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terça-feira, 2 de março de 2021

A Liberdade é Azul e a Feiticeira é Escarlate


Penúltimo episódio de WandaVision, "Previously On" reitera – senão supera – as previsões mais otimistas da Marvel Studios. Uma série adaptando um calhamaço crono(i)lógico complexinho e o romance sintozófilo da Wanda Maximoff com o Visão não era dos materiais mais palatáveis. Mas foi mastigado e cuspido com sucesso na testa dos públicos nerd, pseudonerd e nem um pouco nerd. Mesmo turbinado pelo fator Ultimato, o hype semanal assombroso de WandaVision é uma vitória contra as, arram, probabilidades.

E como recap, foi um bom episódio – mas nada que supere a geral da própria Elizabeth, em carne e Olsen. Adorável.

Claro que rolaram uns vácuos: sem gene X ou efetivação do Pietro que vale e tampouco do fantástico Quarteto. Mas acima dos desperdícios de timing, toda semana tivemos passe livre pra ver Elizabeth Olsen e Paul Bettany trabalhando. E que pintura de trabalho. Um privilégio ver esses dois em cena.

Dissecar a competência da dupla é chover no molhado: são mais atores do que a Marvel precisava ou mesmo merecia. A química do casal neste episódio em particular foi tão intensa que metade do set deve ter morrido intoxicada. Foram muito além das bem-traçadas linhas do roteiro da Laura Donney.

E, pelo amor de Sidney Sheldon, o que foi aquela punchline?

"Eu nunca vivenciei a perda porque nunca tive uma pessoa amada para perder. Mas o que é o luto senão o amor que perdura?"

Dito da forma errada, poderia facilmente ter saído de uma letra do Ritchie. Mas Olsen & Bettany conferem dor, profundidade, amargura e trágica cumplicidade à cena. Por sinal, uma das mais bonitas e bem compostas dos últimos tempos.

Vindo de alguém que tem experimentado o luto em doses cada vez menos esparsas (já comentei que moro na casa dos 40?), pode considerar que, sim, é um puta elogio. Então, reverbero perfeitamente o momento em que Wanda recria tudo o que aliviará sua dor num momento de violenta catarse – não por acaso, dramatizada e enquadrada como se fosse uma cena visceral de um trabalho de parto. Conceitos Cronenberg-Lynchianos operando incógnitos abaixo de incontáveis camadas DisneyPlusísticas. Eu vi isso, Matt Shakman e Jacqueline Schaeffer.

Ali, para qualquer cascudo no assunto, foi impossível não lembrar de outro aspecto do luto, ainda mais sorrateiro e perigoso: a entrega. Isso foi explorado também no terreno do drama/fantasia em Amor Além da Vida, do sumido diretor Vincent Ward (de Navigator: Uma Odisséia no Tempo). Um filmaço, por sinal.


Sem entrar em spoilers, em dado momento do longa, o personagem do saudoso Robin Williams precisa salvar a esposa, irremediavelmente trancada e inacessível dentro da dor da perda. Provavelmente a alegoria fantástica mais depressiva e realista já filmada.


Uma jornada que já apresentava uma outra dimensão das palavras do nosso sintozóide favorito.

Por mim, a parada já está ganha bem antes do tempo regulamentar. Que venham o series finale, Multiversos e além...


Atualização 6/3/21:

Nossa, fera. Foi... decepcionante. Esperava Cumberbatch, saí cum belo banho de água fria.

domingo, 17 de janeiro de 2021

As Feiticeiras


Adorei a dobradinha inicial de WandaVision. Normal: sempre fui louco pelo seriado A Feiticeira. Tenho todos os episódios guardados no coração e no HD. Portanto, foi uma surpresaça ver que o início da vidinha idílica de Wanda❤️Visão foi inspirada nela. E não é à toa que estão pipocando reclamações da millennialzada. Certamente não curtiram o lance do faux-vintage sitcom – ou sequer sacaram. Com claque então? Devem ter achado que foi algum vazamento bizarro na edição de som.

Uma pena, porque a paciência é uma virtude. Como boa viúva do Homem Chavão, faço questão de estabelecer o óbvio. É tudo obra da cabecinha transtornada da Wanda pós-Ultimato, ainda atormentada pela morte de seu querido Visão pelos dedões do Thanos.

E o principal, será um grande passo para seus poderes no cinema (telecinese?) evoluírem para os territórios muito mais interessantes dos quadrinhos (manipulação de probabilidades, realidade, tempo, espaço, tiara, etc). E que ainda poderão agregar uma série de desdobramentos que vão do famoso Desmonte até excursões pelos trocentos universos alternativos da Marvel Comics.

Já comentei isso antes, pô. Vale ou não a espera?

Como audácia final, a desenvoltura cênica absurda da dupla Elizabeth Olsen e Paul Bettany quase envergando a telinha daquele microverso sitcom me lembrou o experimento minimalista/black box theater de Dogville (com o próprio Bettany). Pronto, escrevi.

