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quarta-feira, 26 de julho de 2023

Falando no diabo...

Despacharam o trailer de O Exorcista - O Devoto direto das profundezas. Coincidência dos infernos!


É inegável que o diretor e roteirista David Gordon Green é um estudioso do material alheio. Isso já saltava aos olhos em sua trilogia Halloween, mesmo com resultados não lineares. Aqui ele reedita a trinca de co-escritores, ao lado de Scott Teems e do comediante Danny McBride. A rapaziada lembrou até da briga de doguinhos que abre os serviços macabros no clássico de 1973.

Como tenho evitado acompanhar a produção, pra mim foi surpreendente ver a magnífica Ellen Burstyn como a famosa e sofrida mãe Chris MacNeil. E até mesmo as sugestões acerca de um cenário pós-O Exorcista original.

Provavelmente, Green manteve a estratégia adotada em seu Halloween e considerou apenas os eventos do 1º filme. O que continua sendo uma boa – ninguém quer realmente saber o que aconteceu após o malfadado O Exorcista II - O Herege – e isso já havia rendido um exercício ficcional instigante na subestimada série de 2016.

Ok, algumas convenções do estilo se fazem presentes, mas isso é o de menos. Pazuzu is back, baby!

Essa ocasião tão especial merece o trailer original não liberado na época...



Ps #666: será que a Dona Luisa vai gostar?

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Halloween Ends é o fim


Halloween Ends merecia ser empalado numa parede pelo próprio Michael Myers. Mas não sem antes rastejar agonizando por uns bons metros, como manda o figurino.

Tive tempos difíceis com a trilogia de David Gordon Green. Halloween e, especialmente, Halloween Kills: O Terror Continua tiveram recepções mornas e atravessadas, mas sempre os defendi (quando não preguei para o mais gélido vácuo). Felizmente, não vou passar por isso de novo com Ends. Só irei atualizar a disputa de pior filme da franquia, ao lado de Halloween VI: A Última Vingança (1995), Halloween: Ressurreição (2002) e Halloween II (2009). Páreo duro!

A vontade de elaborar sobre a história coescrita por Green, Paul Brad Logan, Chris Bernier e Danny McBride é a mesma de querer ser apunhalado por Michael Myers nos bagos. O legendário John Carpenter já havia comentado que o filme era um "afastamento" dos dois capítulos anteriores. Foi gentil. Green foi mais incisivo: antecipou que Ends tem inspiração em Christine (1983) sob uma narrativa coming-of-age. É exatamente isso. E é muito pior do que parece.

Difícil enumerar todas as forçadas do roteiro para estabelecer o novo cenário. As sobreviventes Laurie Strode e sua neta Allyson tentando uma idílica vida nova, os habitantes de Haddonfield ainda celebrando Halloweens mesmo com Myers foragido, o local manjadíssimo que serviu de esconderijo para o monstro por três longos anos, a polícia quase inexistente, a profunda ligação de Allyson e Laurie virando fumaça de uma hora pra outra e por aí vai.

Mas isso ainda é bico perto da grande novidade do filme: o protagonismo-surpresa de Corey Cunningham.

Interpretado por Rohan Campbell, o personagem é uma tentativa de personificar toda a extensão do mal causado por Michael Myers em Haddonfield. Após o massacre dos dois primeiros filmes, a comunidade ficou doente. A comprida introdução da trama demonstra isso até bem, destacando o estado contínuo de medo e ansiedade impregnado nas pessoas. A conclusão inesperada — e de arrepiar — já dá uma noção do tom a seguir.

Excetuando o deliciosamente surreal Halloween III (1983), este é o Halloween com a menor participação de Michael Myers em toda a franquia. O que sobra são muitas D.R.'s, traumas, conflitos geracionais, familiares e até o velho bullying escolar. É a parte coming-of-age da receita, enquanto a imersão de Corey na escuridão corresponde à parte Christine. Tudo o que nunca procurei num filme da série.

Divagando em certo momento, lembrei que no Halloween II do Rob Zombie houve cenas hardcore de revirar o estômago, mas que, sozinhas, eram incapazes de salvar o filme do desastre. É o mesmo caso aqui. Quando a violência chega, é uma pauleira só (vide a sequência no ferro-velho), mas já é tarde demais e ainda partindo de um contexto totalmente equivocado.

