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segunda-feira, 27 de março de 2023

Rápido & rasteiro: demônios, lobisomens, psicopatas e fembôs assassinas

Ao lado da pilha de livros e gibis, também há uma pilha de filmes empalando o firmamento. Então, nada como reativar a velha seção "Rápido & rasteiro" para despachar algumas impressões a jato, talvez expandidas mais pra frente em posts dedicados. Ou não.

Simbora!


NO EXIT (Damien Power, 2022) — Fugitiva de um rehab, jovem pega a estrada e, durante uma nevasca, acaba isolada num abrigo com mais quatro viajantes. Lá, ela descobre que há um sequestro em andamento, mas não faz ideia de quem está envolvido. Suspense tenso e engenhoso, funcionando em sua maior parte em dois cenários fechados. A iniciante Havana Rose Liu é um achado. E é bom demais rever o sumido Dennis Haysbert.


THE DARK AND THE WICKED (Bryan Bertino, 2020) — Dois irmãos retornam à fazenda onde cresceram para ajudar sua mãe a cuidar do pai moribundo. Logo eles percebem que alguma coisa descambou para o lado do tinhoso durante o tempo em que estiveram afastados. Slow burn com atmosfera densa e perturbadora, elenco afiado, sustos bem colocados e ao menos uma cena genuinamente arrepiante (a do padre). Promissor esse diretor e roteirista Bryan Bertino.


THE CURSED (Sean Ellis, 2021) — Em uma área rural da França no final do século 19, um assentamento cigano é massacrado a mando de um grupo de landlords. A sequência, diga-se, é de uma cinematografia tão brutal quanto genial. E lógico que, em meio à carnificina, rola aquela maldição vingativa contra os algozes. Terrorzão de época cruzando lobisomens, The Thing e Os Invasores de Corpos '78 (!) num mix bizarro, mas eficiente.


ANYTHING FOR JACKSON (Justin G. Dyck, 2020) — Casal sênior sequestra uma jovem grávida para um ritual satânico que trará seu netinho de volta à vida. A dupla de atores é ótima: Sheila McCarthy e o carismático Julian Richings, o "Morte", da série Sobrenatural. É bem inusitada a situação dos dois personagens: pragmáticos (e aparentemente ateus convictos) apelando para magia barra-pesada como crianças tentando dirigir um caminhão. É claro que só pode dar merda. Boa diversão, apesar da produção a toque de caixa ofuscar alguns momentos.


ALONE (John Hyams, 2020) — Thriller survival horror de John Hyams, filho do grande Peter Hyams. O primeiro ato é uma espécie de versão feminina de Encurralado, do Spielberg, mas em vez de um magrinho de óculos às voltas com um provável bully, é uma mulher às voltas com prováveis abusadores. O diretor consegue nos colocar atrás dos olhos da protagonista e é aterrorizante a sensação de medo, paranoia e impotência, mesmo em situações simples e cotidianas. A tensão me manteve engajado até o último segundo. Não conhecia o trabalho da atriz Jules Willcox e foi uma grata surpresa, bem como a presença assustadora de Marc Menchaca (o Russ Langmore, de Ozark). O filme está disponível na Apple TV, Telecine e Globoplay com o título Sozinha.*

* não confundir com outro Alone, também de 2020 e remake de um zombie movie sul-coreano com trama copiada de um dos segmentos mais bacanas de World War Z — o do carinha que fica ilhado em seu apê durante um apocalipse zumbi. Prefira o livro.


ORPHAN: FIRST KILL (William Brent Bell, 2022) — O caso do prequel que supera o original. O filme começa mostrando a primeira "adoção" da vilã eternizada pela ótima Isabelle Fuhrman e fecha a primeira metade seguindo o mesmo padrão do anterior (de 2009!). Quando você está prestes a bocejar, o roteiro te dá um carrinho criminoso e a história então se torna completamente imprevisível. Surpreendente. Daria até para elaborar a ideia e desenvolver uma temporada de uma série. Hmm...


M3GAN (Gerard Johnstone, 2022) — Atualização ChatGPT de Brinquedo Assassino. O filme traz algumas breves discussões sobre o uso indiscriminado da tecnologia no dia a dia e algumas referências pop (a boneca tocando a melodia de "Toy Soldiers" no piano vai passar despercebida pela molecada). O problema é que se limita a ser divertidinho. E é praticamente censura livre. Pouquíssimo sangue à mostra, para abranger audiência mesmo. Pena. Mas a dancinha já é icônica.

terça-feira, 22 de setembro de 2020

A gata de Schrödinger

Trailer de WandaVision em todos os lugares e aumentando diametralmente as probabilidades de uma boa série no horizonte.


Ou estaríamos todos na seca (e menos exigentes) após nove meses mergulhando de nariz nesse 2020 inesquecível? 50/50 se acotovelando quanticamente dentro da caixa.

Mas nota-se que a Disney+ não teve medo de esgarçar o bolso: a produção parece coisa de cinema, coisa linda, bem como o pano de fundo – basicamente, Pleasantville e A Rosa Púrpura do Cairo se entrelaçando na tela. E se o recurso Back to the Golden Age não é exatamente novidade (mesmo sendo bem vinda a revitalização), tampouco a resolução provável da equação Mas-o-Visão-não-foi-defenestrado-pelo-Thanos-em-Guerra-Infinita-pô?. Mole pra qualquer sommelier marvete de longa data:

Será tudo culpa da Wanda.

Com a real extensão dos seus poderes malandramente evitada nas produções da Marvel Studios, é quase certo que WandaVision trará sua capacidade de alteração de probabilidade, realidade, matéria e tempo at full throttle. E voilá, tá aí nossa geradora delivery de realidades alternativas.

Então, nada mais oportuno que me adiantar e mandar um daqueles textos for idiodummies que pipocarão por toda a internet ao fim da série, tipo "WANDAVISION: ENTENDA" ou "FINAL DE WANDAVISION EXPLICADO!". Que a Felicia Hardy me coma se um dia não bombo essa bagaça aqui.

Normalmente, recorreria a algum excerto clássico, mas como Agatha Harkness parecia mais interessada em transformar a Wanda no Mickey de Fantasia, é melhor buscar a nossa modelo de oráculo em outra realidade. No caso, na Terra 31916, com a Srta. Arcanna Jones.


Mais simples que isso, só desenhando igual ao Liefeld.

Em pese o fato de que a própria Arcanna pareça uma Garota Maravilha® de outra realidade, essa opção quântica deve cobrir as possíveis inconsistências que estarão em WandaVision – mais umas raspinhas de Visão do Tom King aqui e acolá – e, de quebra, irá reintroduzir o andróide, ou melhor, sintozóide à ordem do dia.

Além disso, o céu é o limite. Wanda ainda nem foi apresentada às delícias da supergravidez psicológica. E as mutações que estirpará em massa num dos futuros alternativos do MCU. Sem querer menosprezar a série, mas esses sim, serão verdadeiros wandalismos!

Mas o que sei eu. Ainda estou tentando decodificar as desventuras do casal Wisão (eu shippo) naqueles escalafobéticos formatinhos da Abril.


Sério, que cogumelos ingeriram Steve Englehart e Bill Mantlo?

Parece que foram para a Montanha Wundagore, se jogaram numa rave da DJ Bova (também parteira nas horas vagas), tiveram uma bad trip de ácido e mezcal com verme matrixiano no fundo da garrafa e saíram de lá balbuciando "Eu vejo Sem-Mentes" enquanto rolavam pela encosta.

Hmm... que dia acaba a quarentena mesmo?

WandaVision estreia em 27 de novembro. Há uma grande probabilidade, pelo menos.

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Tudo sobre minha mãe


O release do filme de Almodóvar trazia uma passagem intrigante:

"Um ditado grego diz que apenas as mulheres que lavaram os olhos com lágrimas podem ver claramente".

