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domingo, 15 de janeiro de 2006

AVENGERS REASSEMBLED!


Com passos bem cuidadosos e estruturando uma projeção a longuíssimo prazo, segue adiante o processo de reinvenção do principal supergrupo da Marvel. Certamente eles não querem que a prata da casa reunida numa só equipe naufrague antes mesmo de gritar "I'm king of the world". Compreensível. Só o fato de estarem ali os mega-stars Homem-Aranha e Wolverine... "nada de queimar o filme desses dois", deve ter sido a ordem mais proferida pelo editor-in-chief Joe Quesada em seu belo escritório (que, imagino, deve ter um tapete daqueles que afundam até o joelho e um kit de mini-golfe bem no meio). Tanto o Capitão América quanto o Homem de Ferro têm um peso bem menor no merchandishing em geral, mas conferem o tom de propriedade e tradicionalismo necessários.

Luke Cage, ainda em test-drive, tem no currículo o fato de ser a personificação da cultura negra de rua (Blade, nos quadrinhos, definitivamente não deslanchou - o que é um paradoxo interessante, pois o mais difícil ele conseguiu). E já veio atualizado por uma mini no selo Max e pelas participações esporádicas nas histórias da Jessica Jones. O Cage atual não ouve Kool & The Gang, e sim Wu-Tang Clan e Tupac Shakur. Já a Mulher-Aranha, também reaproveitada, chega num momento de absoluto hype para as heroínas mais, assim digamos, voluptuosas (gostosas mesmo). O biotipo das pinups hoje está mais pra Druuna que pra Jean Grey, e eu bebo a isto.

Do lado das novidades, temos Robert Reynolds, mais conhecido como o complicadão Sentinela, e o misterioso Ronin (curiosamente, um ninja com nome de samurai sem mestre... há um conflito de interesses aí).

Espero que todos estejam acompanhando as edições nacionais de Vingadores - A Queda, pois tudo a partir daí se tornou literalmente imperdível. Ok, já estamos na edição #14 da revista The New Avengers e ainda não houve nenhum cataclisma de proporções globais, mas o clima enegrecido e conspiratório que permeia as histórias sugerem que uma mega-castanhada se avizinha no horizonte. Se é fogo de palha, ainda não dá pra saber, mas, vindo de Brian Michael Bendis, eu prefiro não arriscar, assim como não arrisco a enumerar quantas revistas da Marvel ele anda escrevendo. E, o mais incrível, sempre mantendo um respeito absoluto ao material com situações e diálogos muito acima da média (até mesmo naquele Aranha ultimate cara-de-mamão). Atual, criativo, bem-humorado, inteligente e com um puta timing, Bendis está insaciável. Aproveitem enquanto ele ainda está são, pois se continuar nesse ritmo ele vai pirar com certeza (e se virar um louco como Alan Moore, até que seria uma transição interessante).


Na última vez que comentei sobre os Vingadores, eles não conseguiram se livrar da ressaca escarlate de Disassembled e cada um seguiu seu rumo. Após uma violenta rebelião na Balsa (a prisão para supervilões), 42 prisioneiros superturbinados escapam e um novo grupo de heróis se forma ao acaso. Liderados pelo Capitão América (que acha que tudo é obra do destino... não o Dr. Doom... destino mesmo, de sina e tal), eles começam a agir de forma "auto-suficiente" - com capital inicial bancado pelo Stark, claro (afinal, os Vingadores também tem de ter seu Bruce Wayne).

Investigando os fatos que ocorreram na super-prisão, eles vão até a Terra Selvagem no encalço de Sauron (sem ser aquele do Senhor dos Anéis) e lá esbarram no invocado Wolverine. Juntos, eles se deparam com Yelena Belova, a nova Viúva Negra, cheia de tinta no cabelo, e uma operação esquisitíssima da SHIELD, envolvendo extração de vibranium para fabricação de armas ilegais. A Viúva Yelena e uma equipe de agentes tenta eliminar os nossos heróis, mas, além de fracassar, ela só consegue queimar o próprio filme - .

Bom, nunca gostei da Yelena mesmo, mas a #6 termina ao melhor estilo "eu voltarei".


