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sexta-feira, 7 de junho de 2024

Americano genioso

Indulgente, não diria. Celebratório, com certeza.


O trailer de Frank Miller: American Genius traz uma vibração que lembra bastante a condescendência de Stan Lee, da Disney+. E a presença do bom, velho e malandrão Stanley Lieber deixa a coisa ainda mais sintomática. Infelizmente, o documentário deve fazer vista grossa ao aspecto mais polêmico e fascinante de sua carreira: o Frank Miller pôs-11/9.

Ao que tudo indica, o tom é 100% chapa-branca e não traz menções às suas epifanias de extrema direita, às tentativas pernetas de redenção e muito menos ao injusto revisionismo negativo que sua obra tem experimentado nos últimos anos. São tópicos de ouro para qualquer documentarista que almeja fomentar o debate e a reflexão. Pelo jeito, não será desta vez. A direção é da estreante Silenn Thomas, produtora executiva de 300 e Sin City: A Dama Fatal e que, por acaso, também é a CEO da Frank Miller Ink, empresa do quadrinista. Pois é.

Curiosamente, a premiere oficial foi no Rome Film Festival, em 2021. Contudo, só agora descolou uma estreia pela rede Cinemark (dos EUA, claro), prevista para 10 de junho. Em seguida, o doc será disponibilizado on demand.

A lista de convivas foi generosa e trouxe de Neal Adams e Zack Snyder a Jim Lee e Robert Rodriguez. E também me pegou de supetão com a indefectível Jessica "Nancy Callahan" Alba ressurgindo e tecendo juras de amor aos gibis do Frank. Melhor que isso, só se aparecesse de cowgirl e recriasse a clássica cena no Kadie's.

O doc é sobre o Miller gênio, mas podia ser também sobre o Miller genioso. Renderia demais em tela. Não vai rolar. E claro que verei e me divertirei mesmo assim. Acima de tudo, é melhor um tributo em vida do que a opção. Ele merece.

terça-feira, 10 de julho de 2007

E O SURFISTA PRATEADO


Pois é. Quando o Moriarty, do AICN, afirmou que Tom Rothman (CEO da Fox Filmed Entertainment) já foi molestado por um gigante, ele não estava brincando. Só pode ser trauma. Depois do Sentinela quântico de X3, agora foi a vez do Galactus ser depenado em Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado (Fantastic Four: The Rise of the Silver Surfer, EUA, 2007).

Pelo bafafá que antecedeu a estréia, eu já vinha tentando me acostumar com um The Fog versão interplanetária, mas o que vi lá foi algo bem pior. De El Niño emaconhado, o personagem acabou revelando sua verdadeira face: um Tocha Humana com um balde na cabeça. Essa foi a reluzente e ofuscante solução da equipe criativa (bando de aspones filhos da puta). Parabéns aos roteiristas Mark Frost, John Turman e Don Payne, parabéns ao diretor Tim Story e, mais que todo mundo, congratulações medalhísticas ao Tom Rothman pela afirmação de que em filme seu "jamais haverá um robô gigante". Bem, oremos a Cybertron em agradecimento, já que Transformers caiu nas graças da DreamWorks. Urra.

Se bem me lembro, comentei da outra vez que o primeiro Quarteto Fantástico era puro exercício de escapismo e sorvetada na testa. Que Chris Tochevans consegue fazer em um diálogo o que Ryan Reynolds não conseguiu na filmografia inteira. Que Michael Coisa Chiklis, da incrivelmente fudenciante série The Shield, é a única razão daquele amontoado de pedra laranja funcionar em cena. Que Jessica Sue Alba não precisa atuar se estiver de colante (famoso método Elisha Cuthbert de interpretação). E imagino que até elogiei a disposição cênica do Senhor Ioantástico Gruffudd e sua semelhança física com o personagem, mas que ele (ou o script) não encontrou a essência original - no máximo, passa de raspão antes da próxima torta na cara.

O fato óbvio e ululante é que todos estes elementos tiveram seu replay aqui, o que remete à velha máxima da piada contada pela segunda vez. Rola até uma seqüência de dança elástica, recurso malandramente surrupiado da franquia do Aranha e que já demonstrava sinais de cansaço lá. Mais pastel impossível. Correndo por fora, as curvas da Alba - que já foram mais generosas - até conseguem ganhar terreno numa cena de nu-flamejante, mas a caracterização da pinup que um dia foi a Nancy Callahan estava bizarra (o que uma peruca e um par de lentes não conseguem estragar).

Sei que é inútil perguntar porque não usaram a versão Ultimate do Quarteto (adaptação pronta, bacana e pop) como base para os filmes. No entanto, pelo menos a Alba poderia ter sido laureada ali - o próprio desenhista Greg Land não se furta em usar fotos da atriz para compor sua versão teensuda da Sue Storm.

