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quinta-feira, 5 de maio de 2005

CARCAJU RELOADED, FESTA CYBERPUNK e APOCALYPSE 2, A MISSÃO

MARVEL KNIGHTS WOLVERINE
#26-#27



Holy moley! Agent Of S.H.I.E.L.D, o novo arco do Wolverine, é o cão chupando manga!! Nem era pra eu estar comentando isso agora, visto que o bicho vai pegar mesmo é na edição #28, mas não consegui ficar impassível... Em apenas duas edições o novo arco está conseguindo ser ainda mais emocionante do que o anterior, o já clássico Enemy Of The State! Tudo bem, não podia mesmo ser diferente com Mark Millar e John Romita Jr regendo essa verdadeira orquestra da destruição... mas quando achei que as situações anteriores estabeleceram um certo limite narrativo, fui atropelado por uma seqüência arrasadora de acontecimentos. Aí é parar por alguns minutos, dar uma respirada e, aos poucos, retomar a leitura.

No arco anterior, Logan sofreu uma lavagem cerebral hardcore. Cortesia de uma mega-operação conjunta da Hydra com o Tentáculo. Com muito custo, e após uma matança generalizada (incluindo aí o despacho de um herói mais ou menos conhecido), a S.H.I.E.L.D. finalmente consegue capturar o baixinho dos infernos. O problema é que a Hydra gostou da brincadeira e passou a coletar e condicionar vários heróis e supervilões do segundo escalão. Mas nem todos vieram do semi-anonimato... Elektra que o diga.

Aliás, quem conhece o background da ninja grega sabe qual é o modus operandi do Tentáculo. A maioria deve saber que ela foi ressuscitada em uma cerimônia promovida pela organização. O que Millar fez foi elevar a funcionalidade desse procedimento a uma escala real. Afinal, alguém que tenha esse poder certamente o usaria para fins mais abrangentes e ambiciosos do que o que foi executado até aqui. Já a presença da Hydra se justifica tanto pela eficiência logística e ultra-tecnologia envolvida, quanto pela elaboração prática dos planos - que envolvem o controle de um avançadíssimo terraformer criado em parceria por Reed Richards, Tony Stark e Henry Pym.

Sem contar que, ao longo do anos, a Hydra foi uma das únicas organizações a encarar de frente, de forma consecutiva e sem derrotas iminentes, pesos-pesados como os Vingadores e a... S.H.I.E.L.D.


Não é todo dia que se vê o famoso porta-aviões aéreo indo à lona. Só vi uma vez, numa história antiga da Mulher-Hulk. Certamente seria mais fácil abater o Air Force One. A mega-batalha que precede essa cena é de arrepiar, e detalhe: é só o começo. Lembra do Millar falando que Enemy Of The State era um filme de 300 milhões de doletas? Agent of S.H.I.E.L.D. duplica esse orçamento em apenas duas edições.

Algumas referências se fazem presentes no novo arco, principalmente em relação à Wolverine: Arma X. O processo de desprogramação de Logan é praticamente reeditado do clássico de Barry Windsor-Smith, inclusive com o mesmo jogo de ponto de vista que "engana" o leitor. Outra referência é à mitologia dos vampiros. O approach conferido às operações de condicionamento do Tentáculo se aproxima bastante do ciclo de procriação vampiresco. Isso ficou bem nítido na cena em que Elektra e alguns ninjas são flagrados assassinando um super-coadjuvante num beco escuro. Pra reforçar ainda mais essa impressão, o único método conhecido pela S.H.I.E.L.D. para evitar que as super-vítimas sejam ressuscitadas e dominadas é decapitando seus cadáveres. Millar é doente.

Coincidentemente, o início da edição #26 e o fim da #27 compartilham momentos singulares de preparação para a iminência de uma situação maior. No primeiro caso, logo nas primeiras páginas somos brindados com uma seqüência belíssima, cheia de poesia e lirismo, quase etérea e - constraste total - carregada de dinâmica física, agraciada por uma palheta de cores e uma fluência de elementos digna de um filme do Zhang Yimou. É linda mesmo. Mérito da arte irretocável de Romita Jr.

A dita seqüência você pode conferir na íntegra no Cag@mba e é protagonizada pelo sujeito aí embaixo.


Gorgon periga ser o vilão mais bacana da Marvel em muito, muito tempo (pra ser mais exato, desde os primeiros momentos do Rei do Crime após sua reinvenção por Frank Miller). Não consigo imaginar alguém ganhando desse cara no mano-a-mano. Sua técnica é inexpugnável (sempre quis escrever isso!). Não tem pra ninguém. Como se não bastasse, Gorgon é um mutante capaz de petrificar qualquer pessoa só com o olhar - um dom que ele dificilmente utiliza, para não desvirtuar sua honra e status de guerreiro nato. Millar também resolve dar uma colher de chá e faz um breve resumo de sua origem - que bem merecia ser contada mais detalhadamente em um daqueles belos encadernados especiais.

Ao final, vemos a reabilitação forçada de Wolverine e um fato em particular que o liberta de todas as amarras pra fazer o que sabe melhor - e sem qualquer senso de justiça ou de redenção por trás, e sim por pura, urgente e necessária vingança. Após uma rápida e aterradora "contabilidade" (numa ótima seqüência, óóóótimaaaa... típica de um filme imperdível), ele estipula a quantidade de cadáveres e sangue jorrando em bicas que irá fazer nas próximas duas, três, quatro edições. Ah, eu não falei... Agent Of S.H.I.E.L.D. é um arco em 6 capítulos.

A hora da retribuição chegou, e meu amigo... a Hydra que se cuide.


