quinta-feira, 17 de julho de 2025

Superman #1


Superman é uma celebração e, como tal, neste exato momento está sendo festejado, detestado e discutido por um oceano de gente ao redor do globo. Como deveria ser. Que me desculpem todos os outros companheiros de farda uniforme colorido, mas com o Escoteirão o negócio é mais embaixo acima. É o super-herói raiz, O.G. dos superpoderes. Foi quem começou isso tudo pelos corações e mentes de Jerry Siegel e Joe Shuster. E cá estamos: mesmo sem ser um filme perfeito, é um divisor de águas.

Fiel aos quadrinhos como nenhum outro, com algumas liberdadezinhas que não alteram a essência. James Gunn escreveu e dirigiu um gibizão do mês. Tem lá o Super do Curt Swan, do Mark Waid, do Dan Jurgens, do Jerry Ordway, o Superman contra o 1% do Grant Morrison e muitos outros. Todos lá, devidamente creditados e reverenciados – de sopetão, digo que faltaram Joe Kelly, Max Landis e, heresia-mor, José Luis García-López.

O roteiro é um delivery-monstro das eras de prata, bronze e moderna, com um intensivão de A História do Universo DC logo nos primeiros segundos. E pontuado na marca dos 33 anos, se curtir a analogia pop-cristã. O melhor de tudo é que Gunn não é apenas um devorador contumaz de gibis, mas um perspicaz contador de histórias. Consegue administrar doses pesadas de referências quadrinhísticas a uma narrativa PG-13 universal. Sabe envolver de leitores assíduos a neófitos que não leram nada. Que, por sinal, formam a maioria esmagadora que financia a brincadeira.

A trama vai direto ao ponto e sabiamente dispensa a missão de recontar pela enésima vez a origem mais famosa dos quadrinhos. O filme abre com a já icônica cena do Superman caído em combate e chamando Krypto para o resgate. Krypto. Mesmo após tantos teasers e trailers exibindo o momento, uma corrente de eletricidade surrealista ainda correu pela minha espinha nessa hora. Na sequência, é apresentada ao mundo a nova Fortaleza da Solidão, com acabamento inspirado no Superman de Richard Donner e um paraíso da Era de Prata por dentro, com robôs sencientes e toda a sorte de tralhas hipertecnológicas que o Azulão tem direito. Golaço no meu caderno.

O espectador não fica muito tempo no escuro. Sem pausa pra descanso, Lex Luthor coordena uma campanha massiva contra o Superman em várias frentes de batalha, com apoio dos operativos meta-humanos Ultraman e Engenheira. O bilionário também conta com sua equipe de T.I. e um ditador estrangeiro para plantar fake news e manipular o governo dos EUA e a opinião pública. Não-ficção científica no seu melhor. Mas o bom e velho Super está em boa companhia com seus colegas (e namorada) do Planeta Diário Jimmy Olsen e Lois Lane. E, ainda, uma pré-Liguinha batizada "Gangue da Justiça" composta pela Mulher-Gavião, Senhor Incrível, pelo Lanterna Verde Guy Gardner e, mais tarde, pelo improvável Metamorfo.

Precisamos falar sobre a política.

Lembro do impacto que senti com uma das primeiras cenas de Homem de Ferro (2008), quando o bilionário Tony Stark é atacado com mesmos mísseis que sua Stark Industries fabricou e vendeu mundo afora, escancarando a zona cinza na telona. Se o Homem de Ferro nadou de braçada na política, nada mais natural que o Homem de Aço também. Ainda mais na condição de semideus caminhando entre meros e falhos mortais.

Quadrinhos nasceram políticos. E muitos, woke.

Este Superman se preocupa. Salva tudo e todos (Doreen Green agradece), o que foi, logicamente, uma brincadeira e também uma mensagem: as coisas mudaram. As consequências legais, políticas e ideológicas de seus atos são levadas em consideração. Bryan Singer assumiu essa em Superman - O Retorno (2006), quando fez Lex Luthor sair andando do tribunal, visto que a principal testemunha de acusação estava dando um rolê intergaláctico. Já Zack Snyder, fez questão de esquecer. Aí é fácil.

