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sexta-feira, 19 de agosto de 2022

“Let me stand next to your fire...”


Assistindo Desastre Total: Woodstock 99 (Trainwreck: Woodstock '99, 2022) tive a sensação de viajar no tempo, mas num outro espaço. Acompanhei o festival a exatos 7.622 km e dois fusos horários de distância do epicentro: no conforto do meu lar, estirado em minha poltrona favorita, com tira-gostos variados e rodadas incessantes de caipirinhas e latinhas de Skol (outra época!). Na tela, headliners raivosos, som no talo e um maremoto humano ensandecido — com pintos e peitos à mostra e balangando via satélite — que ainda hoje deixa atônitos até habitués em megafestivais.

Tudo levava a crer que estava testemunhando a experiência rock and roll definitiva. Mal sabia do inferno social e humanitário que estava se desdobrando ali em tempo real. Ou melhor, até desconfiava...

Lembro que, a certa altura, um VJzinho qualquer pergunta a um garoto sobre as cenas de violência e quebra-quebra da noite anterior. Ele é categórico: "cara, você tem Limp Bizkit, Rage Against the Machine e Metallica se apresentando um depois do outro... queria o quê?"

Aquele momento, vindo de um guri ressacado, foi didático. A escalação do palco principal não tinha a menor ressonância com os auspícios de paz & amor do icônico Woodstock. Foi uma estratégia adotada já na edição de 1994, quando a marca foi ressuscitada no vácuo das primeiras edições do bem-sucedido Lollapalooza. A gasolina estava lá, só faltava o fogo.

Dividido em três episódios, o documentário da Netflix explora esse e outros pontos nevrálgicos que levaram o Woodstock 1999 a uma quase tragédia sem precedentes. O trabalho de pesquisa e resgate de imagens de arquivo é espetacular. E o diretor Garret Price também sabe do peso dos depoimentos de quem esteve in loco e faz uma boa seleção de woodstockers, com artistas, jornalistas, membros do staff do festival e do próprio público.

E ainda foi esperto — e sortudo — o bastante para colher a versão dos promotores Michael Lang e John Scher. Afinal, eles tinham muito que explicar.



Logo nos primeiros minutos, duas cenas surreais dão conta que até os deuses tentaram avisar: o então prefeito local Joseph Griffo inaugura o evento com a tradicional quebra da garrafa de champagne e só consegue na 9ª tentativa; e o momento em que o Soul Brother Nº 1 James Brown recebe o espírito do Rei do Soul Tim Maia (falecido um ano antes) e se recusa a estrear o palco principal enquanto não receber o cachê integral antes do show, mesmo com a banda já tocando a introdução e o público urrando.

Mas o doc não deixa dúvidas sobre quem foram os grandes vilões do evento: os preços hiperinflacionados e as deficiências de infraestrutura.

O Woodstock '99 foi realizado numa antiga base aérea americana, situada em Rome, NY. É um monstro de 3.600 acres onde cada direção era uma verdadeira peregrinação sob o sol escaldante do verão americano. Para economizar nos custos (e, talvez, amortizar um pouco do prejuízo da malfadada edição de 94), a produção contratou seguranças com pouca ou nenhuma experiência, batizou o contingente de "Patrulha da Paz" e tudo certo.

Outra grande ideia para as contas bancárias foi simplesmente não pagar as prestadoras responsáveis pelo saneamento e fornecimento de água, incluindo aí a manutenção dos banheiros químicos. Tenha em mente um público estimado em 200 mil pessoas ao longo de quatro dias e o resultado é um só: o horror, o horror...

O que veio a seguir foi de revirar o estômago. Aquelas imagens eternizadas na cultura pop do público coberto de lama, mergulhando na lama, rolando na lama e até pegando jacarezinho na lama... adivinha: não era lama. Era merda. Muita merda. Merda pra tudo que é lado. Mesmo num calor senegalesco, a falta d'água era frequente nas bicas e nos chuveiros distribuídos na área, mas talvez fosse até uma providência do destino — testes feitos durante o festival constataram que toda a rede de água estava severamente contaminada por fezes. Eles sabiam. Só não avisaram ao público.