Na edição seguinte, a primeira de um arco com quatro partes, os Novos Vingadores encaram uma missão quase impossível (puta frase clichê!): desatar os trocentos nós que envolvem o passado surreal do Sentinela. E quando eu digo "surreal" é porque a coisa sai dos trilhos mesmo. A vida do Sentinela parece um filme de David Lynch com roteiro de Spike Jonze e edição de Darren Aronofsky. Pra você ter uma idéia, Bendis recorre até à arriscadíssima metalinguagem, inserindo na história ninguém menos que Paul Jenkins , o criador do Sentinela (aliás, mais uma vez eu recomendo a leitura de The Sentry... ô hq pertubadora da muléstia).

Este é um terreno caro para a Marvel, afinal trata-se de um personagem-analogia ao mito do Herói (não simplesmente uma "versão do Superman", como andam dizendo por aí).

Não é à toa que nessas quatro edições rolaram participações especialíssimas de Alex Ross e Sal Buscema - sem contar que o titular da vez foi Steve McNiven, um dos meus artistas favoritos e o melhor 'desenhador' de Sue Richards do mundo. Já tava ficando cansado do David Finch e do seu jeito Image de ser.


Mas voltando ao assunto, após uma breve consulta aos Fodões da Marvel - - Tony Stark e os Novos Vingadores recebem sinal verde para futucar o vespeiro do Sentinela, obviamente com direito a um reforcinho básico - .

Após uma certa relutância - - o "Caso Sentinela" acaba sendo resolvido e todas as pontas soltas de sua existência são amarradas com eficiência ímpar - que, como se fosse um buraco negro de pura catarse, emulou The Sentry, Paul Jenkins e a Essência do Herói e os cuspiu de volta, em um único organismo, expurgado, pronto para (re)começar. Pedala Bendis!

Depois do estrondoso arco anterior, a edição #11 começa bem soturna. Marca justamente a introdução do personagem Ronin.


A parada é a seguinte: no rastro do foragido Keniuchio Harada (o vilão mutante Samurai de Prata), os Novos Vingadores tentam impedir que o meliante reassuma sua antiga posição no Japão, como senhor do Clã Yashida. Após uma negativa de cooperação por parte de Matt Murdock (mais uma), a equipe acaba recebendo o suporte de Ronin, por indicação do próprio Matt. Na verdade, a razão de ser desse arco é retomar a conspiração que Bendis vem desfiando, e que envolve a banda podre da SHIELD e agentes infiltrados da Hydra.

Por falar nisso, aqui David Finch retorna ao traço e faz da Madame Hydra quase a irmã gêmea da Aphrodite IX (personagem que ele criou e desenhou anos atrás), confira aqui.

Ao final, mais duas deixas para as próximas edições. Uma é a Jessica Drew revelando ter o (lindo) rabo preso com as forças "do lado de lá" e o mistério em torno da identidade do Ronin - que rende um comentário simplesmente impagável do Aranha. Sobre isto, uma constatação spoilerosa logo abaixo. Marque para ler (acho meio difícil alguém que esteja lendo não saber de quem se trata, mas...).

Ronin é Maya Lopez, copycat de artes marciais e outra ex-comida do Demolidor Matt Murdock. Não sei se ela vai continuar se chamando "Ronin", visto que é mais conhecida como Eco. Aliás, o uniforme que ela está usando lembra muito aquele mais recente do Pantera Negra. De qualquer modo, fiquei meio surpreso com a fisionomia européia/caucasiana da moça. Clique aqui pra comparar a concepção dela nas artes de David Mack e David Finch (se bem que é até covardia comparar o Finch com o Mack... são iguais só no primeiro nome mesmo).


Chega a última edição, a #14, e o chow começa já nos créditos. O homem, o mito, Frank Cho assume os desenhos! Sabe o que isto significa? Sabe o que isto significa?? Significa isto, isto, isto, isto e, por Deus, até isto aqui. Só o Cho-san tem moral pra fazer aquelas splash pages totalmente gratuitas com direito a assinatura no cantinho da página (Cho nº1... Cho nº2...). Apreciar a arte desse rapaz é tão relaxante, que até um puta errão de continuidade parece bobagem (no finalzinho da edição #13, Cap está de uniforme e Jessica Drew de jaqueta vermelha, mas no início da #14 eles... resumindo, foi assim, mas o Cho pode, ele tem regalias para o tanto que nos proporciona!).

Aaaah, tem a história também...

