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sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Go, Giants!


Assistindo Ladrões (Caught Stealing, 2025), foi difícil lembrar que se tratava de um filme do Darren Aronofsky. Não depois das trips metafísico-existencialistas de Pi e Fonte da Vida e das bad trips terminais de Réquiem para um Sonho, Cisne Negro e A Baleia. A impressão é de que o sujeito maratonou a quadrilogia John Wick (+ spin-off) seguida da filmografia tiro-porrada-e-trapaça do Guy Ritchie pré-Sherlock Holmes e resolveu brincar também.

Ladrões me parece a 1ª grande piscadela do cineasta em direção a um nicho mais pop (Noé não conta). Tem lá suas pauladas no meio do caminho que fazem pensar "ah, tinha que ser do Aronofa mesmo", mas o clima geral é de thriller de crime curtido em sanguinolência, humor negro e naquele tipo de comédia de erros que o Tarantino adora. E se saiu muito bem nessa coisa de se divertir trabalhando.

O protagonista é Hank (Austin Butler), bartender no Lower East Side. Ex-promessa do baseball com um passado traumático, Hank alivia seus demônios pessoais com álcool, nas ligações diárias para a mãe e no relacionamento casual com Yvonne (Zoë Kravitz). Uma bela noite, ele recebe um encargo do amigo Russ (um Matt Smith de moicano): cuidar de seu gato mordedor enquanto ele está fora visitando o pai adoecido. O problema é que o bichano traz em seus "acessórios" um tremendo MacGuffin disputado a porrete por violentos mafiosos russos, judeus e outros mais.

O filme é baseado no livro homônimo de Charlie Huston – e adaptado pelo próprio. Mesmo com a profusão de personagens e situações, o roteiro segura as rédeas da ação antes de descambar para um Mandando Bala sem noção e investe em reviravoltas e tramoias em série. A comparação com o Guy Ritchie de várzea não é papo furado. Em vários momentos, o filme remete à impagável fauna de criminosos de Snatch: Porcos e Diamantes, especialmente quando a dupla de bandidões judeus rouba os holofotes. Aliás, Liev Schreiber e Vincent D'Onofrio atuam praticamente incógnitos no filme.

Também foi algo surreal rever o Griffin Dunne, coroão, como o hilário dono do bar em que Hank trabalha (cresci nos anos 1980 assistindo reprises de Um Lobisomem Americano em Londres e Depois de Horas, oras!). E Regina King como a detetive Elise Roman está demais.

A despeito de tantas referências, inclusive no desfecho, igualzinho ao de um filme estrelado pelo Ben Affleck, Ladrões é uma horinha e quarenta e sete minutos de pura diversão cinética e roteirística. E não é todo dia que a gente vê um Darren Aronofsky massavéio.