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terça-feira, 17 de outubro de 2017

CONCUBINAS DE ISHTAR!


Na conexão cimério-capixaba da vez, A Espada Selvagem de Conan - A Coleção vol. 4: O Conquistador. O volume compreende de Savage Sword of Conan #8 a #11 e deixa evidente o quão multifacetado era o título. Estão ali contos curtos, aventuras mais longas e sagas divididas em várias partes que se tornaram momentos essenciais para a compreensão da trajetória do bárbaro. Essa diversificação também era característica da seleção de artistas sob o comando de Roy Thomas - sem, logicamente, ofuscar o protagonismo do lendário John Buscema.

Olhando em retrospecto - e em tempo real, agora, com "A Coleção" da Salvat - fica difícil pensar num título mais complexo do que Savage Sword of Conan. Apesar de metódico e obsessivo, o criador Robert E. Howard não era exatamente um adepto da continuidade. Mapear e adaptar a atribulada vida do bárbaro em ordem cronológica sempre foi um verdadeiro desafio para editores, roteiristas, tradutores, etc. Fosse nos dias de hoje, cabeças rolariam entre as deadlines industriais da Marvel.

É aí que, lá pelas tantas deste volume ("Conan, o Conquistador - parte 5: A Estrada para Acheron", 1976), surge do nada a 1ª menção em SSC à Zenóbia, futura esposa do Conan-Rei de Aquilônia.

Zenóbia havia estreado dois anos antes, em Giant-Size of Conan #2, edição não coletada nesta série por razões óbvias. Mas para entender plenamente a relação entre os dois e a linha do tempo que levou o cimério à coroa, é imperativa também a leitura do conto "A Hora do Dragão", cuja adaptação para os quadrinhos começa na Giant-Size of Conan #1 anterior, vai até a #4 e segue aqui sob o nome "Corsários Contra Stygia" até o fechamento da saga "O Conquistador" - precisamente nestas SSC #8-10. Crom!

Um embróglio editorial difícil de desenrolar e que passa ao longe da jurisdição d'A Coleção salvatiana. E evidentemente uma bola levantada perfeitinha para a Mythos cortar impiedosamente com seu megaluxuoso Conan: O Conquistador. Ora, mas que diacho, hm?

Voltando ao quarto volume, temos novamente a trinca-padrão com a intro de Max Brighel, a galeria de capas e as minibios de Thomas & Buscema.




E sem maiores problemas relacionados à impressão desta vez. O conto de abertura "O Pacto Maldito" está o fino dos tons cinzas na arte de Tim Conrad, assim como o traço de Jess Jodloman em "A Última Canção de Conan, o Cimério". Os cinco segmentos da saga "Conan, o Conquistador", de Buscema com finalização d'A Tribo, também estão acima da apresentação da "dupla" no volume anterior.

E arrisco afirmar que, se Buscema e Windsor-Smith não existissem, o Conan oficial dos quadrinhos seria o de Pablo Marcos. Em "A Maldição da Deusa-Gato", o cimério ronca e vomita fogo, como se um cometa explodisse dentro de um vulcão em erupção*, pronto responder a um simples "bom dia" com uma machadada na testa. Perto dele, os personagens de Hokuto no Ken fugiriam correndo para a aula de balé mais próxima!

* parafraseando meu personal Obi-Wan Berrah de Alencar!

Claro que não podia deixar de destacar a saga em seis partes "A Fortaleza dos Condenados". Essa foi realmente minha menina dos olhos deste vol. 4. Em sua maior parte pela química do traço de John Buscema com a arte-final soberba do filipino Yong Montano. O homem é um monstro do nanquim, um mestre nas sombras, detalhes, texturas e expressões. Ao mesmo tempo em que traz uma pegada densa e carregada, também turbina as sequências de Buscema com um dinamismo que poucas vezes vi.

Um espetáculo que rouba a cena até mesmo da histórica aventura-título. Obrigatório é pouco.

Junto com o volume, a Salvat incluiu uma cartinha bastante cordial agradecendo o apoio à "distribuição local avançada" e se disponibilizando para o ressarcimento dos valores gastos nos 4 volumes.


Obrigado, mas passo. So far, so good.

Então... será que finalizaram os testes? E qual terá sido o resultado?

A Espada Selvagem de Conan - A Coleção vol. 1
A Espada Selvagem de Conan - A Coleção vol. 2
A Espada Selvagem de Conan - A Coleção vol. 3

terça-feira, 12 de setembro de 2017

MÃE DE MITRA!

E seguimos com o Plantão A Espada Salvatiana® de Conan:


Novamente sem maiores alardes, aportou nas bancas de Vila Velha A Espada Selvagem de Conan - A Coleção vol. 2: A Libertação de Thugra Khotan. O que marca finalmente a republicação oficial dos primeiros números da clássica The Savage Sword of Conan, agora sim pela consagrada dupla Roy Thomas/John Buscema. Aye!

