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sexta-feira, 7 de junho de 2024

Americano genioso

Indulgente, não diria. Celebratório, com certeza.


O trailer de Frank Miller: American Genius traz uma vibração que lembra bastante a condescendência de Stan Lee, da Disney+. E a presença do bom, velho e malandrão Stanley Lieber deixa a coisa ainda mais sintomática. Infelizmente, o documentário deve fazer vista grossa ao aspecto mais polêmico e fascinante de sua carreira: o Frank Miller pôs-11/9.

Ao que tudo indica, o tom é 100% chapa-branca e não traz menções às suas epifanias de extrema direita, às tentativas pernetas de redenção e muito menos ao injusto revisionismo negativo que sua obra tem experimentado nos últimos anos. São tópicos de ouro para qualquer documentarista que almeja fomentar o debate e a reflexão. Pelo jeito, não será desta vez. A direção é da estreante Silenn Thomas, produtora executiva de 300 e Sin City: A Dama Fatal e que, por acaso, também é a CEO da Frank Miller Ink, empresa do quadrinista. Pois é.

Curiosamente, a premiere oficial foi no Rome Film Festival, em 2021. Contudo, só agora descolou uma estreia pela rede Cinemark (dos EUA, claro), prevista para 10 de junho. Em seguida, o doc será disponibilizado on demand.

A lista de convivas foi generosa e trouxe de Neal Adams e Zack Snyder a Jim Lee e Robert Rodriguez. E também me pegou de supetão com a indefectível Jessica "Nancy Callahan" Alba ressurgindo e tecendo juras de amor aos gibis do Frank. Melhor que isso, só se aparecesse de cowgirl e recriasse a clássica cena no Kadie's.

O doc é sobre o Miller gênio, mas podia ser também sobre o Miller genioso. Renderia demais em tela. Não vai rolar. E claro que verei e me divertirei mesmo assim. Acima de tudo, é melhor um tributo em vida do que a opção. Ele merece.

domingo, 14 de agosto de 2005

O COIOTE E O PAPA-LÉGUAS

Rodriguez: - Chega de tiro? Miller: Quase... dá mais uns dez no saco que já tá de bom tamanho.

Estamos presenciando o surgimento de uma subtendência nessa última leva de adaptações de quadrinhos para o cinema (já totalmente inseridas na ordem do dia). Algo que só ocorria com mais freqüência em adaptações de livros. O target agora é a fidelidade ao material original. Claro que muito disso se deve à farofadas com gosto de pólvora, do calibre de Elektra e Mulher-Gato. Finalmente aprenderam que nem todo mundo tem a classe e o talento de Bryan Singer para reinventar estruturas estabelecidas e quase sagradas para os fãs. E que nem todo material pede por revisões pseudo-melhoradas - coisa que, por sinal, raramente acontece.

Em um comparativo mais do que providencial, está vindo aí a adaptação de V de Vingança, que anda se revelando uma crônica da alteração anunciada. Seria muito bom se viessem com idéias melhores (mesmo!), mas como, neste caso, o padrão original é Alan Moore, acho meio difícil, pra não dizer impossível...

Sin City - A Cidade do Pecado (Frank Miller's Sin City, 2005) acaba sendo o extremo dessa pendenga. É o fim do ágio entre o fã, o estúdio e o texto original. Nunca fizeram e provavelmente nunca farão algo tão fiel, mesmo porquê, o material já saiu da mente do ronin Frank Miller com claras aspirações (e inspirações) cinematográficas, e perfeitamente entendidas pelo diretor Robert Rodriguez. Eu diria até mais: só agora essa urbanidade caótica criada por Miller encontrou seu verdadeiro lar. Tudo soa natural por aqui, sem aquela sensação de "aventura humana em um universo animado", comum em transposições literais como essa (com alguns passos à frente do Dick Tracy de 1990). Ok, a dinâmica física é um exercício descarado de estilização, sem dúvida, mas distante de qualquer preciosismo. Através desse recurso, o filme priviliegia uma ação mais solta, cartunesca, abrangente, depretensiosa, violenta... e divertida - palavrinha execrada solenemente pela sensível inteligentsia patrulhinha.

Ah, a violência...


