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sábado, 6 de setembro de 2008

BACK TO THE FRONT


Tempos modernos. Ao lado do Google Chrome, o leak do novo álbum do Metallica foi o evento da semana. Death Magnetic será lançado oficialmente no próximo dia 12, mas uma loja francesa queimou a largada e patrocinou uma verdadeira farra P2P mundo afora. Numa postura bem diferente da época em que comia napsters no café da manhã, Lars Ulrich tem se mostrado mais compreensivo na questão: "Todos estão felizes. Estamos em 2008 e isso faz parte de como são as coisas agora, então tudo bem. Nós estamos felizes.". Mais compreensivo ainda foi a bandeira branca sinalizada por ele sobre as releituras de clássicos do grupo feitas por fãs no YouTube. Não que essa declaração tenha vindo do fundo do coraçãozinho ardiloso do baterista, mas o Metallica de fato tem reavaliado sua posição em relação à web. Vendas online de registros ao vivo e divulgação de músicas inéditas via streaming de qualidade revelam uma boa vontade (ou necessidade) em dialogar com esse novo mercado. Nada mais simbólico do que uma banda que é a personificação do establishment-rock revendo seus próprios conceitos.

Tudo isso e a eterna promessa de retorno às raízes criativas só aumentaram as expectativas em torno do disco novo. Sem entrar em méritos mercadológicos, Death Magnetic já é o álbum mais contundente do Metallica desde And Justice for All (1988). Estão lá as seções rítmicas brutais de Lars e do ex-suicidal Robert Trujillo, a artilharia pesada das guitarras, os andamentos deslavadamente thrash da velha escola. Tem o Kirk Hammett de volta aos solos. Tem James Hetfield puto da vida, em vários momentos mandando as melodias pro inferno e esmerilhando a goela como em 1986. Sem dúvida o grupo recuperou muito daquele velho e irrefreável punch. Mas não totalmente, à despeito das seguidas tentativas de sonic boom e pulverização de pedais, cordas e amps.

Segundo os músicos, Rick Rubin desapertou os coturnos de todos durante as gravações - o contrário daquela panela de pressão gerenciada por Bob Rock. O que não deixa de ser curioso, já que, à vontade, todos contribuíram em cada uma das faixas (pela 1ª vez na história da banda) e em vinte anos foi o momento em que soaram mais fiéis às suas origens. Da parte puramente técnica, as texturas estão mais secas e nítidas, conferindo maior dinamismo e uma pegada mais efetiva ao instrumental. A guitarra-base parece uma motosserra assassina e a cozinha é uma muralha de coesão. Isso que é um som de bateria, pelo amor do Bart. Não é à toa que o Slayer não largava do sujeito. É realmente um badass moderfocka.

O resultado está a meio passo do berserker defenestrador que o Metallica já foi um dia, mas ainda com resquícios do feeling hard que vem sendo destilado desde Load (1996) - o que deve desaparecer progressivamente se os próximos álbuns mantiverem o direcionamento. Notável também o cuidado do grupo em não se aproximar demais do passado, evitando a temida auto-paródia (exatamente o que muitos andam malhando no disco em fóruns gringos, sem absolutamente nenhuma procedência). Alguns vícios ainda persistem, mas após tantos anos com a fera enjaulada e com um tour-de-force dessa magnitude, fica difícil não se curvar. Não sei por quanto tempo ainda, mas os reis estão de volta.


Faixa-a-faixa:

"That Was Just Your Life" - meu Santo Araya! Intro pulsante e dedilhados sombrios tomados de assalto por um riff cruel e uma pancadaria fulminante. Estamos de volta aos dias do No Life 'til Leather aqui. Um início espetacular.

"The End Of The Line" - essa fica bem no meio da encruzilhada. Quebrada à "Master of Puppets", métrica à "Creeping Death" e com passagens extraídas da cervical hard rocker da banda. Quase uma "Fuel" metalizada.

"Broken Beat And Scarred" - mais pesada e progressiva. Parece um lado B perdido do Justice, com palhetadas rápidas em uma base cadenciada e variações rítmicas com solo do Kirk. Excelente performance do James.

"The Day That Never Comes" - talvez a mais polêmica do disco, revisitando os mesmos climas da inesquecível "Fade to Black". É uma balada pesada que segue uma pegada mais tradicionalesca, com guitarras dobradas e final abrupto. Uma justa homenagem aos velhos tempos e uma auto-referência no mínimo merecida.