Em termos de bichinhos fofos sob encomenda para vender bonecos, Gunn continua um Top Gunn. Mesmo com o precedente mui bem sucedido de um guaxinim falante badass, ele sabiamente evita o lugar-comum dos animais antropomórficos e, graças a Rao, Krypto é só um (super)cão. E é mais do que suficiente. Quem é cachorreiro profissional, é garantia de diversão à parte.

Do alto de seus 1,93 m, David Corenswet é, ao lado de Christopher Reeve, o maior Superman de todos os tempos. Literalmente. Dramaticamente, está alguns centímetros abaixo, mas ainda bem maior que os demais. O cara simplesmente pegou o espírito da coisa. É o Superman. É o Clark Kent. E leu All-Star Superman com atenção.

Rachel Brosnahan é mais uma grande Lois Lane para a galeria. Inteligente, charmosa, pró-ativa e inquieta – em especial na cena da entrevista-interrogatório, quando fica nítida a química faiscante entre ela e Corenswet. E, ponto extra pro filme, Lois não é salva pelo Super nenhuma vez. Já Skyler Gisondo como Jimmy Olsen, o melhor amigo do Superman, surpreende pela atuação e presença. O personagem tem peso e realmente auxilia o Azulão em pontos-chave da história. Não se preocupe: Jimmy não é brutalmente assassinado no filme porque "parecia divertido".

E finalmente, o Sr. e a Sra. Kent reencontraram o caminho de casa. Martha (Neva Howell) não tem xarás à vista e Jonathan (Pruitt Taylor Vince) voltou a acertar nos bons conselhos para seu menino kryptoniano.

Sempre imaginei o Nathan Fillion interpretando o Lanterna Verde Hal Jordan e o Lanterna Guy Gardner à imagem e destemperança de Seann William Scott, o eterno Stifler. Talvez em outra realidade. Mas o que tem pra hoje, nesta aqui, funciona. Fillion é indefectível e seu Guy é o babacão estúpido calhorda que conhecemos e adoramos. Faltou a sua notória finesse com as donzelas, mas não se pode querer tudo.

Edi Gathegi como o Senhor Incrível está... incrível. E tem uma cena de ação solo absurdamente... incrível. Anthony Carrigan parece que pulou pra fora dos gibis como Metamorfo, honrando a memória da genial Ramona Fradon com aquele típico personagem outsider que o Gunn adora. Isabela Merced como Kendra Saunders, a Mulher-Gavião V, está apenas OK na função de parecer cool num canto – coisa que Brianna Hildebrand fez bem melhor no papel da Míssil Adolescente Megassônico nos filmes do Deadpool. E as asas mequetrefes voam bem longe da suspensão de descrença.

Com o ritmo frenético do filme, o Lex Luthor do ótimo Nicholas Hoult ficou um tanto unidimensional. Sobrecarregado em maquinações e sem tempo hábil para ângulos mais profundos, o arqui-inimigo do Superman é puro ódio em andamento. Ou talvez esteja mal acostumado, porque sempre associo o vilão ao perfil cerebral e demagógico do Luthor animated na voz cavernosa de Clancy Brown. Minha maior incógnita era a atriz venezuelana María Gabriela de Faría no papel da Engenheira. Adaptações Gunnísticas à parte, a ex-Isa TKM/Eu Sou Franky (orgulho do meu papel de tio!) rendeu uma vilã, hm, engenhosa e verdadeiramente ameaçadora.

Pouca coisa me incomodou. Talvez o Lex louvando reiteradamente seu orgulho em usar o cérebro contra a força, mesmo que a força do misterioso Ultraman seja imprescindível para o seu plano. E utilizar comandos de voz durante uma luta parece ineficiente mesmo numa briga entre seres humanos normais, quanto mais entre superseres com supervelocidade.