Todas as ações violentas em Sin City encontram uma motivação direta? Não mesmo, e nem deveriam. Cada uma delas tem um background que a justifica. É diferente. Isolar o fator "violência" como um elemento depreciativo do todo é de uma má-vontade mastodôntica. É preguiça mental e ideológica. Já li alguns absurdos por aí baseados nesse equívoco cegueta e emburrecedor. Pessoas que deveriam fazer um melhor uso da plataforma que têm na mídia andam culpando uma geração inteira por uma suposta degradação moral e cultural - que sempre existiu, devidas as proporções de época. Então, fica difícil ter de ouvir que O Clube da Luta é contextualmente vazio (e é exatamente o contrário!) ou variações ad nauseum do discurso de Tiros em Columbine, como se isso resumisse tudo num passe de mágica.

Não é de hoje que a violência é destrinchada com intensidade over no cinema. Tenho como comparativo extremo o despirocante Henry - Retrato de um Assassino (Henry: Portrait of a Serial Killer, 1986). Só a cena do videotape é mais arrepiante e violenta que Sin City inteiro - e ainda plenamente justificada dentro de seu conceito. Na época, o filme foi repudiado pela crítica, mas hoje tascam-lhe uma tarja cult reparatória. Que hipocrisia.

Ironicamente, perto dessas considerações, Sin City não passa nem raspando. É o mesmo que acusar Chuck Jones de fazer apologia à violência através dos cartoons do Coiote e do Papa-Léguas.

Marv, o marvado

Fragmentado em três linhas narrativas (extraídas das HQs The Hard Goodbye, The Big Fat Kill e That Yellow Bastard), o filme abre com uma cena tão cool (saída de The Customer is Always Right), que chegou a me dar arrependimento de tê-la assistido antes. Em seguida, emenda na via crucis de John Hartigan (Bruce Willis), o último policial honesto da cidade. Muito doente e a uma hora de sua aposentadoria, Hartigan ainda consegue salvar a vida de uma garotinha das garras do psicótico Roark Jr (Nick Stahl... esse cara promete...). O problema é que o Jr é filho do corrupto e malévolo Senador Roark (o malévolo Powers Boothe), irmão do influente Cardeal Roark (Rutger Hauer, reaparecido do limbo).

Corta para a avassaladora jornada do bad boy Marv (o bad boy Mickey Roark... digo, Rourke). Após uma noite inesquecível com a bela Goldie (Jamie King), Marv encontra a motivação da sua vida ao acordar com ela morta ao seu lado. Literalmente coloca a cidade de pernas pro ar para resolver o crime. Na seqüência, Sin City tem o seu momento mais thriller noir, com a história de Dwight (Clive Owen, style até a medula óssea), praticamente um... hã, pulp fiction em movimento. O climão sugestivo e espirituoso do início vai descarrilhando até se largar de vez numa metelança de vísceras, desmembramentos e fuzilamentos em larga escala.

Quentin Tarantino aparece nos créditos de Sin City como diretor convidado (cobrando a mesma quantia que Rodriguez cobrou pra fazer a trilha de Kill Bill vol.2: US$ 1), e nem precisa dizer que é dele a cena entre Dwight e o presunto Jackie Boy (Benicio Del Toro, mais seboso que um percevejo). Os diálogos e a situação improvável, apesar de serem de Miller, parecem saídos de algum extra obscuro de Cães de Aluguel.

Mickey Rourke, que já foi um big big star, tem a chance de tirar o pé da lama com esse filme, da mesma forma que John Travolta em Pulp Fiction. Só não digo que ele vai aproveitar, pois sempre foi um sujeito difícil e orgulhoso (Alan Parker que o diga). Por hora, é curtir o durão Marv, que consegue ser ainda mais psicótico e ameaçador que nos quadrinhos - e ainda com uma ligeira verve "pop monster" à Mickey Knox (de Assassinos por Natureza). E palmas Elijah Wood, aqui um verdadeiro Frodo From Hell. Sempre achei que ele tinha cara de doente disfarçado. As tretas dele com Marv, apesar de curtinhas, são de arrepiar. Detalhe: Rourke e Wood nem chegaram a se encontrar nos sets.