"All Nightmare Long" - mostra exatamente como é a banda migrando para o lado mais agressivo. Começa com as nuances do hard pesado da última década e desemboca num thrashão de explodir o seu lado da rua. Catártica.

"Cyanide" - por incrível que pareça, os grooves de Trujillo e a quebradeira de Lars funcionam muito melhor no disco do que ao vivo. Tem jeito de música de trabalho.

"The Unforgiven III" - fechando a trilogia (assim espero) com chave de prata. Não se compara à primeira parte, mas ganha fácil da segunda.

"The Judas Kiss" - o andamento me lembrou algo vindo do Angel Dust do Faith No More, com alguns riffs e nuances em slow-tempo à Soundgarden. Estranho, mas logo emenda num hardzão metálico de primeira linha.

"Suicide And Redemption" - instrumental colossal de dez minutos. Fazia tempo, hein.

"My Apocalypse" - me diga você, fã de Kill 'Em All e Ride the Lightning: como não sorrir de alegria em ouvir um speed thrash sangüinário como esse saindo novamente dos PA's do Metallica? Mike Portnoy disse que é a melhor música deles desde "Dyers Eve". Roubou a minha deixa o baterista de araque (sic).


Ps: apesar da capa mais tenebrosa de sua discografia, esse eu vou comprar. Faço questão.

terça-feira, 19 de outubro de 2004

TOP 5... destrinchado!

Ministry - Houses Of The Molé
(Sanctuary/2004)


Os reis do rock industrial lançam seu melhor álbum desde o estourado Psalm 69. Pra falar a verdade, Houses... é tão bom quanto o clássico de 92. Nos últimos tempos, o Ministry estava imerso em bad trips cabeçonas e intermináveis, num reflexo direto da vida loca regada a álcool e drogas pesadas, e dos inúmeros quebra-paus entre Al Jourgensen e Paul Barker. Ironia caótica: uma banda descontrutivista se desconstruindo.

Mas Jourgensen (re)assumiu a liderança, chutou Barker pra escanteio e, logo em seguida, se enfiou num estúdio de última geração - seu habitat (sobre)natural. A comparação com Psalm 69 é quase automática. Musicalmente, soa como uma continuação e, num capricho esquisito do destino, a sua temática também. Naquele álbum, as letras de Jourgensen destilavam um sarcasmo e ódio intrínsecos ao então presidente dos EUA, George Bush (vide o hit N.W.O). Dessa vez, a banda dedica o álbum inteiro à mais um notável daquela família. Houses... está lotado de samples com discursos de W. Bush, e letras que renderiam facilmente um processo de calúnia e difamação. No target também entram assuntos igualmente explosivos, como a intervenção norte-americana no Oriente Médio e os "efeitos colaterais" da aclamada globalização. E pra quem quer apenas curtir um som forte e agitado, Houses... é um prato cheio.

Na abertura, No "W" manda ver num tecno hardcore com um recorte muito bem sacado de Carmina Burana (que já foi utilizada N vezes por bandas heavy, mas nunca dessa forma). Logo após, Waiting nos traz de volta aquele industrial alucinado do fim da década de 80 (é o irmão mais novo da clássica Thieves). Worthless é uma paulada acachapante com vocal distorcido, bem próxima de Just One Fix (do Psalm 69). Wrong é thrash metal tradicional, só que movido a maquinária digital. Warp City é um rockabilly turbinado com guitarras de tremer o chão. WTV é um concerto desconexo de samples com a missão de explodir o Texas e todos os descendentes da família Bush. World é estranhamente fácil. Pesadona e com um refrão superbonder, ela lembra bastante a fase tecnopop da banda (lá pelos de idos de 84/85), só que com guitarras manhosas e esparsas. WKYJ é rock garageiro, torto e barulhento à Devo/Big Black (que o Jourgensen não saiba disso - ele e Steve Albini, líder do BB, se odeiam). Já Worm é um autêntico pós-punk oitentista, naquela pegada soturna e melancólica do PIL e da 1ª fase do Killing Joke - acrescido do fator "monstro canibal" do Ministry, claro.

O álbum ainda traz duas faixas escondidas: Track 23, um ótimo remix de No "W", com um solo nuclear de guitarra, e Track 69 (claro...), um ambient repleto de mensagens subliminares que eu nem me preocupei em desvendar, mas que me deu uma vontade enorme de quebrar um aparelho de televisão.

Ps.: Não por acaso, todas as faixas têm a inicial W, excetuando-se No "W" ("Não ao W"). Em outras palavras, anti-Bush total!