A própria natureza inumana de Michael Myers soa confusa e indecisa, à mercê das conveniências do roteiro.

Se nos dois filmes anteriores, The Shape era um apex predator dotado de uma disposição sobrenatural, sendo atropelado, baleado, esfaqueado, queimado, linchado, etc, sem diminuir o ritmo das matanças, em Ends, ele parece doente e envelhecido (ok, ele é um idoso nesta timeline, mas não é essa a questão). Em determinado momento, ele chega a ser dominado no mano a mano em uma cena que faria o saudoso Dr. Loomis dar um tiro na tampa do caixão. Em contrapartida, Myers tem a capacidade de "ler" o passado traumático de Corey com um simples toque, entre outras habilidades — para depois, novamente, perder todo o mojo.

Outro ponto contra é o pouco caso do ótimo casting, incluindo o retorno de Will Patton como o Delegado Frank Hawkins, criminosamente relegado à pontas românticas (pior ainda com o Omar Dorsey, voltando como o Xerife Barker num rasguinho de script), e Karen (Judy Greer), a filha de Laurie, que, por pouco, é sequer mencionada após aquele final em Halloween Kills. Já Andi Matichak, apesar das linhas aborrescentes da Allyson, mostra que sabe trabalhar mesmo em condições adversas.

De alguma forma, todos esses problemas pouco afetam a presença indefectível de Jamie Lee Curtis, que aqui provavelmente se despede de seu maior hit. Entre mortos e feridos (e uma cena terrível de reviravolta com Corey), Laurie conquista a tão merecida redenção que, de um modo brutal e melancólico, é coerente com a sua jornada e digna da sua importância.

Valeu pela emoção, tanto na tela quanto fora dela. Mesmo que a saideira tenha sido uma droga.

A Scream Queen #1 finalmente poderá descansar. Long live the Queen.

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Deus Ama, The Shape Mata


Halloween Kills cumpre à risca a promessa do título. Não é apenas o longa mais matador da franquia, como também é o recordista de mortes em um único filme slasher. Por isso não deixa de ser curioso o perfil da trinca de roteiristas: o comediante Danny McBride, o cineasta indie Scott Teems (que até daria um bom serial killer) e o também diretor David Gordon Green, um craque no drama. Trio fora da curva trocando novas ideias com velhos fantasmas.

A chefia realmente botou o peão Michael Myers pra suar a máscara full time, fora as horas extras. O que, no caso, se traduziria como o Halloween 2018, que trouxe a primeira etapa da mesma noite sangrenta, tal qual o clássico de John Carpenter em relação a Halloween II (Rick Rosenthal, 1981). Fosse um bloco único, o body count explodiria e disputaria o campeonato direto pela divisão dos filmes de ação-brucutu.

De fato, fica claro que a melhor maneira de apreciar a obra é numa sessão com os dois filmes em sequência, coisa que me vejo fazendo num futuro bem próximo. Porque vale a pena. Muito.

Apesar dos longas não terem sido filmados simultaneamente —o que chegou a ser cogitado em 2018— e da produção ter amargado 1 ano de gap pandêmico, a continuidade-pacing-ritmo flui à perfeição. Novas sagas pessoais são agregadas às anteriores e vários personagens secundários do run original são resgatados/desenvolvidos para interagir na festa. O que é louvável. A maioria dos diretores se limitaria apenas a espalhar ovos de Páscoa em pleno Dia das Bruxas.

Isso também se estende ao núcleo principal, com a boa química entre Andi Matichak, Judy Greer e Jamie Lee Curtis, a eterna Laurie Strode. Além, claro, de Will Patton, aqui poupado da síndrome de Sean Bean que acometeu sua filmografia nos últimos tempos.


A história faz pontes com os eventos do 1º filme e fornece mais pistas sobre seu lugar no universo da franquia.