LIVEWIRES
#1-#2



Um tecno-furacão cyberpunk, insano e mangazístico com clima de spinoff. Essa é Livewires, mini em 6 capítulos que está saindo pela linha Marvel Next. A revista conta com a fina-flor dos quadrinhos para o século 21: o desenhista Rick Mays (Kabuki), o arte-finalista Jason Martin (Battle Chasers) e o roteirista, "sketchista" e maluco de plantão Adam Warren (Gen¹³, Dirty Pair). Sou fã do Warren já há algum tempo. É um dos únicos quadrinhistas que só produziram coisa boa, e olha que eu nem sou tão fã de mangá. Assim que vi seu nome nos créditos dessa HQ já me interessei de imediato. Seu estilo está lá, intacto... ação vertiginosa, dinâmica à velocidade da luz, diálogos abarrotados de informação, situações beirando o nonsense e pinups esfuziantes.

Na edição de estréia, Livewires é toda velocista. Começa à mil por hora e termina à dez mil, sem pausa pra descanso. Explosões, invasões, monstros, superpoderes, tiros e quebra-quebra generalizado, com uma nesga de história sendo contada nas entrelinhas. É ótima. Livewires é o nome de um projeto secreto do governo norte-americano que visa retaliar as ações de grupos terroristas ultra-avançados da Marvel, sendo a I.M.A. (Idéias Mecânicas Avançadas) o seu alvo primário. Como integrantes, cinco robôs humanóides trabalhando à paisana. Como de praxe, os personagens e seus codinomes são bem... "diferentes":


Gothic Lolita, ou "Ninfeta Gótica"... a que eu mais gosto. Devido ao seu smartware chamado Hulksmashitude (algo mais ou menos como "AtitudeHulksmaga"... idéia maluca do Warren) ela é tão forte quanto a Mulher-Hulk. Em contrapartida, o seu grito de guerra é dizer "mal-me-quer-bem-me-quer" repetidamente enquanto destrói criaturas gigantescas na base da porrada (outra idéia maluca)... Bem sisuda, ela é o lado introspectivo e sarcástico do grupo.

Hollowpoint Ninja... O "Ninja Ponta-Oca" é o cara da artilharia pesada, das infiltrações soturnas e das "técnicas avançadas de persuasão". É conhecedor profundo de qualquer tipo de armamento e estratégia de combate. Além disso, é muito ágil, rápido e extremamente habilidoso em lutas corporais. Fala pouco e de forma objetiva. É um ninja oras.



Hah... essa é Social Butterfly, a "Borboleta Social". É a gracinha simpática do grupo, e carinhosa até quando está ardendo em chamas. Seu poder só podia ter vindo da mente esquizóide de Adam Warren. Ela é capaz de controlar a vontade das pessoas através de expressões faciais, linguagem corporal, voz com sinais infrasônicos, produção artificial de feromônios (putz), campo indutor de manipulação cerebral, e "zilhões de outras maneiras de bagunçar a mente humana". É "Social" para os íntimos.

Cornfed. "Cansei de Cereais"...? Não duvidaria. Cornfed é o arranjador e despachante da equipe. Resolve os problemas de logística e eventuais falhas operacionais nas missões. Tem uma visão bem singular e irônica do propósito do grupo e de sua própria existência robótica. É uma espécie de Silent Bob artificial. Cornfed é gente-boa.



Stem Cell ("Célula-Tronco", huahuaheheuh), representa os olhos e a percepção desnorteada do leitor durante a ação ininterrupta. Ela acaba de ser construída e teve a memória bloqueada devido à uma pane em seu filtro neural - pretexto esperto para não deixar o leitor sozinho em sua confusão. Ela é uma espécie de central-monstro de dados especializada em engenharia tecnológica. Seu smartware reconhece e duplica qualquer construto já concebido pelo homem. Pode inclusive redesenhar esses mecanismos em versões mais avançadas. A idéia estranha da vez é a sua capacidade de reproduzir alguns equipamentos no estômago - na verdade uma usina de substâncias químicas manipuladas por nano-robôs programados para esse objetivo. Daí a visão linda dela vomitando pequenas baterias atômicas, pentes de metralhadoras, válvulas e por aí vai. Pobre menina.


E falando em nano-tecnologia, uma particularidade dos autômatos de Livewires é a sua conduta de reciclagem de equipamentos. A pele artificial, por exemplo, é feita com uma trama de exo-redes reaproveitáveis e rica em componentes nanotech codificados para qualquer smartware habilitado na equipe. Eles literalmente comem partes sintéticas dos robôs destruídos para conhecer todas as experiências e absorver as informações contidas neles. Em outras palavras, eles são adeptos da prática do canibalismo, e em um contexto igual ao da crença de certas tribos...


Adam Warren é doido. E Livewires é extremamente divertido.

Confira aqui uma divertida entrevista que o autor deu ao Newsarama - essa aqui também é ótima, de dois anos depois.


X-MEN: AGE OF APOCALYPSE - 10th ANNIVERSARY
Final



Sem muito hype, chega ao fim a extensão da extorsiva A Era do Apocalypse, mega-saga que obrigou os x-fãs a gastarem rios de dinheiro em meados dos anos 90. Três coisas: 1. extensão, porque essa mini-série em 6 partes não teve "cara" de continuação. Acho que o nome da saga original é imponente demais pra essa história que visou apenas aparar algumas pontas soltas e, claro, arrecadar um cashzinho de leve; 2. extorsiva, pois EdA se espalhou por todas as revistas mutunas da época. Quem queria entender alguma coisa tinha de comprar quase tudo; 3. A aliteração extensão/extorsiva foi sem querer.

O fato é que, se encarada sem muita expectativa, essa mini até que tem seus picos de qualidade e algumas boas sacadas. Principalmente na última edição. A história se passa 1 ano após a morte do vilânico Apocalypse, e o planeta está em franca reconstrução. Liderados por Magneto, os X-Men agora são a polícia do mundo contra os espólios terroristas remanescentes da antiga tirania. Essas poucas células inimigas são derrotadas até com uma certa facilidade pelos X-Men. E detalhe... agora eles raramente fazem prisioneiros. Uma nova ordem mundial se estabelece e Magneto aparece muito bem na foto. O crédito extra se deve todo à sua vitória pessoal sobre Apocalypse e ao fato de ter impedido o bombardeio nuclear em massa no fim da saga original. O problema - e que já foi detectado por aqueles que leram a saga - é que Magneto apenas matou Apocalypse. Quem salvou a Terra do ataque nuclear foi Jean Grey, não ele.