Isso descreve bem a personagem Mother em Raised by Wolves, série recém lançada pela HBO Max. Mother é uma andróide (termo também originado do grego) e o tempo todo tem a lógica inflexível de sua programação bombardeada por experiências perturbadoramente humanas. Uma metáfora-tempestade-perfeita sobre a natureza da maternidade. E as metáforas não param por aí.

Na literatura, é comum autores recorrerem a outros planetas ou realidades alternativas para falar de suas visões políticas, sociais, filosóficas, etc. Ridley Scott sempre inseriu o artifício em suas incursões sci-fi e sempre se utilizando dos andróides como pivôs. São os seus peregrinos enviados a terras estranhas.

Apesar de criados à nossa imagem e semelhança, não são reféns dos mesmos princípios éticos e/ou religiosos – sendo a clássica regrinha de três nada mais que linhas de comando obsoletas prontas para serem reescritas. Foi assim com Ash (Alien), que classificou tais princípios como "ilusões de moralidade", com o replicante Roy Batty (Blade Runner) e seu resignado monólogo "Tears in the Rain" e com o David e sua necessidade de transcender a condição de filho/criatura (Prometheus) para se tornar também pai/criador (Alien: Covenant).¹

1 – Mitologicamente falando, praticamente um remake. Malditos gregos.

Foi uma jornada e tanto. E continua sendo.

Já nos primeiros três episódios, Raised by Wolves traz Ridley Scott em sua experiência mais intensa de humanidade sob os olhos de um andr... uma "pessoa artificial". E também a 1ª gynoid da vida do cineasta. Foi mal, Pris.


Ele é um dos produtores executivos e dirige os dois primeiros episódios. Seu filho, Luke Scott, dirige o terceiro. Mas apesar dos temas e da ambientação bem familiares, a série é criação de Aaron Guzikowski, que roteiriza os 4 primeiros episódios.

Em se tratando de HBO, é até redundância mencionar o alto nível da produção, mas vamos lá assim mesmo: efeitos especiais grandiosos, cinematografia que sobrecarrega a retina e muita inspiração na estética eternizada na franquia Alien, incluindo aí as artes do mestre H. R. Giger, ainda que ligeiramente diluídas pra não dar muito na cara.

Descontando o fato de que Ridley Scott segue em sua fixação de destruir naves espaciais gigantescas, não dá pra evitar certas conexões. Várias, aliás.

A premissa é um exercício de futurismo sombrio e, ao meu ver, uma extrapolação flagrante do que vivemos na atualidade. No ano 2145, a Terra foi devastada por uma guerra entre religiosos e ateus. Os poucos sobreviventes ganham o espaço em busca de um novo lugar para recomeçar.

Em segredo, os andróides Mother (Amanda Collin) e Father (Abubakar Salim) são enviados com um grupo de crianças a um planeta promissor e aparentemente desabitado. A missão é estabelecer uma colônia humana regida pelo ateísmo e com valores estritamente científicos. Os anos passam com uma cota acachapante de percalços que é pontuada pelo maior deles: uma nave com um contingente de religiosos chega ao planeta.

Comentar mais é desnecessário, mas já dá pra perceber o caminho arriscado – e riquíssimo – que Raised by Wolves escolhe trilhar.


Mesmo sem travar uma hard talk entre religião e ciência, o roteiro consegue deixar claro o que está em jogo ali. Tão interessante quanto observar a predisposição (genética?) de uma criança à crença em um poder superior invisível é acompanhar a incansável retórica de Mother. Sentenças como "a crença no irreal pode confortar a mente humana, mas também enfraquecê-la" ou "nunca avançaremos, a menos que resistamos ao impulso de buscar consolo na fantasia" parecem extraídas de anotações do Richard Dawkins.

Se o modelo Hyperdyne 120-A-2 era disfuncional, o caso de Mother é a completa experiência materna on crack. Um elo perdido entre a precursora Maria (com referência no design em seu modo Necromancer/Mamãe É de Morte), a Banshee do folclore celta (embora tenha me lembrado mesmo a Banshee Prateada!) e, obviamente, a zelosa Sra. Norma Bates. Ainda assim, Mother é capaz de emocionar em momentos de notável sensibilidade ao lidar com questões como luto, culpa e redenção. Como toda mãe tridimensional que se preze.

Amanda Collin brilha. Sua atuação é visceral e performática, evidente em cada pêlo eriçado e veia saltada de seu rosto. Sistema Stanislavski adaptado de algum tablado hardcore dinamarquês, com certeza. Este post é dela, por obséquio, mas um grande jogador precisa de um grande time. E isso ela teve.

Abubakar Salim executa com perícia um trabalho dificílimo como o passivo e circunspecto Father, que, ao mesmo tempo em que administra os excessos de Mother, evita sucumbir à força da natureza que ela representa. Impossível não lembrar daquele antológico James Woods de As Virgens Suicidas.

O garotinho Winta McGrath como o relutante Campion também é uma grata surpresa. Travis Fimmel e Niamh Algar como o casal de ex-guerrilheiros e impostores Marcus e Sue estão corretos. A cena das cirurgias feitas por um andróide semicarbonizado (2º episódio) é ótima.

Assistir Mother defendendo no grito (literalmente) a santidade de seu dever – e frequentemente assumindo o inglório manto de anti-heroína – é uma análise do quão traiçoeira é a linha que separa o amor e o ódio. Ou o céu e o inferno.

Definitivamente, ser mãe é padecer no paraíso.

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

A companhia dos lobos

"Série de ficção científica dramática sobre andróides criando crianças humanas em uma colônia nos confins do espaço..."

– Hm, ok. Vou por na lista.

"...co-criada por Ridley Scott para a HBO Max."

– Caraaaaa....


Raised by Wolves é projeto conjunto da (Ridley) Scott Free Productions com o Turner's Studio T e a Madhouse Entertainment. O cineasta também é um dos produtores executivos e assina a direção dos dois primeiros episódios.

Na trama, um casal de andróides cria crianças humanas num planeta misterioso e recém-colonizado. Com as colônias divididas por diferenças religiosas, os andróides aprendem que lidar com os diversos aspectos das crenças humanas pode ser uma tarefa traiçoeira e complexa. O roteiro é de Aaron Guzikowski, do ótimo Os Suspeitos (2013).

A dinamarquesa Amanda Collin interpreta a gynoid Mother (entendi a referência!) e Abubakar Salim interpreta o andróide Father. Mas provavelmente o rosto mais conhecido do elenco é Travis Fimmel, o Ragnar da série Vikings, aqui no papel de Marcus.

Visualmente, o padrão Ridley Scott de imagética sci-fi não decepciona. Claro, os créditos são todos da equipe que trabalha para reeditar a consagrada identidade visual do homem – mas, no final das contas, é ele quem aprova ou não o resultado final. Então... está lá o sugestivo mix de Blade Runner e até dos Alien erigindo o pano de fundo.

Ah, e Prometheus. Afinal, há uma boa chance da religião ser novamente hackeada numa produção de Ridley Scott. Será que dessa vez ele vai deixar o roteirista nos mostrar até onde vai a toca do coelho?

Estreia em 3 de setembro.

sexta-feira, 20 de março de 2015

O fantasma do Máquina


Há muito tempo atrás, numa galáxia muito distante... na verdade, num blog parceiro, há exatos 10 anos (!)... eu protestava pelo fato de Homem-Máquina, minissérie de Tom DeFalcoHerb Trimpe e, rufem os tambores, Barry Windsor-Smith, não ter sido relançada na então nascente onda de encadernados da Panini.

Aliás, "protestava" não... choramingava mesmo. E com orgulho.

A mini só havia sido publicada aqui pela editora Abril, em Heróis da TV (edições 102 a 105), criminosamente escondida, sem chamadinha de capa nem nada. Após 28 anos de espera, parece que alguma justiça será feita.

Não sou de sair comprando rumores extra-oficiais, mas o nível de acertos de certos informantes justifica a empolgação.