O fator Clark Kent também precisa de um bom alinhamento. Está bem melhor do que em sua última incursão na telona e lembraram até dos óculos hipnóticos. Contudo, após sua primeira (e única) cena, o jornalista desaparece e sequer é lembrado por seus colegas de redação. Ficou estranho. Mas nem deveria reclamar. Já deve ter sido difícil o bastante para Gunn manter uma tradicionalíssima redação de jornal impresso nos dias atuais. J.J.J. não conseguiu.

E a mudança de ares na Casa de El? A ideia não é nova. Mas vai dar um caldo.

Com um cão voador, um kaiju, macaquinhos-bot, universos de bolso e a inacreditável vontade de enxergar humanidade e igualdade pelos olhos de um alienígena imigrante ilegal, Superman foi como um afago caloroso na alma de um velho leitor do Homem de Aço. Deu até vontade de revisitar aqueles tesouros nas caixas da garagem. E isso não tem preço.

16 comentários:

Valdemar Morais disse...

Eu fui zero surpreendido com esse filme.

James Gunn me entregou exatamente o que imaginei que ele entregaria: um filme de super-herói que não tem vergonha de ser filme de super-herói. Concordo com você quando diz que ele escreveu um gibizão do mês em celuloide - ou em pixels: colorido, vibrante, didático sem marretar a cabeça do espectador com quilos de informação, como recomenda o grande Alan Moore.

Mas não é um gibizão pueril. O subtexto político que já havia sido entregue no trailer é muito válido e trabalhado muito bem dentro desse universo fantástico. Faz o espectador refletir para além da porradaria e dos poderzinhos. Talvez isso explique a maioria dos seus detratores.

Adorei o Superman do David Corenswet. Ele realmente conseguiu transmitir o que o personagem é: superpoderoso, mas um garoto simples do interior do Kansas, que procura enxergar o bem das pessoas e preservar a vida, moderando seu grande poder para só machucar alguém se necessário. E ele apanha! Sim, ele apanha. Deus me livre de um Superman invencível 24 horas por dia, 7 dias por semana. Se for assim, não tem história! Não tem drama! Não tem emoção!

Lois está perfeita: uma repórter que leva a sério seu trabalho e não doura a pílula nem para o boy e que tem papel ativo na aventura. A química do casal é inegável. Martha e Jonathan amáveis como não eram há muito tempo. Luthor finalmente deixou de ser o bandidinho especulador imobiliário pra virar o bilionário dono de Metrópolis que não aceita ser menos admirado - ou seria temido? - que um imigrante extraterrestre.

Valdemar Morais disse...

Também gostei muito da Engenheira. Ela foi uma adversária à altura e achei realmente aflitiva sua tática para matar o Superman.

Apesar do pessoal da redação do Planeta Diário, ninguém pode dizer que Gunn não tentou dar relevância a todos os personagens. Até o desprezível Syndey Happersen e a tonta Eve Teschmacher tiveram seu momento.

Concordo com você inteiramente sobre o Krypto. Mas nem isso me surpreendeu: eu sabia que o James Gunn faria o possível pro cachorro ter relevância no enredo e que ele seria mais um ponto de conexão do Super com a audiência do que um fator de estranhamento, como se ele falasse e tivesse personalidade ou algo semelhante.

Sobre a "Gangue da Justiça", achei todos muito bons: Guy Gardner, impecável; Sr. Incrível, o vice-herói da aventura, fantástico, embora não me lembre de ele ter aquele tom meio ranzinza; Metamorfo visualmente perfeito e na personalidade dá pra perceber um tanto de seu sofrimento pela sua transformação.

E a Mulher-Gavião... Bem, admito que as asas poderiam ser mais vistosas - penas mesmo e não metálicas como eram as do Katar Hol em "Adão Negro" -, mas gostei da sua atitude, dos gritos de gavião nos ataques e a sua cena com o Netany - ops - o presidente da Borávia foi catártica em muitos sentidos. A expressão da Isabela Merced quando ouve a provocação do vilão vai pra minha pasta pessoal de momentos mais sensuais dos super-heróis em qualquer mídia.

