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sábado, 17 de agosto de 2024

Domingo é dia de descanso e Programa Silvio Santos


Senor “Silvio Santos” Abravanel
(1930 - 2024)

Uma eulogia ao Silvio Santos? Respeitosamente, declino.

Além de ser um dos raros tópicos em que o conhecimento público realmente tem propriedade, há um vasto material esmiuçando em detalhes a sua lendária trajetória. E o que dizer de novo sobre a figura que melhor entendeu as complexas nuances do povo brasileiro, da política e do entretenimento de massa?

Silvio Santos era maior que a vida. Um comunicador que deu a volta na relação e se tornou um símbolo, um reflexo da nossa identidade. Algo que só ele e outros mestres da velha escola, como o Chacrinha, tinham. E levaram o segredo consigo.

Dificilmente surgirá alguém parecido. E estou sendo generoso aí.

Este não será um domingo qualquer.

Obrigado por tudo, Silvio!

Ps: com tanta comoção e solenidade, só lembro dos guris que trocavam um videogame por uma bolinha de ping-pong na brincadeira do foguete. O Patrão era demais.

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Até logo, Sr. Boldrin


Rolando Boldrin
(1936 - 2022)

Poucos souberam personificar e traduzir tão bem a alma interiorana do país quanto o ator, cantor, compositor e apresentador Rolando Boldrin.

Quando moleque, nunca perdia um Som Brasil. Mesmo, às vezes, sem entender direito os seus deliciosos 'causos'. E até hoje, depois de velho, dificilmente começo um domingo sem as reprises matinais do Sr. Brasil.


Hoje, o país perdeu dois de seus filhos mais amorosos. E um pedaço imenso de sua identidade cultural.

sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Além do samba iluminado

A prévia não deixa dúvidas: Andança: Os Encontros e as Memórias de Beth Carvalho, com roteiro de Leonardo Bruno e direção de Pedro Bronz, parece fazer pela Madrinha do Samba o que Vale Tudo com Tim Maia fez pelo Síndico do Soul.

Talvez até mais.


Quem viu o documentário Rush: Beyond the Lighted Stage, de 2000, nunca esqueceu de uma cena icônica e universal: o vídeo caseiro em que o guitarrista Alex Lifeson, então com 17 anos, comunica aos pais que pretende largar a escola para seguir carreira numa banda de rock — e se esqueceu, não me importo em recordar. É sensacional. E o vídeo de arquivo do Prince com 11 anos dando sua opinião sobre uma greve de professores em sua cidade?

Esse tipo de achado arqueológico é ouro puro. E Andança periga ser uma mina gigantesca.

Salta aos olhos a autoconsciência da inesquecível Beth em documentar tudo que vê pela frente. Nem imagino se já tinha consciência de que estava cunhando um material de acervo histórico da música brasileira também. Mas estou louco para descobrir.

sábado, 22 de outubro de 2022

Tim Maia em suas próprias palavras


Difícil pensar numa conexão mais esdrúxula que Frank Zappa e Tim Maia. Mas a docussérie Vale Tudo com Tim Maia, produção da Globoplay codirigida por Nelson Motta e Renato Terra, mostra que existem mais similaridades entre o fusionista de Baltimore e o soulman da Tijuca do que julga a vã filosofia. A começar pela própria natureza musical: compositores multi-instrumentistas autodidatas (apesar de Zappa dominar tudo de teoria) que estrearam na carreira como bateristas. E um dos aspectos mais importantes, que era a saudável mania de registrar tudo o que fosse possível, de conversas informais e coletivas de imprensa a ensaios e bastidores.

Uma semelhança em vida que tornou possível uma bem vinda semelhança póstuma.

No doc Eat That Question: Frank Zappa in His Own Words (Thorsten Schütte, 2016) — que já mencionei en passant, inclusive — fiquei maravilhado com a proposta old school de conduzir o filme apenas com materiais de arquivo. E mais ainda com o volume impressionante desse material, que possibilitava uma narrativa com início, meio e fim amarrando cenas bem difundidas com outras obscuras e/ou raríssimas. Tudo isso sem apresentadores ou narrações em off, apenas com breves legendas para efeitos contextuais e cronológicos.