Esse segredinho obscuro elevou a moral de Magneto nos círculos políticos e na opinião pública, que passou a encará-lo como um líder da Humanidade. Além dele, o único que sabe disso é Nathaniel Essex, o tétrico Sr. Sinistro, até então dado como morto. Obviamente que a gente logo espera dele uma chantagem das boas. Mas o mistério só aumenta quando Sinistro reaparece para Magneto e simplesmente o obriga a esquecê-lo e a jamais tentar encontrá-lo. O que dá a entender que o vilão também guarda seus segredinhos sujos a sete chaves.


Se no início da mini-série o traço do Chris Bachalo estava bem mangazão, nas duas últimas edições ele partiu de vez para o estilo nipônico de HQs. Particularmente, muito me agrada o trampo do Bachalo. Quanto mais ele estiliza o seus desenhos, melhor. E pra cada narigão que ele desenha, existem umas três pinups interessantes pra compensar.

Como já comentei certa vez, o roteiro de Akira Yoshida não faz feio com o pouco que tem. Mesmo sem tentar (ou poder) desvirtuar a mitologia estabelecida pela obra original, ele conseguiu criar algumas situações inusitadas (como a relação entre Wolverine e X-23, sua suposta filha) e outras que acabaram se revelando bons achados (como o tal segredo que o Sr. Sinistro tanto esconde - se quiser conhecer esse spoiler, clique aqui).

Por outro lado, algumas cenas que ameaçavam se tornar viradas brilhantes e inesperadas na narrativa - como a pausa no combate final para uma instigante conversa entre Magneto e Sinistro sobre a validade de suas motivações - acabaram se limitando a uma mera introdução pra famosa pancadaria-resolve-tudo. Personagens marcantes (e importantes) de outrora, como Dentes-de-Sabre e Blink, embora vivos, foram apenas citados. E a conclusão, pra lá de aberta, sugere uma futura mini comemorativa. De quê agora... 11 anos?

No final das contas, X-Men: Age Of Apocalypse - 10th Anniversary é um passatempo interessante e pode, no mínimo, ser encarado como um caça-níqueis de luxo. Mas considerando a propagação do papel-jornal nas HQs publicadas por aqui, o custo-benefício desse níquel fica bem inflacionado.

Decide aí quando chegar. :)


dogg, ouvindo muito rock australiano. Na faixa... o álbum True to the Tone, dos maroleiros do GANGgajang.

quarta-feira, 30 de março de 2005

AS TOCAS DO CARCAJU

Os points onde Wolverine anda bombando


MARVEL KNIGHTS WOLVERINE - ENEMY OF THE STATE


"(...) se fosse feito no cinema custaria 300 milhões de dólares". Palavras de Mark Millar. E se fosse filme mesmo, valeria o ingresso: Wolverine pinta o diabo no acachapante arco Enemy of the State! Finalmente, após anos de desperdício e hiper-exposição mal conduzida, conseguiram revitalizar a baleada imagem do baixinho canadense. Logan voltou a ser aquele assassino frio, violento e impiedoso, como nos velhos tempos - e bota velho nisso... desde as antológicas Arma X e Fusão pra ser exato (muito bem lembrado pelo Luwig-X).

Há tempos sendo empurrado com uma hesitação frustrante, o personagem precisava urgentemente de uma reciclagem conceitual. Ou melhor, de um resgate conceitual, pois não havia nada de errado com ele, e sim com seus escritores (seguindo a máxima do Alan Moore). Era um trabalhinho sob medida pra um Garth Ennis ou uma Ann Nocenti da vida. Mas os deuses foram generosos e nos enviaram Mark Millar e o grande John Romita Jr...


Enemy of the State estreou na edição #20 da revista Wolverine e foi até a #25. A história segue velhos padrões do tema ação/espionagem, só que é tudo tão bem sacado e reaproveitado que chega a ser emocionante (snif). Começa com Wolvie indo ajudar um velho amigo, mas acaba sendo capturado em uma operação conjunta do Tentáculo com a Hydra. Meses depois, abandonado em estado moribundo, ele é localizado e acolhido pela SHIELD. O que eles não sabem é que Logan sofreu uma lavagem cerebral séria e vai "fazer o que sabe melhor" em larga escala. Wolvie mata muita gente, vai atrás de outros super-heróis e se torna o terrorista mais temido dos EUA.

O mais legal é que o mutante exibe aqui aquela mesma "competência" (para muitos, "onipotência") que leva os leitores à loucura, mas a diferença é que todas as suas façanhas são niveladas por uma estratégia crível e funcional. Wolvie não ganha todas as lutas aqui, só as que importam. E mesmo essa margem de derrota já havia sido previamente calculada por ele. O resultado é ótimo, sempre com um clima tenso antes de cada pancadaria. Mal comparando, ele lembra um Jason Bourne com garras e esqueleto de adamantium.


Mas a cereja acaba sendo os super-encontrões. Wolvie não enfrenta o Universo Marvel inteiro, como foi exagerado por aí, mas seus pegas com Elektra, Quarteto Fantástico, Demolidor e os X-Men são altamente empolgantes. Certas cenas parecem saídas de um filme de suspense - o clima que precede a luta contra Elektra e a invasão do Edifício Baxter - ou de um filme de Tarantino ainda com os sabres de Kill Bill branindo na cabeça - o ataque dos ninjas no cemitério e na eletrizante seqüência no apê de Matt Murdock.