Cap coloca Jessica contra a parede, e ela explica sua situação de agente dupla por acidente. Aparentemente, a Hydra a coagiu a trabalhar como espiã infiltrada na SHIELD. Ela acabou revelando o esquema para Nick Fury, que recomendou que ela fizesse o serviço de mão dupla, assim ele poderia saber dos passos da Hydra. Mas ninguém poderia saber do trato, só os dois, caso contrário ambos ficariam expostos. O problema é que Fury encontra-se foragido da SHIELD (na verdade, ele foi traído lá dentro, numa puxada de tapete digna da UCT, da série 24 Hs). Agora, os heróis têm de desvendar a conspiração que está apodrecendo os alicerces da SHIELD, enquanto cedem de vez à pressão da opinião pública, que quer saber quem são esses "Novos Vingadores".

Ainda há muitas nuances a serem delineadas em The New Avengers. Wolverine não assumiu uma posição de membro fixo, apesar de ter participado de tudo até agora (rendendo uma divergência de opiniões muito bacana entre Cap e Stark). A presença do "Ronin" ainda é incerta. Cap, por sua vez, ainda não desistiu de recrutar o Demolidor. E o Sentinela está arriscando os primeiros passos, construindo um perfil. Lentamente, diga-se de passagem. Não deverá ser fácil se sobressair em meio a medalhões editoriais e líderes de bilheteria. Mas é Bendis quem está no manche. Nas mãos dele, cada edição de The New Avengers parece um evento.

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quarta-feira, 30 de março de 2005

AS TOCAS DO CARCAJU

Os points onde Wolverine anda bombando


MARVEL KNIGHTS WOLVERINE - ENEMY OF THE STATE


"(...) se fosse feito no cinema custaria 300 milhões de dólares". Palavras de Mark Millar. E se fosse filme mesmo, valeria o ingresso: Wolverine pinta o diabo no acachapante arco Enemy of the State! Finalmente, após anos de desperdício e hiper-exposição mal conduzida, conseguiram revitalizar a baleada imagem do baixinho canadense. Logan voltou a ser aquele assassino frio, violento e impiedoso, como nos velhos tempos - e bota velho nisso... desde as antológicas Arma X e Fusão pra ser exato (muito bem lembrado pelo Luwig-X).

Há tempos sendo empurrado com uma hesitação frustrante, o personagem precisava urgentemente de uma reciclagem conceitual. Ou melhor, de um resgate conceitual, pois não havia nada de errado com ele, e sim com seus escritores (seguindo a máxima do Alan Moore). Era um trabalhinho sob medida pra um Garth Ennis ou uma Ann Nocenti da vida. Mas os deuses foram generosos e nos enviaram Mark Millar e o grande John Romita Jr...


Enemy of the State estreou na edição #20 da revista Wolverine e foi até a #25. A história segue velhos padrões do tema ação/espionagem, só que é tudo tão bem sacado e reaproveitado que chega a ser emocionante (snif). Começa com Wolvie indo ajudar um velho amigo, mas acaba sendo capturado em uma operação conjunta do Tentáculo com a Hydra. Meses depois, abandonado em estado moribundo, ele é localizado e acolhido pela SHIELD. O que eles não sabem é que Logan sofreu uma lavagem cerebral séria e vai "fazer o que sabe melhor" em larga escala. Wolvie mata muita gente, vai atrás de outros super-heróis e se torna o terrorista mais temido dos EUA.

O mais legal é que o mutante exibe aqui aquela mesma "competência" (para muitos, "onipotência") que leva os leitores à loucura, mas a diferença é que todas as suas façanhas são niveladas por uma estratégia crível e funcional. Wolvie não ganha todas as lutas aqui, só as que importam. E mesmo essa margem de derrota já havia sido previamente calculada por ele. O resultado é ótimo, sempre com um clima tenso antes de cada pancadaria. Mal comparando, ele lembra um Jason Bourne com garras e esqueleto de adamantium.


Mas a cereja acaba sendo os super-encontrões. Wolvie não enfrenta o Universo Marvel inteiro, como foi exagerado por aí, mas seus pegas com Elektra, Quarteto Fantástico, Demolidor e os X-Men são altamente empolgantes. Certas cenas parecem saídas de um filme de suspense - o clima que precede a luta contra Elektra e a invasão do Edifício Baxter - ou de um filme de Tarantino ainda com os sabres de Kill Bill branindo na cabeça - o ataque dos ninjas no cemitério e na eletrizante seqüência no apê de Matt Murdock.