É muito bom ver que o formato não só foi possível no caso do Síndico, como funcionou à perfeição. Tim Maia era o melhor promotor de si mesmo. A série em três capítulos reúne registros pessoais doces e bucólicos com sua família e com as crianças do orfanato Lar de Narcisa (graças à colaboração de seu filho Carmelo) ao lado de típicos "momentos Tim Maia", antológicos, e muita, mas muita música. As sequências da fase de shows em bailões de subúrbio, em particular, são sensacionais, com lotação sold out e público enlouquecido. E claro que as pirações-Maia também têm seu espaço garantido. A fase Racional tem o merecido lugar de destaque, bem como a entrevista de um Tim doidão para o Otávio Mesquita após um show caótico em que até o Fábio Jr. foi convocado ao palco para dar uma "ajudinha" nos vocais.

Essenciais também são as passagens de Tim pelo Cassino do Chacrinha. O cantor trovejando no palco cercado pelas gostosíssimas Chacretes é o puro suco de Brasil dos anos 80. E bola dentro para a inclusão da bizarra cena que resultou na briga do Síndico com o Velho Guerreiro.

Em contrapartida, o mesmo programa foi palco do lindo dueto de Tim e Gal Costa, que simplesmente para de cantar só para ficar admirando o vozeirão do homem. Momento fanzoca total, paralelo ao trecho da entrevista no programa Gente de Expressão, da Bruna Lombardi. Num momento confessional sobre a dualidade da fama e o preço da solidão, Tim derrete o coração da entrevistadora com uma palhinha de "Não me Iludo Mais". E emenda com um "mas a voz é foda, né?", quase como se estivesse se referindo a outra coisa ou pessoa. Um momento que sintetiza todo o embate entre o Tim e o Sebastião.

Uma amostra da esportividade de um dos realizadores foi a inserção do dueto ao vivo de Tim e Marisa Monte. Cantando "Chocolate" abraçadinho com a artista, Tim dá uma provocada: "Nelson Motta, cê tá cheio de ciúme, né? Nós estamos só vendo que música que nós vamos cantar, cara. Calma, bróder." Divertido, com certeza, mas ganha a ressonância de piada interna para quem leu a bio/ensaio Noites Tropicais (2000), do notório produtor.

Vale Tudo com Tim Maia é uma deliciosa (e rápida) viagem pela carreira do Síndico. Imperdível documento histórico para admiradores do músico ou simplesmente de música popular brasileira. E funciona ainda melhor em conjunto com o especial de tevê Por Toda a Minha Vida: Tim Maia, de 2007, e, logicamente, o livraço Vale Tudo: o Som e a Fúria de Tim Maia (2006), de Motta.

Ao contrário do Tim, esses não podem faltar...


terça-feira, 20 de setembro de 2022

Crush verde-urânio

A série da Mulher-Hulk é problemática, fato. Mas, a despeito de ser um típico produto dessa fase sorvete-na-testa da Marvel Studios, é um guilty pleasure diliça. Dropzinhos de meia-hora pra relaxar com a Tatiana Maslany cheia de graça. Quero muito mais não. Só uma xícara de café e um... bom número de encadernados com a injustiçada fase inicial da personagem na íntegra.

Colocando as HQs na ordem para uma maratona light, só agora vi que o título The Savage She-Hulk viu a luz do dia por aqui até a edição #10 (de 25). Tudo pela descontinuada RGE, via Almanaque Premiere Marvel e O Incrível Hulk, há 42 longos anos. O que é lamentável, visto que está tudo compiladinho e ok-to-go em dois volumes marotos da Marvel Masterworks dedicada.

Outra coisa que revisitei com as edições velhuscas foi a colorização das edições nacionais num verde fluorescente capaz de contrair as pupilas por uns três dias. Comentei sobre isso num post de 2018 — e que reposto abaixo.


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Parece que foi ontem. Início da década de 1980 e lá estava eu devorando a Almanaque Premiere Marvel #1, meu primeiro contato com a saudosa RGE. Uma das coisas que mais curti - além da maravilhosa Mulher-Hulk - foram as "cores radioativas" usadas pela editora. O verde da heroína era tão aceso e vibrante que quase brilhava no escuro.