Slayer - Decade Of Aggression - Live
(Def American/1991)


Cena metálica, segunda metade dos anos oitenta. Com o fim da invasão thrash metal, muitos grupos do estilo foram parar no limbo, mas ainda haviam alguns de pé. O Metallica era algo grande demais, construído pelos fãs e para os fãs - pelo menos até o momento em que lançou o Black Album. Já o Slayer era a fera indomável, que nem propostas indecentes de grandes gravadoras conseguiram arrefecer. Sempre correndo ao largo do que é considerado "acessível", os thrashers da Bay Area arrebanharam uma legião de admiradores fanáticos e influenciou 100% do que foi feito no metal extremo dali por diante. Também não era pra menos. A banda era mitológica. Eles criaram uma mescla tão coesa de música, imagem e simbolismos, que era impossível dissociar uma coisa da outra.

Mas essa característica foi trabalhada com esmero, na forma de uma seqüência matadora de álbuns (todos pós-Live Undead, de 1985): Hell Awaits (1985), Reign In Blood (1986), South Of Heaven (1998) e Seasons In The Abyss (1990). Está tudo lá, começando pelas capas maravilhosamente mal desenhadas, o satanismo de história em quadrinhos, o clima de horror B, até as guitarras rasgantes da dupla Jeff Hanneman/Kerry King, o vocal e o baixo sorumbáticos de Tom Araya, e - meu amigo... - a batera DEVASTADORA de Dave Lombardo...

E enquanto o Metallica dava o golpe do século (BA), o Slayer celebrava uma missa no inferno: Decade Of Aggression é um dos álbuns ao vivo mais intensos já lançados. Clássico. A produção, a cargo do figurão Rick Rubin, deu a amplificação exata para a banda executar a trilha sonora do Apocalipse. A mixagem deixou as guitarras ultra-secas, com solos de furar qualquer twiter. A bateria, um show de engenharia, ficou claríssima, muito bem captada. Ao fundo, o baixo metálico de Araya ainda mais distorcido e os vocais sinistros, entre o gótico e o tétrico.

Sobre o set-list, eu nem me atrevo a escrever. Eu só sei que começa com Hell Awaits e segue adiante, arrancando cabeça, tronco e membros. War Ensemble, South Of Heaven, Raining Blood, Dead Skin Mask (que é em homenagem a Hannibal Lecter!), Seasons In The Abyss, Angel Of Death, Hallowed Point, Black Magic, Postmortem, Chemical Warfare, e muitas, muitas, muitas... é CD duplo, pô. Um dos raros que ainda valem a pena. Custo-benefício de primeira.

Clássico! clássico! cláááássico!!

Megadeth - The System Has Failed
(Sanctuary/2004)


Confesso que eu sempre tive uma certa má-vontade com o Megadeth. Não é nada contra a música (no mínimo, competente e ultra-profissional), nem contra qualquer contexto deles enquanto músicos. Talvez eu tenha acompanhado por tempo demais a história da banda e acabei me influenciando.

Tudo começou em algum ponto de 1982, quando o jovem drogadito Dave Mustaine foi colocado dentro de um ônibus com destino a San Francisco. Totalmente chapado. E quem o colocou lá? James Hetfield, Lars Ulrich e Kirk Hammet, do então recém-formado Metallica. Eles já não agüentavam mais as cheirações e confusões do diabo loiro, que na época era o guitarrista do grupo. Expulso, e com uma gigantesca marca de coturno no meio da bunda, o vingativo Dave montou o Megadeth, declaradamente como forma de retaliação aos ex-colegas de banda.

Na verdade uma one-man-band, o Megadeth nunca chegou de fato a alcançar o seu objetivo (Destruir Metallica!! Destruir Metallica!!), mas adquiriu moral e respeito com o público mais ortodoxo do heavy. Tudo isso, graças a uma discografia inicial pra lá de carniçeira - Killing Is My Business... And Business Is Good! (1984), Peace Sells... But Who's Buying? (1986) e So Far, So Good... So What!? (1988) - seguida de uma incontestável credibilidade como excelentes músicos, e de Dave, como um grande compositor e letrista - Rust In Peace (1990), Countdown To Extinction (1992) e Youthanasia (1994).

O Mega cresceu, lotou turnês, vendeu discos a rodo, ganhou muito dinheiro e acabou esquecendo (ou arquivando) a revanche contra o primo rico do thrash metal. Mas a história não acaba aí, e Dave ainda amargou uma péssima recepção dos álbuns seguintes. Cryptic Writings (1997, um bom disco) e, principalmente, Risk (1999, o Mega tentando tocar nas rádios, já viu né), venderam como bronzeador no deserto e foram marcados por barracos homéricos entre Mustaine, o guitarrista Marty Friedman e o baixista Dave Ellefson. Sem contar que o batera Nick Menza já tinha caído fora à essa altura.