E com as barracas de comida e bebida enfiando a faca sem dó (garrafinha de água: US$ 4) era como vislumbrar a derrocada dos antigos ideais, agora pervertidos pela ambição e pelo materialismo. Era o fogo que faltava. Cansado de ser maltratado, humilhado e explorado, o público se voltou contra tudo e contra todos. Inclusive contra ele mesmo.

De certo modo, foi um intensivão de neoliberalismo.


O diretor Price consegue achados tragicômicos em meio aos crescentes riots, como o momento em que um dos membros da equipe faz uma barricada na porta do escritório, como se estivessem cercados por zumbis. E não hesita em se aventurar por terrenos controversos, como o dilema dos artistas de rock pesado num ambiente instável. Pelo contrário. Korn fez um show visceral, com a vantagem da escalação no primeiro (e relativamente calmo) dia. Mas é difícil não ficarmos menos do que convencidos que o Limp Bizkit e seu frontman Fred Durst acirraram bastante os ânimos já exaltados. E que os caras do Red Hot Chili Peppers podiam ter ido dormir sem tocar "Fire" bem no momento em que se propagavam os incêndios que marcaram o fim do festival.

Desastre Total eventualmente cede a algumas concessões. É nítido que Metallica e Rage Against the Machine foram poupados. No caso do primeiro, lembro bem do coro de "Die! Die!", que a banda sempre puxa no meio de "Creeping Death", destoando de toda a estética psicodélica-flower power do evento. E no caso do Rage e sua incendiária apresentação, ao menos foi registrada a arrepiante cena da turba repetindo o mantra/grito de ordem "Fuck you, I won't do what you tell me" enquanto destruíam, pilhavam e violentavam tudo pelo caminho. Mas dá pra botar na conta da metragem.

Não ajudou a romantizada que deram no Woodstock original. Ficou parecendo um piquenique de fadinhas e hobbits no Condado. E não foi nada disso. Outra bola fora envolve a pior faceta do festival, que foram os vários casos de estupro. Já estava quase no final do último episódio e achei que o assunto não seria sequer mencionado, o que teria dado perda total no doc. Mas foi. Em algo como cinco minutos. Pois é.

Também é traçado um perfil da mentalidade machista e privilegiada do jovem-branco-de-fraternidade que predominou no festival. O que foi um dedo na ferida admirável.

A narrativa aniquila qualquer impressão sobre o promotor John Scher que não seja a de um businessman negligente e ganancioso. Mas curiosamente patina em assimilar a figura serena e enigmática de Michael Lang, falecido pouco depois as filmagens. Ele foi co-idealizador e promotor do festival original e, pelas imagens da época, já era um personagem e tanto. Merecia um doc à parte.

O Woodstock '99 teve apenas 4 dias, mas, pelo jeito, rendeu assunto para 23 anos. E contando...

terça-feira, 27 de julho de 2021

Kudos, Mr. Jordison


Nathan Jonas "Joey" Jordison
(1975 - 2021)

Nunca dei muita bola para o Slipknot, mas, parafraseando o saudoso Gordura, "entre todas as milhares de coisas pra ti odiar no Slipknot, definitivamente a bateria não é uma dessas". E realmente o fenomenal Joey Jordison fazia a diferença. E muita.

Mesmo assim, só abracei a causa de vez após o show do Metallica em Donington, em 2004, sem Lars e com ninguém menos que Jordison e Dave Lombardo assumindo as baquetas. Pela 1ª vez em muito tempo, a banda soava pesada e ameaçadora novamente.

Jordison tinha mielite transversa (razão pela qual saiu do Slipknot), mas havia apresentado melhoras com o tratamento. Tanto que logo na sequência chegou a montar novas bandas (Scar the Martyr, Sinsaenum, Vimic) e a tocar com Ministry, Rob Zombie e 3 Inches of Blood, fora os vários trampos de produção. Foram 46 anos a mil.

Consta que se foi durante o sono. Uma benção.