Algum tempo depois, quando a Abril assumiu o título da Jess (como nós, íntimos, chamamos a Mulher-Hulk) e corrigiu a tonalidade das cores, demorei muito pra aceitar a mudança.




Na verdade, acho que detestei. Senão não lembraria disso, 35 anos mais tarde. Puta merda.


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Na RGE, aquele padrão de impressão de cores brilhantes sempre se manteve, até mesmo após sua reformulação na Editora Globo. Era um diferencial e tanto. Paradoxalmente, nas edições gringas, o verde mais escuro da versão original foi substituído pelo verde-explosão gama na reedições posteriores. Uma tremenda justiça tardia.

Bons tempos de beldades radioativas em seus formatinhos atômicos.

quinta-feira, 28 de abril de 2022

Louco como um guerreiro da Luz que luta contra as Trevas


Em meados de 1989, Leandro Luigi Del Manto, então editor de quadrinhos na Abril, foi convidado para uma conversa no escritório de Eduardo Macedo, na época, diretor comercial na editora Globo. Não houve muito rodeio — "estamos abrindo uma nova redação de quadrinhos aqui na Globo e precisamos de alguém que cuide do material não infantil. Você tem interesse?". E veio a pergunta de 1 milhão: "o que vocês estão pretendendo?"

Após um incisivo "olha, vou abrir o jogo, mas não pode sair daqui", Macedo tira de uma gaveta pilhas e mais pilhas de HQs. Os olhos de Del Manto quase saltaram das órbitas: estavam ali Akira, Sandman, V de Vingança, Orquídea Negra, Demônio da Mão de Vidro, Marada: A Mulher-Lobo, a minissérie do Pantera Negra e vários outros títulos. A negociação conclui com um "quanto vou ganhar e onde é que eu assino?"

É uma das minhas histórias favoritas dos bastidores do mercado nacional de quadrinhos.

Essa investida da Globo reformulada foi, de certa forma, um divisor de águas. Não foi a gênese do quadrinho adulto no Brasil, mas, sem dúvida, modernizou e expandiu o conceito para um modelo editorial que perdura até hoje.

Logo foram chegando títulos como Dreadstar, Moonshadow e O Último Americano. Todos da Epic Comics, subdivisão da Marvel lançada pelo editor Jim Shooter e que operou entre 1982 e 1996. Filhote da memorável Epic Illustrated, o selo se destacava por oferecer aos quadrinistas liberdade total nas histórias, além da almejada propriedade sobre suas criações — um tremendo arrojo em se tratando da Casa das Ideias.

E o 1º título Epic publicado pela Globo foi A Guerra de Luz e Trevas, estreia da parceria do escritor Tom Veitch com o desenhista Cam Kennedy.


A história — uma saga aventuresca nos moldes clássicos — é uma jornada pelos gêneros da guerra, da fantasia e da ficção científica sob a ótica bastante peculiar de Veitch. A HQ já abre com duas linhas temporais simultâneas, com o veterano Lazarus Jones visitando um memorial de guerra enquanto relembra sua última e trágica missão no Vietnã, quando uma emboscada vitimou sua unidade e ainda lhe arrancou as duas pernas. Tomado pelo transtorno do estresse pós-traumático com ênfase na síndrome do sobrevivente, Laz é incapaz de viver o tal sonho americano pelo qual viu tantos serem sacrificados.

As coisas mudam após um grave acidente de carro. Mais uma vez ele sobrevive, porém em coma profundo num leito de hospital. Preso em um estado espiritual intermediário, Laz é confrontado por um ser sobrenatural que o apresenta ao Portal Negro, um mundo localizado no sistema estelar Abraxas. Lá, é travada uma guerra milenar entre as forças da Luz e das Trevas. Uma guerra para onde são cooptadas todas as almas dos soldados mortos em combate — justamente onde estão seus saudosos irmãos de armas Slaw, Huff e Capitão Engle desde que desencarnaram naquele fatídico dia no Vietnã.