Que Asimov nos abençoe...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

GUERRA EXTRA-OFICIAL


Uma das declarações mais recorrentes de James Cameron sobre Avatar é que ele guardava o projeto há anos, apenas esperando pela tecnologia o tornasse possível. Talvez esse seja o maior preço a pagar por lançar técnicas inéditas e revolucionárias que transcendem, e muito, o standard de sua época. E pelo jeito a "espera" é um lugar-comum na carreira do cineasta. Terminator 2: Judgment Day - The Book of the Film compila todos os storyboards, propostas e estratégias de produção que ficaram fora de T2. A esmagadora maioria relacionada às sequências da guerra contra as máquinas no futuro.

Toneladas de material ficaram de fora por puro déficit orçamentário. E um material de primeira, com cenas completas de ação e drama, novos robôs e conceitos como a hybermatrix dos exterminadores. O que se nota é que Cameron já havia concebido toda aquela linha narrativa, suas particularidades e, possivelmente, até sua conclusão - a mesma suspeita que todos tinham de George Lucas e Guerras nas Estrelas antes dele voltar àquele universo dezesseis anos depois.

Com o terminatorverse sendo retomado por terceiros, dificilmente veremos essas ideias saírem do papel por intermédio do diretor. Alguns trechos:


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Meu preferido é o bacanão HK-Centurion esmagando os rebeldes sob uma rocha e exterminando os demais humanos atrás das linhas defensivas... belo instrumento da destruição. Mas no livro devem haver bons lances rebeldes contra as torradeiras também. :)

Via io9 (com galeria)



Se qualquer hora você passar por Orlando, Hollywood ou Osaka - e tiver alguns dólares sobrando - não deixe de conferir T2 3-D: Battle Across Time, atração temática da Universal Studios. O show foi idealizado e dirigido por James Cameron, Stan Winston e John Bruno, funcionando como uma minissequência livre de Exterminador do Futuro 2. "Livre", pois traça uma narrativa que reaproveita os principais elementos do filme, mas desconsidera seus eventos finais.

O programa começa com uma apresentação promovendo os avanços da Cyberdyne Systems. Depois emenda num ato principal, que envolve animatronics e performances ao vivo de atores interagindo com um filme 3-D estrelado pelo cast central de T2 (Robert Patrick, Linda Hamilton, Edward Furlong e, claro, Schwarza). Custando a bagatela de 60 milhões de dólares, o filme tem uma produção bastante eficiente para o formato e expande os conceitos da guerra na visão de seu criador original - o único veículo onde isso já aconteceu.

Estão lá os HK's aéreos, unidades T-800 sem o "living tissue", alguns minihunters (os mesmos de Terminator: Salvation, só que armados com laser) e três novidades que me chamaram a atenção:


O brutamontes T-70, o neanderthal dos exterminadores e bisavô dos T-600 de Salvation, em toda a sua glória animatrônica (mais shots aqui);


O T-1000000 (!), também carinhosamente chamado de T-Meg., um robô aracnídeo gigante com a tecnologia de metal líquido do T-1000. É uma espécie de guarda-costas do CPU da Skynet;


E a central de processamento da Skynet, uma enorme pirâmide futurista, ainda com aquele perfil superhardware da era Cameron, antes do conceito software/ciberespaço adotado nos filmes seguintes.


Abaixo, a ótima sequência de perseguição no futuro com Schwarza e Furlong.




Impressiona a longevidade da atração, que foi lançada em 1996 e continua sendo um sucesso até hoje - mesmo com um plot defasadíssimo em relação à cronologia atual. Muito disso se deve ao impacto que T2 teve nesta geração, hoje trintona ou quarentona e com alguma bala na agulha. Quem foi, adorou.

[dica do Amadeu]


Recapitulando a guerra:
T1
T2
T3
T4

terça-feira, 23 de junho de 2009

HASTA LA VISTA, KRYPTON


De volta à lida: o crossover Superman versus Exterminador do Futuro é um dos piores, senão o pior, que eu já li. O tipo do trabalho que os artistas pegam sem tesão criativo nenhum, tão somente para saldar as contas do fim do mês. O roteirinho é de Alan Grant, o mesmo da revista Judge Dredd, sem dúvida, rabiscado num guardanapo de padaria, entre um donut e outro. Os desenhos meia-sola são do geralmente eficiente Steve Pugh, de Santo dos Assassinos. Como se vê, a dedicação foi mínima, tendo em vista a qualidade dos envolvidos. Enfim, mais um caça-níqueis über-tosco feito sob medida para engambelar leitores newbie e admiradores incautos das duas franquias.

Essa edição (nada) especial foi destroçada com maior propriedade no Universo HQ. Mas pelo menos me atentou para alguns paralelos até estreitos do universo do Clark Kent com os exterminadores de James Cameron, incluindo até algumas emulações ocasionais.

Um bom exemplo é o vilão desta história.


O Superciborgue foi um dos falsos messias que substituíram o Superman logo após sua suposta morte, no início da década de 90. Na verdade, era Hank Henshaw, astronauta da LexCorp que sofreu um acidente no espaço junto com sua tripulação - formada pela esposa e dois amigos, numa referência direta ao Quarteto Fantástico (referência ao FF cool mesmo são Os Quatro, de Planetary, e tenho dito). Como de se esperar, todos ganham superpoderes do tipo fantástico, mas os efeitos colaterais são devastadores.

Quando o pior acontece e sua esposa morre, Henshaw culpa o Superman por não ter conseguido salvá-la (lógica de vilão é o que há!). Seu corpo físico é consumido, mas não antes dele descobrir que pode projetar sua consciência pra dentro de qualquer sistema informatizado e dominá-lo.

Henshaw sai de cena, reaparecendo em grande estilo como o principal vilão da série de arcos O Retorno do Super-Homem. O curioso é que, no início, ele tenta se passar publicamente pelo próprio Superman redivivo, mesmo com aquele visual de andróide assassino. Difícil é alguém acreditar num exterminador que voa. Esses roteiristas...


Essa foi mais evidente. Voltando um pouco no tempo, chegamos à antológica Man of Steel, revisão oitentista de John Byrne para o Superman. Além de dar um novo fôlego ao Azulão pós-Crise, também deu aos seus vilões o upgrade que precisavam há décadas. O que não foi tanto o caso do Metallo. Criado em 1959, sua origem pode ser considerada não só precursora do simulacro do Superciborgue, como do próprio Exterminador - incluindo aí o clássico "living tissue over a metal endoskeleton", diferente de seu xará da Marvel, criado anos depois.

Por ironia, a nova versão, de 1986, foi inspirada na cria de Cameron, bagunçando toda a minha teoria de criador/criatura. Mas foi apenas esteticamente. Apesar de contar com a fuça brucutu do Schwarza e tudo, Byrne só atualizou o cenário, reeditando quadrinho a quadrinho o background e as motivações originais do vilão. Mesmo o seu "coração de kryptonita" já estava lá (bom, acho que agora já estamos aptos para conversar com Grant Morrison numa roda de bar por, pelo menos, uns 12 segundos).

Metallo, que era vilão da décima quinta divisão, acabou indo para a segundona dos supervilões dos quadrinhos - é o 52º no ranking do IGN. Graças ao Byrne e sua fixação pelo Exterminador, ele ganhou uma sobrevida que dura até hoje. Inclusive fora dos comics, ganhando lugar nas séries animadas do Superman e da Liga da Justiça.

Aliás, foi com ele uma das melhores sequências da série The Batman, com direito a três boas referências aos filmes do Exterminador.




Valeu, Só Lutas!

As últimas notícias envolvendo Metallo mostram que seu apelo pop chegou longe. E que também acabou convergindo com o terminatorverse, coincidentemente na vida real. Mas vamos parar por aqui, pois já tive minha cota de Barrados no Baile por uma vida.

Se viesse falar da Brenda e da Kelly, de preferência com fotos HD em anexo, tô dentro. Mas do David... tô fora!