Muito jovem ainda. E extremamente talentoso.

segunda-feira, 29 de novembro de 2004

ALÉM DO CIDADÃO LEE












Alvejado por uma de suas próprias flechas (disparada por dois junkies sem qualquer habilidade e em plena crise de abstinência), Oliver Queen, o Arqueiro Verde, se depara com um desafio muito pior do que os supervilões que estava acostumado a enfrentar: o tráfico de drogas. Dessa vez, o Mal não vinha dos confins do Universo ou de outra dimensão. O Mal agora era interior e contava com tantas nuances que tornava a sua resolução praticamente impossível. Para auxiliá-lo nessa verdadeira bad trip, o herói e amigo pessoal Hal Jordan, o Lanterna Verde, em sua concepção da Era de Prata - não por acaso, sua melhor fase.

E assim começava o arco O Pranto dos Pássaros Feridos/A Morte Cresce Dentro de Mim, publicada no Brasil na edição #4 da saudosa Superamigos e uma das melhores e mais atemporais histórias já concebidas nos quadrinhos. Um clássico da abençoada dupla Dennis O'Neil/Neal Adams. Quando eu classifico essa fase de "atemporal" não é à toa. Longe do maniqueísmo e escapismo tradicionais, o roteiro corajoso de O'Neil colocava os heróis enfrentando não vilões, mas pessoas reais, com todos os erros e acertos comuns a qualquer um.

Inteligentemente, os heróis também "sofriam" com os efeitos da realidade e, não raro, demonstravam falhas de caráter e cometiam erros de julgamento. Isso sem falar da temática barra-pesada, muito à frente de seu tempo e sem o glamour familiar das HQs. Já a arte clássica de Adams, além de ser um colírio visual, exibia uma técnica estilosa, bem-acabada e muito acima da média, mesmo para os dias de hoje. Aliás, principalmente para os dias de hoje, infectados por poses sexistas e músculos inexistentes na anatomia humana.

Tudo isso em uma história publicada originalmente em 1971 (!).


Às vezes eu fico com um pouco de receio de ser tachado de saudosista, mas relendo histórias antigas e com esse nível de qualidade, é impossível ficar impassível (putz). A perfeição mora nos detalhes, e até o formato de quadrinhização foi utilizado por Adams como uma ferramenta. Esse trecho, por exemplo, fala por si só. Para ilustrar a dor do Arqueiro ao levar um soco no braço machucado, ele driblou a falta de espaço com uma classe impecável. Conseguiu passar o sentimento surpresa-reação-dor-impotência em apenas um quadrinho fragmentado em sentido descendente. Perfeito.

Isso pode parecer simples (e até é - as melhores idéias não são as mais simples?), mas se fosse nos dias de hoje, qualquer Liefeld ou Bagley da vida transformaria esse mero quadrinho numa página dupla central e ainda assim não conseguiria transmitir a mensagem.


Outra sacada de mestre e característica principal da fase O'Neil/Adams. Mesmo habituados a enfrentar ameaças de porte incomensurável, ao lado da Liga da Justiça ou em suas aventuras solo, tanto o Lanterna como o Arqueiro encontravam as maiores dificuldades ao lidar com o "real". Seus dons acabavam sendo anulados pelo fato de que não há somente o bom e o mau. Na prática não é tão simples, e o uso dos poderes e habilidades ficavam extremamente restritos, pois não havia um "alvo" pré-definido.

Esse momento é bastante ilustrativo. Após a ajuda voluntária de um viciado "que não agüentava mais o seu vício", eles acabam sendo traídos pelo mesmo, que não suportou sequer olhar para o seu traficante sem querer se drogar novamente. Com apenas um golpe, ele pôs abaixo o Lanterna Verde, um dos maiores pesos-pesados das HQs. Irônico e trágico ao mesmo tempo. E genial também.




Até então, Ricardito era só mais um ajudante de Papai Noe... ops, de super-herói. Ele era um sub-Dick/Bucky travado, situação que piorava pelo fato de que o próprio Arqueiro (seu "patrão") sempre foi relegado à condição de coadjuvante. Mas nas idéias e mãos hábeis de O'Neil/Adams, Ricardito adquiriu mais dimensão que muito super-herói de destaque por aí. De bom moço aspirante a herói teen, ele se tornou um... drogadito (putz²) - talvez o primeiro personagem de HQ a passar por uma barra dessa. E bem debaixo da barbicha do Arqueiro, o que lhe rendeu um dos acessos de fúria mais singulares dos quadrinhos. Essa cena é clássica, sem dúvida uma das mais marcantes da história da nona arte.

