O Exterminador do Futuro: A Salvação é o filme mais importante da série. O maior clímax da saga desde a sua criação e toda a sua razão de ser. Em tese. Narrativamente, é ao redor de Salvação que os eventos dos capítulos anteriores foram estruturados. Todos os conceitos criados por James Cameron, junto com Gale Anne Hurd: o cenário de pesadelo apocalíptico, exterminadores e hunter killers esterilizando o planeta, a raça humana à beira da extinção e o último foco de resistência encontrando na figura de John Connor o seu messias. É a Caixa de Pandora da série, enfim escancarada.
Além disso, é o período onde todos os deslocamentos temporais convergem na forma de pontos de origem - com todas as motivações e situações tão citadas e nunca mostradas atreladas a cada viagem. Mas, o mais importante, é onde o loop/anomalia se inicia. Se John e Sarah Connor tivessem realmente salvo o mundo de uma guerra em T2, eles estariam condenando a existência de John, visto que seu pai veio daquele futuro caótico. Estava na cara o tempo todo: enquanto John Connor existisse, haveria guerra*.
* pra manter a conversa num nível são, vou pular o Gato de Schrödinger, altamente aplicável neste caso. Mas as pirações estão liberadas nos comentários.
Em geral, o ponto zero desses loops temporais é muito difícil de detectar, já que inverte todos os princípios da causalidade. Eu bem que já tentei, mas nem arranhei a lataria. A última temporada de Lost bate pesado nessa tecla. O excelente Los Cronocrímenes é todo sobre isso. Para esta situação hipotética pode até não haver alguma explicação lógica - ou filosófica, que seja -, mas ao menos em Salvação, ou a partir dele, há a chance de testemunharmos cada momento onde os filmes anteriores nasceram. Isso, mais uma vez, em tese.
Igualzinho ao resto da humanidade, não espero muito de um filme com McG na direção. Tenho evitado spoilers com destreza notável, dada a lista peçonhenta dos meus favoritos, mas 33% no Rotten Tomatoes se faz ouvir até no continuum espaço-temporal.
Pelas prévias, nota-se que o roteiro virtual desenhado nos três filmes anteriores foi ignorado em detrimento ao aspecto bélico do terminatorverse. O que não é nada mal também.
Esquecendo por um momento o vil metal que move tudo isso (e não estou me referindo ao exterminador). Basicamente, quem é fã da série, sempre quis ver aquela guerra. Lembro bem da primeira vez que assisti ao filme original e fiquei fascinado com os flashes daquele futuro aterrador. De repente, o plot principal search and destroy parecia apenas a ponta do iceberg. Os campos de extermínio citados por Reese, caveirões HK gigantescos e as unidades aéreas varrendo os escombros e explodindo guerrilheiros da resistência com raios laser púrpuras. Se você não fosse soldado, seria um moribundo agonizando em um bunker, devorando ratos como se fosse um banquete.
Isso sem falar da aterrorizante possibilidade de, a qualquer momento, alguém na multidão se revelar um exterminador, puxar um canhão de plasma e sair atirando em todo mundo - como o nosso amigo fantasmagórico aí em cima.
Às vezes, uma parte supera o todo. Eu simplesmente queria mais daquilo, muito mais. E o sentimento ficou em stand-by. Até hoje.
[trilha do Brad Fiedel aqui]
Nos extras do DVD do primeiro filme, há uma extensa galeria onde James Cameron mostra que, além de tudo, é um grande ilustrador. Os designs e concepções foram meticulosamente criados e desenhados por ele. Impensável nos dias atuais, onde existem equipes pra tudo (e talento inversamente proporcional). O material é de cair o queixo e bota muito desenhista famoso aí no chinelo. Três amostras:
Vamos descontar o terminator tentando pegar a Sarah com uma faca de cozinha. Todo mundo tem sua fase Stephen King.