Compilando as edições de #1 a #4 de SSC, mais a adaptação do conto "Os Demônios da Montanha", do autor sueco Björn Nyberg, assinada por Thomas e Tony DeZuniga, a segunda entrega da Salvat dá o salto no preço para as previstas 29,90 sonjas - a ruiva, aliás, faz uma participação especialíssima nessa estreia.

Até aqui ainda desceu redondo, mesmo com o folder já antecipando a natureza salgada do investimento para o próximo volume - 44,90 thulsa-dooms!

Vai aí uma oração ao deus encarregado:

Crom, eu nunca orei para ti antes. Não levo jeito pra isso. Ninguém, nem mesmo tu te lembrarás se fomos homens bons ou maus, por que lutamos ou por que morremos. Não, tudo o que importa é que somos dois (eu e meu bolso) contra muitos (volumes), isto que é importante. A coragem te agrada, Crom, então concede-me um pedido, concede-me a verba! E se não me escutares, podes ir para o inferno!

(Crom, amigão, nunca concordei com essa última parte, isso é coisa de bárbaro cimério sem respeito pelas autoridades, espero que não tenha se ofendido)

arram.

A edição vem nos mesmos moldes da anterior, em versão enxuta. O folder é menor e dessa vez não tem encartezinho. Os extras também são mais contidos: temos um prefácio, a 2ª parte das Crônicas da Espada, a galeria de capas, as minibios, as próximas atrações e fim.

Um pack honesto, ainda que, ironicamente, mais caro que o recheado 1º volume.




E algum problema no paraíso? Não. E talvez.

Um dos aspectos mais marcantes na arte das Savage Sword originais - e que, diga-se, foi replicado fielmente nas ESC da Abril - eram os efeitos e sombreamentos cinzas auxiliando o preto definitivo do nanquim na arte-final. Com isso, o acabamento nos desenhos do bárbaro adquiria um detalhamento e complexidade ainda maiores, com um quê de virtualmente irreplicável. Não era arte de baixo padrão mesmo - apesar do formatão popular com grande herança do universo dos pulps.

Então, nunca foi apenas preto & branco - eu lembrava bem da "sujeira" desse lápis (ou tinta cinza clara, não sei mesmo) como algo bastante peculiar e recorrente nos gibis do Conan. E só deles.

Nos arquivos digitais que a Salvat usou para esta impressão, todas essas técnicas usadas por gênios da arte-final como Pablo Marcos e Alfredo Alcala quase não veem a luz do século XXI.

Quase... mas que saíram visivelmente prejudicadas em relação ao original, isso não há como negar.


Para comparar, clique em cima, desconte o amarelado da versão original e a qualidade chumbrega da câmera

A nova impressão está muito mais limpa, pálida e estéril, em contraste com o vigor e a vivacidade de outrora. Nada dramático, claro. Os tons de cinza ainda estão lá, ainda que bastante esmaecidos.

Aí volto a questionar sobre as fontes, franquias e joint-ventures envolvidas.

A Salvat em parceria com a Panini-matriz (só tem ragazzos & ragazzas no expediente) pode ter adquirido o material digitalizado pela Dark Horse, que, reportadamente, também trazia essas particularidades. Será? Não há qualquer menção à Dark Horse nos créditos, apenas à fonte direta, a inexpugnável Conan Properties.

Dúvidas, dúvidas...

Não é o fim do mundo, embora a arte tenha perdido um tanto de peso e profundidade. Mas após esse breve entrevero que tive entre as versões, veio justamente deste volume 2 a redenção que eu não esperava: a reedição do primeiro contato que tive com a arte-final do mestre Alcala, em meados dos anos 1980.


Sem dúvida, um belíssimo (re)começo.

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

CROM!

Posso dizer que tive meu dia de Charlie Bucket.


As perspectivas para a republicação dos primeiros quadrinhos do Conan no Brasil iam de mal a pior.

A editora Mythos Editora², que detém o licenciamento do material do cimério pela Dark Horse, lançou o primeiro volume de As Crônicas de Conan há um ano e lá vai cacetada e nunca mais tocou no assunto. Uma possível série contemplando a clássica The Savage Sword of Conan, em grande parte de Roy Thomas e John Buscema, como já deixaram claro, claríssimo, nem pensar.

A possibilidade mais promissora vinha da zona do euro: a Planeta DeAgostini, em parceria com a poderosa Hachette francesa, também publicava sua La Espada Salvaje na Espanha. Nada mais natural que a editora, agora mais aclimatada ao mercado canarinho, peitasse o desafio e chutasse no ângulo. Só que, pelo visto, a experiência na guerra numa galáxia muito distante os deixou com stress pó$-traumático.