Drogadi... digo, Ricardito, recebeu de O'Neil um senhor precedente para grandes histórias no futuro. Pense em Tony Stark, o Homem de Ferro, e seu onipresente fantasma do alcoolismo. Com Ricardito seria parecido, mas muito mais intenso, devido à ilegalidade do objeto de seu vício. Infelizmente, num belo equívoco editorial, o personagem ficou abandonado após essa fase, limitado a fazer pontas (sem trocadilhos!) nas entressafras das aventuras principais dos Novos Titãs.

Em novembro de 2000, a DC resgatou essa fase memorável de O'Neil/Adams à frente da revista Green Lantern/Green Arrow, através da série DC Archive Editions. The Green Lantern/Green Arrow Collection, trazia toda essa fase num encadernado de capa dura e 368 páginas. Seria um belo presente de Natal, não fosse o preço sanguinolento: US$ 75,00 (!).

Mais recentemente (setembro último), a editora Opera Graphica resolveu entrar na brincadeira e lançou Lanterna Verde e Arqueiro Verde: Sem Destino, um álbum que contém duas histórias dessa fase: ...E Uma Criança Irá Destruí-lo e Um Mundo Feito de Plástico, ambas inéditas por aqui (essa Abril Jovem...). Agora, as más notícias: o álbum traz apenas 64 páginas à 'módicos' R$ 19,90.

Tudo bem que as histórias primavam pelo "realismo", mas isso não precisava chegar até o preço...

Link:
Excelente matéria sobre a fase O'Neil/Adams, escrita por Rafael Lima, no Sobrecarga



ANIME-SE!


Não sou tão entusiasta assim de animês, com exceção dos tour-de-force habituais do gênero (tipo Akira, Ghost In The Shell, Cowboy Be-Bop, Metropolis, etc.). Mas o estilo sempre me agradou - e muito - pela dinâmica e fluidez. Além do quê, o anime é uma clara representação da cultura japonesa moderna, repleta de inovação e tecnologia, e que, ao mesmo tempo, reverencia sua cultura milenar. É, talvez, o choque "velho/novo" mais harmonioso de toda a cultura pop contemporânea, com a grande vantagem de trazer um raro conhecimento de causa - coisa que o filme A Viagem de Chihiro realizou com maestria ímpar. Pra falar a verdade, até que eu saco um pouco de animês, sim...

E Quentin Tarantino também, ao inserir aquela antológica seqüência animada em Kill Bill. O mérito pela grande idéia é todo dele, já o mérito pela eficiência técnica vai pra Production IG, a empresa responsável pela inspirada animação. Para quem (como eu) ficou querendo mais daquele anime session surrealista, o Linkin Park (banda que eu rotulo de playstation rock) resolveu embarcar na onda e contratou a Production IG pra dar um "trato" no clip da música Breaking The Habbit, do álbum Meteora.

Claro que ali foi mais timing e oportunismo barato do que genialidade propriamente dita. Mas que ficou bom pra cacete, ficou (tem até um construto igualzinho ao do filme Contato, com a Jodie Foster).








A propósito, eu não assisto à MTV... mas imagino que você já deve ter assistido esse clip no mínimo umas 4.000 vezes. Eu baixei dia desses e só vejo de vez em quando. :P


QUE METEORO DE PÉGASUS QUE NADA...!


Porradaria de primeira mesmo rolava em Street Fighter 2 Victory, exibido no Brasil em 1995, pelo SBT. Num estranho (e feliz) acaso, a série estreou por aqui apenas seis meses após sua estréia no Japão. E depois de uma tenebrosa série animada americana (Street Fighter versão G.I.Joe?!), SF2V funcionou como uma espécie de catarse sensorial, devolvendo aos personagens toda aquela emoção e fúria em frente aos fliperamas, com direito a "geral" lotada. Eu já até comentei sobre isso por aqui uma vez, mas depois de reassistir à essa pérola... preciso dar vazão ao entusiasmo, e é aí que entra você, caro leitor. :)

SF2V conseguiu a proeza de criar um background, se não verossímil, ao menos aceitável, para os personagens. Na verdade, sempre houve um senso comum do que eles poderiam ser, e isso já era perceptível mesmo na velha plataforma 2D. Eu, por exemplo, nunca imaginei a Chun Li como uma vilã, ou o carniceiro Vega como um mocinho. A índole dos personagens já era subentendida, e pra saber a origem de cada um, bastava zerar o jogo (o que eu nunca consegui fazer com o desengonçado Dhalsim).