Após uma ligeira reação, com The World Needs A Hero (2001), e um ao vivo, Rude Awakening (2002), o Mega foi à lona. Desgastado pelas mudanças de formação, Dave ainda enfrentou um drama pessoal: os nervos de seu braço sofreram uma estranha paralisia, o incapacitando de tocar guitarra. A banda oficialmente acabou e Dave sumiu do mapa. Parecia o fim.

Mas, assim como o futebol, o rock'n'roll também é uma caixinha de surpresas. Dave se recuperou (muita fisioterapia!) e anunciou o canto do cisne do Megadeth: The System Has Failed - um puta discaço de rock pesado. A sonoridade do Mega está além da qualificação meramente "heavy" ou "thrash". Dave engendrou uma sonzeira de respeito, com um trabalho cirúrgico nas bases e nos inspirados solos de guitarra (já escrevi que ele é um excelente músico?), e uma bateria marcante e cadenciada. Tudo bem, The System... remonta ao peso metálico oitentista, mas com concepção e equipamentos muito mais modernos e poderosos. Praticamente gravado com músicos contratados (Chris Poland, um ex-Megadeth, na guitarra, Jimmie Sloas no baixo e Vinnie Colaiuta na bateria), a nova formação facilitou a vida de Dave, totalmente liberto das amarras anteriores.

The System... é rock pesado profissional, sonzeira de macho, trilha sonora estradeira e o certificado da maturidade de um artista experiente. Ouça Kick The Chair, The Scorpion, Truth Be Told, Tears In A Vail e a destruidora Back In The Day no volume 11.

Mega-Ps.: A experiência adquirida e a boa impressão causada pelo álbum não impediu Mustaine de continuar falando merda. A capa do álbum traz o velho mascote Vic Rattlehead dando propina a Bill & Hillary Clinton, Yasser Arafat, Tony Blair, W. Bush, e mais alguns filhos da puta. Até aí tudo bem. Mas em entrevista para a Rock Brigade (ed. #219), ele fez a seguinte declaração:

"Veja Al Jourgensen, do Ministry, dizendo por aí: 'Foda-se o Bush'. Eu sempre fui fã do Ministry, mas todo mundo sabe que Al é um sujeito com graves problemas relacionados às drogas, então é difícil levar a sério o que ele diz. Eu vou votar no Bush (...) (John) Kerry é um grande erro, ele vai arruinar o nosso país (...)"

Em outras palavras, é melhor votar em Bush e deixar que o mundo se estrepe, do que pôr em risco o totalitarismo yankee. E outra: Al Jourgensen, drogado? Tudo bem, é verdade. Mas olha só quem está falando...


Anthrax - Music Of Mass Destruction: Live in Chicago
(Sanctuary/2004)


Arrasador serviço ao vivo da banda californiana com nome de arma biológica. O Anthrax sobreviveu aos anos 80, mas houveram momentos em que eles mergulharam tão fundo no anonimato, que só faziam show no CBGB's, em New York (berçário do punk e templo da cultura underground mundial). Como sempre há apenas um nome por trás desse tipo de façanha, lá vai: Scott Ian, guitarrista-base e o único membro original. A influência do cara não fica só nas guitarradas e, apesar de não ser o frontman, ele tem a mesma importância para o Anthrax que o Steve Harris tem para o Iron Maiden, por exemplo. Ou seja, é um patrão disfarçado de empregado.

Scott já viu e fez muita coisa nesses quase 25 anos de vida pública (parece texto político). Encarou tanto estádios lotados, no auge do boom do heavy oitentista, quanto apresentações matadas em pubs vazios. Fundou o cultuado e memorável S.O.D.. Enquanto todo o cenário metal só falava em demônios, sanguinolência e fim do mundo, ele gravou o hit (lá fora) Bring The Noise, ao lado do Public Enemy, num dos primeiros crossovers da História. Excursionou em algumas das turnês mais rentáveis de todos os tempos, ao lado do Metallica, Iron Maiden, AC/DC, Ozzy Osbourne, Kiss, e por aí vai. Sujeitinho rodado.