Logo de início, enquanto o redivivo oficial Hawkins (Patton) é socorrido, ele relembra a fatídica noite de 40 anos atrás, quando participou da caçada a Michael Myers, logo após este sobreviver aos tiros do Dr. Loomis. Ou seja, agora temos a confirmação de que Halloween II é desconsiderado nesta encarnação (embora que: 1 - a personagem Annie Brackett, BFF da Laurie de raiz, apareça numa imagem de arquivo extraída daquele filme; e 2 - Michael Myers revele um olho vazado num framezinho maroto). O flashback é concluído de forma dramática e lega ao personagem, além de profundidade, um trauma para a vida.

Aliás, Haddonfield poderia muito bem ser a capital mundial do stress pós-traumático. A quantidade de habitantes sequelados por metro quadrado é absurda, batendo fácil os insones da Rua Elm e os transudos do acampamento Crystal Lake.

Em Halloween Kills, o pacato subúrbio vira o epicentro slasher do cinema atual. A jornada sanguinária atinge ali novos patamares, criando um microcrosmo orgânico, reativo, com uma atmosfera de terror e histeria digna de uma placa de boas vindas escrita por Dante Alighieri. Algo que só vimos, quando muito, no 4º exemplar da franquia, o subestimado Halloween 4: O Retorno de Michael Myers (Dwight H. Little, 1988), com seus caipiras da milícia caça-Myers. A escalada de tensão é muito bem conduzida na sequência do hospital. Além de ser um tapa na cara da mentalidade de rebanho, tão frequente nos dias atuais.

Fora o bom resgate do personagem Tommy Doyle, agora um coroa sedento de vingança interpretado por Anthony Michael Hall (sim, estamos velhos), me impressionou o retorno da atriz Nancy Stephens como Marion Chambers, a ex-assistente do Dr. Loomis. É seu quarto Halloween —e o 2º em uma linha temporal paralela— e começa no filme como a mais longeva sobrevivente de um ataque direto do tubarão Myers.

Destaque também para o arrepiante cameo do próprio Dr. Loomis, eternizado pelo saudoso Donald Pleasence e aqui representado por Tom Jones Jr., diretor de arte do filme. Mórbida semelhança.


O filme também faz atualizações importantes e controversas para os fãs die hard da série: saem a habilidade quase psíquica de Michael rastrear Laurie e a sua obsessão em eliminá-la. Considerando que o filme anterior estabeleceu que o parentesco entre eles não passava de um hoax, realmente não fazia sentido manter os artifícios —o próprio Carpenter classificou tal parentesco como "estúpido" e que só saiu do papel para preencher o fiapo de roteiro do 2º filme.

Longe de mim discordar do Carpinteiro, mas sempre achei essa a peculiaridade mais intrigante da série, quiçá de todo o subgênero. Só comentando.

Ao mesmo tempo, isso evidencia alguns aspectos negativos da trama, especialmente o abrupto déficit intelectual das protagonistas. Primeiro, pela já desmistificada fixação familiar de Michael, onde a solução para o Clã Strode-Nelson seria simplesmente pegar a estrada direto pra, sei lá, Porto Seguro. Depois, a insistência suicida de Allyson (Matichak) em se unir à caçada a uma criatura que, diante de seus olhos, acabou de massacrar policiais, meia Haddonfield e ainda se mostrou à prova de tiro, porrada, facada e fogo no parquinho.

Nada que não pudesse ser creditado, com alguma boa vontade, ao calor do momento e à comoção generalizada daquela comunidade em choque. Com exceção da cena final, na garoteada incrível da mãe de Allyson, Karen (Greer), na antiga casa de Michael. É o equivalente ao clichê da loira subindo as escadas ao invés de fugir pela porta. Só que pior.

Uma pena, porque a construção foi sensacional. A sequência toda que começa com Michael cercado por um grupo de moradores de Haddonfield inclusive me remeteu ao antológico quebra de Max Cady no beco, em Cabo do Medo. E foi ali que a coisa acabou recuperando parte de sua mística perturbadora.