Voltando mais ainda no tempo: revista DC Comics presents #61 - Superman & OMAC, setembro de 1983. Um pequeno clássico do Super, com roteiro do grande Len Wein e desenhos do mestre George Pérez. O plot é basicamente o mesmo do 1º Exterminador do Futuro. Na história, um robô quase indestrutível é enviado do futuro para assassinar o cientista que criará o herói OMAC. Ele, claro, também consegue voltar no tempo, no último segundo. No presente, se une ao Superman para salvar o cientista e o futuro do planeta.

O filme estreou nos EUA em outubro do ano seguinte. Sem muitas infos específicas, fica difícil identificar o ovo e a galinha neste caso. A maioria das fontes apenas reconhece a coincidência impossível. Obviamente, o roteiro ou a sinopse do filme já existia quando a revista foi lançada, já que era o período de pré-produção, mas provavelmente não havia sido divulgado em materiais promocionais.

Considerando que a carreira de Wein sempre teve ligações estreitas com outras mídias, não duvido que ele já conhecesse ao menos a premissa do filme. Mas isso é só um palpite. Sem declarações diretas do quadrinhista (ou do cineasta), essa continua sendo uma pergunta para o futuro.

(Contudo, Cameron não foi de todo inocente. Em outro front, o diretor teve que creditar o autor Harlan Ellison após ameaça de plágio de dois episódios da série The Outer Limits e um conto sci-fi, escritos por ele)

No Brasil, essa história, no original "The Once and Future War", foi publicada na revista Super-Homem #23, pela editora Abril. Era maio de 1986. Com o planeta ainda curtindo a febre do Terminator, os editores brazucas não perderam a oportunidade: o nome do robô (no original, MurderMek) virou Exterminador e o nome da história, "O Exterminador do Futuro".


Sutileza, aqui me tens de regresso...

segunda-feira, 8 de junho de 2009

O MUNDO QUE JAMES CAMERON CRIOU


O Exterminador do Futuro: A Salvação (Terminator Salvation, EUA, 2009) representou antes de tudo um grande desafio para os criadores e para os admiradores da franquia. James Cameron era o padrão qualitativo a ser seguido - e praticamente impossível de ser alcançado, seja no âmbito artístico ou pelos valores nostálgicos, sempre atrelados. Ao mesmo tempo, oferecer uma continuidade relevante à mitologia é pisar em campo minado. Primeiro, por se desfazer de todas as convenções caras ao terminatorverse, considerando que nos três filmes anteriores a premissa básica era a mesma. Sem mais das elocubrações espaço-temporais e do tenso jogo de gato-e-rato, o alvo agora era a guerra do futuro. Depois, porque o Exterminador original já tem 25 anos, e a nova produção explora um cenário já visitado por incontáveis imitações desde então (trilogia Matrix inclusa). E finalmente, o público, essa incógnita ranhenta, teria que aceitar o novo perfil da série, nesse primeiro momento capitaneado por um abacaxi de três letras: McG.

Joseph McGinty Nichol é o homem dos estúdios para produtos pop de massa. É, basicamente, um produtor. Competente nesse negócio, diga-se. Emplacou vários hits, de As Panteras e The O.C. às Pussycat Dolls e Chuck. Produz Supernatural desde sempre, o que me faz (infeliz e) automaticamente parte de seu público. É um profissional multimídia bem-sucedido num mercado ultracompetitivo, background compartilhado por seu camarada J.J. Abrams, que deu show pra quem quis ver no novo Star Trek. Então, o que fez exatamente de McG uma aposta arriscada? Fora o pré-conceito, não muito.

Mas não fui exceção. Ao mesmo tempo em que achava promissora a escalação de Christian Bale, ainda hiperexposto via Cavaleiro das Trevas, queria enviar pela máquina do tempo o T-800, o T-1000, a T-X e até o Keruak no encalço do McG antes que ele gritasse "ação". Reclamações? Ah, eu tinha muitas. Desde o apelidinho metido a besta até o tenebroso roteiro vazado, passando pela evidência séria de uma absoluta falta de controle no set (pelo menos, foi engraçado) e pelos péssimos agouros que desciam Olimpo abaixo. Sem falar em sua afinidade com uma certa "atitude pop" que sempre caracterizou sua filmografia. Dificilmente eu poderia estar enganado.

Mas estava. McG fez um filmão - e a única atitude aqui está mais pra "War Ensemble", do Slayer, que pra pop. Salve Ares. Só que o jogo foi decidido apenas aos quarenta e cinco do segundo tempo, quando vi quase tudo indo pelo ralo num pênalti absolutamente desnecessário.


O início do filme se passa em 2003, introduzindo o personagem Marcus Wright (Sam Worthington), que está no corredor da morte, e a Dra. Serena Kogan (Helena Bonham Carter), da Cyberdyne Systems, que tenta convencê-lo a doar seu corpo para pesquisas médicas. A partir daí, a história segue a cronologia sugerida desde o final de A Rebelião das Máquinas: um ano depois, o sistema de defesa militar Skynet torna-se autoconsciente e começa uma guerra nuclear - ou, no clima da série, o Dia do Julgamento Final. A humanidade é quase extinta. Estamos agora em 2018 e John Connor (Bale) lidera um ataque da Resistência contra uma base subterrânea da Skynet. No local, eles encontram esquemas de uma nova linha de exterminadores que se utilizam de tecido vivo (o T-800 dos dois primeiros filmes), além de outras experiências com seres humanos - entre eles, Marcus, que desperta naquele mundo pós-apocalíptico sem lembrar de como foi parar ali.

Connor também descobre que os oficiais da Resistência planejam uma investida definitiva contra as máquinas. E que ele e um jovem desconhecido chamado Kyle Reese (Anton Yelchin) encabeçam a lista negra da Skynet.

Se McG já tinha antecedentes artisticamente irregulares, quem dirá a dupla de roteiristas John D. Brancato e Michael Ferris. Felizmente, com o roteiro reescrito mais tarde por Jonathan Nolan (não creditado), a cota de diálogos ruins se manteve num nível aceitável e melhorados pelo bom desempenho do elenco. Mesmo o infame "agora eu sei o gosto da morte", dito por Worthington, soa plausível no contexto. E a ligação dos eventos é razoavelmente bem amarrada, dada à quantidade de subtramas se cruzando - o dilema pessoal de Connor com relação à sobrevivência de seu pai se contrapondo ao ataque iminente da Resistência à Skynet é a mais interessante. Poderia até ser melhor desenvolvida, pois há muito pano pra manga aí. Quem já assistiu a série 24 sabe a que um ponto um herói pode chegar jogando contra a camisa.

Também digno de nota é o perfil atual do "messias" Connor, com rompantes semi-paranóicos, complexo de perseguição e obsessão pelo futuro imediato. Embora eu tenha sentido falta do humor de outrora, imagino que seja natural que ele, agora um soldado forjado no campo de batalha, tenha perdido muito de sua jovialidade. Essa sensação é maximizada pelo tom sempre raivoso de Bale, aqui numa performance um tanto... mecânica. Soou unidimensional demais e carismático de menos, assim como a bela Bryce Dallas Howard, no papel de uma grávida Kate Connor, por motivos terceiros. A atriz faz o que pode para dramatizar um relacionamento tão profundo num espaço tão reduzido.

Já Kyle Reese, talvez o personagem mais importante a longo prazo, esteve nas boas mãos do russo Anton Yelchin. Com sensibilidade, conferiu um perfeito mix de inocência, coragem e idealismo consagrados pela atuação original de Michael Biehn. Era o parâmetro que eu precisava: o Chekov, do Star Trek 2009, é um ator talentoso e promissor.