Outra coisa... não seria tão bom se os vilões fossem caricatos ou apenas medianos. Mark Millar deu uma nova cara à Hydra, que deixou de ser aquele amontoado de stunts vestidos de verde, e virou um tecno-culto satânico e assustador. Elsbeth von Strucker é uma vilã adoravelmente cruel e seus cortes no Barão Strucker são sarcásticos e geniais. Mas o vilão Gorgon é foda ao extremo. Mutante e um mestre nas artes marciais (lutador de primeiríssimo nível... leia e fique pasmo com a moral do cara), ele tem o poder de petrificar as pessoas apenas com o olhar.

Mark Millar e John Romita Jr trabalhando juntos em Wolverine... Imperdível. Mal posso esperar pela próxima edição.


X-MEN: AGE OF APOCALYPSE - 10th ANNIVERSARY


Como o nome já entrega, a continuação de A Era do Apocalypse é tão somente uma mini comemorativa dos dez anos da série. Mas será só isso? Sim e não. Obviamente que o vilão cavernoso do título não dá as caras (apesar de aparecer nos spots de divulgação), e aquele clima, hã, apocalíptico da série original não tem mais razão de ser. A questão básica é saber se essa nova incursão elseworld consegue se sustentar qualitativamente, tendo em vista a sua natureza caça-níqueis (oh yeah... não se engane, isso aqui é um caça-níqueis que deveria vir até com um selo de extorsão grampeado). Pode não ser uma HQ que vá fazer história, mas que tem a sua utilidade prática, isso tem.

A verdade é que a série original deixou uma porção mais um punhado de pontas soltas lá pra trás. Aquele final abrupto, ao melhor estilo "uma realidade chegando ao fim", foi muito omisso quanto ao destino da maioria dos personagens e de várias situações em andamento. E a continuação responde a todas as perguntas? Bem... estamos na quarta das seis edições programadas e até agora só uns 30% das questões pendentes foram esclarecidas. Então o lance é relaxar e curtir, afinal... isso é uma festa de aniversário.

A história (re)começa 1 ano depois da queda do tirânico Apocalypse. O planeta ainda está em reconstrução e células de mutantes renegados ainda aterrorizam o mundo livre. Para assegurar o bem da civilização, Magneto reforma os X-Men como um grupo de ação anti-terrorista, totalmente apoiado pelo governo dos Estados Unidos. A line-up principal é Vampira, Mercúrio, Solaris, Tempestade, Samurai de Prata, Gambit, Noturno, Rahne, X-23 e Wolverine, ex-recluso, maneta e cínico como sempre. O que se segue é uma caça às bruxas que acaba mexendo em velhas feridas e desavenças, com algumas surpresas no decorrer do processo. Algumas muito previsíveis e outras até inesperadas, eu diria.


Mesmo sem grandes vilões, como o psicopata Holocausto e o prelado Rasputin, a história vai se mantendo com combates ágeis, mas sem aquele ar de "perigo" que marcou a série original. Wolverine participa de forma cool e mantém a energia de sempre, mas a personagem mais bacana é a X-23, disparada. Não sei como ela se sai na cronologia normal (me parece que ela é nativa da animação X-Men: Evolution), mas aqui a garota funciona primorosamente bem. Faz aparições esporádicas, mas importantes, e protagonizou as melhores seqüências da história até agora. Achei a personagem muito promissora e, por conta disso, vou correr atrás da sua HQ solo que foi lançada recentemente.

O roteiro de Akira Yoshida faz o que pode numa série que não arrisca muito e só se compromete a aparar pontas soltas. Os diálogos são espertos, apesar de muito parecidos com os do X-Men Ultimate do Mark Millar. E um destaque meio esquisito vai para o Chris Bachalo. Ele ainda tem a mania de criar explosões visuais um tanto confusas, e de ficar a meio passo de 'cartoonizar' a fisionomia dos personagens. Aqui ele vai ainda mais fundo e quase abraça de vez o estilão mangá. Apesar disso não me agradar (pois soa menos natural pra ele do que pra um Adam Warren, p.ex.), pessoalmente ainda curto o seu trabalho. Devo ter me acostumado. Mas o capacete do Magneto continua horrível. Muito.

A propósito... ainda sobrou um grande vilão sim. O Sr. Sinistro está vivo e atuante, mas ainda não deu as caras. Mas pelo finalzinho da última edição, ele deve voltar com tudo e mais um pouco nos últimos capítulos.