O Portal Negro é um posto avançado da Galáxia da Luz, sendo o território de maior disputa entre as duas forças. Do lado da Luz, está Urumm, também chamado de A Fonte. Do lado das Trevas, está o Senhor Oculto. Suas forças militares são lideradas pelo tirânico Lorde Na, cujos poderes de conversão deram origem aos Deadsiders, um gigantesco exército de guerreiros demoníacos espalhado por quase toda a galáxia.

É neste contexto básico — mas com desdobramentos bastante intrincados — que Laz e a autointitulada Gangue da Luz buscam a diferença que significará a vitória (ou a derrota) decisiva. Se é que aquilo tudo é mesmo real, no final das contas...


Sobre os desdobramentos intrincados, não é força de expressão. Veitch criou um universo vasto e riquíssimo, com várias soluções inusitadas para evitar o lugar-comum.

Um exemplo é no início, quando Laz chega ao Portal Negro e vê seus velhos amigos combatendo Deadsiders com indumentárias e armamentos remetendo aos séculos 16 e 17. As circunstâncias naquela galáxia eram ainda mais primitivas, quando houve um salto tecnológico a partir do ano 1519 terrestre. Não por acaso, o ano do falecimento de ninguém menos que Leonardo da Vinci. Tendo trabalhado como arquiteto e engenheiro militar para os Bórgia, Leonardo também projetou várias fortalezas e instrumentos bélicos, o que lhe rendeu uma passagem só de ida para aquela guerra.

O polímata italiano foi o primeiro a explorar o potencial dos Menteps, criaturas azuladas ligadas diretamente à Fonte. Além de um grande alcance telepático, esses seres têm o poder de levitar e acelerar qualquer objeto à velocidade da luz. Assim, eles passam a usar essa capacidade nas imensas belonaves de pedra utilizadas pelos soldados da Galáxia da Luz.

Contudo, mesmo sendo um pioneiro e visionário, Leonardo ainda era limitado à perspectiva de seu tempo.

Dessa forma, naquele continuum (ou, como Cam Kennedy gosta de dizer, naquele "plano temporal alternativo"), toda a evolução tecnológica e cultural estagnou por volta do ano 1700 em padrões de tempo terrestres.


O Grande Encontro: Leonardo da Vinci e Nikola Tesla esquadrinhando os rumos da guerra

Outro gênio a aportar na Galáxia da Luz foi o revolucionário inventor e engenheiro Nikola Tesla, falecido em 1943. Em Abraxas, o controverso cientista enfrenta o protecionismo quase dogmático ao redor das criações defasadas de Leonardo. Pressionado pelo Conselho da Conferência Galáctica, ele passa a trabalhar numa "Máquina de Destruição" (vulgo seu-2º-Raio-da-Morte). Enquanto isso, Nicholas Tesla, seu neto (ficcional), inadvertidamente desenvolve na Terra um dispositivo capaz de abrir um portal para aquela dimensão. E essa é só a ponta de Taa II.

A Guerra de Luz e Trevas é uma convergência das influências literárias com as experiências pessoais de Tom Veitch. Antes de se tornar escritor e quadrinista, ele viveu na clausura como monge beneditino por alguns anos. Suas convicções espirituais sempre estiveram presentes em suas obras e ressoaram ainda mais intensamente nesta HQ. Além dos generosos apêndices entre os capítulos e das referências espertas, Veitch inseriu versículos de uma "Bíblia Mentep", fornecendo mais pistas sobre as origens daquele universo.

Na trama, essa característica é explorada até ao ponto em que os mundos físico e espiritual passam a interagir nos dois sentidos. Fora todo o processo cármico dos espíritos de soldados humanos servindo como reforços de guerra num mundo espiritual, em dado momento, as forças da Luz e das Trevas são atualizadas com o arsenal bélico da Terra dos dias atuais. Nada mais natural: se há algo em que somos muito bons é em espalhar sofrimento e destruição em larga escala.

Uma premissa que parece ter servido de base para o filme Anjos Rebeldes (The Prophecy, 1995), em que anjos disputam a alma de um recém-falecido coronel veterano da Guerra da Coreia. Uma alma tão vil e cruel que é considerada pelos seres celestiais como a "alma mais sombria da Terra" e que pode decidir os rumos de uma guerra civil no Paraíso.

