenatural chamada O Alquimista, e é justamente o novo desafio de Vidocq. Durante um cerco, os dois se enfrentam no mano-a-mano e Vidocq fica dependurado sobre uma fornalha, Obi-Wan style. Quando o Alquimista revela sua verdadeira identidade (calma, não é spoiler!), o detetive, incrédulo, se atira nas chamas. Começa então uma investigação por parte de Etienne (Guillaume Canet), um jornalista que estava escrevendo a biografia de Vidocq.

Um detalhe: Vidocq realmente existiu e é considerado um dos pais da perícia criminal. Sendo assim, é natural que o mote do filme seja desmascarar cada fenômeno místico com um verniz de ceticismo que faria inveja ao Padre Quevedo. Algumas vezes, essa premissa consegue resultados brilhantes, como no engenhoso esquema do "relâmpago assassino" (dá até vontade de matar alguém daquele jeito). Mas é na reta final, quando já estamos mais experts do que os caras do C.S.I., que levamos um tostão daqueles que doem pra valer e tudo que aprendemos cai por terra. O que nos confirma o que esse filme é, de fato: um pop movie de aventura com lingüagem e dinâmica de revista em quadrinhos, muito divertido, inovador no conceito de produção e design, sem deixar para trás as tendências atuais dos filmes de ação (edição rápida e grandes lutas). Tudo isso, com direito à um final-surpresa desconcertante, a participação da belíssima Inés Sastre e um céu que parece saído de um óleo sobre tela vivo e pulsante.

Eu poderia chegar aqui e escrever que Vidocq é a adaptação que Do Inferno poderia ter sido (se eu não tivesse gostado de Do Inferno), mas a verdade é que o personagem merecia algumas linhas escritas pelo Alan Moore. É a cara dele.

A propósito, esse filme foi a estréia do diretor Jean-Christophe Comar. Logo depois, ele passou a assinar como Pitof (acredite se quiser, é ele) e, três anos mais tarde, foi pra Hollywood fazer História. Não no bom sentido, claro...



R Á P I D O  & R A S T E I R O
As Páginas do Rock'n'Roll



Uma homenagem ao guitarrista e produtor James Patrick Page, o Jimmy Page, nunca é demais (embora ele provavelmente não deva curtir homenagens em forma de mp3). Muitos ignoram o que o guitar-hero produziu entre o fim do Led Zeppelin, em 1980, e o retorno à parceria com Robert Plant, no discaço No Quarter, de 1994. Uma pena, pois teve coisa (muito) boa aí.



  • DEATH WISH 2 - MUSIC by JIMMY PAGE - A franquia Desejo de Matar é tenebrosa, mas contou com uma trilha sonora despirocante. No primeiro filme, de 1974, foi o mestre Herbie Hanckok quem compôs a trilha e nos brindou com algumas das peças mais sombrias de sua carreira. Em Desejo de Matar 2, de 1982, foi a vez de Page mostrar um belo serviço, contando com os vocais matadores de Paul Rodgers (Free, Bad Company). O disco remete bem ao peso Swingin' London do Led Zep, inclusive com aquela cara de "trilha de rua". Destaque para Jam Sandwich, City Sirens e a arrepiante instrumental The Chase.


  • THE FIRM - Em 1985, Page comete outro discaço ao lado de Rodgers, agora sob a alcunha The Firm. O que se ouve aqui é hard rock tradicional, direto da escola setentista, com bastante influência de blues rock. A Fender-Telecaster de Page soa mais classuda do que nunca em Closer, Someone To Love, Radiactive, na linda Together e em Midnight Moonlight, que traz incursões acústicas bem à Led Zeppelin III. O The Firm hoje é referenciado como um projeto fracassado de Page. Mas também... o que é que fazia sucesso na época? Bon Jovi, Warrant, Poison, Motley Crüe? Se eu fosse o Page, me sentiria lisonjeado. ;)


  • JIMMY PAGE - Outrider - Este álbum solo de 1988 contou com uma big band no estúdio: os vocalistas Chris Farlow (faixas 6, 8 & 9), John Miles (faixas 1 & 2), o baterista Barrymore Barlow (faixas 5 & 7), quase um baixista diferente por música e duas presenças pra lá de ilustres - Robert Plant cantando na paulada The Only One e Jason Bonham, filho do John, espancando a bateria em todas as outras faixas. O disco é todo excelente, mas é impossível não se emocionar com Prison Blues, um bluesão arrastado, manhoso e pesadão, típico do Led Zep dos primeiros discos.




  • "When all are one and one is all...

    ...To be a rock and not to roll"



    Esses discos aí ao lado ficam até quarta ou quinta, capice?