Outra coisa... não seria tão bom se os vilões fossem caricatos ou apenas medianos. Mark Millar deu uma nova cara à Hydra, que deixou de ser aquele amontoado de stunts vestidos de verde, e virou um tecno-culto satânico e assustador. Elsbeth von Strucker é uma vilã adoravelmente cruel e seus cortes no Barão Strucker são sarcásticos e geniais. Mas o vilão Gorgon é foda ao extremo. Mutante e um mestre nas artes marciais (lutador de primeiríssimo nível... leia e fique pasmo com a moral do cara), ele tem o poder de petrificar as pessoas apenas com o olhar.

Mark Millar e John Romita Jr trabalhando juntos em Wolverine... Imperdível. Mal posso esperar pela próxima edição.


X-MEN: AGE OF APOCALYPSE - 10th ANNIVERSARY


Como o nome já entrega, a continuação de A Era do Apocalypse é tão somente uma mini comemorativa dos dez anos da série. Mas será só isso? Sim e não. Obviamente que o vilão cavernoso do título não dá as caras (apesar de aparecer nos spots de divulgação), e aquele clima, hã, apocalíptico da série original não tem mais razão de ser. A questão básica é saber se essa nova incursão elseworld consegue se sustentar qualitativamente, tendo em vista a sua natureza caça-níqueis (oh yeah... não se engane, isso aqui é um caça-níqueis que deveria vir até com um selo de extorsão grampeado). Pode não ser uma HQ que vá fazer história, mas que tem a sua utilidade prática, isso tem.

A verdade é que a série original deixou uma porção mais um punhado de pontas soltas lá pra trás. Aquele final abrupto, ao melhor estilo "uma realidade chegando ao fim", foi muito omisso quanto ao destino da maioria dos personagens e de várias situações em andamento. E a continuação responde a todas as perguntas? Bem... estamos na quarta das seis edições programadas e até agora só uns 30% das questões pendentes foram esclarecidas. Então o lance é relaxar e curtir, afinal... isso é uma festa de aniversário.

A história (re)começa 1 ano depois da queda do tirânico Apocalypse. O planeta ainda está em reconstrução e células de mutantes renegados ainda aterrorizam o mundo livre. Para assegurar o bem da civilização, Magneto reforma os X-Men como um grupo de ação anti-terrorista, totalmente apoiado pelo governo dos Estados Unidos. A line-up principal é Vampira, Mercúrio, Solaris, Tempestade, Samurai de Prata, Gambit, Noturno, Rahne, X-23 e Wolverine, ex-recluso, maneta e cínico como sempre. O que se segue é uma caça às bruxas que acaba mexendo em velhas feridas e desavenças, com algumas surpresas no decorrer do processo. Algumas muito previsíveis e outras até inesperadas, eu diria.


Mesmo sem grandes vilões, como o psicopata Holocausto e o prelado Rasputin, a história vai se mantendo com combates ágeis, mas sem aquele ar de "perigo" que marcou a série original. Wolverine participa de forma cool e mantém a energia de sempre, mas a personagem mais bacana é a X-23, disparada. Não sei como ela se sai na cronologia normal (me parece que ela é nativa da animação X-Men: Evolution), mas aqui a garota funciona primorosamente bem. Faz aparições esporádicas, mas importantes, e protagonizou as melhores seqüências da história até agora. Achei a personagem muito promissora e, por conta disso, vou correr atrás da sua HQ solo que foi lançada recentemente.

O roteiro de Akira Yoshida faz o que pode numa série que não arrisca muito e só se compromete a aparar pontas soltas. Os diálogos são espertos, apesar de muito parecidos com os do X-Men Ultimate do Mark Millar. E um destaque meio esquisito vai para o Chris Bachalo. Ele ainda tem a mania de criar explosões visuais um tanto confusas, e de ficar a meio passo de 'cartoonizar' a fisionomia dos personagens. Aqui ele vai ainda mais fundo e quase abraça de vez o estilão mangá. Apesar disso não me agradar (pois soa menos natural pra ele do que pra um Adam Warren, p.ex.), pessoalmente ainda curto o seu trabalho. Devo ter me acostumado. Mas o capacete do Magneto continua horrível. Muito.

A propósito... ainda sobrou um grande vilão sim. O Sr. Sinistro está vivo e atuante, mas ainda não deu as caras. Mas pelo finalzinho da última edição, ele deve voltar com tudo e mais um pouco nos últimos capítulos.


E agora, antes de mais nada...


...talvez uma próxima coelhinha?



THE NEW AVENGERS


A revista The News Avengers chega a sua quarta edição ainda com um clima todo cuidadoso no ar. O grande Brian Michael Bendis não quer arriscar uma pisada no tomate e aos poucos vai concretizando um velho sonho dos sofridos marvetes: um supergrupo tão coeso e emblemático quanto a Liga da Justiça. Tudo bem, eu também gostava dos velhos Vingadores de Jim Shooter e dos recentes de Geoff Johns, mas o problema aí era a tralha narrativa que foi se acumulando com o passar dos anos (e com a troca de escritores). Sucessivas conspirações governamentais, burocracias administrativas e complicações de marketing (!!) deixaram o principal grupo da Marvel com cara de repartição pública. Nada a ver com a postura de "defensores da liberdade" que se espera de uma super-equipe. Lembro de quando eles enfrentaram os perigosos Exemplares sob a vaia do público (o mesmo público que eles foram proteger). Deprimente.

O ato inicial, que tomou as três primeiras edições, começou seis meses após os eventos estarrecedores de Disassembled. Max Dillon, o Electro, foi contratado para sabotar uma instalação de segurança máxima para super-vilões. Talvez meio "poderoso demais", Electro cumpre seu objetivo sem maiores problemas, e assim tem início uma violenta rebelião super-vilânica. Rapidamente um grupo de heróis en passant se forma para conter o motim: Mulher-Aranha, Matt Murdock, Luke Cage, Homem-Aranha, Capitão América, Homem de Ferro e o misterioso Sentinela, que se encontrava preso voluntariamente.