Às vezes bate uma vontade meio kamikaze de defender a participação de Julian Von McDoom, em nome da diversão canalha que ele proporciona via Nip/Tuck, mas tenho por mim que o estereótipo que o sujeito montou é tiração de sarro da grossa e não vou ser eu a estragar a piada. Deixa o homem trabalhar.

Se contextualmente QF e o SP é um vazio crônico anunciado (ninguém esperava um tratado metafísico como seqüência do primeiro filme), o mesmo não se pode dizer do acabamento. Mandaram bem nos efeitos aqui. Fantásticos, realmente. Quem achou que o Surfista Doug Jones Prateado ia ser um arremedo de T-1000 quebrou a prancha. Demonstraram a proporção exata da evolução da mesma técnica, absurda, 16 anos depois. Vê-lo detonando um pequeno exército com apenas um gesto é a transcrição exata dos quadrinhos. E duas intervenções... hm, "alienígenas" na mitologia do herói funcionam como gols de empate. Uma foi estabelecer que seus poderes vêm da prancha. Péssima. Outra foi conferir uma aparência estéril e obscurecida quando ele perde seus poderes (releitura esperta de um arco clássico do Quarteto), excelente sacada em cima de um ponto de partida equivocado. Lamento, mas é assim mesmo. Se nem Einstein conseguiu entender o caos...

Fã de Jack Kirby que sou, confesso: todas as cenas em que o Surfista aparece provocam um efeito de satisfação hiper-realista. Até para os que nutrem uma mera fantasia intimista recorrente. Se existe um herói que rescende tal empatia é o Surfer. Sua imagem é metáfora pura. Rasteira, mas pura. Nem precisa ler as revistas. Qualquer um gostaria de subir numa prancha e voar à velocidade da luz para o outro lado do universo, largando pra trás tudo o que não deu certo, toda essa gente chata e mesquinha, etc.

Queria comentar isto desde a primeira vez que vi A Força de um Amor (remake livre de Acossado, de Jean-Luc Godard). Foi Richard Gere quem me atentou para o fato de que até o Surfista, uma entidade impessoal e amoral, podia ser complexamente humano e altruísta, ainda que estas duas coisas soem paradoxais. Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado não vale nada, mas só por me fornecer um pretexto para esta lembrança já se justifica. Mais uma vez fizeram certo do jeito errado.


"I have seen the birth of planets and the death of worlds. I have seen galaxies crumble and new suns aborning. But in every star, in every sun, I see her face..."

domingo, 14 de agosto de 2005

O COIOTE E O PAPA-LÉGUAS

Rodriguez: - Chega de tiro? Miller: Quase... dá mais uns dez no saco que já tá de bom tamanho.

Estamos presenciando o surgimento de uma subtendência nessa última leva de adaptações de quadrinhos para o cinema (já totalmente inseridas na ordem do dia). Algo que só ocorria com mais freqüência em adaptações de livros. O target agora é a fidelidade ao material original. Claro que muito disso se deve à farofadas com gosto de pólvora, do calibre de Elektra e Mulher-Gato. Finalmente aprenderam que nem todo mundo tem a classe e o talento de Bryan Singer para reinventar estruturas estabelecidas e quase sagradas para os fãs. E que nem todo material pede por revisões pseudo-melhoradas - coisa que, por sinal, raramente acontece.

Em um comparativo mais do que providencial, está vindo aí a adaptação de V de Vingança, que anda se revelando uma crônica da alteração anunciada. Seria muito bom se viessem com idéias melhores (mesmo!), mas como, neste caso, o padrão original é Alan Moore, acho meio difícil, pra não dizer impossível...

Sin City - A Cidade do Pecado (Frank Miller's Sin City, 2005) acaba sendo o extremo dessa pendenga. É o fim do ágio entre o fã, o estúdio e o texto original. Nunca fizeram e provavelmente nunca farão algo tão fiel, mesmo porquê, o material já saiu da mente do ronin Frank Miller com claras aspirações (e inspirações) cinematográficas, e perfeitamente entendidas pelo diretor Robert Rodriguez. Eu diria até mais: só agora essa urbanidade caótica criada por Miller encontrou seu verdadeiro lar. Tudo soa natural por aqui, sem aquela sensação de "aventura humana em um universo animado", comum em transposições literais como essa (com alguns passos à frente do Dick Tracy de 1990). Ok, a dinâmica física é um exercício descarado de estilização, sem dúvida, mas distante de qualquer preciosismo. Através desse recurso, o filme priviliegia uma ação mais solta, cartunesca, abrangente, depretensiosa, violenta... e divertida - palavrinha execrada solenemente pela sensível inteligentsia patrulhinha.