Em 29 episódios, a série era centrada em Ryu Hoshi e no playboy Ken Masters, amigos de infância e exímios lutadores. Eles se reencontram após vários anos e Ken banca uma turnê mundo afora, em busca dos maiores lutadores do planeta. E é isso...! A premissa era básica ao extremo (como de se esperar!), mas executada tão bem, de forma tão empolgante e competente, que era impossível não se emocionar. Sem o crivo da M.P.A.A. e das zilhões de siglas de órgãos de censura norte-americanos, a Capcom (dona dos direitos do game) largou a equipe japonesa à vontade. E a pancadaria comeu solta.

Pra alegria dos fãs, SF2V era violento com força! Espirros de sangue, lacerações e ossos fraturados eram lugar-comum na série. Dificilmente seqüências gráficas como a luta entre Ken e Vega passariam pelo crivo da censura norte-americana. Os combates era muito bem tramados e "coreografados", sempre ao som de muito rock pesado e tecno. A trilha sonora de abertura, aliás, é um primor à parte, lembrando um mix do tema de Exterminador do Futuro com a pegada épica de Jerry Goldsmith (tá, exagerei um pouquinho).

Outro detalhe interessante - e relacionado à cultura japonesa - é a maneira como o sexo comparece em SF2V. A sexualidade ali é mostrada de uma forma mais natural, libertadora e até inocente (da maneira como eles o enxergam), não libidinosa e contraventora (como nós o enxergamos e na maioria dos casos, queremos). Mas calma, não existem hentais nos desenhos não. Eu me refiro apenas ao subcontexto que veio camuflado, como na cena de topless da sexy Cammy e em seu uniforme pra lá de sumário, e, principalmente, no embate/dominação entre Bison e Chun Li, onde seu vestido é reduzido a pedacinhos bem estratégicos.

Os episódios de Street Fighter 2 Victory são uma beleza de se assistir, altamente empolgantes. Pena que foi tudo muito breve. Para os incautos, recomendo uma generosa sessão de downloads no KaZaA. Todos os episódios estão lá, o que me faz agradecer à Hórus pela existência dos P2P.

Seguem uns shots, pra matar a saudade.


Ken e Ryu, treinando ainda moleques...


...e mais tarde, já adultos e batendo muito mais forte


Vega... traiçoeiro, impiedoso, ultra-violento...


...e retalhando Ken de fora a fora


O temível Bison e o misterioso artefato que lhe confere o Psycho Power


O combate final... o esperado momento do ajuste de contas...


Bison, esbanjando energia negra...


...e esfregando o chão com a cara do Ken!


Ryu, invocando o Hadouken...


...a energia primordial...


...e Bison, esperando seu primeiro desafio digno em muito tempo!

Foda, foda, foda! Já quero até assistir de novo. E como diria o slogan/grito de guerra do desenho...

"Nós vamos ao encontro do mais forte!"



dogg, que queria ganhar Lanterna Verde e Arqueiro Verde: Sem Destino de Natal, mais o DVD-Box de SF2V (um pacote natalino, na verdade!), ao som de Tornado of Souls, do CD ao vivo do Megadeth.

terça-feira, 11 de maio de 2004

Putz, o Rock anda em crise. É verdade, não é novidade pra ninguém, mas é sempre triste quando eu lembro. E nem me refiro a estilos mais pop, tipo aqueles praticados por bandas como The Darkness, Creed ou Nickelback. Nem à estilhaços do grunge, como Puddle of Mudd e Silverchair. É mais a respeito do metal alternativo mesmo. O tipo que descende do heavy metal tradicional e aponta novos caminhos para o estilo. O mesmo que já abrigou bandas notáveis, como Faith No More, Prong, Helmet, Ministry e até o Jane’s Addiction. O que é que temos aí nesse gueto hoje em dia? Korn, Limp Bizkit e Linkin Park? Tô fora. Mesmo essas bandas já se encontram hoje em um beco sem saída musical. É guitarra barulhenta, baixo estalado, vocais rapeados e mais o quê? A última banda que prestou mesmo dessa leva foi o Rage Against The Machine, ainda que seu panfletarismo às vezes soasse forçado. Além do mais, eles corriam bem por fora dessa cena.