Outra bela surpresa foi Devon Aoki no papel da letal assassina Miho. Que olhar assustador o dessa menina. Perderia por pouco da Beatrix Kiddo, mas chutaria fácil o traseiro da Elektra Garner.

Ôôôôaaaa...seguuuuuuura peãooo...

As mulheres, aliás, são a força motriz de Sin City - e que Deus abençoe Rodriguez/Miller por trazerem a maravilhosa Carla Gugino quase como veio ao mundo. E sem palavras para descrever a family-destroyer Jessica Alba. A Jessica acalba comigo (a ponto de eu fazer trocadilhos geniais como esse).

Sua cowgirl Nancy Callahan já é a pinup da minha vida e merece urgente um spinoff (x-rated, de preferência).

E agora eu quero aquele pôster de qualquer jeito.

Minha namorada stripper

Alguns pequenos desníveis climáticos pipocam em Sin City, e a maioria deles é devido ao recurso da quebra temporal, que, embora não seja prejudicial, é um tanto desnecessário. Isso fica claro quando a carnificina quase épica da saga de Marv dá lugar ao cuidadoso conto de Dwight. Meio abrupto. Como se, após devorar aquela churrascada sanguinolenta, ter que limpar o canto da boca pra degustar um requintado soufflé au fromage. Ficaria mais funcional e impactante se ignorassem o formato em loop do roteiro e ficassem no Hartigan-Dwight-Marv. Do jeito que está, fica parecendo um primo pobre de pauleiras narrativas como Amnésia, 21 Gramas ou mesmo Pulp Fiction. Nada demais, entretanto.

Segundo Robert Rodriguez, o filme Sin City não é uma adaptação, e sim uma tradução. Perfeito. Afinal, tenho de admitir... esse filme é mesmo a melhor transposição já feita de uma HQ.

Mas não da melhor HQ.



MILLER: MONOCROMÁTICO


Marv, sem saber que é filho do padre

"NYC, 2:45 da manhã. Os becos de Manhattan já não parecem tão familares para mim. Mendigos, loucos delirantes, bêbados, prostitutas baratas, traficantes, garotinhas estranhas, sujeitos mal-encarados, ilustradores de quadrinhos e roteiristas desempregados. A escória da sociedade. Meu antigo lar. Muito diferente da minha belíssima cobertura na esquina da quinta com a sexta. Lá eu tenho uma vista privilegiada para a baía. Quartos enormes, sala de cinema, bar, academia, hidro. Uma piscina imensa onde dificilmente eu entro, pois não sei nadar. Cristo, até a Oprah esteve lá certa vez. Mas nem sempre foi assim. Tive me especializar em minha área e sair do gueto em que me encontrava no começo de carreira. Aprendi a enxergar além. E para trás também, ao mesmo tempo. Aproveitei a onda cyberpunk/no future do filme Blade Runner e misturei ao contexto de velhos e cansados heróis. Hype virou o meu segundo nome.

O primeiro deles foi um herói cego da Cozinha do Inferno. Coloquei a vidinha do cara de pernas pro ar e inseri uma sexy-symbol que misturava tragédia grega, artes marciais e fetiche sadomasô. Ótimos resultados. Virei o hit do momento. Eu era o garoto que estava ensinando aos veteranos. O próximo herói a tomar uma geral foi o Homem-Morcego. Transformei em realidade os piores temores daquele sujeito paranóico, coisa que sempre foi sugerida, mas evitada. Senti como se estivesse dando vida aos delíros mais insanos de Dom Quixote. Todo mundo gostou e eu garanti meu lugar na História. Foi show.

Com o tempo, fui percebendo que as pessoas gostam mesmo é de uma boa desgraceira. Paranóia, decadência, obsessão, sexo e violência. É isso o que vende. Os super-heróis...? Esses podiam ficar até em segundo, terceiro plano. E enxergando além, vi que nem precisava mais deles, só da desgraceira. Foi aí que tive a idéia de criar um universo urbanóide, caótico, independente de centralizações e com vida própria. Aproveitei e meti junto um clima noir rebuscado e enquadramentos angulosos, reforçando a impressão cinematográfica. Eu sou o cara. Foi mais um sucesso, mas desta vez estranhamente com uma pecha underground. Não gosto disso. Eu preciso é de dinheiro, oras!