E agora, antes de mais nada...


...talvez uma próxima coelhinha?



THE NEW AVENGERS


A revista The News Avengers chega a sua quarta edição ainda com um clima todo cuidadoso no ar. O grande Brian Michael Bendis não quer arriscar uma pisada no tomate e aos poucos vai concretizando um velho sonho dos sofridos marvetes: um supergrupo tão coeso e emblemático quanto a Liga da Justiça. Tudo bem, eu também gostava dos velhos Vingadores de Jim Shooter e dos recentes de Geoff Johns, mas o problema aí era a tralha narrativa que foi se acumulando com o passar dos anos (e com a troca de escritores). Sucessivas conspirações governamentais, burocracias administrativas e complicações de marketing (!!) deixaram o principal grupo da Marvel com cara de repartição pública. Nada a ver com a postura de "defensores da liberdade" que se espera de uma super-equipe. Lembro de quando eles enfrentaram os perigosos Exemplares sob a vaia do público (o mesmo público que eles foram proteger). Deprimente.

O ato inicial, que tomou as três primeiras edições, começou seis meses após os eventos estarrecedores de Disassembled. Max Dillon, o Electro, foi contratado para sabotar uma instalação de segurança máxima para super-vilões. Talvez meio "poderoso demais", Electro cumpre seu objetivo sem maiores problemas, e assim tem início uma violenta rebelião super-vilânica. Rapidamente um grupo de heróis en passant se forma para conter o motim: Mulher-Aranha, Matt Murdock, Luke Cage, Homem-Aranha, Capitão América, Homem de Ferro e o misterioso Sentinela, que se encontrava preso voluntariamente.


Mesmo com esses peso-pesados as coisas não saem às mil maravilhas: quarenta e dois presidiários super-poderosos conseguem escapar, o que é garantia de trabalho pesado por um bom tempo (e assim Bendis já tem o seu pretexto). Com isso tudo, o Capitão América acaba sentindo novamente o gosto de liderar uma equipe em situações-limite. Durante uma conversa com o Homem de Ferro ele propõe a criação de um novo time, dessa vez sem as amarras e a politicagem que assolava a antiga formação dos Vingadores. Um grupo independente, freelancer e auto-financiado (sem salários!), com o único objetivo de resolver problemões fora da alçada convencional. The Avengers Privatizated.

Logo em seguida, o Capitão sai atrás dos heróis que seguraram as ondas no presídio. Todos concordam, menos o Demolidor, que, apesar de balançado, ficou de pensar. Outro sondado foi o caladão Robert Reynolds, o Sentinela. Mas seu background ainda é extremamente nebuloso. Nada se sabe do que aconteceu com ele após a ótima mini Sentry - O Sentinela, apenas que ele é suspeito de matar a esposa e que é considerado por Reed Richards como o ser mais poderoso da Terra. Pela facilidade absurda com que ele destroçou o Carnificina no espaço... foi até engraçado quando o Aranha o confundiu com o Thor.


A próxima aquisição da nova equipe virá nas próximas edições. Investigando os acontecimentos da super-prisão, os novos Vingadores vão até a Terra Selvagem atrás de um suspeito. Lá eles se encontram ninguém menos que - adivinha - Wolverine, aparentemente com um mal-humor de tiranossauro. O problema é que o tal suspeito (e foda-se o SPOILER) é o Sauron, aquele homem-pterodáctilo que controla mentes e que já deu muito trabalho para os X-Men. E pela recepção nada afável do mutante canadense - ainda mais com a gracinha da Jessica Drew! - eu diria que ele está totalmente fora de controle. Uma constante...

The New Avengers segue com passos calculados, ótimos diálogos (os do Aranha já começaram a pegar no tranco), situações de rotina inusitada para os personagens, e um inequívoco ar de liberdade criativa - durante a violenta rebelião no presídio, o Aranha é espancado e tem o braço quebrado, e o nigga Luke Cage quase mata um dos vilões.

Apesar dos traços de David Finch pertencerem a "escola Jim Lee de inexpressão", eles são inegavelmente grandiloqüentes nas horas certas e privilegiam ângulos de tirar o fôlego. Seu estilo é bem "cinematográfico" por assim dizer, e aqui isso é muito bem-vindo.