A grande surpresa fica por conta da atuação sólida e decidida de Sam Worthington, que está em todas ultimamente. Com um personagem que é peça-chave na trama, ele supera as pendengas conspiratórias envolvendo a Skynet e alguns traumas de seu passado misterioso ao melhor estilo America Vídeo. Muito mais wolverinesque que Wolverine. A cena em que ele surra um bando de renegados soa bastante visceral (num excelente trampo da edição de som), atingindo um efeito muito superior às pancadarias biônicas mais pra frente. E além de fluir muito bem em tela, consegue uma boa química tanto com a deliciosa Moon Bloodgood (sangue-bão até no sobrenome), quanto com a dupla Kyle Reese e Star (Jadagrace Berry), a menininha mais durona do cinema desde Newt, de Aliens, o Resgate. E falando em resgate, foi memorável a participação do veterano Michael Ironside, como o General Ashdown. Pena que foi tão curta.

A estética do filme é um primor tétrico pós-guerra. A fotografia árida e cinzenta do que restou das cidades é desoladora e reforça não só a natureza mortificante da paisagem, como também a sensação de perigo constante. E não é pra menos: as ruínas são patrulhadas por hunter killers aéreos e por arrepiantes exterminadores T-600. Lentos, trôpegos e pesadões, eles são monstruosidades mal camufladas com farrapos e máscara de borracha - mais primitivos que eles, só os robôs ABC, de Judge Dredd. São confundidos com seres humanos apenas de longe, o que rende uma cena ótima com Marcus. Não vou negar que achei o T-600 particularmente bacanudo. Eles parecem zumbis!

As novas máquinas têm um design diferenciado dependendo da função. Sendo assim, o Harvester gigantesco tem sua razão de ser, trabalhando em conjunto com as naves de transporte. As Mototerminators fornecem bons ganchos para sequências de ação desenfreada e, por isso mesmo, confesso que esperava mais. Já os Hydrobots não são mais que refugos do Scorponok - aí sim, procedendo uma comparação com os Bayformers.

Por último, revemos os jurássicos T-1, do filme anterior, com design levemente modificado guardando os campos de concentração da Skynet.


Os campos de morte, por sinal, são uma visão do inferno - ou de uma realidade distante há apenas sessenta anos atrás. Citados por Reese no primeiro filme, acabaram perdendo aí uma ótima deixa para autoreferência. Seria o período em que Reese passou escravizado recolhendo corpos e quando recebeu a marca de identificação a laser. Mesmo assim, citações ao passado da franquia não faltam aqui. Estão lá o eterno hit dos gunners (na boa companhia de "Rooster", do Alice in Chains), as taglines clássicas da série, a origem da scarface de Connor, a cena do retrato de Sarah e até reedições visuais, como um exterminador cortado ao meio tentando matar Connor e o T-800 subindo lentamente os degraus de uma escada.

T-800, aliás, paramentado com a face digitalizada do próprio Schwarza, num dos resultados em CG mais bizarros que eu já vi. Mas aí não tenho certeza se a culpa é da qualidade dos efeitos ou da carranca ogra do Governator.

O respeito de McG pelo legado de Cameron é latente. Pura reverência, em muitos momentos até exagerada. Sem menosprezar o timing dos acontecimentos, capturou com inteligência as particularidades daquela guerra ainda em seu estágio inicial, sem a profusão de lasers ou exterminadores de metal líquido. A Salvação ainda trilha a estrada da ação e da ficção-científica, recorrentes na série, mas vai além e finalmente a inicia no gênero da guerra, talvez sua verdadeira vocação desde o início.

■ spoiler

Porém, quase pôs tudo a perder na reta final. Aquela punhalada que John Connor leva do T-800 doeu mais em mim que no salvador da humanidade. A cena já constava no roteiro original, sendo concluída com o cyborg Marcus "adotando" a pele de Connor e assumindo sua identidade no intuito de manter a lenda viva. De lascar.

Por providência divina, esse script vazou na web e a Warner Bros., num raro espasmo de lucidez, decidiu alterar o final. Do jeito que ficou, achei ótimo.

Viva a Internet-Skynet.


■ /spoiler

McG realizou a guerra de James Cameron. Guerra que ele evitou por anos e que eu sempre quis ver desde o primeiro filme. O destino pode ser até irônico, mas geralmente cumpre o que promete. Que continue inevitável com filmes assim.


Na trilha: "Let's Start a War", The Exploited.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

EXTERMINADOR, PARTE 3: O LEGADO


No começo de O Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas, de 2003, John Connor mostra o quanto pode ser pesado o fardo de um predestinado. Ali, sabemos que ninguém viveu feliz para sempre desde o final de T2, pelo contrário. Num tom amargo e monocórdico, Connor, agora adulto, narra em detalhes o impacto que aqueles eventos tiveram em sua vida. O estrago foi profundo e irreparável. Mesmo anos depois, supostamente "livre" da responsabilidade de juntar os estilhaços que sobrarão da raça humana. Repetindo um lugar-comum na trajetória de vários líderes e messias ao longo da História, John Connor mergulhou no vazio e na obscuridade por um período. Tornou-se pária por opção, ou por falta de. Nada heróico, mas muito humano. É um dos momentos mais realistas e tristes da trilogia.

Confesso que esse início, bem mais dramático e intimista que o padrão da série, me desarmou em relação ao Nick Stahl. Não o conhecia, ainda não tinha assistido Carnivàle e era algo irregular a substituição de Edward Furlong. Em contrapartida, Furlong cresceu e seu estilo de vida junkie estava estampado bem na cara. Embora John Connor ainda não fosse um personagem de intensidade física, tínhamos de ver alguma raiva ardendo por trás daquela melancolia solitária. Stahl convence, adicionando ao contexto um tanto de relutância, perplexidade e inconformismo pelo inevitável.

Não era lá um papel muito fácil. Não havia catarse e era uma história de transição. Connor tinha que aceitar e abraçar o seu próprio legado - o filme é sobre o processo que o leva a isso. Apesar das sequências retumbantes de ação (a perseguição inicial é pra levantar e fazer uma ola), na maior parte do tempo A Rebelião das Máquinas trafega ao largo das convenções do gênero e, por extensão, das convenções estabelecidas pelo próprio James Cameron para a franquia. Há poucas tomadas noturnas, a fotografia gélida dos filmes anteriores agora dá lugar a um visual sóbrio à luz do dia. A dinâmica e o crescimento moral dos personagens têm mais importância do que o ritmo frenético, o que não é uma proposta muito comercial vindo de um blockbuster.

Mas há algumas verdades incontestáveis a respeito deste filme: é, em essência, um caça-níqueis, tramado pelos produtores Mario Kassar e Andrew Vajna desde a falência da Carolco em 1995; e não se compara aos dois anteriores por simples inferioridade cinemática, por mais que eventualmente tenha acertado.

E acertou. Não o tempo todo, mas o suficiente - pra mim e até para o Cameron, maníaco perfeccionista e detrator do filme durante sua produção.


Desta vez, o único link com o futuro pós-apocalíptico de Salvação (pauta/objetivo dos últimos posts, só pra esclarecer) se dá na forma de um pesadelo de Connor. A cena soa mais como obediência a uma tradição da série do que qualquer outra coisa, mas é de encher os olhos. Começa acompanhando o voo de alguns hunter killers aéreos até uma unidade de exterminadores avançando em uma zona de combate. Embora os modelos reais de Stan Winston ainda sejam imbatíveis, foi uma das raras vezes em que um emprego de CGI me soou convincente - e, de certa forma, até inevitável. Por mais que seja entusiasta dos animatronics e dos efeitos rústicos da velha escola, não há outra maneira disso ser feito nessa escala.

Também em T3 as distorções temporais têm suas variações mais significativas. O "the future is not set" de John Connor entra em rota de colisão com o "Judgment Day is inevitable" do T-850. Ainda que sutis, houveram sim alterações na linha do tempo. Por conta dos eventos de T2, o exterminador não se identifica mais como um modelo Cyberdyne Systems, citada até por Kyle Reese como parte da sua realidade no futuro. A Skynet não é mais uma linha de superprocessadores criada por Miles Dyson baseada no CPU do primeiro exterminador (olha o loop aí de novo). Com a destruição de seu centro de pesquisas, a Cyberdyne quebrou e seus projetos foram adquiridos pela Força Aérea dos EUA e desenvolvidos por seu setor de tecnologia, a CRS (Cyber Research Systems Division) - incluindo o da Skynet, que "reencarnou" como um software de defesa estratégica.