Aí veio a notícia sobre HQs mais comentada da semana passada.

A editora Salvat fez todo mundo acordar numa realidade paralela onde ela irá publicar 70 volumes de A Espada Selvagem de Conan - A Coleção, podendo ser estendida para os 90 volumes totais. Antes, claro, uma "fase de testes" com a distribuição setorizada da 1ª edição por módicos 9,90 irreais. Com tudo certo, lá por 2027 eu veria essa coleção por aqui.

Vila Velha (lar, doce lar) sempre esteve para a distribuição setorizada como a Terra Maldita está para Mega City-Um, então foi uma tremenda surpresa ver vários exemplares nas bancas daqui. E eu só tinha passado numa delas pra pegar um jornalzinho básico.

(sim, sim, também pensei em sair levando umas cinco pra revender a preços pornográficos nos MLs da vida, mas imediatamente decepei a cabeça desses pensamentos que levam ao Lado Negro da Força)

Confirmando, o case impressiona como deveria e o acabamento da capa é primoroso.




Plastificações removidas, edição na mão e a primeira surpresa (a mesma que tive com os volumes de Creepy, da Devir): o peso. Levíssimo. Motivo: o papel é offset. Ok, pensava que seria couché, talvez mal-acostumado pela edição peso-pesado de Conan: O Libertador, da Mythos. Mas não é preciso ponderar muito para ver que essa foi uma sábia decisão. Tanto pelo preço de uma série bastante longa, quanto pelo acondicionamento dessa mesma série bastante longa.

Fora que offset é melhor que couché e sem todas aquelas frescuragens. Nada mais adequado para abrigar as aventuras do bárbaro cimério.

O formato é o magazine original. Graças a Crom.


Comparando com Relatividade Infinita, diante de um Thanos estupetafo


Comparando com Dreadstar - O Início, mesmas dimensões


Comparando com O Libertad... aye, chegamos ao limite. All back full! All back full!!


A edição vem com um fascículo/folheto com várias infos. O miolo tem extras variados e de acordo.

Na ordem:

expediente;
índice com títulos originais e datas;
intro e artigo compreensivo "Dos Pulps aos Quadrinhos - A História de Conan", de autoria do editor e tradutor italiano (claro) Massimiliano "Max" Brighel;
histórias, duh, com Savage Tales de #1 a #5, com textos de Roy Thomas e artes de Barry Windsor-Smith, Gil Kane, Neal Adams e Jim Starlin;
texto de Roy Thomas, o mito, abordando "A Cidadela dos Condenados - Ao Cair da Noite", a última história do bárbaro escrita pelo supermito Robert E. Howard;
capítulo um do artigo "Crônicas da Espada", do autor de fantasia & ficção Linwood Vrooman "Lin" Carter;
pinups com artes de Pablo Marcos, Esteban Maroto e Neal Adams;
 galeria de capas, todas coloridas - aaa moleque;
 breves bios de Thomas e de Windsor-Smith, que ilustra quase todas as histórias deste volume.

E a arte. Valha-me Ishtar, a arte.




Fora o êxtase que é ter em mãos o início de alguma coisa, mesmo não sendo garantia de nada, não falta também material para alimentar as melhores discussões conspiratórias de boteco. Basta uma olhadinha nos logos que constam no finalzinho do expediente.

Muito se comentou sobre o inusitado que é a Salvat assumindo a publicação de A Espada Selvagem. Mas a matriz das edições originais - e, não duvido, da maior parte da empreitada - vem lá da Itália. A parceria Salvat-Panini chega aqui em seu momento mais decisivo e importante. Tomara que a equipe corresponda.

Ainda não decidi como vou acompanhar isso. Assinatura era pra ser o sinônimo da praticidade, mas após tantos problemas graves reportados em todas as editoras de quadrinhos do Brasil, não sei se quero penar nessa roda da tortura. E acompanhar títulos da Salvat pelas bancas também não é o retrato da felicidade. Vou ver.

O que sei é que pra mim é a coleção definitiva, prioritária sobre qualquer outra coisa que vem ou poderá vir neste interím.

A estante é sua A Espada Selvagem de Conan.


Até o Thanos com a Manopla do Infinito já anseia pela próxima edição!

Reza a lenda que Robert E. Howard criava as sagas de Conan certo de que estava sendo vigiado por um gigante de bronze ameaçador segurando um enorme machado. E que ele o ameaçava, dizendo que o partiria ao meio se saísse da frente da máquina de escrever.

Bom, desejo aí os mesmos votos psicóticos a todos que ainda estão na dúvida se vão comprar A Espada Selvagem de Conan - A Coleção...