Ah, a violência...


Todas as ações violentas em Sin City encontram uma motivação direta? Não mesmo, e nem deveriam. Cada uma delas tem um background que a justifica. É diferente. Isolar o fator "violência" como um elemento depreciativo do todo é de uma má-vontade mastodôntica. É preguiça mental e ideológica. Já li alguns absurdos por aí baseados nesse equívoco cegueta e emburrecedor. Pessoas que deveriam fazer um melhor uso da plataforma que têm na mídia andam culpando uma geração inteira por uma suposta degradação moral e cultural - que sempre existiu, devidas as proporções de época. Então, fica difícil ter de ouvir que O Clube da Luta é contextualmente vazio (e é exatamente o contrário!) ou variações ad nauseum do discurso de Tiros em Columbine, como se isso resumisse tudo num passe de mágica.

Não é de hoje que a violência é destrinchada com intensidade over no cinema. Tenho como comparativo extremo o despirocante Henry - Retrato de um Assassino (Henry: Portrait of a Serial Killer, 1986). Só a cena do videotape é mais arrepiante e violenta que Sin City inteiro - e ainda plenamente justificada dentro de seu conceito. Na época, o filme foi repudiado pela crítica, mas hoje tascam-lhe uma tarja cult reparatória. Que hipocrisia.

Ironicamente, perto dessas considerações, Sin City não passa nem raspando. É o mesmo que acusar Chuck Jones de fazer apologia à violência através dos cartoons do Coiote e do Papa-Léguas.

Marv, o marvado

Fragmentado em três linhas narrativas (extraídas das HQs The Hard Goodbye, The Big Fat Kill e That Yellow Bastard), o filme abre com uma cena tão cool (saída de The Customer is Always Right), que chegou a me dar arrependimento de tê-la assistido antes. Em seguida, emenda na via crucis de John Hartigan (Bruce Willis), o último policial honesto da cidade. Muito doente e a uma hora de sua aposentadoria, Hartigan ainda consegue salvar a vida de uma garotinha das garras do psicótico Roark Jr (Nick Stahl... esse cara promete...). O problema é que o Jr é filho do corrupto e malévolo Senador Roark (o malévolo Powers Boothe), irmão do influente Cardeal Roark (Rutger Hauer, reaparecido do limbo).

Corta para a avassaladora jornada do bad boy Marv (o bad boy Mickey Roark... digo, Rourke). Após uma noite inesquecível com a bela Goldie (Jamie King), Marv encontra a motivação da sua vida ao acordar com ela morta ao seu lado. Literalmente coloca a cidade de pernas pro ar para resolver o crime. Na seqüência, Sin City tem o seu momento mais thriller noir, com a história de Dwight (Clive Owen, style até a medula óssea), praticamente um... hã, pulp fiction em movimento. O climão sugestivo e espirituoso do início vai descarrilhando até se largar de vez numa metelança de vísceras, desmembramentos e fuzilamentos em larga escala.

Quentin Tarantino aparece nos créditos de Sin City como diretor convidado (cobrando a mesma quantia que Rodriguez cobrou pra fazer a trilha de Kill Bill vol.2: US$ 1), e nem precisa dizer que é dele a cena entre Dwight e o presunto Jackie Boy (Benicio Del Toro, mais seboso que um percevejo). Os diálogos e a situação improvável, apesar de serem de Miller, parecem saídos de algum extra obscuro de Cães de Aluguel.

Mickey Rourke, que já foi um big big star, tem a chance de tirar o pé da lama com esse filme, da mesma forma que John Travolta em Pulp Fiction. Só não digo que ele vai aproveitar, pois sempre foi um sujeito difícil e orgulhoso (Alan Parker que o diga). Por hora, é curtir o durão Marv, que consegue ser ainda mais psicótico e ameaçador que nos quadrinhos - e ainda com uma ligeira verve "pop monster" à Mickey Knox (de Assassinos por Natureza). E palmas Elijah Wood, aqui um verdadeiro Frodo From Hell. Sempre achei que ele tinha cara de doente disfarçado. As tretas dele com Marv, apesar de curtinhas, são de arrepiar. Detalhe: Rourke e Wood nem chegaram a se encontrar nos sets.


Outra bela surpresa foi Devon Aoki no papel da letal assassina Miho. Que olhar assustador o dessa menina. Perderia por pouco da Beatrix Kiddo, mas chutaria fácil o traseiro da Elektra Garner.

Ôôôôaaaa...seguuuuuuura peãooo...