Ao contrário de seus contemporâneos, o Anthrax não vinha com aquela nuvem negra carregada de desolação e más notícias. Eles não usavam tachinhas, nem jaquetas de couro, nem jeans rasgados. Eles detonavam um speed metal rápido e contagiante, com refrães chicletes e letras relatando as maravilhas de ser antissocial. E usavam bermudas e camisetas coloridas. Quem vê uma foto antiga deles hoje, pensa até que é o Red Hot Chili Peppers. O Anthrax é uma banda divertida por excelência, com guitarras altas, bateria "bumbante" e músicas que são "um verdadeiro convite ao mosh" (já li isso em algum lugar).

Em Music Of Mass..., o Anthrax está afiadíssimo como sempre, e ainda com uma excelente line-up - incluindo aí o vocalista John Bush (que não tem nada a ver com...). Ainda encarado com certa reserva pelos fãs, Bush já tem mais de dez anos de casa e, embora não chegue a ser um Joe Belladonna (e muito menos um Neil Turbin... yeaahh!!), ele continua mandando muito bem. Longe de ser um novato, ele era vocalista do veterano Armored Saint, ou seja, já é uma puta velha. Completam o time, o baterista Charlie Benante (num trampo realmente cavalar, ele abusou dos pedais), o baixista Frankie Bello, Rob Caggiano na guitarra-solo e, claro, Scott nas bases.

Showzaço, pesado, rápido e com o público em cima. Pedradas atemporais como Got The Time, Caught In A Mosh, Antisocial, I Am The Law, Bring The Noise, Fueled, Metal Thrashing Mad, a hiper-mega-clássica Indians, e muitas outras, turbinam qualquer evento social e antisocial.

Isso sem falar na capa, ilustrada por um fã bem especial: Alex Ross. Obrigatório!

Leaves' Eyes - Lovelorn
(Sanctuary/2004)


Eu gosto da Amy Lee, do Evanescence. Aprecio sua desenvoltura como cantora lírica, seu insuspeito timing pop, e seus belos olhos também. Maaas - desculpa Amy - ela é uma mera aprendiz, e ainda tem muito, muito chão pela frente. Pelo menos, até conseguir passe livre pelo seleto clube de deusas góticas como Tarja Turunen (Nightwish), Cristina Scabbia (Lacuna Coil), Anneke Van Giersbergen (The Gathering), Floor Jansen (After Forever) e a sensacional Liv Kristine Espenæs, ex-Theatre of Tragedy, atual Leaves' Eyes.

Liv é uma das pessoas mais experientes do canto lírico/erudito dentro do rock. Com um passado memorável à frente do Theatre, essa norueguesa também mantém sua carreira solo. Em Deus Ex Machina, de 1999, ela estava mais chegada à new age, embora ainda com os inevitáveis resquícios rock (vide 3AM, um dueto soberbo com Nick Holmes, do Paradise Lost). O relativo sucesso do álbum deixou os rapazes do Theatre nos cascos. Eles passaram a vetar qualquer trabalho solo dos integrantes, numa crise braba de ciúmes. Ela, claro, deu no pé. Passada a confusão com o grupo (os caras não queriam nem deixá-la sair!), Liv finalmente retorna com banda nova, para alegria dos fãs - e eu incluso!

Lovelorn, o debut do Leaves' Eyes, é talvez o lançamento mais acessível da carreira de Liv. Base bem simples, próxima do hard rock, ondas de teclados e orquestrações discretas, melodias agradabilíssimas e aqueles vocais. Liv está ainda mais doce, suave, sensual e etérea... mas como canta essa mulher! As músicas são de uma simplicidade franciscana, e acertam em cheio.

Norwegian Lovesong, a faixa de abertura, tem uma melodia altamente assobiável, demora apenas alguns segundos para colar permanentemente no cérebro. Aliás, eu já vou logo avisando: essa música, mais Tale Of The Sea Maid, The Dream, Secret e a belíssima For Amelie colam imediatamente - e nunca, nunca mais se soltam. Se você não gosta de música tatoo, não passe nem na frente da loja. Melhor ainda, feche o browser do Black Zombie até a próxima atualização. Ocean's Way e Temptation são os momentos mais pesados, mas nada que lembre um Syns of Thy Beloved da vida. Já a faixa-título é bastante introspectiva e sombria, enquanto Into Your Light e, principalmente, Return To Life têm um alto potencial radiofônico - isso se rádio fosse lugar pra se ouvir boas músicas...

Leaves' Eyes é a trilha perfeita pra relaxar, transar (com quem mereça tal honraria) ou simplesmente curtir uma música de qualidade. Espero ansiosamente pelo próximo full lenght.

E como um apaixonado pela Liv, uma foto em homenagem...



dogg... ouvindo tudo isso aê.