Sem contar que ele sabe desenhar mulheres muito, muito bem... pô, ele é o mesmo cara que desenhou a HQ da Aphrodite IX, for God sake! :)


dogg, tomando café e ouvindo a lindona The Pass, do Rush - por sinal, uma banda canadense... Canadá rulz! :P

quinta-feira, 9 de dezembro de 2004

Antes de mais nada...


Ok, acho que isso é tudo. Agora podemos começar...


NEW KIDS ON THE ROCK


Eis que finalmente o aguardado (por mim, pelo menos) The New Avengers #1 dá o ar da graça. Mas eu sou um sujeito esperto. Eu sabia que a carroça não ia descer a ladeira já na estréia. Sabia que essa capa ultra-mega-divulgada, desenhada pelo próprio David Finch, antecipava bastante algo que ainda ia demorar mais um tanto pra acontecer. E que, no início, Brian Michael Bendis iria se fazer de mulher difícil. As coisas ainda estão cobertas com uma névoa bem espessa que, aos poucos, vai se dissipando. Aquele negócio... resgate de personagens pra lá de secundários e/ou esquecidos (faltaram o Homem-Máquina, Paladino e Nômade), uma trama misteriosa e ainda por se desenvolver e, principalmente, um total deslocamento do leitor sobre o que andou rolando desde aquele genial "quem-matou-Odete-Roithmann", que foi Avengers Disassembled.

Depois do circo armado por Wanda Quebra-Barraco, no finalzinho de Disassembled, os Vingadores estavam um caco física e emocionalmente. Três de seus colegas foram pro Val-Vala: Gavião Arqueiro, Homem-Formiga (e eu achava que era ele!) e Visão, o andróide andrógino. Já aquele congresso marvete de super-heróis que se formou, logo deu linha. Só ficou mesmo o Jarvis pra limpar a bagunça.


Corta pra seis meses depois. Jessica Drew (a venerável Mulher-Aranha) agora é funcionária pública, e trabalha para a SHIELD. Jessica faz o papel de ciccerone para Matt Murdock (o Demolidor), Foggy Nelson (o Foggy) e do pára-quedista Luke Cage, durante uma visita à prisão de segurança máxima da Ilha Ryker (espécie de Gulag/Alcatraz destinado a segurar bandidos com super-poderes).

E é claro que tudo começa a dar errado quando eles estão lá. Um Electro absolutamente over-powered liberta grande parte dos prisioneiros. Não demora muito e logo o Capitão América aparece no faro - e o Homem-Aranha também... de penetra, como sempre. Ao final, temos o primeiro vislumbre da maior incógnita da nova formação: Robert Reynolds (quem?!), ninguém menos que o famoso Sentinela (quem?!?!), que parece ter saído direto do elenco de O Conde de Monte Cristo.


A narrativa de Bendis está cada vez mais cinematográfica. Espertamente, ele coloca dois eventos (ou mais) ocorrendo em tempo real, aumentando ainda mais a tensão. E ainda é zeloso com os detalhes. Pra amenizar um pouco a presença irrelugar de Luke Cage, por exemplo, ele utiliza um antigo inimigo que está preso. Outro exemplo, é no envolvimento do Aranha. Ele não aparece simplesmente no meio da ação, como tantas vezes já aconteceu. Muito pelo contrário. O Aranha tem dificuldades até em chegar na prisão, que fica no meio da baía de Manhattan.

Já o traço de Finch, tem melhorado ainda mais. "Como 'ainda mais'?", você, fãzão do cara, me pergunta. Finch sempre foi fraco em se tratando de expressões faciais (doença Jim Leeana que atinge 90% dos desenhistas atualmente), sempre sisudas e fechadas. Mas ele tem maneirado bastante. E há também grandiloqüência aqui. Bastante. Panorâmicas de encher os olhos, explosões gigantescas, e o uso inteligente de perspectiva (técnica há muito esquecida), como nessa imagem aí embaixo.


Uma coisa é inegável... A linha adotada em New Avengers está muito próxima do que Mark Millar e Bryan Hitch fizeram em Os Supremos. Isso não é necessariamente uma coisa ruim, mas pode abrir um precedente inédito a longo prazo. O contexto proposto é bem mais realístico do que se espera de uma HQ em sua cronologia normal. Resta saber que tipo de influência uma abordagem desse tipo terá nesse novo e promissor universo dos Vingadores.