Mesmo com esses peso-pesados as coisas não saem às mil maravilhas: quarenta e dois presidiários super-poderosos conseguem escapar, o que é garantia de trabalho pesado por um bom tempo (e assim Bendis já tem o seu pretexto). Com isso tudo, o Capitão América acaba sentindo novamente o gosto de liderar uma equipe em situações-limite. Durante uma conversa com o Homem de Ferro ele propõe a criação de um novo time, dessa vez sem as amarras e a politicagem que assolava a antiga formação dos Vingadores. Um grupo independente, freelancer e auto-financiado (sem salários!), com o único objetivo de resolver problemões fora da alçada convencional. The Avengers Privatizated.

Logo em seguida, o Capitão sai atrás dos heróis que seguraram as ondas no presídio. Todos concordam, menos o Demolidor, que, apesar de balançado, ficou de pensar. Outro sondado foi o caladão Robert Reynolds, o Sentinela. Mas seu background ainda é extremamente nebuloso. Nada se sabe do que aconteceu com ele após a ótima mini Sentry - O Sentinela, apenas que ele é suspeito de matar a esposa e que é considerado por Reed Richards como o ser mais poderoso da Terra. Pela facilidade absurda com que ele destroçou o Carnificina no espaço... foi até engraçado quando o Aranha o confundiu com o Thor.


A próxima aquisição da nova equipe virá nas próximas edições. Investigando os acontecimentos da super-prisão, os novos Vingadores vão até a Terra Selvagem atrás de um suspeito. Lá eles se encontram ninguém menos que - adivinha - Wolverine, aparentemente com um mal-humor de tiranossauro. O problema é que o tal suspeito (e foda-se o SPOILER) é o Sauron, aquele homem-pterodáctilo que controla mentes e que já deu muito trabalho para os X-Men. E pela recepção nada afável do mutante canadense - ainda mais com a gracinha da Jessica Drew! - eu diria que ele está totalmente fora de controle. Uma constante...

The New Avengers segue com passos calculados, ótimos diálogos (os do Aranha já começaram a pegar no tranco), situações de rotina inusitada para os personagens, e um inequívoco ar de liberdade criativa - durante a violenta rebelião no presídio, o Aranha é espancado e tem o braço quebrado, e o nigga Luke Cage quase mata um dos vilões.

Apesar dos traços de David Finch pertencerem a "escola Jim Lee de inexpressão", eles são inegavelmente grandiloqüentes nas horas certas e privilegiam ângulos de tirar o fôlego. Seu estilo é bem "cinematográfico" por assim dizer, e aqui isso é muito bem-vindo.

Sem contar que ele sabe desenhar mulheres muito, muito bem... pô, ele é o mesmo cara que desenhou a HQ da Aphrodite IX, for God sake! :)


dogg, tomando café e ouvindo a lindona The Pass, do Rush - por sinal, uma banda canadense... Canadá rulz! :P

terça-feira, 25 de janeiro de 2005

PELAS BARBAS DE AGAMENON!


Eu corri, mas não pude me esconder. Ignorei solenemente a exibição de Mulher-Gato nas telonas, e ainda hoje sou assombrado pelo pôster da cabeçuda sempre que vou à locadora. Como que marcado pela profecia de alguma sacerdotisa da Ilha de Lesbos, acabei sucumbindo após uma sessão protagonizada por uma heroína de histórias em quadrinhos. E se Elektra (2005) não for do mesmo calibre do filme da gatuna, ao menos deve chegar perto.

Nos quadrinhos, Elektra foi concebida por Frank Miller como parte de um processo de reciclagem do herói Demolidor. Com uma origem referencial nada discreta, a relocação da pesada tragédia grega para um ambiente urbano caótico foi um sucesso quase que imediato. Miller já sabia do tesouro que tinha em mãos, e o público rapidamente foi seduzido pela ninja urbana, tanto por seu conteúdo forte quanto pelo fetiche sadomasô imbutido em seu topzinho vermelho. Claro que um fanboy sensato (existe?) tem de perdoar, ou mesmo ignorar, certas liberdades adaptativas. Foi assim com filmes reconhecidamente bons, como Homem-Aranha e X-Men 2. Mas em Elektra esse limite foi (muito) ultrapassado, e não por trazer idéias melhores.

Apesar de ser um spin-off de Demolidor, Elektra traz poucas referências ao filme. Vemos ela ser levada em uma ambulância, morrer e ser ressuscitada por Stick (Terence Stamp, ex-General Zod e uma das únicas coisas que funcionam aqui). Logo, ela é treinada (mais ainda) pelo velho mestre, é mandada embora do templo e vira uma assassina profissional. Numa das "encomendas", ela tem de assassinar Mark Miller (Goran Visnjic) e sua filhinha, Abby (Kirsten Prout). Elektra, apaixonada pelos dois (você me entendeu), se recusa a fazer o serviço e, ao mesmo tempo, tem de enfrentar a ira do famigerado Tentáculo.

Pois é. É isso aí. Fora a grosseira incompatibilidade com o texto original das HQs (principalmente na relação de Elektra com o Tentáculo), o filme não consegue emocionar nem quando se resolve encará-lo como uma aventura de uma personagem X que não seja a Elektra dos quadrinhos. Aí a coisa piora, e fica parecendo uma sessão requentada de Temperatura Máxima (me perdoe a redundância e o trocadilho). O filme demora muito para entrar na ação (sendo que, na parte das "férias" de Elektra, ele dá uma parada quase que catatônica), e quando entra, ela é frouxa, econômica e mal-conduzida. Logo no início, quando Elektra puxa uma sai das costas de um alvo e quase não tem sangue na lâmina, já vi que algo estava muito errado. Aqui também predomina uma certa escassez de idéias. Durante o filme inteiro, os personagens ninja desaparecem como se fossem o Drácula do Gary Oldman, mesmo quando o recurso não é necessário naquele momento.