Admito que já até tentei seguir a fila de clones sensíveis que amam de paixão o Radiohead. Creep, Anyone Can Play Guitar são boas pop songs, lembram um Sonic Youth açucarado. Mas não rolou... A banda só foi legal do Pablo Honey até o The Bends, depois virou uma fábrica de baladas escocesas. Aliás, já vai o tempo em que se produzia um bom rock nos arredores da Bretanha. Blur? Belle & Sebastian? Urgh. Com alguma boa vontade (e um dia nublado), dá pra encarar o Coldplay ou o Travis, mas morrendo de saudade do Teenage Fanclub e do Dinosaur Jr., que sabiam de verdade como fazer um som garageiro e melódico.

PS: Já que eu citei o Nickelback, reparem só no riff de abertura da música Throw Yourself Away (do último disco, The Long Road). É igualzinho à The Unnamed Feeling, faixa do controverso St. Anger, do Metallica. E não falo de "parecidos" não, falo de exatamente os mesmos acordes. Até o andamento moderado das músicas é igual. Os dois discos são de 2003, sendo que o Metallica lançou o seu uns 3 meses antes. Como o tempo foi curto demais para um plágio, imagino que seja apenas uma coincidência, acompanhada de uma boa dose de falta de idéias...

sábado, 27 de março de 2004

"Fight the good fight"


Eu gosto de heavy metal. Sei que o grande Frank Zappa falou que é uma música tola, feita para tolos. Eu sou tolo, então. Comecei a ouvir esse estilo direto lá por 1988, com 11 anos de uma vida recheada de new wave nacional (Metrô, Magazine, Tokyo e os outros medalhões) e internacional também (Talking Heads, B-52's, Huey Lewis & The News, Glen Frey e muitos etc's). Foi nessa época que ouvi a primeira vez For Whom The Bell Tolls, classicaço do então insuperável Metallica. Embora extremamente pesado, aquilo me parecia tão sujo, intenso e desobediente, que quase me fisgou. Quase (não sou tão fácil assim, só com mulher, hehe).

Não demorou muito e logo acabei ouvindo uma música que eu ouço direto até hoje: Crusader, do veterano Saxon. Foi em um programa de rádio aqui do ES que tocava só heavy, o finado Ecstasy (muito antes daquele psicotrópico começar a ser devorado pelos clubbers).

Daí por diante, vasculhei geral aquele grande templo metálico, que ia do leve Helloween até o pesado Carcass, passando por dinos como Dio, Ozzy, Motörhead, Iron, Judas e por aí vai.

Depois, comecei a viciar em Suicidal Tendencies, da época do Lights, Camera, Revolution, que era bem metal. Quando fui ouvir os trampos mais antigos dessa banda, tomei um susto. Era um punk hardcore deslavado. E era muuuito bom. Aí comecei a ouvir punk...

Depois descobri o blues por causa de um cover de B.B.King que a banda hardcore californiana Fear tocou num show. Aí comecei a ouvir blues e congêneres: blue-grass, boogie-woggie, blues rock e todo o Delta do Mississipi abaixo...

Nesse meio tempo, tive uma fase industrial também. Foi depois que vi o Ministry tocando no festival itinerante Lollapalooza (na TV, claro). Hoje, ouço tudo isso e suas ramificações, mas confesso que já tem um tempo que só toca rock setentista no meu CD-player.


NeWs MeTaLs QUE VALEM


Toda essa historinha pra falar do famigerado new metal (ou Nu MeTaL, ou alterna metal também), que nada mais é do que uma versão requentada do Faith No More, do RHCP e do Bad Brains (o pai e a mãe do funk-metal). Muita coisa rolou desde que esse estilo estourou lá nos EUA e, conseqüentemente, aqui também. Houveram as bandas estouradas, que são sempre aquelas primeiras a aparecer - caso do Korn e do Limp Bizkit. Elas venderam igual pãozinho quente e hoje andam amargando uma bela crise comercial. E ao que parece, o rock-playstation do Linkin Park vai pelo mesmo caminho.