As mulheres, aliás, são a força motriz de Sin City - e que Deus abençoe Rodriguez/Miller por trazerem a maravilhosa Carla Gugino quase como veio ao mundo. E sem palavras para descrever a family-destroyer Jessica Alba. A Jessica acalba comigo (a ponto de eu fazer trocadilhos geniais como esse).

Sua cowgirl Nancy Callahan já é a pinup da minha vida e merece urgente um spinoff (x-rated, de preferência).

E agora eu quero aquele pôster de qualquer jeito.

Minha namorada stripper

Alguns pequenos desníveis climáticos pipocam em Sin City, e a maioria deles é devido ao recurso da quebra temporal, que, embora não seja prejudicial, é um tanto desnecessário. Isso fica claro quando a carnificina quase épica da saga de Marv dá lugar ao cuidadoso conto de Dwight. Meio abrupto. Como se, após devorar aquela churrascada sanguinolenta, ter que limpar o canto da boca pra degustar um requintado soufflé au fromage. Ficaria mais funcional e impactante se ignorassem o formato em loop do roteiro e ficassem no Hartigan-Dwight-Marv. Do jeito que está, fica parecendo um primo pobre de pauleiras narrativas como Amnésia, 21 Gramas ou mesmo Pulp Fiction. Nada demais, entretanto.

Segundo Robert Rodriguez, o filme Sin City não é uma adaptação, e sim uma tradução. Perfeito. Afinal, tenho de admitir... esse filme é mesmo a melhor transposição já feita de uma HQ.

Mas não da melhor HQ.



MILLER: MONOCROMÁTICO


Marv, sem saber que é filho do padre

"NYC, 2:45 da manhã. Os becos de Manhattan já não parecem tão familares para mim. Mendigos, loucos delirantes, bêbados, prostitutas baratas, traficantes, garotinhas estranhas, sujeitos mal-encarados, ilustradores de quadrinhos e roteiristas desempregados. A escória da sociedade. Meu antigo lar. Muito diferente da minha belíssima cobertura na esquina da quinta com a sexta. Lá eu tenho uma vista privilegiada para a baía. Quartos enormes, sala de cinema, bar, academia, hidro. Uma piscina imensa onde dificilmente eu entro, pois não sei nadar. Cristo, até a Oprah esteve lá certa vez. Mas nem sempre foi assim. Tive me especializar em minha área e sair do gueto em que me encontrava no começo de carreira. Aprendi a enxergar além. E para trás também, ao mesmo tempo. Aproveitei a onda cyberpunk/no future do filme Blade Runner e misturei ao contexto de velhos e cansados heróis. Hype virou o meu segundo nome.

O primeiro deles foi um herói cego da Cozinha do Inferno. Coloquei a vidinha do cara de pernas pro ar e inseri uma sexy-symbol que misturava tragédia grega, artes marciais e fetiche sadomasô. Ótimos resultados. Virei o hit do momento. Eu era o garoto que estava ensinando aos veteranos. O próximo herói a tomar uma geral foi o Homem-Morcego. Transformei em realidade os piores temores daquele sujeito paranóico, coisa que sempre foi sugerida, mas evitada. Senti como se estivesse dando vida aos delíros mais insanos de Dom Quixote. Todo mundo gostou e eu garanti meu lugar na História. Foi show.

Com o tempo, fui percebendo que as pessoas gostam mesmo é de uma boa desgraceira. Paranóia, decadência, obsessão, sexo e violência. É isso o que vende. Os super-heróis...? Esses podiam ficar até em segundo, terceiro plano. E enxergando além, vi que nem precisava mais deles, só da desgraceira. Foi aí que tive a idéia de criar um universo urbanóide, caótico, independente de centralizações e com vida própria. Aproveitei e meti junto um clima noir rebuscado e enquadramentos angulosos, reforçando a impressão cinematográfica. Eu sou o cara. Foi mais um sucesso, mas desta vez estranhamente com uma pecha underground. Não gosto disso. Eu preciso é de dinheiro, oras!

Enquanto recorro a um certo orelhudo pra levantar uma graninha aí, começo a agitar um filme sobre aquele universo urbanóide comercialmente promissor. E também quero participar da brincadeira. Não quero dar uma de Mike Mignola e ficar só dando tchauzinhos pelo set. Mas não posso cometer erros. Tenho de contar com os melhores do ramo. De porcaria já me bastou Robocop 2. Descolei um mariachi à um preço módico, com cojones o suficiente para encarar a empreitada (embora ele tenha essa estranha mania de fazer filme infantil entre uma carnificina e outra), e um sociopata tarado por cinema oriental. Desta vez eu era o veterano que estava aprendendo com os garotos.