Fora os óbvios ninjas-padrão, alguns vilões são bem interessantes. O negão Stone parece até o Luke Cage de Azzarello/Corben, e Tattoo (não o da Ilha da Fantasia!) tem um poder tosco mas que rendeu ótimos efeitos. Já a desperdiçada Mary Tifoyd (a delícia Natassia Malthe), além da roupagem totalmente equivocada, ficou relegada a duas míseras frases durante o filme inteiro. E nem vou falar de Kirigi, nos quadrinhos um ninja gigantesco e cavernoso, aqui parecendo um modelo da SP Fashion Week.

Agora, vamos à parte que funciona (uma ou duas peças no motor). Stick num boteco de quinta jogando sinuca que nem o Rui Chapéu e humilhando Elektra com dois ou três movimentos. Igualzinho a revista, pena que dura uns 15 segundos. A Elektra da Jennifer Garner (falsa magra e agradavelmente rebolante) já é habitué dos fanboys cinéfilos. Não lembra em nada a fisionomia simétrica e o ar europeu-cosmopolita da ninja, mas assumiu o fogo e a paixão inatos da personagem, além de ser uma boa atriz com aquele elemento promissor de quem ainda vai ter o seu grande papel. Mesmo limitada por um roteiro tenebroso escrito à três mãos (dos losers Raven Metzner, Zak Penn e Stu Zicherman), Jennifer ironicamente acaba sendo a melhor presença dentro de um filme fraco baseado em sua personagem (até mesmo quando trava diálogos tosquíssimos com o seu interesse romântico).

Mas nada supera o inacreditável embate final. Fazia tempo que eu não assistia um roteiro sendo amarrado tão abruptamente. A impressão que deu era que toda a equipe técnica queria logo terminar tudo aquilo pra poder ir pra casa. Aquela adaga sai deve ter percorrido uns 4.000 metros com barreira até chegar ao seu alvo... putz, nem o poderoso Mjolnir faria igual.


E, retificando, um filme com uma cena dessas não só pode ser ruim como pode ser muito ruim. E dessa vez, nem o Evanescence (que comparece aqui com Breathe No More) deu jeito.

Assista por sua conta e risco, mas se você quer ver assassinas profissionais de verdade, recorra à Beatrix Kiddo ou Nikita.


dogg, pasmo.

sábado, 8 de janeiro de 2005

Antes de tudo isso aí embaixo, clique no sempre sorridente Venom e confira o novo texto do 'Zombieblog' lá no MdM. É uma pequena lista de fases que eu relançaria em edições encadernadas... se eu tivesse uma editora.


E não esqueça... o Monstro do Pântano é da DC... :P


Nós vimos!!



...o saldão de DVDs das Lojas Americanas. Três por sessenta reais. Em meio à turbulência etílica de final de ano, eu fiz questão de ir lá só pra adquirir essas três pérolas da carnificina hollywoodiana (que eu não tinha, é mole?). O fato de serem edições especiais também ajudou. O pior é que nesse lance de escolher apenas três, tive de sacrificar o clássico Era Uma Vez no Oeste (tsc) e a super-edição especial de A Identidade Bourne (tsc!!). Esses aí agora só no mês que vem (tsc!!!). Claro, se ainda estiverem lá (...).

Ah sim, eu já havia assistido essas versões especiais.



O Exterminador do Futuro traz um Schwarza até hoje impressionante. O mais legal é que a sua face jamais expressa qualquer emoção, mesmo quando está fazendo algum esforço físico. E isso não é tão fácil quanto parece (tenta socar alguém sem fazer aquela cara de mau). A sensação de frieza mecânica e ausência de alma fica ainda mais forte quando... ele torra as sombrancelhas (sério!).

James Cameron sempre teve fama de tough guy. Reza a lenda que ele é um verdadeiro sociopata workaholic dentro do set. Dizem até que ele fez o Ed Harris chorar, durante as filmagens de O Segredo do Abismo, de tanta pressão psicológica. Doido pra deixar pra trás o passado de Piranhas 2 (aquele, das assassinas voadoras), Cameron cometeu um filmão. E agora, com os extras reveladores, dá pra ver claramente que, já na época, ele tinha grandes planos para carreira do andróide assassino.

Todas as cenas inéditas são ótimas e me fizeram pensar em certos pormenores. Numa delas, a relutante Sarah Connor discute a lógica temporal com Kyle Reese, e lhe propõe explodir a sede da Cyberdyne (empresa que desenvolveu a tecnologia da Skynet) no intuito de impedir o apocalipse iminente. Reese responde dizendo que aquela não era a missão que ele havia recebido e portanto não poderia interferir nesta linha de acontecimentos. Será que os superiores de Reese sabiam da inevitabilidade da guerra (como sentenciou Jonathan Mostow em T3), ou apenas não queriam arriscar a existência de John Connor (afinal, Reese será o seu pai)? Vale lembrar que Cameron reaproveitou a idéia do atentado à Cyberdyne, no segundo filme.

Em outra cena, o logo da Cyberdyne aparece na entrada da fábrica em que o exterminador foi destruído. Logo em seguida, dois técnicos encontram um chip que fazia parte do CPU do exterminador e comentam que nunca haviam visto uma engenharia tão avançada. Ora, no segundo filme, ficamos sabendo que a Cyberdyne baseou todo o sistema da Skynet na tecnologia do chip e do braço intacto do exterminador - sendo que ambos vieram do futuro. Há um estranho loop temporal aí. Será que a Cyberdyne conseguiria criar Skynet se os restos do exterminador não tivessem sido encontrados? Será que a guerra só existiu em conseqüência da viagem temporal do exterminador e de Reese (se eles não tivessem voltado, chip não teria sido encontrado, a Cyberdyne não teria... etc)? E, o mais intrigante, se todas as repostas forem "sim", então o motivo original da guerra teria sido mesmo o visto em T3. Destruir a Cyberdyne jamais impediria a guerra (apenas adiá-la, como bem disse o exterminador), visto que o projeto foi readaptado pelo exército em seu sistema de defesa.