Me surpreende saber que ela é a Kendra e não a Shayera - desculpa, conheço mais a Mulher-Gavião da animação e achei que sua postura super casou com a heroína do desenho.

Como fã da recriação do John Byrne nos anos 1980, a postura de Jor-El e Lara não me incomodou tanto. Gosto da ideia que ele quis trabalhar - e inclusive isso é parte essencial do enredo do filme do Gunn - de reduzir a devoção que o Super tinha por Krypton e sua cultura - como era na Era de Prata - e fazê-lo valorizar mais sua vida na Terra. Mas creio que essa questão fatalmente será trabalhada no filme da Supergirl e talvez não se sustente.

Valdemar Morais disse...

Um ponto fraco que eu citaria foi o confronto verbal final entre o Super e o Luthor: apesar de importante e bem construído, me pareceu longo e o encerramento abrupto com a participação do Krypto, requentando a cena do Hulk contra o Loki no primeiro Vingadores, poderia ter sido mais criativo.

Eu gostei do lance meio técnico de futebol do Luthor, mobilizando sua equipe e usando códigos pra orientar o Ultraman. Mas agora, pensando bem o que você comentou, realmente parece ineficiente.

De fato, faltou mais do Clark Kent repórter. Eu até imaginei que tudo começaria com uma investigação de Lois e Clark, como na série dos anos 1990. Não sei se o fato de ele trabalhar num jornal impresso é um limitador exatamente... Quem sabe num próximo filme isso possa ser reparado.

No mais, feliz e empolgado com esse novo Universo DC dos cinemas. Esse pontapé inicial foi um gibizão do mês, mas também pode-se dizer que foi um excelente episódio de "Liga da Justiça Sem Limites" em live-action. É nessa fonte que espero que o James Gunn beba pra fazerem funcionar Batman, Mulher-Maravilha e os demais.

P.S.: Olhando pro futuro específico da franquia kryptoniana... Superman, Metrópolis, Guy Gardner... Junta mais uns heróis e voilá... Brainiac e uma adaptação da subestimada "Pânico nos Céus", do Dan Jurgens? Digníssimo para um "Superman II"

Alexandre disse...

Caras.... não curti.
Achei que o filme é 100%(2x 200%) direcionado a um público infantil. Não sou o alvo.
Não tem liga para um público adulto, a não ser que seja 600% saudosista, ou DC1000Grau!
Não consegui empolgar, minto, me rendi ao Krypto, mas sou do tipo bichinhos lovers!
Mas fora isso, achei o s(S)uper muito mal dimensionado.
Explico: o cara apanha demais, o plano do Luthor.... pelo amor de Deus! Vamos dar Hadounken no Super que funciona!(Hu-hum, sei.....)
Cara, não consegui ter liga com o filme.
Trama muito superficial, longe do que Gunn poderia fazer.
Sorry. Fica pra próxima.
E que venha o Batman (a lá 60's).

Anônimo disse...

Salve Dogma! Por não criar expectativa acabei n me decepcionando tanto . Não achei de todo ruim mas um os diversos furos e algumas coisas aceleradas para passar me deixaram com uma má impressão. Espero que saia uma versão extendida pois algumas coisas n colaram (qria poupar o monstro mas derrubo humanos de armadura de uma altura q poderia mata-los). Vamos aguardar o que vem depois ja que a aparição final tera tbm um filme solo. Boa semana!

Tulio Roberto disse...

Gostei muito! Esse Superman é puro era de prata com algumas atualizações. Quem viveu a época com certeza vai se lembrar da época pré-crise. Com história mais leves e bem humoradas. Sinto pelos que esperavam mais, digamos... densidade da trama. Mas quadrinhos de heróis é isso, histórias feitas para pré-adolescentes. Sou daquela parcela de deixou de ler quadrinhos de heróis lá pelo meio dos anos noventa. (a gota d'água foi a saga do clone) então, entendo que filmes precisam ser leves e bem humorados, Batman Realista, Superman Realista e qualquer filme de quadrinhos de super heróis realista devem ser a exceção, não a regra. Quero ver mais desse universo ensolarado e colorido que Gunn está construindo. Esperando que as luzes e cores não esmaeçam com tempo como na concorrência.