Enquanto recorro a um certo orelhudo pra levantar uma graninha aí, começo a agitar um filme sobre aquele universo urbanóide comercialmente promissor. E também quero participar da brincadeira. Não quero dar uma de Mike Mignola e ficar só dando tchauzinhos pelo set. Mas não posso cometer erros. Tenho de contar com os melhores do ramo. De porcaria já me bastou Robocop 2. Descolei um mariachi à um preço módico, com cojones o suficiente para encarar a empreitada (embora ele tenha essa estranha mania de fazer filme infantil entre uma carnificina e outra), e um sociopata tarado por cinema oriental. Desta vez eu era o veterano que estava aprendendo com os garotos.

Deu certo. Tirando uma ou outra florzinha que escreve no Rotten Tomatoes, todos aplaudiram em pé. Preto & branco é o que há! Comecei na sétima arte com o pé esquerdo, mas desta vez eu bombei. Me sinto como se fosse a própria Sofia Coppola. Franquia? Com certeza.

Aguarde por toneladas de novas edições. Afinal, preciso de sketches e story-boards prontos. É o esquema perfeito! Nada melhor que unir o útil ao agradável.

Nos vemos em Sin City 2!

(...)

E Moore... ao invés de ficar aí sentado e resmungando porque estão estragando suas obras-primas, faça como eu... move your ass!"




...E OUÇA O DISCO

A trilha do caos

Uma coisa que logo me saltou aos ouvidos em Sin City: el mariachi Rodriguez está se tornando um grande compositor de trilhas! Ele e os feras Graeme Revell e John Debney fizeram um excelente trampo. É um primor de atmosfera incidental. Algo jazzy, soturno, dark, sujo e sarcástico, por vezes deliciosamente exagerado, como o próprio filme.

A faixa-título começa estilosa e resvala quase num cabaret pós-punk. A guitarra em reverber cheio de efeito no finalzinho ficou demais. Haja Pro Tools. Pena que só tem dois minutinhos. A faixa Marv é o momento mais pesado, como não poderia deixar de ser. Começa cadenciada e vai dando a lugar a um teclado fantasmagórico e um batida sujona. Parece trilha de filme do David Lynch. Old Town Girls traz o sax mais vagabundo e ordinário já gravado desde o fim do Morphine. Já a percussão epiléptica e o sax cheiradaço de Jackie Boy's Head lembra muito as pirações do veterano Link Wray. Sin City End Titles começa como se fosse o replay da faixa-título, e emenda numa sonzeira blues rock-mariachi de boteco vagabundo. Parece que a qualquer momento alguém vai aparecer gritando "pussy, pussy... pussy lovers!!" :P

E como este blog não presta...

"Sin City - Original Motion Picture Soundtrack"


Pra arrematar, a banda alternativóide Fluke comparece com uma faixa autoral, chamada Absurd (um industrialzão standart). Curiosamente, a trilha cool do último trailer ficou de fora. A música é do grupo The Servant, e se chama Cells - pra baixá-la, clique aqui. Ela é muito, muito legal, o riffzinho é matador. Deveria ter ficado no lugar do Fluke.



MEGA-TURNÊ DE REUNIÃO



Tudo bem... na verdade só o Alcofa e o Luwig voltaram. Os miseráveis deletaram seus respectivos sítios cheios de imagens e textos bacanas, mas é perdoável. Afinal, os caras estão de volta...! E merecem uma skol gelada!

Eu e o Victor estamos aí de lambuja, com novíssimos e foderosos banners. Cortesia do Lobo Schmidt, o melhor banneiro de Czarnia. Valeu!


Na trilha: Cells, do The Servant... pela centésima vez só hoje.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2004

Meu amigo... chapei. Esse Natal rulez. Aproveite minha presença enquanto estou vivo, pois o reveillon promete ser ainda mais sinistro.

Agora, voltando à programação normal...


"SHOW ME THE MONEY!"