Agora, outra pergunta que não quer calar. No finalzinho de De Volta Para o Futuro, Marty McFly fica desesperado pra voltar para o presente a tempo de impedir a morte do Doutor. Aí ele lembra que tem uma máquina do tempo à sua disposição, e decide voltar alguns minutos mais cedo. Por quê, nas seqüências de Terminator, Skynet não decide enviar o T-1000 e a T-X para a mesma época do primeiro exterminador? Reese e Sarah não teriam chance contra eles. Por outro lado, a lógica de Skynet pode ter contabilizado o fracasso do primeiro exterminador como uma probabilidade (mesmo que ínfima) de fracasso para os novos exterminadores.

O filme ainda tem uma ponta de Bill Paxton, molecão. Ele é um dos punks posers que o exterminador detonou, logo no começo. Um lado ruim foi a constituição do DVD. As cenas excluídas não foram incorporadas ao filme e a entrevista com o Cameron não tem legenda em português, só em spanish. Não, não... eu até saco inglês coloquial sim. O problema é que Cameron fala muito, muito rápido, parece até um cigano repentista. Mas isso não tira o brilho de sua participação, principalmente no divertido bate-bola entre ele e Schwarza (cujo inglês é tão ruim quanto o meu!). Ah, e têm umas artes do filme feitas por Cameron, no disco de extras. O cara manda muito bem no traço!



O famoso Aliens, O Resgate. Acho que essa é a melhor continuação de todos os tempos (calma, eu também pensei em outras quatro antes de terminar a frase). Se não for, pelo menos é a primeira que me vem à mente sempre que eu penso nisso. Cameron estava inspirado na época e ainda resgatou (sem trocadilhos) vários elementos de Terminator. Michael "Reese" Biehn (o melhor ator de ação que não deu certo em todos os tempos), Bill Paxton (o mariner reclamão), uma protagonista forte, obcecada e líder nata (Sigourney Weaver, em paralelo com a futura Sarah Connor), e máquinas mirabolantes, como a empilhadeira/robô-gigante-de-seriado-japonês. Tudo aqui é maior, mais rápido e mais poderoso que no primeiro filme. Claro que, em termos de suspense, Alien - O 8º Passageiro (que na verdade, era o 9º) leva a taça Jules Rimet com folgas. Aliens, O Resgate é uma aula de como se faz um filme de ação emocionante. Hoje, o conceito de Hollywood sobre "filme de ação emocionante" tem algo a ver com CGI e trilha sonora rap. Muuuuito emocionante.

Os extras são nada menos que excelentes (e até melhores e mais importantes do que os de Terminator). Geralmente, quando se fala em "cenas excluídas", logo imaginamos seqüências mais toscas ou que destoam da regularidade do filme como um todo. Não é o que acontece aqui. As cenas são tão bem tramadas e produzidas quanto o resto do filme, e são tão absurdamente necessárias, que nem sei como pude viver até hoje sem elas. A edição da época foi bem sem-noção mesmo.

Numa das cenas, ficamos sabendo que Ellen Ripley deixou uma filha na Terra. Após 57 primaveras à deriva no espaço, ela descobre que sua filha faleceu há muito tempo. E assim fica explicado o apego imediato e a empatia quase materna que Ripley sentiu pela menina Newt. É uma cena de alto valor dramático e uma peça importante no argumento do filme. Dizem que esse corte deixou Sigourney Weaver muito puta com Cameron.

Desde a primeira vez que assisti à esse filme, ainda moleque, eu já sentia falta de alguma coisa entre a cena que Ripley fica sabendo do processo de terra-formação em LV-426 e a cena que Burke lhe conta que perderam o contato com a colônia humana. Sempre achei muito abrupto. Agora já posso dormir sossegado. A cena mostra um pouco do cotidiano da colônia humana (finalmente), e em seguida mostra Newt e sua família dentro de um veículo avistando a nave do primeiro filme. Seus pais saem para explorar e logo retornam com o pai de Newt desacordado, com um nojento face-hugger grudado na cara. Ótima seqüência.

Após ver essa cena, acabei chegando à uma conclusão (eu sou cheio das conclusões) em relação à Rainha. Recapitulando, os face-huggers saem de ovos (que também parecem ser organismos ativos independentes, visto que chocam apenas em momentos oportunos) e carregam um embrião alien para gestação em hospedeiros vivos. Esses embriões têm uma natureza simbiótica, pois absorvem traços da genética de seu hospedeiro (vide o alien-labrador de Alien³). Baseado nesse ciclo reprodutor complicadinho, concluo que o embrião que infectou o pai de Newt só pode ser de uma rainha. Se fosse um "zangão", ele jamais conseguiria subjulgar sozinho todos os humanos e levá-los à nave (que ficava a quilômetros da colônia) para serem infectados pelos face-huggers. Mesmo por quê, no filme, a Rainha e o ninho se encontravam na usina de terra-formação, dentro da colônia. E o quê eu quero dizer com isso? Que foi muito azar o pai de Newt ser infectado logo por uma rainha. Existe ainda uma outra possibilidade. Logo que Newt e seus pais voltaram com o face-hugger, os colonos resolveram averigüar a nave e, claro, também foram contaminados um a um - o que teria sido de uma burrice sem precedentes.

Por último, foi mesmo uma "pena" aquela explosão nuclear do final. O raio de destruição foi acima dos 30km, o que deve ter pulverizado a nave alienígena. Seria interessante saber mais sobre ela, seus tripulantes (alguma raça inteligente), e o quê diabos ela fazia com tantos ovos de alien estocados. Pode ser que haja mais sobre a raça dos aliens do que soubemos até agora.