Valdemar Morais disse...

Eu discordo que o filme seja direcionado a um público infantil - entendido aqui como correspondente à faixa etária até 12 anos. Como disse, creio que o filme tem muito das animações da DC dos anos 1990, que não eram tão sérias que as crianças não poderiam assistir nem tão bobas que os adultos não pudessem se envolver.

Tem o relacionamento da Lois e do Clark, o polêmico legado de Krypton, a influência dos meta-humanos na geopolítica, a questão dos imigrantes... Algumas cenas abordando esses assuntos tão longe da esfera do infantil, a meu ver.

Eu vejo muita reclamação do nível de poder do Superman, mas gente... Com o perdão do trocadilho, vamos ser realistas: se pro Superman ter um desafio à altura todo filme tiver que recorrer ao Darkseid, onde é que isso vai parar? Vai virar Dragon Ball Z? Foi por esse fato inclusive que ele sofreu as reformulações nos anos 1970 e 1980 com o Dennis O'Neil e o John Byrne.

E o Gunn já disse que não vai ter Batman do Adam West pra Geração Z. E pra falar a verdade... Eu tenho mais receio de um Batman que seja só o cara que fica tirando mil traquitanas do cinto de utilidades do que um Batman colorido e com senso de humor. Em suma, eu ainda aposto numa abordagem próxima da série animada da Liga.

Valdemar Morais disse...

Eu não sou tão fã assim do Super da Era de Prata, mas alguns dos seus elementos quando bem trabalhados funcionam bem. Mas discordo dessa visão reducionista de que quadrinhos de super-heróis são pra crianças e pré-adolescentes. Deve ser também. A beleza da obra e o talento dos criadores está justamente em divertir tanto jovens quanto adultos sem subestimar a inteligência de ambos: colocar os dois sujeitos uniformizados pra caírem na porrada, mas nas entrelinhas inserir um contexto que com mais ou menos bagagem o leitor consiga enxergar a mensagem.

Valdemar Morais disse...

De fato, é um bom ponto esse que você coloca sobre a postura do Super contra o kaiju e contra a Equipe Luthor, mas não me incomodou no correr da trama. Coloquei na pasta do "complete as peças", assim como o crescimento do monstro, que vi algumas pessoas reclamando na internet que não foi explicado. Imaginei que o Super soubesse que as armaduras seriam suficientes pra protegê-los da queda ou algo assim.

Marlo de Sousa disse...

Fala, Dogg!

Gostei bastante do filme, mesmo não achando perfeito e nem que seja o melhor que o Gunn já fez. Contudo, não tem como não ficar feliz com a correção de rumo, saindo daquele gore aguado e desbotado para um autêntico supergibi em película.

Você também teve a impressão de que Jimmy e Perry já sacaram que o Clark é o Super? Naquele finalzinho, tive a sensação de que aquele "até que enfim" no encontro que termina num beijo nas alturas era um pouco "a quem eles pensam que enganam?".

Abraço!

doggma disse...

Clark tem os óculos hipnóticos, então penso que se referiam ao namoro secreto da Lois com o Super. Foi uma elipse bem sacada do Gunn: deu conta do histórico da jornalista com o astro kryptoniano em uma única frase.

Sobre o molde dos desenhos do Paul Dini/Bruce Timm mencionado pelo Valdemar, creio que já teve uma boa influência aqui no plot geopolítico da Borávia invadindo Jahranpur. No 1º episódio de JLU, os heróis já tinham que ir resolver uma situação na Coreia do Nort... ops, Chiang Mai.

Em relação ao tom infantil do filme, diria que tá mais pra infanto-juvenil, tal qual Guardiões. Achei a classificação indicativa honestíssima. Mas acho ainda mais legal a diferença dessas percepções. O Alexandre não tá errado quanto à superficialidade (deliberada) da trama.