O filme reforça a figura mascarada de Michael Myers como um elemental do medo, uma força da natureza. Sua lenda o precede. Mas, principalmente, é o que a máscara projeta. Isso explica em parte a impotência física da maioria de suas vítimas —uma delas só escapa porque remove o adereço parcialmente ao se debater. Em outra perspectiva, é a única lógica que Michael parece obedecer, além de matar pessoas das maneiras mais brutais (ou apenas eficientes, dependendo da situação). Em ao menos duas cenas bem reveladoras, fica clara a devoção de Michael à máscara, como se fosse uma ferramenta de trabalho tão essencial quanto uma faca. Ou provavelmente mais.

"The Shape" conclui sua jornada daqui a um ano, em Halloween Ends. Mas o mal, sabe como é, nunca termina...

sábado, 3 de julho de 2021

Halloween Mata!

Essa semana finalmente saiu o trailer de Halloween Kills e... sangue de slasher tem poder. Uau. Uau mesmo.


O novo filme vai começar do ponto exato onde o Halloween 2018 terminou, como uma versão extendida daquela noite sanguinolenta. Pra mim isso foi uma grata surpresa. Há tempos não vejo esse recurso de bola-no-peito-e-bicicleta-no-meio-da-área. E ao que parece, o clima da empreitada será mantido com o espetacular trio Jamie Lee Curtis-Judy Greer-Andi Matichak enfrentando o famigerado The Shape mais uma vez. Inclusive sem máscara.

Também não passa despercebido o pequeno levante de moradores de Haddonfield se armando e saindo à caça de Michael Myers, tal qual ocorre em Halloween 4, de 1988. Paradoxalmente, nada mais atual.

Gosto muito da atmosfera thrillêra e mais pé no chão adotada pelo diretor David Gordon Green, mais uma vez roteirizando ao lado de Danny McBride e com o Scott Teems se juntando ao time. Por sinal, Gordon Green – que está negociando para comandar a refilmagem de O Exorcista – é um cineasta orgânico e interessantíssimo. Dois bons exemplos são seus trabalhos anteriores, o drama romântico All the Real Girls (de 2003, com a Zooey Deschannel) e o drama criminal Joe (de 2013, com Nicolas Cage). Ambos são de gêneros diferentes, mas igualmente curtidos em realidade rústica e visceral, com aquele jeitão de "true face of America." Convenientemente, nada mais Halloween.

O lançamento de Halloween Kills está previsto para 15 de outubro.

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Welcome home, HALL🎃WEEN!


Halloween é um filme pouco compreendido. Especialmente aos olhos mais jovens. Dou um desconto para a geração "not impressed": mesmo imerso em projeções e chafurdações sobre a época, é difícil mensurar o impacto que a obra de John Carpenter e Debra Hill teve quando foi lançada em 1978. Uma produção B de 90 minutos com um assassino mascarado trucidando adolescentes não era dos projetos mais arrojados. E tampouco inédito. Mesmo assim, rendeu uma bilheteria mais de duzentas vezes maior que o seu orçamento.

Porém, Halloween não foi o primeiro de sua espécie. O gênero slasher já existia na prática há pelo menos 4 anos, com O Massacre da Serra Elétrica. E em conceito, desde as insanidades do Grand Guignol, ainda no século XIX, e atualizadas em 1931 com M, o Vampiro de Düsseldorf. Nem precisa tanto: estabelecendo o Big Bang estilístico-sanguinolento em 1960, com os clássicos Psicose e Peeping Tom, já está de bom tamanho.

Então, por que a comoção? Meu palpite: a ambientação.

Já comentei isso antes. Na época, o cinema de horror ainda era atrelado a lugares distantes, estranhos, inóspitos - ou tudo isso ao mesmo tempo. Florestas, castelos no leste europeu, mansões e até os cafundós do Texas. Nada muito próximo da rotina da vida urbana. As raras exceções só confirmavam a regra (e eu diria que O Exorcista foi o 1º passo nesse sentido). Com Halloween, Carpenter e Hill transportaram o horror para dentro do subúrbio e suas ruas, esquinas, quintais e casas.

Michael Myers espreitando entre arbustos, edículas e as roupas no varal era a certeza de que o terror finalmente estava chegando até a vida real. A influência foi longeva e completa agora um ciclo macabro, exatos 40 anos depois, no Halloween 2018.