O destino deu seu jeito, mas como se vê, não é totalmente imutável. Como diria o Farraday, de Lost, é preciso um número considerável de variáveis para alterar uma constante.

Os modelos robóticos que aparecem em T3, ainda primários, dão uma noção melhor da evolução dos exterminadores. Curioso ver HKs aéreos em dimensões bem menores, alguns exterminadores T-1 fazendo as primeiras vítimas humanas da Skynet e até o que parece ser um protótipo humanóide dos robôs (no canto à esquerda). Infelizmente, não foi dessa vez que vimos um HK Centurion em ação no front de batalha.

E, claro, a T-X, exterminadora de exterminadores que é uma evolução do T-1000 com endoesqueleto metálico, arsenal generoso e altíssima capacidade de infiltração. De longe, é a que parece mais humana entre os exterminadores - e com direito a reação orgástica quando na iminência de atingir seu alvo primário. E eu morreria feliz. Ah, Kristanna Loken...


Mas não dá pra comentar sobre o filme sem mencionar o que ele teve de mais surpreendente. Os cinco minutos finais de T3 me pegaram no contrapé. Não esperava mesmo e a partir dali o que perigava ser apenas uma aventura eficiente e derivativa, ganhou peso e substância. E refletiu em tudo o que eu havia visto até ali, expandindo seu significado bem diante dos meus olhos - alterando até, como uma boa viagem no tempo. Sequência final bela, aterradora e emocionante, de longe a mais recompensadora da série.

T3 forneceu a base perfeita para Salvação. E tão importante quanto John Connor finalmente acreditar em si mesmo naquela conclusão, é o fato de me fazer acreditar também.

Até segunda ordem, pelo menos.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

EXTERMINADOR, PARTE 2: A INDÚSTRIA


O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final, de 1991, foi contido nas cenas da guerra contra as máquinas. Desta vez, não havia nenhum humano vindo do futuro com lembranças a serem vislumbradas em ocasionais flashbacks (ou seriam flashforwards?). Talvez pra não deixar todo mundo no vácuo, James Cameron optou por abrir o filme com uma sequência massiva de uma grande batalha no futuro. No fundo, ele apenas atualizou aqueles flashes do primeiro filme (até a cena da pick-up em fuga sendo atingida e capotando está lá), numa versão ainda mais poderosa, acelerada e grandiosa. Criou assim uma introdução absolutamente eletrizante, mesmo que apenas ilustrativa e sem ligação direta com o plot central.

Sempre achei curioso o fato de Cameron, quebrador de convenções que é, apenas reprisar o ponto de partida anterior. Nada de soldados invadindo uma base da Skynet, provavelmente em missão suicida, e enviando o T-800 hackeado momentos depois da partida do T-1000. Ah, essas sequências imaginárias...

Também especulei outras coisas de lá pra cá. Uma delas tem ligação direta com o promo teaser de T2. Esse explodiu bem na minha cara, numa desavisada tarde de sábado, durante o saudoso Cinemania, da Rede Manchete. Uma pequena obra-prima dirigida pelo mago Stan Winston - e a única vez onde foi mostrado o processo de construção dos exterminadores. Simples e antenado com a mitologia e com o clima de expectativa.




Sabe o que foi assistir esse teaser em 1989?



Cara, depois disso não sosseguei enquanto esse filme não estreou no cinema. Cinema lotado. Aliás, lotado não... super, hiperlotado. Fila quilométrica e não tinha lugar nem no chão. Bons tempos.

Desde essa época, fiquei chapado com o conceito de linhas de montagem de exterminadores e outras máquinas genocidas. Imensas áreas industriais criadas pela Skynet com tecnologia livre de questões humanas, evoluindo em horas o que levaríamos décadas para começar a compreender. Mas longe daquele visual dark biomecânico de 01, a capital das máquinas de Matrix, e sim algo mais próximo de uma central mecanizada clean, eficiente e produtiva. Projetada e construída do zero com high-tech brand new.

O que vai contra a info dada pela exterminadora Cameron, na série Terminator: The Sarah Connor Chronicles. Segundo ela, após os bombardeios nucleares, a Skynet reaproveita as bases militares humanas para adaptar suas fábricas. O que seria um belo retrocesso vindo de uma IA com aversão à espécie humana.

T2 ainda traz um bônus no final de sua acachapante abertura. Pela primeira vez, somos apresentados ao grande John Connor.


Não lembra em nada a jovialidade delinquente de Edward Furlong no mesmo filme, mas Michael Edwards tem uma puta expressão badass nessa cena. É o próprio líder de uma revolução armada (ainda mais com essa cicatriz à Tom Berenger, em Platoon). Foi o John Connor escolhido por James Cameron, portanto o que ficou eternizado no imaginário popular. Nunca saberemos se vingaria mesmo, já que Edwards evaporou em meados dos anos 90.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

EXTERMINADOR, PARTE 1: FUTURO EM CHAMAS


O Exterminador do Futuro: A Salvação é o filme mais importante da série. O maior clímax da saga desde a sua criação e toda a sua razão de ser. Em tese. Narrativamente, é ao redor de Salvação que os eventos dos capítulos anteriores foram estruturados. Todos os conceitos criados por James Cameron, junto com Gale Anne Hurd: o cenário de pesadelo apocalíptico, exterminadores e hunter killers esterilizando o planeta, a raça humana à beira da extinção e o último foco de resistência encontrando na figura de John Connor o seu messias. É a Caixa de Pandora da série, enfim escancarada.

Além disso, é o período onde todos os deslocamentos temporais convergem na forma de pontos de origem - com todas as motivações e situações tão citadas e nunca mostradas atreladas a cada viagem. Mas, o mais importante, é onde o loop/anomalia se inicia. Se John e Sarah Connor tivessem realmente salvo o mundo de uma guerra em T2, eles estariam condenando a existência de John, visto que seu pai veio daquele futuro caótico. Estava na cara o tempo todo: enquanto John Connor existisse, haveria guerra*.

* pra manter a conversa num nível são, vou pular o Gato de Schrödinger, altamente aplicável neste caso. Mas as pirações estão liberadas nos comentários.

Em geral, o ponto zero desses loops temporais é muito difícil de detectar, já que inverte todos os princípios da causalidade. Eu bem que já tentei, mas nem arranhei a lataria. A última temporada de Lost bate pesado nessa tecla. O excelente Los Cronocrímenes é todo sobre isso. Para esta situação hipotética pode até não haver alguma explicação lógica - ou filosófica, que seja -, mas ao menos em Salvação, ou a partir dele, há a chance de testemunharmos cada momento onde os filmes anteriores nasceram. Isso, mais uma vez, em tese.

Igualzinho ao resto da humanidade, não espero muito de um filme com McG na direção. Tenho evitado spoilers com destreza notável, dada a lista peçonhenta dos meus favoritos, mas 33% no Rotten Tomatoes se faz ouvir até no continuum espaço-temporal.

Pelas prévias, nota-se que o roteiro virtual desenhado nos três filmes anteriores foi ignorado em detrimento ao aspecto bélico do terminatorverse. O que não é nada mal também.


Esquecendo por um momento o vil metal que move tudo isso (e não estou me referindo ao exterminador). Basicamente, quem é fã da série, sempre quis ver aquela guerra. Lembro bem da primeira vez que assisti ao filme original e fiquei fascinado com os flashes daquele futuro aterrador. De repente, o plot principal search and destroy parecia apenas a ponta do iceberg. Os campos de extermínio citados por Reese, caveirões HK gigantescos e as unidades aéreas varrendo os escombros e explodindo guerrilheiros da resistência com raios laser púrpuras. Se você não fosse soldado, seria um moribundo agonizando em um bunker, devorando ratos como se fosse um banquete.