Deu certo. Tirando uma ou outra florzinha que escreve no Rotten Tomatoes, todos aplaudiram em pé. Preto & branco é o que há! Comecei na sétima arte com o pé esquerdo, mas desta vez eu bombei. Me sinto como se fosse a própria Sofia Coppola. Franquia? Com certeza.

Aguarde por toneladas de novas edições. Afinal, preciso de sketches e story-boards prontos. É o esquema perfeito! Nada melhor que unir o útil ao agradável.

Nos vemos em Sin City 2!

(...)

E Moore... ao invés de ficar aí sentado e resmungando porque estão estragando suas obras-primas, faça como eu... move your ass!"




...E OUÇA O DISCO

A trilha do caos

Uma coisa que logo me saltou aos ouvidos em Sin City: el mariachi Rodriguez está se tornando um grande compositor de trilhas! Ele e os feras Graeme Revell e John Debney fizeram um excelente trampo. É um primor de atmosfera incidental. Algo jazzy, soturno, dark, sujo e sarcástico, por vezes deliciosamente exagerado, como o próprio filme.

A faixa-título começa estilosa e resvala quase num cabaret pós-punk. A guitarra em reverber cheio de efeito no finalzinho ficou demais. Haja Pro Tools. Pena que só tem dois minutinhos. A faixa Marv é o momento mais pesado, como não poderia deixar de ser. Começa cadenciada e vai dando a lugar a um teclado fantasmagórico e um batida sujona. Parece trilha de filme do David Lynch. Old Town Girls traz o sax mais vagabundo e ordinário já gravado desde o fim do Morphine. Já a percussão epiléptica e o sax cheiradaço de Jackie Boy's Head lembra muito as pirações do veterano Link Wray. Sin City End Titles começa como se fosse o replay da faixa-título, e emenda numa sonzeira blues rock-mariachi de boteco vagabundo. Parece que a qualquer momento alguém vai aparecer gritando "pussy, pussy... pussy lovers!!" :P

E como este blog não presta...

"Sin City - Original Motion Picture Soundtrack"


Pra arrematar, a banda alternativóide Fluke comparece com uma faixa autoral, chamada Absurd (um industrialzão standart). Curiosamente, a trilha cool do último trailer ficou de fora. A música é do grupo The Servant, e se chama Cells - pra baixá-la, clique aqui. Ela é muito, muito legal, o riffzinho é matador. Deveria ter ficado no lugar do Fluke.



MEGA-TURNÊ DE REUNIÃO



Tudo bem... na verdade só o Alcofa e o Luwig voltaram. Os miseráveis deletaram seus respectivos sítios cheios de imagens e textos bacanas, mas é perdoável. Afinal, os caras estão de volta...! E merecem uma skol gelada!

Eu e o Victor estamos aí de lambuja, com novíssimos e foderosos banners. Cortesia do Lobo Schmidt, o melhor banneiro de Czarnia. Valeu!


Na trilha: Cells, do The Servant... pela centésima vez só hoje.

sexta-feira, 15 de julho de 2005

ONE-TWO-THREE-FOUR

(considerações rapidinhas)


Imagine aquele certo tipo nerd que chegou à maturidade, atingiu o status quo nerdiano, que vive compenetrado em um mundo de Ciência invisível aos olhos comuns e que, miseravelmente, é confrontado a todo momento com o mundo "real". Esse era pra ser o Reed Richards, no filme Quarteto Fantástico (Fantastic Four, 2005), mas o ator Ioan Gruffudd não arranha nem a lataria. Cada década tem o Harold Ramis que merece. Esse ponto é meramente ilustrativo. Arriscar uma olhada mais séria do filme é brincar de tomar pedala Robinho!! no meio da nuca.

Esqueçam as aventuras no universo subatômico, viagens em worm-holes, explorações em dimensões paralelas e todo o combo sci-fi que vem atrelado aos heróis nos quadrinhos. Esqueçam também aquele monstrão que sai do solo - obrigatório nas reprises da origem do Quarteto. O tom aqui é rasteiro, solto e, acima de tudo, pop. Mas isso não é demérito. Os Incríveis é melhor? Em todos os aspectos. O roteiro tem buracos? Parece a Régis Bittencourt. O vilão é bacana? Visualmente sim, mas ainda fico com Dr. Destino daquela produção de Roger Corman (embora seu... hã... "destino" tenha sido uma variação bacanuda do final de Os Caçadores da Arca Perdida). E nunca vi uma caríssima e aguardada viagem espacial ser desenrolada tão rápido!