Mas ainda é cedo pra afirmar qualquer coisa... esse é o nº1 apenas! E detalhe... anda vendendo como pãozinho quente lá fora. Quesada deve estar com câimbra na cara, de tanto rir.


"O GRANDIOSO GUARDIÃO DA GLÓRIA!"



Esse é Robert "Bob" Reynolds, o Sentinela, atual "super-herói-mais-poderoso-de-todo-o-Universo-Marvel". Pelo que eu andei notando por aí, muita gente conhece de pouco a nada sobre o herói. E isso é bastante compreensível, visto que o universo do personagem é tão especulado quanto desconhecido. Não se sabe ao certo onde termina a verdade e onde começa a boataria. Antes de mais nada, é imprescindível uma sessão básica de Sentry - O Sentinela, escrito por Paul Jenkins e desenhado pelo grande Jae Lee (repetindo: JAE Lee). Lá, você vai saber o suficiente para apresentar até uma monografia sobre o herói.

Lançado em setembro de 2000 nos EUA, o personagem foi objeto de uma marketagem filha da puta do editor-chefe-canastrão da Marvel, Joe Quesada. O herói foi criado no início dos anos 90 por Jenkins, que durante anos bateu às portas da DC e da própria Marvel para apresentar o projeto, sem sucesso. Resumindo a história, em 1999, a mesma dupla Jenkins/Lee levou o cobiçado prêmio Eisner Award, pela mini-série Inumanos. Com a moral lá em cima, logo eles foram chamados para desenvolver "aquele outro projeto". Mas pra garantir o retorno, o guloso Quesada não mediu esforços e meteu o seu dedão sujo no bolo. Iniciou uma campanha intensiva de informações falsas, dando conta de que o personagem Sentinela foi criado por Stan Lee e Artie Rosen em 1961. Ou seja, antes mesmo da criação do Quarteto Fantástico, o que faria do Sentinela o super-herói da história da Marvel. O engodo teve participação até da badalada Wizard, que em sua edição #103 divulgou uma nota de falecimento do "grande" Artie Rosen. Em tempo: Rosen sequer existe.

No final das contas, Sentry foi um sucesso retumbante. Isso, graças à massa de fanboys secos pela possibilidade de degustar uma obra raríssima do sanssei Stan Lee. Tudo está detalhado na edição nacional de Sentry. Como diriam alguns, "timing é tudo"... e como diria o Quesada, "criar timings é tudo e mais um pouco".


O herói, na Fase de Ouro e na Fase Bagaceira...


Amargando um Bangu I e agora, bombando...


Um pouco de déja-vu pra quem costuma passar por aqui. O Sentinela, além de ser uma enorme incógnita, é também mais um Superman referencial. Pouco se sabe da real extensão de seus poderes, mas o B.O. oficial diz o seguinte... vôo, superforça extrema, super-velocidade, invulnerabilidade, sobrevivência no vácuo e, pra variar um pouco, capacidade de criar, manipular e refratar a luz. Outra característica é que cada átomo do seu corpo avança além do tempo presente, o que lhe proporciona um estado de "hiperconsciência" - o que sinceramente, não faço a mínima idéia do que significa. Não raro, é chamado de deus, onipotente e imortal. É considerado por Reed Richards como o ser mais poderoso da Terra. E por último, seus poderes são reenergizados pelo Sol (aí pegaram pesado). Tudo isso graças à um insuspeito super-soro. Pra quem ainda tinha dúvidas a respeito do novo padrão "JLA" dos Vingadores, a Inês acabou de ser morta a travesseiradas.

O Sentinela será o futuro líder da equipe, jogando o baleado Steve Rogers pra escanteio? Com que explicação o Bendis se sairá, visto a forma como termina Sentry? O quê diabos foi aquilo que o Murdock afirmou sobre o Sentinela, ao final de NA #1? Com o retorno do herói, os "problemas" vistos na mini-série também retornarão? Perguntas... perguntas...


DUAS RAPIDINHAS NO DRIVE-IN


Quem acompanhou as duas últimas edições de O Incrível Hulk, já sabe que o seboso Carl "Crusher" Creel, vulgo Homem-Absorvente, desenvolveu um novo poder. Creel agora tem a capacidade de transmigrar a sua consciência para outros corpos e se impor nestes como dominante. Em apenas duas edições (#9 e #10), ele já fez um belo estrago com essa nova habilidade. O detalhe é que Creel nem saiu do lugar, pois se encontra detido numa prisão especial.