Além da espiritualidade, outra grande influência de Veitch era Tolkien. Enquanto Urumm/A Fonte é uma entidade ou força análoga ao Deus cristão, Lorde Na e o Senhor Oculto são análogos a Saruman e Sauron, de O Senhor dos Anéis — e os Deadsiders, swipes fáceis dos Uruk-Hai.

Mas Veitch não ficava apenas no plano abstrato e construía metáforas tristemente atuais ao mundo real. Mesmo com todo o poderio bélico à disposição, Lorde Na e seus minions excursionam pelas províncias sitiadas proferindo um discurso de ódio, violência e morte. Tudo isso enquanto "converte" populações vulneráveis em apoiadores-zumbis, exarcebando as táticas fascistas de controle como um típico autocrata das trevas.

É uma aula o modo como Veitch consegue abordar as questões mais espinhudas da discussão política sem sair do campo da alegoria.


A arte de Campbell "Cam" Kennedy é estonteante. O escocês passou a década de 1980 imerso nas linhas de produção da 2000 AD, especialmente nos títulos Judge Dredd e Rogue Trooper. Em A Guerra de Luz e Trevas, seu traço bebia na fonte de mestres como Gil Kane (na pegada detalhista), Sergio Toppi (vestimentas, expressões culturais multiétnicas) e Walt Simonson (construtos diversos, como naves, edificações, armas). Dinamismo, páginas duplas e takes panorâmicos das batalhas de tirar o fôlego.

A palheta de cores curtida em tons oitentistas se intermediava com um naipe de técnicas, belíssimas passagens de pinturas a óleo e aquareladas — reflexo da aversão do artista pelas colorizações digitais, prática que já se popularizava na época. Kennedy, que sempre detestou ser arte-finalizado por terceiros, fez tudo. O homem não era brincadeira.

Veitch e Kennedy sabiam o que tinham em mãos. E, mais importante, souberam vender o projeto. O próprio Archie Goodwin ficou tão fascinado pelo conceito que ele próprio se encarregou da edição da série ao invés de delegar para outro.

George Lucas gostava tanto de A Guerra de Luz e Trevas que entregou nas mãos de Tom Veitch a nova fase do Universo Expandido de Star Wars. O escritor, que não era bobo, tratou de convocar o amigo Cam Kennedy para repetir a parceria na nova empreitada — e seu grande fruto até hoje é bastante celebrado e discutido entre os fãs: a trilogia Império Negro.


Uma das duplas mais memoráveis das HQs

A conclusão sugestiva confirma uma sensação presente durante toda a leitura: as ideias de Veitch para aquele universo eram grandiosas demais para uma simples minissérie. Ele definitivamente não tinha terminado com o universo de A Guerra de Luz e Trevas.

Mas isso é algo que nunca mais saberemos.

Referências:
Entrevista com Tom Veitch
Entrevista com Cam Kennedy
Artigo na Amazing Heroes

quinta-feira, 7 de abril de 2022

Catarse do Catarse

Adoro a ideia de poder colaborar, de fazer parte daquilo de algum modo, de ver minha humilde graça impressa nos agradecimentos (tolos, ainda dominarei o mundo!), de acompanhar todos os trâmites até colocar as mãos naquele quadrinho autoral espetacular demais para as editoras mundanas, que só operam afundadas em planilhas e gráficos —e antecipadamente, no melhor estilo de exclusividade cooperativa.

Mas cada visita à lista de produções em andamento me lembra porque esse nicho editorial se proliferou no Catarse em primeiro lugar. Meu histórico de apoios já virou um limbo quadrinhístico. Brrrr.


O projeto confirmado mais antigo é o sci fi Bonelliano Legs Weaver, pela Graphite Editora. Entrega prevista para novembro de 2020. Geralmente, essas previsões são bastante inacuradas, mas isso já é ridículo. O pior é que as edições da Graphite são caprichadas. Quem viu o projeto anterior deles, o colossal Nathan Never Gigante - Futuro Duplo, ficou de queixo caído. Na seção de Novidades, o último comunicado (de fevereiro) dá conta de problemas envolvendo troca de gráfica e falta do papel escolhido no mercado. Pela nova "previsão", uma nova cotação será feita em junho/julho para, talvez, entrar lá no final da fila de impressão. Pena.