Mas - olha só a virada, óia, óia - o Coisa ficou legal? Ficou sim, entre altos (Michael Chicklis é O Cara) e baixos (a corcunda esquisita e as mãos muito grandes), e me deixou com pena de quem o comparou a um coliforme ambulante (se a única referência que você tem se parece com ele, recomendo uma dieta à base de fibras, muitas fibras). E Chris Evans como o Tocha Humana? É um scene robber son of a bitch (a cena do espanador foi a melhor!). E finalmente, a toda-poderosa Mulher-Invisível Sue Storm... a girlie Jessica Alba é mais deliciosa que Kirsten Dunst e Katie Holmes juntas e a cena dela só de calcinha e sutiã já faz valer a sessão.

Que fique claro: ninguém nunca salvou New York de maneira tão cool quanto os Caça-Fantasmas do primeiro filme. Mas o Quarteto fica ali, bem naquela esquina do pop nonsense, pueril, escapista, que já rendeu uma porção de crássicos involuntários. É bem divertido - às vezes divertido bagarái - e se não consegui te convencer disso, quem dirá fazer o mesmo em relação à obras do calibre de Bill & Ted 1 e 2, Godzilla vs Megalon, Spider, Westworld, A Maldição de Quicksilver...



WRESTLING DE ESCOTEIRO


Superman e Capitão Marvel. Clark e Billy. De cara, são os dois maiores "bebedores de leite" das HQs (conceito dugarái de autoria do Alcofa - que está [re]pendurando as chuteiras...). A história desses dois é engraçada. Criado em 1939 por C.C. Beck e Bill Parker para a Fawcett Comics, o velho Capitão foi logo acusado de ser plágio do Super, seu predecessor da Detective Comics. Apesar dos conceitos próximos (dois super-humanos utópicos por excelência), Billy tinha lá as suas idiossincrasias que o distingüiam do Clark. Óbvio que isso não comoveu a DC, que engoliu a concorrente, levando-a à falência e, em seguida, saqueou o personagem para o seu cast. E dá-lhe situação inusitada: a editora ficou com dois super-homens invencíveis na casa.

Coincidentemente, o background do Capitão era originado de uma das únicas fraquezas que afligiram o Super durante um bom tempo: a magia. Isso nivelava um pouco as suas diferenças, visto que o Cap era uma contradição. Apesar de ser o detentor da Sabedoria de Salomão, ele mantinha a mesma índole à Oliver Twist de seu alter-ego. Já o Super era (muito) mais calejado e há tempos parou de destroçar carros para deter ladrões de banco. Só enfrentava de Mongul e Bizarro pra cima. Essa equiparação acabou gerando umas vias de fato memoráveis entre os dois, ao melhor estilo "dois paralelos se enfrentando". Também influenciou uma carreirada de situações dentro do universo pop, fornecendo inclusive a matéria prima para o duelo final entre Neo e o Agente Smith, em Matrix Revolutions. Que Dragonball Z que nada!

Tudo isso pra falar do maravilhoso episódio Clash, da excelente Justice League Unlimited. A luta em si durou breves e acachapantes cinco minutos, mas valeu por um longa metragem. O Capitão Marvel/Billy Batson está perfeito, com aquele olhar inocente e ainda mais escoteiro que o Clark. Este, aliás, está quase um herói à Image nesse episódio - bem mais super do que herói (justificado pelas maquinações certeiras de Lex Luthor).












Rolou até referência ao clássico Reino do Amanhã... Imperdível. Tinha de ser exibido nas TVs abertas. É um crime omitirem um material dessa qualidade.


Na trilha: Queen - Live At Wembley Stadium... weee are the champions... my frieeeend... :P

quarta-feira, 19 de janeiro de 2005

A GAROTA DO FANTÁSTICO


Bom, não posso dizer que superou as minhas expectativas, pois elas já estavam bem altas, confesso. Para mim, um longa do Quarteto Fantástico sempre foi mais fácil de se imaginar do que um dos X-Men, por exemplo. A linguagem pop movida à conceitos tecnológicos e o irresistível espírito de aventura sempre clamou por uma versão cinematográfica. É o mesmo mix que fez a fama de filmes como Os Caça-Fantasmas e De Volta Para o Futuro, em dois exemplos de extrema felicidade (e que eu não estou dizendo que seja o caso... mas tomara). Se tudo der errado, pode esperar por um novo Perdidos no Espaço - o que eu não acho que vá acontecer, talvez por mera fé cega, com toda a margem de decepção que isso traz de brinde.


Seja lá como for, agora, com o ótimo teaser em sua versão oficial, dá pra notar que vem algo promissor por aí - ao menos no que diz respeito à diversão. O efeitos são de ponta, os quatro fantásticos estão... fantásticos (exceção feita à Alba Storm, que está... incrível), o Dr. Destino está sinistro como nas HQs (pena que aparece rápido) e um detalhe muito interessante foi a trilha com "Counting Bodies Like Sheep To The Rhythm Of The War Drums", do grupo A Perfect Circle, que começou a rolar a partir do acidente espacial (pra quem conhece, sabe que isso foi fantasticamente foda).