E concordo com o Tulio. O Super humano é bem mais interessante que o Super deidade.

Luwig Sá disse...

Ainda tô ruminando... Escrevi umas linhas. Apaguei. Voltei pra tela branca... Fato é que adorei e - você deve lembrar - nem fui o maior dos críticos ao Supersnyder. Engraçado que o meu tilt vem de uma referência que você sequer citou no seu texto: John Byrne.

Tanto a versão anterior, e execrada, quanto o Supergunn bebem em vários níveis dessa fonte. Aliás, do Wolfman talvez até mais, já que no relançamento do Pós-Crise, o crédito da reformulação daquele Lex bilionário excêntrico nada filantropo é todo dele. Por outro lado, a abordagem inicial, com a sala abarrotada de funcionários/controladores e esferas filmando todos os movimentos do Super, saem ali no Superman nº 2 (1987). Lembro também de um Jimmy bem safo, no comecinho da edição do Sanguinário (nº 4), tentando cooptar a Lucy (Lane) como informante; fora que, vale frisar, o mesmo gibi tbm foi referenciado em Esquadrão 2.

Ok. O Universo Compacto (ou de Bolso) era cria de Paul Levitz, mas quem trouxe pra jogo nas páginas do Super foi o Sr. Byrne, além da visão do legado kryptoniano se mostrar mais como um fardo do que algo a se orgulhar. Vi que tão creditando o Waid naquele papo da fake news do Lex em Legado das Estrelas, mas acho uma conversa bem atravessada, de quem não leu atentamente o run do Byrne.

Enfim, comentei nada do filme, não foi?! Talvez seja porque não senti que vi um. Eu li um filme.

Abração.
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PS. Juro que tava esperando umas letras minúsculas com o alerta de spoiler p/ comentar a faixa do Iggy e aquela problemática - fofinha?! - do "Punk Rock" moderno. Pra ser justo, fiz o mesmo comentário em off com o Marlo, qdo li o review dele. Afinal, vcs são referência p/ mim qdo falam de música. :P

doggma disse...

Grandes pescadas, meu chapa. O Supergunn (gostei) certamente tem a marca indelével do Byrne ao longo do filme inteiro, talvez até mais pronunciada que os demais, como você bem listou. O mais irônico é que destoa justamente no principal manifesto do filme: a condição do Superman como imigrante.

Byrne odeia isso e tem uma visão bastante enviesada sobre o assunto. Já tinha deixado isso claro na série, aliás:

https://static.wikia.nocookie.net/dcheroesrpg/images/8/8f/Superman_john_byrne.jpg

Abração. E o Velho Iguana no final foi a cereja!

Luwig Sá disse...

Engraçado que eu reli recentemente Homem de Aço e não me incomodei com essa linha de texto dele ter nascido nos Estados Unidos. Sendo que, na ótica atual do trumpista, ele ainda seria visto como imigrante.

doggma disse...

Putz, cara... No meu caso, tem exatos 10 anos que reli MoS em scan gringo, antes dessa polarização toda, e a linha desceu quadradíssima (nem lembrava dela quando li na época da Abril). Gibi maravilhoso, no entanto.

É um caso que me lembra do "Estou aqui para lutar pela verdade, pela justiça e pelo american way" do Superman Reeve '78. Um dos filmes da vida, o texto do Mario Puzo é lindo, mas isso sempre me incomodou.

"na ótica atual do trumpista, ele ainda seria visto como imigrante"

Alguém avisa pro Dean Cain...

Luiz Carlos Silva Marcolino Júnior disse...

Salve doggma! Não vi ainda. O Jonathan Kent sobrevive ao filme? Se não, nem vou ver. A lembrança mais antiga que eu tenho de um filme no cinema é de Krypton explodindo e as pessoas caindo no espaço ( Está certo isso, as pessoas podem cair no espaço? ). Também vi o 3 no cinema, que por algum motivo que não sei explicar, gosto mais que o 2. Um abraço!