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sexta-feira, 7 de junho de 2024

Americano genioso

Indulgente, não diria. Celebratório, com certeza.


O trailer de Frank Miller: American Genius traz uma vibração que lembra bastante a condescendência de Stan Lee, da Disney+. E a presença do bom, velho e malandrão Stanley Lieber deixa a coisa ainda mais sintomática. Infelizmente, o documentário deve fazer vista grossa ao aspecto mais polêmico e fascinante de sua carreira: o Frank Miller pôs-11/9.

Ao que tudo indica, o tom é 100% chapa-branca e não traz menções às suas epifanias de extrema direita, às tentativas pernetas de redenção e muito menos ao injusto revisionismo negativo que sua obra tem experimentado nos últimos anos. São tópicos de ouro para qualquer documentarista que almeja fomentar o debate e a reflexão. Pelo jeito, não será desta vez. A direção é da estreante Silenn Thomas, produtora executiva de 300 e Sin City: A Dama Fatal e que, por acaso, também é a CEO da Frank Miller Ink, empresa do quadrinista. Pois é.

Curiosamente, a premiere oficial foi no Rome Film Festival, em 2021. Contudo, só agora descolou uma estreia pela rede Cinemark (dos EUA, claro), prevista para 10 de junho. Em seguida, o doc será disponibilizado on demand.

A lista de convivas foi generosa e trouxe de Neal Adams e Zack Snyder a Jim Lee e Robert Rodriguez. E também me pegou de supetão com a indefectível Jessica "Nancy Callahan" Alba ressurgindo e tecendo juras de amor aos gibis do Frank. Melhor que isso, só se aparecesse de cowgirl e recriasse a clássica cena no Kadie's.

O doc é sobre o Miller gênio, mas podia ser também sobre o Miller genioso. Renderia demais em tela. Não vai rolar. E claro que verei e me divertirei mesmo assim. Acima de tudo, é melhor um tributo em vida do que a opção. Ele merece.

domingo, 26 de novembro de 2023

The Black Friday Journal


100 reais é o novo 50 reais, pelo visto. Peguei as 500 páginas do "Justiceiro do Jim Lee" da Panini com parcos 30% de alívio todo pimpão e com um sorriso besta na cara. Friday fraca. Ainda mais porque já tinha fechado uns carrinhos nos "Esquenta" da Mino e da Amazon ao longo do mês.

As primeiras 19 edições de The Punisher War Journal são provavelmente as melhores coisas que Jim Lee já fez na vida. A série pululou por aqui entre Superaventuras Marvel, Grandes Heróis Marvel e a breve revista solo do Justiceiro, onde seguiu até o #24 apenas com o roteiro e layouts do Carl Potts. Mas a sua parceria com o americoreano é o diamante (bruto) aqui.

Era o Jim Lee operário ultra-abnegado, talentoso, meio rústico, pré-Image, processando e regurgitando (eca!) tudo aquilo que assimilou dos estilos de John Byrne, Alan Davis e John Buscema. E mudou o curso dos quadrinhos.

Claro, o que veio depois é outro papo. Mas às vezes tenho que me lembrar que o Jim Lee é um grande artista.

domingo, 30 de julho de 2023

Jorgito e a espiral ascendente

Enquanto alguns alertam para a ocidentalização dos animes, esse sneak peek de Uzumaki parece extremamente japonês pra mim...


Nunca li o mangá. A obra de Junji ItoJorgito, para quem pega tudo o que a Pipoca & Nanquim lança dele a cada meia hora – já saiu duas vezes por aqui. A 1ª em uma mini em 3 partes pela Conrad e depois em edição única pela Devir. Nem sei se ainda está em catálogo.*

* Mas não se preocupe. Logo mais, a P&N deve re-re-relançar em capa dura, corte trilateral, hot stamp, fitilho e, lógico, bookplate assinado.

Para o horror dos otakus ortodoxos (= pleonasmo), a série animada em 4 episódios está por conta da Production IG USA em parceria com a Cartoon Network. Porém é dirigido pelo honorável Hiroshi Nagahama, com o sol nascente nas veias.