É de admirar que o diretor David Gordon Green junto com Jeff Fradley e o comediante Danny McBride tenham concebido uma história tão climática quanto a original, destacando a natureza atemporal da premissa, mesmo numa época tão "conectada". É algo que nem a dupla Carpenter/Hill conseguiu reeditar totalmente no meio-bom Halloween II (1981), nem as suas outras seis irregulares sequências, nem o controverso e bom remake e nem a continuação ruim desse controverso e bom remake.

Obviamente, para que a coisa funcionasse, toda a tralha narrativa acumulada na franquia foi sumariamente ignorada. A ordem é back to the basics - ou, no caso, ao 1º filme.

Quatro décadas após aquela noite pavorosa, a final girl seminal Laurie Strode amarga uma realidade pós-traumática, armada até os dentes num muquifo isolado, em permanente estado de alerta. A vida seguiu, contudo: ela tem uma filha, Karen, e uma neta, Allyson, das quais se viu afastada devido ao seu comportamento paranóico e superprotetor. Ela sabe que é só uma questão de tempo até Michael Myers vir ao seu(s) encalço(s).

Durante todos esses anos, Michael (James Jude Courtney e o "Shape" original Nick Castle) esteve internado num rehab judiciário completamente mudo e sem reação. Um verdadeiro enigma para o psiquiatra Ranbir Sartain, que assumiu o caso após o Dr. Loomis. Até que um dia, um casal de podcasters arranja uma entrevista com Michael sobre aquela fatídica noite de Halloween... e o resto é a história.

É uma delícia ver Jamie Lee Curtis revisitando sua inesquecível personagem de estreia nos cinemas com toda a cancha e timing dramático de veterana. Dá quase pra comentar que "ela está se divertindo muito no papel", o que implicaria que ela não estaria levando nada daquilo muito a sério - e é exatamente o contrário, oras! Mesmo contido, o trauma de Laurie é tão palpável quanto um muro chapiscado e seus TOCs reativos - particularmente quando confrontada na cena da entrevista e, depois, no restaurante - já trafegam muito ao longe de uma mera atuação.

É uma mestra.


Judy Greer (a filha) e Andi Matichak (a neta), embora não pareçam a priori, também são um elemento essencial nesse enredo - possivelmente representando uma revisão atualizada da mensagem da série. E são igualmente parte de um dos melhores aspectos do filme: o storytelling, essa grande arte perdida.

Da babysitter gente-fina (Virginia Gardner), à dupla de podcasters (Jefferson Hall & Rhian Rees), ao marido de Karen/pai de Allyson (Toby Huss) e mais alguns outros: são todos bem escritos, respiram e têm ideias. Nenhum deles, por mais esquemático e figurativo que seja, soa aborrecido ou desinteressante. Em suma, ninguém tem cara de presunto ou merece morrer por ter sido mal-comportado, nem nada parecido.

Will Patton como o xerife Frank Hawkins claramente se sabe onde vai dar, apenas porque é o Will Patton ali - algo parecido com uma escalação do Sean Bean pra qualquer papel. E uma boa surpresa foi o veterano ator turco Haluk Bilginer como o Dr. Sartain, responsável por alguns minutos de puro WTF?! durante o filme. Esse deve virar a noite no carteado.

Halloween traz uma batelada de referências e tributos ao original, incluindo flashbacks e até momentos que mimetizam frame-a-frame algumas cenas do filme de 1978 (Laurie entediada na aula ontem é a Allyson entediada na aula amanhã). Também temos alguns easter-eggs relacionados às sequências e até uma alfinetada no parentesco entre Laurie e Michael empurrado pelo filme II. Boa.

Embora Laurie padeça da "síndrome de Sarah Connor em T2", o recurso é utilizado de forma muito mais profunda e tridimensional. Quando finalmente percebemos do que realmente trata a psique em frangalhos de Laurie, nossa percepção é alterada o suficiente para apostarmos em quem é o caçador e quem é a caça naquele cenário - ou melhor ainda, quem é o bicho-papão.

Ao meu ver, a ideia de ter assistido a um bogeyman versus bogeywoman fica mais do que justo.


Não é apenas pela dica do pós-créditos: Michael Myers provavelmente voltará. Ele que se cuide.