Já a editora Lorentz conseguiu entregar o segundo volume de Alvar Mayor em janeiro (quatro meses após a previsão fornecida), mas nada ainda do terceiro volume. A normalmente ligeira Tai Editora, da simpática Taína Lauck, também tem estendido seus prazos —vide Milady 3000, estimada para novembro de 2021— sem, no entanto, diminuir o ritmo de lançamentos. Pelo contrário.

No geral, tenho notado uma profusão-seguida-de-acúmulo nos lançamentos de HQs via Catarse. Se for pensar, é praticamente um empréstimo a perder de vista e sem juros. E isso me lembra algumas picaretagens da velha guarda. O que, felizmente, não vi acontecer na plataforma. Ainda.

Há tempos o homenzinho do Departamento de Aquisições vem me pressionando. E, não me leve a mal, será difícil. Mas parei. A partir de agora, só material disponível em lojinha virtual, ao alcance da mão de fechar o carrinho. E tenho dito.

Ok, ok... só vou apoiar mais o combão Um Mundo de Impressões – Os 70 anos da Editora RGE/Globo - A Noite em que a Marvel fez o Mundo Chorar. Aí, é a saideira. Não tem esse dedo me dói.

E tenho dito.

terça-feira, 27 de julho de 2021

Vá em paz, Seu Orlando!


Orlando Drummond Cardoso
(1919 - 2021)

Falar que o genial Orlando Drummond fez a alegria de várias gerações é até redundância. Ele pertence a um seleto grupo cuja vida se funde com a história do entretenimento brasileiro - onde sua carreira teve início em 1942. O homem é uma lenda.

E o melhor de tudo: foram 101 anos de uma vida plena e incrivelmente produtiva.

Obrigado por tudo, Orlando Drummond.

segunda-feira, 11 de maio de 2020

TV Quarentena

Confesso que tinha deixado de acompanhar o épico retorno da trindade JaspionChangemanJiraiya nas manhãs de domingo da Band por conta de um velho TOC pós-Y2K: o esquizofrênico padrão de resolução das redes de TV na exibição de conteúdo antigo.

Felizmente, no início do mês, a Sato Company anunciou a mudança de resolução das clássicas séries tokusatsu. Finalmente a pavorosa esticada widescreen 16:9 daria vez às resoluções 4:3 originais. Só um problema ainda (avisei que era TOC): os mattes, aquelas barras escuras que surgiriam nas laterais.

Curioso, dei uma zapeada marota. E gostei de ver.




Olha aí o Jiraiya visionário...





Nada como um pouco de criatividade e senso estético.

A mesma sacada serviu bem no repeteco do mundial de 93. Partidinha da tarde, pra fazer a digestão.


Mas enquanto a Sato/Band deram um show de (tele)visão, a Globo parecia o tiozão que não manja de porra nenhuma e se mete a fuçar/desconfigurar o equipamento alheio. Ao exemplo dos jogos da seleção e das corridas da Fórmula 1 dos domingos anteriores, a OMNI-BR repetiu a tosca esticada wide na icônica vitória de Ayrton Senna no GP do Brasil em 1991.

O resultado são carros achatados de 1/2 metro de altura por quatro de largura e 8 de comprimento e mecânicos hobbits parrudos trabalhando nos boxes.

Bem, amigos da Rede Bobo, aqui temos o...


Jeito Errado #1




Até o nosso eterno campeão Ayrton parece ter levantado o troféu em Júpiter, com o triplo da dificuldade que teve, o que parecia impossível.


Correndo por fora (perdoe o trocadilho), a Rede Brasil não esticou full em wide, mas na exibição do seriado Lois & Clark recorreu ao famigerado pan & scan – literalmente um recorte em cima e embaixo de um vídeo full para forçar um formato wide inexistente no original. Nem sei qual é pior.

O que nos leva ao...


Jeito Errado #2

...com um bônus tão impagável que nem lembrei de resoluções e TOCs. Pobre Escoteirão.




#BruceWayneCurtiuIsso