Muitos rockeiros das antigas estão comemorando esse declínio do new metal e apesar de eu me enquadrar aí, tenho de livrar a cara de alguns grupos que são realmente mui buenos. Também, no meio de tanto lixo, alguma coisa tem de prestar.

E os indicados são...


EVANESCENCE


Essa aí tem até pedigree oficial, já que arrebatou a melhor perfomance hard rock e melhor revelação do último Grammy. Foi merecido, pois a banda conseguiu emular uma sonoridade originalmente de heavy melódico tradicional para um sabor pop bem mais palatável ao "ouvido médio". Som plasticamente sujo, mas bem tocado, climas espertamente góticos com doses de romantismo, pianos bem sacados, as obrigatórias sessões hip-hop (o ponto negativo) e aquele vocal feminino, seguindo muito bem a cartilha do canto lírico. Aliás, chegamos ao ponto-chave do sucesso do Evanescense. A vocalista Amy Lee é a primeira front-woman de respeito do século 21. Além de excelente cantora, mesmo nas performances ao vivo (vocês não sabem como já fui enganado), a menina é simplesmente uma princesa. Tem um sorriso lindo... e olhos azuis imensos... Evanescence sem Amy Lee já era.

Site oficial

Ps: Se vocês querem conhecer outras bandas com vocais femininos (tão boas ou melhores que o Evanescence), recomendo o Lacuna Coil, Nightwish, The Gathering e o Theatre of Tragedy. Todas excelentes - e com vocalistas incrivelmente gatas...


SYSTEM OF A DOWN


Conheci vendo um colega ouvindo direto. Acabei me interessando. Hoje, o cara está ouvindo muito outra banda (Blind Guardian... é você mesmo, Cebola). E eu fiquei com o posto de ouvinte assíduo do SoaD. Antes eu a considerava apenas mais outro embrulho misturando rap com metal, mas logo vi que era muito mais que isso. Quebrando convenções rítmicas, mudando o tempo das músicas várias vezes durante a execução das mesmas, mais uma boa dose de técnica e experimentalismo, a banda às vezes lembra os momentos mais pesados do Faith No More. É esquisito à primeira ouvida e vai ficando irresistível à medida que se ouve. O peso (enorme) acaba ficando em segundo plano e você começa a sacar as melodias que rolam ao fundo. As melhores bandas são assim. E o SoaD é uma puta banda de rock moderno.

A banda ainda fez um ótimo vídeo para a música Boom, dirigido por Michael "Anti-América Para Os Americanos" Moore. E também se engajaram totalmente contra a invasão de Blursh (Blair + Bush) ao Iraque. Só por isso, já mereciam passe livre pelo Jardim do Éden.


TWELVE STONES


Essa aí é a banda do Paul McCoy, aquele maluco que fez o rap no hit Bring Me To Life, do Evanescense. Conheci através de outro amigo, o en sabah nur (não o verdadeiro!). A banda é do subúrbio de New Orleans e no site oficial se descreve como "rock pesado recheado de tons melódicos". Como marketeiros, são ótimos músicos! A banda manda ver naquele free-rock, na linha Pearl Jam/Temple of The Dog, só que mais econômico e com o diferencial das variantes rap nos vocais. É um som simples, rocker e ganchudo. Vão pro KazAa e baixem Crash, Broken, My Life e The Way I Feel. Depois de gostarem, baixem o resto.


P.O.D.


A rapaziada do Payable On Death faz mais do mesmo, só que muito melhor. É como se 90% da cena inteira fosse sub-produto dessa banda. E ali rola de tudo: hardcore, rap, reggae e até um ótimo cover para Bullet In The Blue Sky, do U2 - totalmente viajante... Com toneladas de garra e fúria, letras otimistas e "pra cima" (bem distante do mal-humor atual do rock), eles saem tranqüilos da vala sem-saída em que a música pop se meteu. Pra tirar qualquer dúvida quanto à competência dos caras, é só conferir qualquer vídeo ao vivo deles. Tem alguns no site oficial e váááários no KaZaA. É entrega total.