É torcer pra que o diretor Tim Story honre seu sobrenome, com trocadilho fantasticamente ruim e tudo. E que site oficial mais pesadinho hein?! Putz.


A SUPREMACIA BYRNE


John Byrne merecia um Eisner pelo conjunto da obra. Poucas pessoas produziram tanto quanto ele e com um nível tão alto de qualidade. Livre da sombra de Chris Claremont (o Bendis dos anos 80), Byrne alçou vôos bem mais altos, lançando mão de um talento indiscutível como argumentista. Até a metade dos anos 90, Byrne trabalhou em quase todos os personagens de destaque da Marvel e, destes, ele livrou boa parte de alguma fase ruim. Foi assim com os Vingadores, com o Hulk, com a Tropa Alfa, com a Mulher-Hulk, etc. Mas a primeira vez que vi o Byrne "solo", desenhando e escrevendo primorosamente após o furacão Saga da Fênix Negra, foi nas histórias do Quarteto Fantástico.


Com um senso de humor bem cínico, vilões cavernosos, grandiosidade épica, bastante adrenalina e aquele climão de ficção-científica (que, por sinal, anda em falta no Quarteto de Mark Waid), ele valorizou todos os elementos que fizeram a equipe tão característica (pra não dizer "fantástica"). Claro que alguns mal-costumes marcaram presença, como a mania de inserir metalinguagem nas aventuras (ele mesmo, o Byrne, na história... no papel de John-Byrne-desenhando-o-Quarteto...). Pior que isso, só os editores nacionais da Abril: para fazer as vezes de editor-chefe da Marvel, ninguém menos que o famigerado Figa, aquele que decepava 50 páginas em uma história de 30. Felizmente, isso não chegava a atrapalhar, pois era só ignorar a "presença" do autor. Mas fiquei bem curioso pra saber se a esposa do Byrne na vida real é mesmo aquela coisinha maravilhosa que ele rabiscou.


A maior parte dessa fase de Byrne comandando o Quarteto foi publicada na revista do Homem-Aranha (provando que as HQs daquela época eram bem mais imperdíveis do que as de hoje), e um dos arcos mais bacanas que eu li foi da edição #66 a #68. Começa com o Doutor Destino reconstruindo a Latvéria e recrutando Tyros (ex-Terrax, arauto de Galactus, aqui totalmente overpowered) com o objetivo de destruir o Quarteto, que não tem Reed Richards, mas tem o Surfista Prateado. Logo, a maior especialidade de Byrne dá as caras: as pancadarias federais no meio de uma grande cidade que, em poucos instantes, fica totalmente arrasada. Aliás, Destino fica numa situação pra lá de embaraçosa no final. Logo na seqüência (praticamente soldada nessa história), os remanescentes do Quarteto, com a ajuda do Vigia Uatu, partem em busca do desaparecido Richards. Participações mega-over-empowered de Galactus, Odin e Eternidade.

Clique do Vic Doom aí embaixo pra baixar o pacotão (18,8MB). Ah, e paciência com esse servidor, ok? Às vezes ele dificulta a vida de quem não é assinante. :P

Scans by: doggma (link expirado há muitos éons)



Na trilha: Of The Son And The Father, do Astral Doors, um dos melhores álbuns de 2004.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2005

AINDA BEM QUE NÃO LEMBRARAM DO FANTASTICARRO


Johnny Storm dando uma de Johnny Blaze


Os melhores 20 segundos do ano, até agora (perdendo só para os deliciosos 56 segundos do selinho na Elektra...). Diferente da patrulhinha modista que ronda por aí, vi no spot do trailer (cacete... spot do trailer... falta mais o quê agora... resumo do teaser?) tudo o que o Quarteto Fantástico representou para as HQs em mais de 40 anos de história: muita ação, aventura, bom-humor, diversão-família e... poderes fantásticos (ahem). A única abordagem mais diferente que eu notei foi a intensa exploração da mídia em cima da equipe, o que sincroniza os personagens com o que andam fazendo atualmente nas HQs, mais notadamente na versão Ultimate e no tom pop de Mark Waid (a histeria acabou me lembrando um pouco o X-Tatics).


O nome de Tim Story nos créditos não me agrada muito, mas, à primeira vista, ele resolveu apostar na simplicidade narrativa das histórias do Quarteto. Nada de muita responsa. O Senhor Fantástico se estica numa ação reflexa, Dr. Destino dispara raios (bem à Conde Dookan, em SW: AdC) pra cima da Mulher-Invisível, que rebate com seu campo de força, e a grande estrela do (sub-) trailer, o Tocha Humana, rasga o céu de fora a fora, e se esquiva de um míssil. Mal posso esperar pelo trailer inteiro (isso é que é se contentar com pouco!).



