Que semana excruciante². Mas ao menos me impulsionou para relembrar e revisitar algumas obras. No caso do já saudoso Carlos Pacheco, lembrei de The Order, minissérie de 2002 que ele capeou ao lado do conterrâneo Jesús Merino. Na época, a capa da 3ª edição me impactou, já que remetia ao clássico confronto Vingadores x Defensores em versão atualizada.
Infelizmente, Pacheco não faz a arte interna, que varia entre Matt Haley, Chris Batista, Luke Ross, Dan Jurgens, Bob Layton e Ivan Reis com artes-finais de Dan Panosian e Joe Pimentel. Um time competente e bom de deadline.
Na trama, os Defensores decidem que o mundo está um caos e que precisam impor uma Nova Ordem Mundial. Meio como um Defensores-encontra-Stormwatch-e-Authority. Logicamente, há algo mais por trás das aparências e o roteiro do Kurt Busiek consegue tecer um pano de fundo instigante.
Nas 6 edições, fica escandaloso o nível do grupo. Os Defensores clássicos são muito poderosos. Dr. Estranho, Surfista Prateado, Namor e Hulk juntos é uma insanidade editorial e, agora distante do anacronismo narrativo da década de 1970, o céu é o limite. Isso fica latente quando eles atropelam exércitos mundo afora e também os integrantes de suas formações posteriores sem o menor esforço. E claro que ainda rola aquele tira-teima maroto com os Vingadores.
Naquela época, havia um acúmulo de tralha cronológica nas HQs dos Defensores. Lá fora, a equipe estava em baixa, a série própria não foi pra frente (fechou em 12 edições, apenas) e nada desse material foi lançado por aqui. Busiek ainda tenta desembolar alguns fios, como a vida pessoal de Samantha Parrington, a obscura alter-ego-compartilhada da Valquíria, e sua relação com a Patsy "Felina" Walker e o Falcão Noturno II. Mas fatalmente pipocam conceitos e personagens há muito abandonados, como a entidade Gaea, o bizarro mago Papa Hagg e o vilão Yandroth. De fato, há um excesso de background pouco (ou mal) contado, dando a sensação de pegar o bonde andando. Ou melhor, descendo a ladeira a mil.
Talvez por isso, The Order segue inédita no Brasil. Mas se mantém dinâmica e divertida, especialmente nesses tempos de autoritarismo alucinado. Gibi de porradaria honesta e com substância. Bem que merecia um TPzinho daqueles de 30 mangos...
Ps: e acabamos de saber que Kevin Conroy, a Voz do Batman, se foi ontem, aos 66. Que tristeza.