O mangá já foi adaptado para games e até um filme live-action lançado em 2000, mas, incrivelmente, esta nova versão está em fase de produção desde 2019. Deve ser seus motivos burocráticos com tantas companhias envolvidas, sem contar a pandemia lá pelo meio. Nem a data de lançamento foi divulgada ainda, mas Jason DeMarco, vice-presidente da divisão de animações da Warner/Cartoon, promete que sai ainda este ano.

De qualquer forma, a prévia é mesmerizante. E tecnicamente impecável, seguindo os rigores da boa e velha animação tradicional.

Não acho que ninguém ali sofreu qualquer efeito de uma pretensa americanização.



Bom, quase ninguém.

quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

FEROZES & FURIOSOS


Lendo a entrevista hilária que o maleta Rob Liefeld concedeu ao Silver Bullet Comic Books ("I make plenty of mistakes. I'm far from perfect..." - bota far nisso aí, cara), acabei lembrando porque a banda noventista da minha coleção de HQs jaz em uma enorme caixa de papelão. E é um arquivo morto em constante atividade. Foi uma década que eu praticamente não li quadrinho, então, sempre que posso, adiciono mais publicações desse período, via sebo. Cinco anos após a retomada, vejo que, entre descobertas interessantes e idéias originais, o grito da galera era mesmo violência, porrada, ação, mais violência, mais porrada e ação. Entre uma coisa e outra, muita porrada e violência, sempre com bastante ação. É impressionante a quantidade de merda por quadrinho quadrado produzida nos anos 90. Fico feliz de ter sido a década que eu "perdi".

Até entendo o impacto que aquelas capas do Spawn, X-Men, Batman, Wolverine, etc, provocavam. Na época, eram bem maneiras (ou só pareciam maneiras, porque olhando hoje, nem tanto). Mas após a centésima luta sem sentido, diálogos sofríveis e poses de corar banda hard farofa dos anos 80, não haviam mais dúvidas - aquilo era quadrinho ruim... mas ruim com pressão.

O nanquim do artista-símbolo da época, Sua Sisudice Jim Lee, era quem mais tinha culpa no cartório, devido à (má) influência exercida na geral. Seu estilo patolão impregnou 95% dos quadrinhos pop americanos dos anos 90, mas cabe dizer que ele mesmo era tecnicamente OK no que fazia, só pecando pela caracterização facial inexistente dos personagens. Seus influenciados, no entanto, soavam como clones malformados (sendo Liefeld o Nasce Um Monstro da vez).


Como o sucesso foi retumbante (malditos fanboys), artistas consagrados e revelações emergentes abandonaram sua evolução artística natural para aderir ao estilo bad boy de ser. Exigência de mercado = leitinho das crianças.


Cable, abarrotado pra guerra
Os heróis seguiam o perfil "muito múque e pouco cérebro". E as heroínas, coitadinhas, usavam o fio-dental tão atochado no rabo que deviam sentir o gosto do pano. Isso sem falar no sério problema de coluna provocado pelos airbags tamanho extra-HUGE e pelas poses de partir a cervical.

Acho curioso como os roteiros também decaíram nessa muscularização dos quadrinhos. Ficou tudo ridículo e forçado demais, com raríssimas exceções. Herói morria e ressuscitava como quem tivesse saído pra comprar cigarro. Viagens no tempo, realidades alternativas, clones engana-trouxa ("morreu, mas não era ele, era o clone") e por aí vai. Como ainda estou no garimpo quadrinhístico dessa era (já em fase final), é freqüente o meu assombro quando passo pelos sebos.

Eventualmente, alguns diamantes reluzem no percurso - outro dia, descobri em O Incrível Hulk um arco do Homem de Ferro por John Byrne/Romita Jr. que é o cão chupando manga - mas foi em X-Men Gigante #1 que encontrei o equilíbrio do Lado Negro da Força.


Tudo o que os quadrinhos da década de 90 representam pra mim está contido nesta revista. Todos os vícios, chavões, fórmulas exauridas e rombos estruturais condensados maravilhosamente em uma só edição. Leu essa, leu todas. Na capa, a chamadinha já alertava: "260 páginas de AÇÃO, revelAÇÃO e morte (mas com muita AÇÃO)!" Um clássico. O pior é que a história é reverenciada por muitos como sendo um clássico mesmo: A Canção do Carrasco é cotada como uma das melhores sagas pós-Claremont dos mutunas. Nosso Deus. Dêem qualquer história dos Novos Mutantes fase Claremont/Sienkiewicz pra esse pessoal ler e se recolher aos seus cantos fétidos e forrados com edições da X-Force de Nicieza/Liefeld (pra leigos: isto foi uma puta ofensa!).