Agora posso dormir e, talvez, sonhar com melhores probabilidades para o futuro...

terça-feira, 22 de setembro de 2020

A gata de Schrödinger

Trailer de WandaVision em todos os lugares e aumentando diametralmente as probabilidades de uma boa série no horizonte.


Ou estaríamos todos na seca (e menos exigentes) após nove meses mergulhando de nariz nesse 2020 inesquecível? 50/50 se acotovelando quanticamente dentro da caixa.

Mas nota-se que a Disney+ não teve medo de esgarçar o bolso: a produção parece coisa de cinema, coisa linda, bem como o pano de fundo – basicamente, Pleasantville e A Rosa Púrpura do Cairo se entrelaçando na tela. E se o recurso Back to the Golden Age não é exatamente novidade (mesmo sendo bem vinda a revitalização), tampouco a resolução provável da equação Mas-o-Visão-não-foi-defenestrado-pelo-Thanos-em-Guerra-Infinita-pô?. Mole pra qualquer sommelier marvete de longa data:

Será tudo culpa da Wanda.

Com a real extensão dos seus poderes malandramente evitada nas produções da Marvel Studios, é quase certo que WandaVision trará sua capacidade de alteração de probabilidade, realidade, matéria e tempo at full throttle. E voilá, tá aí nossa geradora delivery de realidades alternativas.

Então, nada mais oportuno que me adiantar e mandar um daqueles textos for idiodummies que pipocarão por toda a internet ao fim da série, tipo "WANDAVISION: ENTENDA" ou "FINAL DE WANDAVISION EXPLICADO!". Que a Felicia Hardy me coma se um dia não bombo essa bagaça aqui.

Normalmente, recorreria a algum excerto clássico, mas como Agatha Harkness parecia mais interessada em transformar a Wanda no Mickey de Fantasia, é melhor buscar a nossa modelo de oráculo em outra realidade. No caso, na Terra 31916, com a Srta. Arcanna Jones.


Mais simples que isso, só desenhando igual ao Liefeld.

Em pese o fato de que a própria Arcanna pareça uma Garota Maravilha® de outra realidade, essa opção quântica deve cobrir as possíveis inconsistências que estarão em WandaVision – mais umas raspinhas de Visão do Tom King aqui e acolá – e, de quebra, irá reintroduzir o andróide, ou melhor, sintozóide à ordem do dia.

Além disso, o céu é o limite. Wanda ainda nem foi apresentada às delícias da supergravidez psicológica. E as mutações que estirpará em massa num dos futuros alternativos do MCU. Sem querer menosprezar a série, mas esses sim, serão verdadeiros wandalismos!

Mas o que sei eu. Ainda estou tentando decodificar as desventuras do casal Wisão (eu shippo) naqueles escalafobéticos formatinhos da Abril.


Sério, que cogumelos ingeriram Steve Englehart e Bill Mantlo?

Parece que foram para a Montanha Wundagore, se jogaram numa rave da DJ Bova (também parteira nas horas vagas), tiveram uma bad trip de ácido e mezcal com verme matrixiano no fundo da garrafa e saíram de lá balbuciando "Eu vejo Sem-Mentes" enquanto rolavam pela encosta.

Hmm... que dia acaba a quarentena mesmo?

WandaVision estreia em 27 de novembro. Há uma grande probabilidade, pelo menos.

quinta-feira, 5 de março de 2015

O verdadeiro desafio de Whedon será fugir de seus próprios clichês


O novo trailer de Vingadores: Era de Ultron está sendo recebido com honras de chefe de estado nerdsfera afora. Não é pra menos. Joss Whedon está colhendo cada fruto plantado no divertido e eficiente Os Vingadores, de 2012. A ação e a interação entre arquétipos (e atores, e escolas) tão díspares foram estruturadas de maneira plenamente funcional e pop.

Assim como na prévia anterior, essa despeja competência e profissionalismo no quesito aventura. Teremos Hulk versus Hulkbuster, Mercúrio atropelando Cap em mach-5, mais uma pose "Avante Vingadores!" pra galeria, Ultron e muitos, mas muitos Ultrons. Daí uma sensação de déjà vu quase fulminante me acordou do transe: Whedon parece estar seguindo à risca a cartilha do bigger, faster & stronger das continuações hollywoodianas.

Sai Thor, entra o Homem de Ferro no UFGama, Mercúrio numa cena análoga ao do Mercúrio de X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, explosões mil, Nick Fury engessado em sua nova função de mentor extra-oficial, Robert Downey Jr. perdendo o brilho e o tesão a olhos vistos e o que periga ser a framboesa desse bolo: o exército de Ultrons.

Provavelmente interligados numa consciência-colméia gerenciada pelo Ultron original e sujeitos à mesma fraqueza do exército Chitauri do 1º filme, requentada do exército alien-cyborg da bomba Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles - destrói-se a fonte e os demais caem como um castelo de cartas. Deus ex machina nas máquinas mais uma vez?

E falando em máquinas, porque o Visão está sendo tão preservado? Algum pé atrás?

Whedon já comentou sobre o trabalho absurdamente extenuante que teve para coordernar o circo todo. Tomara que não a um preço comprometedor...