Agora um alô para os exigentes fanboys (os da patrulhinha) que andam reclamando do Coisa. As contra-missivas criticam a textura da sua pele petrificada (tsc, papo de fanboy mesmo) e da baixa estatura do personagem. Segundo os detratores, o Coisa do filme tomou pra si a naniquez que faltou no Wolverine de Hugh Jackman. Bobagem (ns). Nos primórdios, a pele do Coisa era formada por uma camada epidérmica que parecia rocha vulcânica, não por aquelas placas de pedra que estamos acostumados. Ele também não era o caminhão-tanque que é hoje. Era mais atarracado e um pouco mais alto que uma pessoa normal. Só anos mais tarde que ele adquiriu o visual clássico.

Não sei se foi intencional, mas achei uma opção de design extremamente feliz, comparável à um Hulk cinza nas telonas. Ele pode desenvolver seu aspecto no futuro, até chegar ao shape atual. Para ilustrar melhor, confiram a capa de Marvel Two-in-One #50, que já foi publicada no Brasil, mas não me perguntem onde. Na história, o Coisa volta ao passado até o tempo em que haviam poucos meses desde a sua transformação. O objetivo era "se convencer" a ingerir uma fórmula que o faria humano novamente (ela só funcionava se fosse no início). Daí ele enfrenta sérios problemas com a sua contra-parte do passado. Naquela época, ele vivia enraivecido, amargurado e fisicamente muito diferente, bem mais deformado pela mutação cósmica - e igualzinho ao filme. Cara, rola um porradêro dos bons, vale conferir.

Clique na imagem para ampliar a capa.


Esse dedo não é meu não


Isso posto, vamos mudar os discursos aborrecidos e elogiar a fidelidade ao original... conhecimento de causa é isso aí. O filme pode até ser podrão (não creio), mas que o Coisa ficou muito bom, isso ficou. Nas ótimas cenas em que ele entra em ação (porrando o caminhão e sendo atingido por uma rajada de energia), dá pra perceber uma articulação pra lá de satisfatória. Melhor que o Coisa do Roger Corman... :P


"O HORROR... O HORROR..."


"Ela fica sabendo o que são recorporações... qual é o rio negro, para onde ele se dirige... por que os pássaros mortos se movem... e quem está olhando pelos olhos de seu marido. O cheiro. O fétido cheiro de formigas queimadas esbofeteia a mente de Abby e seus joelhos se dobram ante tamanha força. O nome dele... uma assinatura redigida em ácido... Então ela pensa, 'há quanto tempo estive casada com'... 'quantas vezes nós'... Agora Abigail sabe o que é a coisa ruim e de onde vem o fedor. Vem de si mesma... e ela não consegue se livrar da contaminação... nem queimá-la... abafá-la com perfume... ou raspá-la da pele. Seus sonhos são nojentos e intoleráveis... e seu despertar não é um alívio."

Parece Augusto dos Anjos.

Poesia dark, beleza tétrica, junkie trip gótica. Isso é Alan Moore, sem gelo e batido, não mexido. O Senhor do Caos criou o link definitivo para pesadelos claustrofóbicos através da escrita. Moore elevou as artes ocultas (horror, guri) para um patamar que o gênero sempre almejou. Embora seja difícil traçar um paralelo, foi no horror que Moore mais se encontrou à vontade (o que não o impediu de conceber clássicos em outras linhas narrativas). Infelizmente, em sua mídia mais efetiva - a 7ª arte - o gênero não conseguiu decodificar esse mosaico de humanidade caótica que é Alan Moore escrevendo um conto de terror - ainda que eu tenha apreciado a adaptação de Do Inferno.

A edição #6 da velha Super Powers só atesta o que eu já escrevi sobre essa revista, certa vez. Não negando sua condição de arremedo de Grandes Heróis Marvel, os editores se contentaram em usá-la para finalizar sagas e atualizar a cronologia defasada de certos personagens - como o Monstro do Pântano. Esse arco foi publicado originalmente em The Saga Of The Swamp Thing, do #29 ao #31, e já foi levada ao ar pelo poderoso gRAlactus, mas em condições bem precárias. Resolvi então reescanear essa pérola, com o miraculoso auxílio do Photo "o-melhor-amigo-das-playmates" Shop.

Scans by: doggma

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dogg, curtindo muito tudo isso... ouvindo um show do Robbie Williams com a Kylie Minogue... juro que é verdade. A Kylie vyle o sacrifício.