Em A Canção do Carrasco o Professor Xavier sofre um atentado e é infectado por um tecnovírus. Aí, Ciclope e Jean Grey são seqüestrados por Caliban. Na seqüência, os Cavaleiros do Apocalipse atacam Colossus e Homem de Gelo. Depois é a X-Force que se atraca com os X-Men (e não espere grandes explicações). Cable - que veio de um futuro alternativo - é acusado de ser o autor do atentado. Pra concentrar mais esforços, os X-Men e Bishop - que também veio de um futuro alternativo... essa HQ é praticamente uma rodoviária interdimensional - se unem ao X-Factor. Daí o darkótico Sr. Sinistro aparece pra ajudar a encontrar Apocalipse, provável arquiteto de tamanha x-bagunça. Contudo, o mutante egípcio, que conta com o auxílio dos Cavaleiros da Tempestade, nada sabe. Pra não perder o costume, os X-Men encaram outra batalha nonsense (embora até engraçadinha), desta vez versus a Frente de Libertação Mutante.


Š P Ọ Ỉ L Σ Ř

Tudo vai degradando, degradando, até descobrirem que o vilão Conflyto é o grande manipulador do esquema. Conflyto, adivinha, vem de um futuro alternativo e busca vingança contra Apocalipse, mas acaba lutando mesmo é com Cable, em uma seqüênciazinha cujos desdobramentos são absurdamente parecidos com um momento clássico do bão e véio Esquadrão Atari. Pouco antes do finalzinho, Cable ainda arruma tempo pra morrer-rapidinho-e-já-volta.


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Ciclope e Jean treinam esta posição na Sala de Perigo

A Canção do Carrasco é um exemplar autêntico da chamada Era dos Excessos. O "roteiro" ficou a cargo de Scott Lobdell, Peter David (até tu, Peter?!) e Fabian Nicieza (urgh), e nos desenhos se revezaram Greg Capullo, o atualmente bonzão Brandon Peterson, Andy Kubert (mais perdido que cego em tiroteio) e, heresia maior, Jae Lee - responsável pelos únicos espasmos de talento individual aqui.

Vou ser sincero... guardo X-Men Gigante #1 com o mesmo carinho que um Elektra Assassina ou um Arma X, em posição vertical dentro de um rackzinho super-prático que eu tenho. Lá, ela desfruta da companhia ilustre de V de Vingança e Cavaleiro das Trevas, entre outros notáveis. Ela merece, pela sua excelência em concentrar tanta ruindade de uma só vez. É anti-Arte de primeiro nível.

Pena que não tinha o Rob Liefeld. Aí sim, seria "perfeita".


Ainda tô rindo da mea culpa do RL sobre o "Cap with boobs"... vai, mané. :P

quarta-feira, 1 de março de 2006

Rapidinha: o filme do GEN¹³ (da extinta seção "Merece uma caixa de Antarctica Original")


A adaptação animada de Gen¹³! Lançada sem muito alarde em 1998, o desenho baseado nos personagens criados por Jim Lee foi dirigido por Kevin Altieri (diretor de vários episódios do sem-comentários Batman: The Animated Series) e co-escrito pelo próprio ao lado de Karen Kolus.

Fiquei realmente impressionado, o desenho é bem melhor do que eu imaginava. E carrega bastante na violência. Certos momentos lembram até o clássico Akira...


...e não faltam algumas pseudo-cenas de nudez e a deusa Caitlin Fairchild em posições bem generosas.



O resultado é bastante fiel à HQ, a trama e o carisma dos personagens mantém o interesse (tem até uma revelação final de lambuja), Roxy tá uma gracinha punk e o Grunge (dublado pelo Flea, do RHCP) continua o mesmo zuado de sempre.

Ótima diversão. Pena que o caldo não rendeu e a conclusão - abertaça para uma seqüência ou uma série televisiva - ficou naquilo mesmo.