Lembra desse lance? Isso saiu na Marvel MAX #1, na versão dirty uncut do Luke Cage. Essa verdadeira saga urbana de Brian Azzarello e Richard Corben, foi uma das melhores coisas que li esse ano. Belíssimo trabalho de resgate/atualização de um dos personagens mais legais e mais mal-aproveitados da Marvel. Tirando um ou dois furos (como o Cage se machucando feio na briga com o Marko), o arco foi simplesmente perfeito.

Aliás, eu sempre me perguntei de onde veio aquela má-vontade titânica do herói de aluguel com relação ao Homem-Aranha. Tudo bem, o cara é naturalmente seco e mal-humorado pacas, além de ter aquela típica pose gangsta do Bronx, Compton e outras quebradas. Mas descontando esses detalhes, ficou um cheiro de rancor antigo no ar.

E não é que, nos primórdios, os dois caíram dentro mesmo? A treta rolou na dinossáurica Amazing Spider-Man #123, publicada em agosto de 1973 (wow!). O cabeça de teia sempre começou com o pé esquerdo na maioria de seus encontros com outros heróis. Tanto é que ele já brigou com o Hulk, com o Wolverine, com o Capitão Britânia, e até mesmo com o Namor, berrando "Imperius Rex" a plenos pulmões. Com tanto peso-pesado, o Luke Cage era figurinha fácil no rol dos desafetos.

Motivo da peleja: cinco mil doletas, num freela pro famigerado J.J. Jameson (na época, mais anti-aracnídeo do que nunca). Bem no início de carreira, Cage era bem mercenário. Ele levava ao pé da letra a sua fama de "herói de aluguel" e terceirizava qualquer serviçinho sem pestanejar. Mesmo que fosse algo contra os mocinhos - ou as mocinhas. Só pra situar, a 1ª vez que Cage se encontrou com seu futuro sócio, o Punho de Ferro, foi para assassinar a sua namorada (tudo bem que ele foi coagido, mas...).

Depois falam por aí que o personagem era uma referência direta ao blaxploitation, que ele era uma representação da nova cultura negra, etecétera. Coitado do mundo se existissem "super-heróis" negros então. Cage era o próprio Alonzo Harris* da nona arte.

Mas descontando a polemização social, foi porradaria das boas. Também, a line-up era de cair o queixo: Gerry Conway no roteiro e a dobradinha Gil Kane e John Romita Sr. nos desenhos (sinistro...). Como o spoiler perdeu a validade lá pelos anos 80, vão aí alguns momentos de amizade terna e solidária.






Opa, opa, peraê... essa foi foda. "Você é o palhaço que vende seus poderes"...? Nossa, humilhou.














"Alguns momentos" mesmo, pois a revista inteira é assim, que nem final entre Palmeiras e Corinthians, com o Edilson doido pra fazer embaixadinha. Na conclusão, o Aranha dá uma seqüência matadora de ganchos à Roy Jones Jr., e tem uma daquelas "revelações" que o acometem de vez em quando. Percebe que está furioso além da conta porque vê em Cage o seu passado de defensor do próprio bolso. Aí ele prende o cara com a teia e começa aqueles papos tipo "no começo eu estava nisso por grana também... houveram conseqüências...", e tal. Há a inevitável reconciliação, cada um segue o seu caminho e o J.J.J. paga o pato. Mas ficou o precedente, bem lembrado pela MAX. Será que nas futuras edições de The New Avengers (onde os dois estarão lutando lado-a-lado) pode rolar um tira-teima? Esse é um recurso pouco usado por roteiristas de super-equipes, mas que na época dos Defensores dava muito certo. Ver o Namor encarando o Surfista Prateado era demais. Os dois se odiavam!

Agora, uma pequena chafurdação nerd. Cage levanta cerca de 1 tonelada de peso, e o Aranha cerca de 10. Mas em nenhum momento a história atravessa esse detalhe, visto que Cage sempre acerta o Aranha quando este se encontra em posições de desequilíbrio. Além do mais, mesmo tendo 10 vezes a força de Cage, o Aranha não é invulnerável - exceto pela resistência natural de quem tem esse nível de poder. Diferente dos dias de hoje, onde vemos os maiores absurdos envolvendo a força física dos personagens. Até hoje eu encontro vacilos monstruosos em A Morte do Super-Homem. Pelo visto lá, só o Clark é que era vulnerável ao Doomsday...