Isso sem falar da aterrorizante possibilidade de, a qualquer momento, alguém na multidão se revelar um exterminador, puxar um canhão de plasma e sair atirando em todo mundo - como o nosso amigo fantasmagórico aí em cima.

Às vezes, uma parte supera o todo. Eu simplesmente queria mais daquilo, muito mais. E o sentimento ficou em stand-by. Até hoje.

[trilha do Brad Fiedel aqui]


Nos extras do DVD do primeiro filme, há uma extensa galeria onde James Cameron mostra que, além de tudo, é um grande ilustrador. Os designs e concepções foram meticulosamente criados e desenhados por ele. Impensável nos dias atuais, onde existem equipes pra tudo (e talento inversamente proporcional). O material é de cair o queixo e bota muito desenhista famoso aí no chinelo. Três amostras:


Vamos descontar o terminator tentando pegar a Sarah com uma faca de cozinha. Todo mundo tem sua fase Stephen King.

sábado, 8 de janeiro de 2005

Antes de tudo isso aí embaixo, clique no sempre sorridente Venom e confira o novo texto do 'Zombieblog' lá no MdM. É uma pequena lista de fases que eu relançaria em edições encadernadas... se eu tivesse uma editora.


E não esqueça... o Monstro do Pântano é da DC... :P


Nós vimos!!



...o saldão de DVDs das Lojas Americanas. Três por sessenta reais. Em meio à turbulência etílica de final de ano, eu fiz questão de ir lá só pra adquirir essas três pérolas da carnificina hollywoodiana (que eu não tinha, é mole?). O fato de serem edições especiais também ajudou. O pior é que nesse lance de escolher apenas três, tive de sacrificar o clássico Era Uma Vez no Oeste (tsc) e a super-edição especial de A Identidade Bourne (tsc!!). Esses aí agora só no mês que vem (tsc!!!). Claro, se ainda estiverem lá (...).

Ah sim, eu já havia assistido essas versões especiais.



O Exterminador do Futuro traz um Schwarza até hoje impressionante. O mais legal é que a sua face jamais expressa qualquer emoção, mesmo quando está fazendo algum esforço físico. E isso não é tão fácil quanto parece (tenta socar alguém sem fazer aquela cara de mau). A sensação de frieza mecânica e ausência de alma fica ainda mais forte quando... ele torra as sombrancelhas (sério!).

James Cameron sempre teve fama de tough guy. Reza a lenda que ele é um verdadeiro sociopata workaholic dentro do set. Dizem até que ele fez o Ed Harris chorar, durante as filmagens de O Segredo do Abismo, de tanta pressão psicológica. Doido pra deixar pra trás o passado de Piranhas 2 (aquele, das assassinas voadoras), Cameron cometeu um filmão. E agora, com os extras reveladores, dá pra ver claramente que, já na época, ele tinha grandes planos para carreira do andróide assassino.

Todas as cenas inéditas são ótimas e me fizeram pensar em certos pormenores. Numa delas, a relutante Sarah Connor discute a lógica temporal com Kyle Reese, e lhe propõe explodir a sede da Cyberdyne (empresa que desenvolveu a tecnologia da Skynet) no intuito de impedir o apocalipse iminente. Reese responde dizendo que aquela não era a missão que ele havia recebido e portanto não poderia interferir nesta linha de acontecimentos. Será que os superiores de Reese sabiam da inevitabilidade da guerra (como sentenciou Jonathan Mostow em T3), ou apenas não queriam arriscar a existência de John Connor (afinal, Reese será o seu pai)? Vale lembrar que Cameron reaproveitou a idéia do atentado à Cyberdyne, no segundo filme.

Em outra cena, o logo da Cyberdyne aparece na entrada da fábrica em que o exterminador foi destruído. Logo em seguida, dois técnicos encontram um chip que fazia parte do CPU do exterminador e comentam que nunca haviam visto uma engenharia tão avançada. Ora, no segundo filme, ficamos sabendo que a Cyberdyne baseou todo o sistema da Skynet na tecnologia do chip e do braço intacto do exterminador - sendo que ambos vieram do futuro. Há um estranho loop temporal aí. Será que a Cyberdyne conseguiria criar Skynet se os restos do exterminador não tivessem sido encontrados? Será que a guerra só existiu em conseqüência da viagem temporal do exterminador e de Reese (se eles não tivessem voltado, chip não teria sido encontrado, a Cyberdyne não teria... etc)? E, o mais intrigante, se todas as repostas forem "sim", então o motivo original da guerra teria sido mesmo o visto em T3. Destruir a Cyberdyne jamais impediria a guerra (apenas adiá-la, como bem disse o exterminador), visto que o projeto foi readaptado pelo exército em seu sistema de defesa.

Agora, outra pergunta que não quer calar. No finalzinho de De Volta Para o Futuro, Marty McFly fica desesperado pra voltar para o presente a tempo de impedir a morte do Doutor. Aí ele lembra que tem uma máquina do tempo à sua disposição, e decide voltar alguns minutos mais cedo. Por quê, nas seqüências de Terminator, Skynet não decide enviar o T-1000 e a T-X para a mesma época do primeiro exterminador? Reese e Sarah não teriam chance contra eles. Por outro lado, a lógica de Skynet pode ter contabilizado o fracasso do primeiro exterminador como uma probabilidade (mesmo que ínfima) de fracasso para os novos exterminadores.

O filme ainda tem uma ponta de Bill Paxton, molecão. Ele é um dos punks posers que o exterminador detonou, logo no começo. Um lado ruim foi a constituição do DVD. As cenas excluídas não foram incorporadas ao filme e a entrevista com o Cameron não tem legenda em português, só em spanish. Não, não... eu até saco inglês coloquial sim. O problema é que Cameron fala muito, muito rápido, parece até um cigano repentista. Mas isso não tira o brilho de sua participação, principalmente no divertido bate-bola entre ele e Schwarza (cujo inglês é tão ruim quanto o meu!). Ah, e têm umas artes do filme feitas por Cameron, no disco de extras. O cara manda muito bem no traço!



O famoso Aliens, O Resgate. Acho que essa é a melhor continuação de todos os tempos (calma, eu também pensei em outras quatro antes de terminar a frase). Se não for, pelo menos é a primeira que me vem à mente sempre que eu penso nisso. Cameron estava inspirado na época e ainda resgatou (sem trocadilhos) vários elementos de Terminator. Michael "Reese" Biehn (o melhor ator de ação que não deu certo em todos os tempos), Bill Paxton (o mariner reclamão), uma protagonista forte, obcecada e líder nata (Sigourney Weaver, em paralelo com a futura Sarah Connor), e máquinas mirabolantes, como a empilhadeira/robô-gigante-de-seriado-japonês. Tudo aqui é maior, mais rápido e mais poderoso que no primeiro filme. Claro que, em termos de suspense, Alien - O 8º Passageiro (que na verdade, era o 9º) leva a taça Jules Rimet com folgas. Aliens, O Resgate é uma aula de como se faz um filme de ação emocionante. Hoje, o conceito de Hollywood sobre "filme de ação emocionante" tem algo a ver com CGI e trilha sonora rap. Muuuuito emocionante.

Os extras são nada menos que excelentes (e até melhores e mais importantes do que os de Terminator). Geralmente, quando se fala em "cenas excluídas", logo imaginamos seqüências mais toscas ou que destoam da regularidade do filme como um todo. Não é o que acontece aqui. As cenas são tão bem tramadas e produzidas quanto o resto do filme, e são tão absurdamente necessárias, que nem sei como pude viver até hoje sem elas. A edição da época foi bem sem-noção mesmo.

Numa das cenas, ficamos sabendo que Ellen Ripley deixou uma filha na Terra. Após 57 primaveras à deriva no espaço, ela descobre que sua filha faleceu há muito tempo. E assim fica explicado o apego imediato e a empatia quase materna que Ripley sentiu pela menina Newt. É uma cena de alto valor dramático e uma peça importante no argumento do filme. Dizem que esse corte deixou Sigourney Weaver muito puta com Cameron.