Na hora, lembrei de Edgar Reese, assassino psicopata interpretado por Elias Koteas, no ótimo Possuídos (Fallen, 1998). Reese estava no corredor da morte e mesmo assim mantinha um sarcasmo pra lá de ameaçador, pois sabia que aquilo não era o fim, mas o começo... Na verdade, ele estava possuído pelo demônio Azazel, cuja velocidade de possessão faz inveja ao Pazuzu, de O Exorcista. Ele é uma entidade "saltadora", que pula de corpo para corpo em progressão geométrica. Lembra tanto o mutante Proteus em sua versão ultimate, quanto a nova concepção do jurássico Homem-Absorvente. A diferença é que o supervilão está na revista do Hulk, que é o Cadillac das entidades incorporadoras. E repara bem para a foto do Reese, ao lado... é ou não é a cara do Creel?!

E como diria Mick Jagger... "Tiiiime is on my side... yes it is..."

Cara, sério mesmo... Muitos não curtem, e eu entendo o motivo perfeitamente, mas o ex-marvete Bruce Jones fez um trabalho irretocável na revista - mesmo alçando o Gigante Esmeralda à mera condição de coadjuvante.

Próxima!

Não sou telepata, mas garanto que o Tony Stark aí está pensando "ufa, quase que me ferro". Um boato recente afirmou que aquele guri que trepa com Britney Spears seria o Homem de Ferro, no vindouro filme a ser dirigido por Nick Cassavetes. Mas antes que Stark pudesse dizer "garçom!", o rumor foi desmentido. Graças a Deus.

E por falar nisso, que fim levou aquela fixação de Tom Cruise pelo papel do Vingador Dourado? Ele pode até não ser lá a encarnação viva do Tony, mas, pelo menos, é bom ator e seria uma espécie de seguro para a adaptação - Cruise dificilmente embarca em furadas.

A propósito, quando eu era um jovem padawan marvete, achava o Tom Selleck, da época do seriado Magnum, a cara do Tony. O ar mulherengo, bon-vivant e playboy era igualzinho. E além de parrudão, o cara já tinha até o famoso bigode. Sem contar que ele se dava muito bem com equipamentos escarlates...

"Higgins...! Cadê as chaves da Ferrari?!" :P


dogg, ouvindo direto Recipe 4 Hate e Stranger Than Fiction, do Bad Religion... não pude ir ao show. Merda.


Anexo 10/12:

Logo no fim da quinta-feira, duas pauladas. A primeira é sobre mais um absurdo ocorrido no dito mundo "civilizado". Dimebag Darrell, guitarrista eternizado pelo seu trabalho no Pantera, foi covardemente assassinado durante um show do Damageplan, a sua banda atual, na quarta-feira última (dia 8/12). O assassino chama-se Nathan Gale, de 25 anos, e foi morto pela polícia logo após disparar 4 tiros no músico, ferir o baterista Vinnie Paul e matar mais 2 pessoas da platéia (Nathan Bray e Erin Halk). Também houve uma 5ª vítima, ainda não identificada.

A tragédia infelizmente não se trata de um caso isolado. Não é apenas por Dimebag, mas por todas as pessoas que foram vitimadas por essa violência desenfreada, ampliada ainda mais pelo comércio indiscriminado de armas de fogo. E essa é uma lista imensa, que vai de Dimebag até Sabotage e Marcelo Yuka, passando por milhares de pessoas e famílias literalmente destruídas num piscar de olhos.

Um episódio triste, ocorrido no mesmo dia da morte de John Lennon, há 24 anos atrás - também assassinado por um louco armado. Que Deus nos ajude.

Pra fechar, uma notícia até certo ponto melancólica. O Alcofa está pendurando o escudo do Capitão Ultimate. Ele é um dos caras mais autênticos a escrever na web, e que eu sempre admirei pela sua total desencanação. O bom de ler os seus textos - além do gosto por rock'n'roll e HQs - é a sensação de indiscutível honestidade que eles transmitem. E isso é uma coisa muito difícil de encontrar por aí.

Pelo menos existe um lado positivo. Em seu "último" post, ele prenuncia grandes - e ótimas! - mudanças em sua vida pessoal, o que é sempre uma boa notícia. E se dar um tempo no blog faz parte do processo, que seja!

Muito sucesso e grandes conquistas pra você, cara. Vai lá que você merece! :)