*Alonzo Harris é o tira corrupto interpretado por Denzel Washington no filmaço Dia de Treinamento.


"THE STRANGE FACE OF LOVE"
(Tito & Tarantula)


Essa canção, que entrou na trilha de From Dusk Till Dawn, seria perfeita também no set list de Sin City. Ali, o amor é descrito como uma força estranhamente agradável (ou agradavelmente estranha). E Sin City está cercado de amor. Amor ao Cinema, às HQs e também o amor paternal de um artista pela sua obra. Pois, por mais capitalista que Frank Miller seja (e dizem que ele é), nada me tira da cabeça que ele deve se encontrar num estado de nirvana contínuo, nesse exato momento. Pelo menos, até o filme estrear e fazer carreira nos cinemas, mundo afora.

Miller conseguiu algo muito difícil, que foi estabelecer uma conexão direta com a produção (ele é co-diretor, ao lado de Quentin Tarantino - também "colaborador" de FDTD). Sem contar o fato que o diretor Robert Rodriguez mantém com ele uma relação ainda mais estreita do que Guillermo Del Toro e Mike Mignola em Hellboy, por exemplo. "Fidelidade" aqui será o menor dos problemas.


O universo bizarro/urbanóide de Sin City influenciou uma carreirada de gente, sendo que o mais notório está lá (Q.T.). Mas após os dois previews acachapantemente 'megafodônicos' (homenagem ao Alcofa, que não vai mais embora, aêê!), pode-se notar também algumas fontes pré-Tarantinescas e pré-Millerescas (nó). O choque entre o monocromático e aplicações em cores (O Selvagem da Motocicleta, de 83, do Coppola), ultraviolência seca e estilizada (típica do mestre Sam Peckinpah), ruídos distorcidos de guitarra, atmosfera dark/surrealista/abstrata e perspectivas sufocantes em plongée (ângulo de cima para baixo, David Lynch rasgado), sem contar o amor, novamente, só que mais ordinário e conturbado do que a intenção original (Coração Selvagem... do Lynch também - vou fazer o quê, o cara é genial mesmo). E pode até ser uma certa forçação, mas a cena das viaturas quase voando me lembrou na hora o cultuado Repo Man, aquela piração punk de 84, dirigida pelo insano Alex Cox.

E já a famosa fidelidade ao original... Lassie perde. Não quero menosprezar o grande Robert Rodriguez, mas está claro que Miller é co-diretor só nos créditos mesmo.


Mickey Rourke/Marv


Bruce Willis/Hartigan


Clive Owen/Dwight

Mickey Rourke está numa situação parecida com a de John Travolta, anos atrás. Após uma eternidade mergulhado no ostracismo total, caiu no seu colo um grande personagem, feito sob medida. Já foi o tempo em que Rourke era o number one lá em L.A., através de hits como Orquídea Selvagem, Coração Satânico e 9½ Semanas de Amor. Esse pode ser o seu melhor momento na telona, em muito tempo. Quanto ao Bruce Willis (que já foi um sub-Mickey Rourke...), eu sempre o considerei o cara certo apenas para os papéis certos. E isso corresponde a... o quê...? ...uns 90% do que ele já fez na telona, com exceção de um ou outro Hudson Hawk da vida. E o Clive Owen é um bom ator, apesar do maneirismo sociopata. Isso já o atrapalhou em papéis que não pediam essa postura, mas aqui cairá como uma luva.

Apesar daquele primeiro teaser esgulapante de foda, ainda não sei a que veio a presença de Josh Hartnett aqui. Se você, um sujeito antenado que visita o BZ regularmente, sabe, por favor, me ilumine com o seu conhecimento. Já o hobbit Elijah Wood eu só fui perceber da segunda vez que vi o trailer. Ele está com o rosto imerso nas sombras, só dá pra ver os óculos. Benicio Del Toro, um cara legal pra cacete, aparece lá, mas bem menos do que deveria, no papel de Jackie Boy. As maravilhosas Carla Gugino e Brittany Murphy também marcam presença, como Lucille e Shellie, respectivamente. E ainda têm Devon Aoki como Miho, Rosario Dawson como Gail... putz.