Desde a primeira vez que assisti à esse filme, ainda moleque, eu já sentia falta de alguma coisa entre a cena que Ripley fica sabendo do processo de terra-formação em LV-426 e a cena que Burke lhe conta que perderam o contato com a colônia humana. Sempre achei muito abrupto. Agora já posso dormir sossegado. A cena mostra um pouco do cotidiano da colônia humana (finalmente), e em seguida mostra Newt e sua família dentro de um veículo avistando a nave do primeiro filme. Seus pais saem para explorar e logo retornam com o pai de Newt desacordado, com um nojento face-hugger grudado na cara. Ótima seqüência.

Após ver essa cena, acabei chegando à uma conclusão (eu sou cheio das conclusões) em relação à Rainha. Recapitulando, os face-huggers saem de ovos (que também parecem ser organismos ativos independentes, visto que chocam apenas em momentos oportunos) e carregam um embrião alien para gestação em hospedeiros vivos. Esses embriões têm uma natureza simbiótica, pois absorvem traços da genética de seu hospedeiro (vide o alien-labrador de Alien³). Baseado nesse ciclo reprodutor complicadinho, concluo que o embrião que infectou o pai de Newt só pode ser de uma rainha. Se fosse um "zangão", ele jamais conseguiria subjulgar sozinho todos os humanos e levá-los à nave (que ficava a quilômetros da colônia) para serem infectados pelos face-huggers. Mesmo por quê, no filme, a Rainha e o ninho se encontravam na usina de terra-formação, dentro da colônia. E o quê eu quero dizer com isso? Que foi muito azar o pai de Newt ser infectado logo por uma rainha. Existe ainda uma outra possibilidade. Logo que Newt e seus pais voltaram com o face-hugger, os colonos resolveram averigüar a nave e, claro, também foram contaminados um a um - o que teria sido de uma burrice sem precedentes.

Por último, foi mesmo uma "pena" aquela explosão nuclear do final. O raio de destruição foi acima dos 30km, o que deve ter pulverizado a nave alienígena. Seria interessante saber mais sobre ela, seus tripulantes (alguma raça inteligente), e o quê diabos ela fazia com tantos ovos de alien estocados. Pode ser que haja mais sobre a raça dos aliens do que soubemos até agora.

Esse DVD recebeu uma montagem maravilhosa. Todas as cenas excluídas foram incorporadas ao filme e entre o material extra, estão os sensacionais designs de arte concebidos por H.R. Giger. Infelizmente, o ramo de legendagem em português deve estar passando por uma grave falta de mão-de-obra. Os extras estão lá, lindos e maravilhosos, mas apenas no idioma do Capitão América. The book is on the table.



Sempre quis saber mais sobre os bastidores da produção de Robocop, que é um filme tecnicamente bem intrincado. Descobrir como foram criadas as concepções e qual o tipo de abordagem. Era mesmo aquilo que eu já suspeitava e que havia lido por aí. O Tira-Robô é um mix tecno de Batman, guerreiro samurai e navy-seal. Um super-herói no sentido mais puro e trágico da palavra. A diferença é que ali não houve adaptação de nada, o que é incomum. O Robocop já nasceu do modo mais difícil, que é na telona (e em grande forma, o que é mais difícil ainda). O filme é talvez o maior símbolo do cinema de ação americano dos anos 80. Violência pesada e caricatural, clima de quadrinhos, críticas sociais profundas como um cuspe (mas bem sarcásticas) e bastante simbolismo maniqueísta.

E Robocop funciona bem até hoje, com ou sem trocadilho. Peter Weller até que fez alguns filmes bem legais após esse (como Loucuras de um Divórcio e Poderosa Afrodite), mas com certeza o ciborgue foi o papel de sua carreira. Esquisito saber que o "papel de sua carreira" exigiu dramaticidade zero, mas fazer o quê né. Mais esquisito ainda é vê-lo hoje, bem envelhecido, no recente Devorador de Pecados (com Heath Ledger). Já Nancy Allen sempre teve uma carreira discreta, mas não se engane. Tendo outras atividades, ela nunca priorizou a profissão de atriz, mas sempre fez ótimos filmes extra-Robocop (como Vestida para Matar e, mais recentemente, Irresistível Paixão, aonde ela mostra que ainda pode desfilar de baby-doll sem fazer feio). Eu sempre achei que jamais veria Kurtwood Smith (o malvadão Clarence Boddicker) com outros olhos. Me enganei feio, pois ele é simplesmente impagável no seriado That's 70's Show (ainda existe?). Quanto aos chefões da poderosa Omni, eles ainda hoje continuam relevantes. Miguel Ferrer (o Bob Morton), Ronny Cox (o Dick Jones) e Daniel O'Herlihy (o velhão presidente-sênior) são, respectivamente, Boninho, Irineu Marinho e o cérebro de Roberto Marinho conservado em nitrogênio, decidindo o futuro da humanidade.

Robocop é filme-gol olímpico. E quem bateu o escanteio foi o diretor holandês Paul Verhoeven. Seu estilo único tem uma dinâmica seca e direta, repleto de violência cinética e um humor negro ultra-corrosivo (pelamordeDeus, pára de ler isso e vai logo assistir Conquista Sangrenta, filme que ele dirigiu em 85, com um Rutger Hauer no auge). Verhoeven foi elogiado por gente muito boa, como Martin Scorcese - uma de suas influências confessas. Teve lá os seus tropeços, e agora, com o atual estado babaca-infantilóide do cinemão pop, o espaço para a sua arte gráfica e refinada será cada vez menor. Pena.

As cenas excluídas não tiveram sua produção finalizada, e apesar de interessantes, não fazem lá muita falta (uns comerciais caóticos na TV, uma entrevista com Bob Morton e Robocop, e uns diálogos pueris). O legal mesmo são o making of (sem legendas em português, mas cheio daquelas maquetes que eu queria ter pra mim), os story-boards e a concepção dos designs.


O BEIJO TIFÓIDE



Sabe, um filme assim não pode ser ruim. Mas deixando a admiração pela natureza de lado, Elektra terá alguns pontos ao seu favor. O diretor Rob Bowman é confiável, já fez dois filmes de ação bons e sem muita frescura (Arquivo X e Reino de Fogo), e o melhor... ele não é nenhum estreante clipeiro, como as dezenas que andaram destruindo filmes promissores por aí. O filme também traz o bem-vindo advento de misticismo e poderes ocultos, o que muito me agrada. Os efeitos especiais estão bonitos (sim, bonitos) e funcionais - ao menos os que constaram no trailer. Além do mais, o venerável Terence Stamp (o eterno General Zod) está lá, como um perfeito Stick. E tem a Jennifer Garner... ela não se parece com a ninja grega, mas é boa atriz, e já no filme do Demolidor deu pra ver que ela pegou o espírito da personagem.

E tem o beijo né... :)


A MALANDRAGEM DE DARTH ZOMBIE



Há. Ontem (7/1), o site thepsychotic.com liberou um lote de imagens promocionais de Star Wars: Episode III - Revenge Of The Sith, mas pouco depois elas foram interceptadas pelos cruzadores imperiais (George Lucas deve ter um Olho de Mordor à sua disposição). O legal é que apenas os links foram quebrados e abrindo o código-fonte, vi que os arquivos ainda não foram deletados do endereço. Até quando vão durar lá eu não sei, portanto...

Algumas das imagens já são bem conhecidas, como essas do General Grievous (sensacionais!). Também tem o primeiro vislumbre dos planetas Kashyyyk, Alderaan, Mustafar e Utapau (putz... depois do Count Dooku, agora isso... o português tem sido inglório com a nova fase de Star Wars). Pra saber qual é qual é só ler o nome do arquivo (dãã).

É sempre bom usufruir dessas coisas sem precisar pagar. Clique nas imagens para ampliá-las e conheça o Lado Malandro da Força. :)
































dogg, esperando o telefonema dos advogados da LucasFilm, ao som de Highway To Hell... yêê!