Esse DVD recebeu uma montagem maravilhosa. Todas as cenas excluídas foram incorporadas ao filme e entre o material extra, estão os sensacionais designs de arte concebidos por H.R. Giger. Infelizmente, o ramo de legendagem em português deve estar passando por uma grave falta de mão-de-obra. Os extras estão lá, lindos e maravilhosos, mas apenas no idioma do Capitão América. The book is on the table.



Sempre quis saber mais sobre os bastidores da produção de Robocop, que é um filme tecnicamente bem intrincado. Descobrir como foram criadas as concepções e qual o tipo de abordagem. Era mesmo aquilo que eu já suspeitava e que havia lido por aí. O Tira-Robô é um mix tecno de Batman, guerreiro samurai e navy-seal. Um super-herói no sentido mais puro e trágico da palavra. A diferença é que ali não houve adaptação de nada, o que é incomum. O Robocop já nasceu do modo mais difícil, que é na telona (e em grande forma, o que é mais difícil ainda). O filme é talvez o maior símbolo do cinema de ação americano dos anos 80. Violência pesada e caricatural, clima de quadrinhos, críticas sociais profundas como um cuspe (mas bem sarcásticas) e bastante simbolismo maniqueísta.

E Robocop funciona bem até hoje, com ou sem trocadilho. Peter Weller até que fez alguns filmes bem legais após esse (como Loucuras de um Divórcio e Poderosa Afrodite), mas com certeza o ciborgue foi o papel de sua carreira. Esquisito saber que o "papel de sua carreira" exigiu dramaticidade zero, mas fazer o quê né. Mais esquisito ainda é vê-lo hoje, bem envelhecido, no recente Devorador de Pecados (com Heath Ledger). Já Nancy Allen sempre teve uma carreira discreta, mas não se engane. Tendo outras atividades, ela nunca priorizou a profissão de atriz, mas sempre fez ótimos filmes extra-Robocop (como Vestida para Matar e, mais recentemente, Irresistível Paixão, aonde ela mostra que ainda pode desfilar de baby-doll sem fazer feio). Eu sempre achei que jamais veria Kurtwood Smith (o malvadão Clarence Boddicker) com outros olhos. Me enganei feio, pois ele é simplesmente impagável no seriado That's 70's Show (ainda existe?). Quanto aos chefões da poderosa Omni, eles ainda hoje continuam relevantes. Miguel Ferrer (o Bob Morton), Ronny Cox (o Dick Jones) e Daniel O'Herlihy (o velhão presidente-sênior) são, respectivamente, Boninho, Irineu Marinho e o cérebro de Roberto Marinho conservado em nitrogênio, decidindo o futuro da humanidade.

Robocop é filme-gol olímpico. E quem bateu o escanteio foi o diretor holandês Paul Verhoeven. Seu estilo único tem uma dinâmica seca e direta, repleto de violência cinética e um humor negro ultra-corrosivo (pelamordeDeus, pára de ler isso e vai logo assistir Conquista Sangrenta, filme que ele dirigiu em 85, com um Rutger Hauer no auge). Verhoeven foi elogiado por gente muito boa, como Martin Scorcese - uma de suas influências confessas. Teve lá os seus tropeços, e agora, com o atual estado babaca-infantilóide do cinemão pop, o espaço para a sua arte gráfica e refinada será cada vez menor. Pena.

As cenas excluídas não tiveram sua produção finalizada, e apesar de interessantes, não fazem lá muita falta (uns comerciais caóticos na TV, uma entrevista com Bob Morton e Robocop, e uns diálogos pueris). O legal mesmo são o making of (sem legendas em português, mas cheio daquelas maquetes que eu queria ter pra mim), os story-boards e a concepção dos designs.


O BEIJO TIFÓIDE



Sabe, um filme assim não pode ser ruim. Mas deixando a admiração pela natureza de lado, Elektra terá alguns pontos ao seu favor. O diretor Rob Bowman é confiável, já fez dois filmes de ação bons e sem muita frescura (Arquivo X e Reino de Fogo), e o melhor... ele não é nenhum estreante clipeiro, como as dezenas que andaram destruindo filmes promissores por aí. O filme também traz o bem-vindo advento de misticismo e poderes ocultos, o que muito me agrada. Os efeitos especiais estão bonitos (sim, bonitos) e funcionais - ao menos os que constaram no trailer. Além do mais, o venerável Terence Stamp (o eterno General Zod) está lá, como um perfeito Stick. E tem a Jennifer Garner... ela não se parece com a ninja grega, mas é boa atriz, e já no filme do Demolidor deu pra ver que ela pegou o espírito da personagem.

E tem o beijo né... :)


A MALANDRAGEM DE DARTH ZOMBIE



Há. Ontem (7/1), o site thepsychotic.com liberou um lote de imagens promocionais de Star Wars: Episode III - Revenge Of The Sith, mas pouco depois elas foram interceptadas pelos cruzadores imperiais (George Lucas deve ter um Olho de Mordor à sua disposição). O legal é que apenas os links foram quebrados e abrindo o código-fonte, vi que os arquivos ainda não foram deletados do endereço. Até quando vão durar lá eu não sei, portanto...

Algumas das imagens já são bem conhecidas, como essas do General Grievous (sensacionais!). Também tem o primeiro vislumbre dos planetas Kashyyyk, Alderaan, Mustafar e Utapau (putz... depois do Count Dooku, agora isso... o português tem sido inglório com a nova fase de Star Wars). Pra saber qual é qual é só ler o nome do arquivo (dãã).

É sempre bom usufruir dessas coisas sem precisar pagar. Clique nas imagens para ampliá-las e conheça o Lado Malandro da Força. :)
































dogg, esperando o telefonema dos advogados da LucasFilm, ao som de Highway To Hell... yêê!