Recentemente, foi divulgado que o replicante Rutger Hauer interpretará o Cardeal Roark (no ano que vem ele deve bombar, pois estará também em Batman Begins). Os onipresentes Michael Madsen, no papel de Bob, e Michael Clarke Duncan, no papel de Manute, também estão no elenco, mas não devem passar de pontas.

De resto, dois detalhes que me chamaram a atenção...


Nick Stahl no papel de Junior e do Bastardo Amarelo. Só agora a ficha caiu. O mesmo Nick Stahl que fez o John Connor, no ótimo O Exterminador do Futuro 3 - A Rebelião das Máquinas.

Interessante. Geralmente chamam o John Leguizamo para esses papéis... :D


E a esfuziante Jessica Alba e sua Nancy Callahan, repetindo aquela inacreditável rebolada stripper, em versão semi-colorida, com direito a piscadela no final. Coisa de profissional mesmo. Promete superar o show da vampiraça Satanico Pandemonium, de From Dusk Till Dawn (ops, de novo!).

Gostaria de dizer que vou assistir esse filme só por causa dela, mas, pelo andar da carruagem... acho que vou lá é pra ver um filme perfeito mesmo.

Trailer, agora em resolução decente


"VOCÊ É A DOENÇA, EU SOU A CURA"


Precisou uma tragédia familiar para transformar o pacato arquiteto Paul Kersey em uma máquina de fazer justiça. A violência chegou arrombando o seu mundinho perfeito e foi embora levando tudo, mas deixou algo em troca: a natureza selvagem do ser humano. É, somos assim. Às vezes, precisamos de entrar em contato com o "lado negro" para assumirmos a nossa verdadeira face. E quem atirou a primeira bala de calibre 45 foi o Kersey, o emblemático personagem de Charles Bronson no filme Desejo de Matar. Dali, veio um exército de soldados urbanos que perderam suas famílias, em busca de justiça cega. Isso no universo pop, claro. Principalmente em filmes e HQs.

Vou confessar uma coisa. Não faço a mínima idéia se o Batman, quando foi criado, em 1939, tinha a mesma origem que conhecemos hoje. Não sei se naquela época, ele já era motivado pela perda brutal de seus pais, tendo em vista a sua abordagem mais leve. Seja como for, ele é a referência nº1 para personagens desta estirpe. Mas mesmo após DK, o morcego sempre teve um limite intransponível, um código de honra consciente que serve até mesmo para a auto-preservação da sua sanidade frente a toda loucura criminosa que permeia Gotham City. Ele não mata. O que não acontece com Frank Castle, o Justiceiro, curiosamente criado em 1974, o mesmo ano em que Desejo de Matar estreou nas telonas. Ex-combatente no Vietnã, Castle já era napalm pronto para explodir. Muito da violência desenfreada que o vemos cometer hoje vem acompanhando o personagem muito antes dele perder a sua família. E é essa a fina linha que separa o Bruce do Frank.


Entre 95 e 96, foram lançados dois crossovers entre Batman e o Justiceiro. Apesar de bem simplistas, chegam a tocar nessas questões éticas entre os vigilantes. Mas o grosso mesmo são os tiroteios, explosões, galpões em chamas e pancadaria cheia de golpes baixos. E os vilões são bacanas: Coringa e Retalho. O primeiro crossover foi produzido pelo cast da DC: Dennis O'Neil no roteiro e a dupla Barry Kitson/James Pascoe nos desenhos. Na época, Bruce estava fora de ação e quem assumia o manto do morcego era o alucinado Jean Paul "Azrael" Valley. Já no segundo, com o Bruce de volta, foi produzido pela Marvel, com Chuck Dixon no roteiro e John Romita Jr./Klaus Janson nos traços.

Batman/Justiceiro - Lago de Fogo - Link com o cbr, atualizado em 30/08/2017
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Justiceiro/Batman - Cavaleiros Mortíferos - Link com o cbr, atualizado em 30/08/2017
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dogg, ouvindo o álbum Scarlet's Walk, da Tori Amos, sem parar. Essa mulher é perfeita.