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segunda-feira, 5 de julho de 2021

What's done is Donner


Richard Donner
(Richard Donald Schwartzberg, 1930 - 2021)

"Ele nos fez acreditar que um homem podia voar"

Provavelmente, essa será uma das frases mais repercutidas por aí com a partida do grande Richard Donner. E é lapidar mesmo. O homem fez por merecer. Não "apenas" pelo seu insuperável Superman e por seu categórico supercorte de Superman II, mas por tantos outros momentos que esse new yorker boa-praça nos proporcionou em inacreditáveis 64 anos de carreira a mil por hora.

E ainda havia mais por vir, caso a providência assim permitisse. He definitely wasn't too old for this shit...

Do terror visceral, à diversão em sua forma mais pura, ao encantamento, à intensidade cinética da ação, Donner reescreveu as regras da indústria mais de uma vez, influenciou muita gente e mudou o mundo. E também as nossas vidas, porque não?

No cinemão pop, Donner foi, é e sempre será uma das estrelas mais brilhantes.

Thank you for everything!

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

😷 😷 😷 😷 😷 😷 Retrospec Setembro/2020 😷 😷 😷 😷 😷 😷

#DaveBautista said that "pathetic" supporters of fellow #WWE Hall-of-Famer #DonaldTrump should be "ashamed to call themselves Americans."
Publicado por Bleeding Cool em Terça-feira, 1 de setembro de 2020

1/9 – E o Prêmio Pergunta Retórica do Mês já é de Dave Bautista. É um novo recorde!

2/9DC contrata ex-chefe de marketing da Activision como o novo gerente geral. Claro, afinal gibis e games são tudo a mesma merda.

3/9¹Robert Pattinson está com COVID-19 e a produção de The Batman está mais congelada que a mulher do Sr. Frio.

3/9² – A Pipoca & Nanquim anuncia a reedição de Cannon com luva vertical e, na manha, varre o chão com a cara da Panini.

3/9³O Poderoso Chefão - Parte III é mais um a ganhar um director's cut. Segundo Francis Ford Coppola, a nova versão será a mais apropriada para concluir a trilogia e, e, e, eeeee, vai limpar a barra da Sofia.

3/94 – A dublagem brasileira é a melhor do mundo, mas também é a mais problemática e vitimou ninguém menos que Kamen Rider Black, suspensa da programação da Band após um dia de exibição.

3/95Mike Flanagan, diretor do surpreendente Doutor Sono, é doido pra adaptar A Torre Negra, de Stephen King. Pelo amor de Randall Flagg, alguém faça acontecer!

3/96Primal, a fabulosa e sanguinária série animada de Genndy Tartakovsky, volta para a 2ª temporada. Estreia já em 4 de outubro!

3/97 – Teieira, a Sony Pictures TV está desenvolvendo uma série live action da spider-heroína Silk. Que certamente terá um grande apelo entre o público cannábico por conta de seu codinome no Brasil.

163º DIA DA PANDEMIA | Hoje estréia a segunda temporada da série The Boys no serviço de streaming da Amazon Prime, e eu só queria uma série da nossa carismática e afiadíssima super-heroína prostituta, THE PRO 💜
Publicado por Image Comics Brasil em Sexta-feira, 4 de setembro de 2020

4/9 – Olha, A Pro seria mágico, mas o momento nunca esteve tão Marshal Law. Só acho.

7/9Superman: The Final Cut é uma espetacular versão expandida e remasterizada que a editora de efeitos chilena Kathryn Ross montou para o icônico filme de Richard Donner. Por expandida, leia-se "com dezenas de cenas excluídas extraídas de diversas fontes, editadas na ordem e totalizando 3 horas de filme"; e por remasterizada, um nitro nos efeitos com CGI na medida. Uma experiência inesquecível de redescoberta do velho/novo clássico. E agora, a talentosa editora revela que abraçou um desafio ainda maior pela frente!





8/9²Flea descobrindo Cannibal Corpse foi a melhor coisa hoje. A menos que... nah, foi a melhor coisa.


9/9¹ – Sei, sei, cada um gasta seu suado dinheirinho como bem entende. Mas, parafraseando Dave Bautista, quem caralhos é o otário que vai pagar por um meet & greet virtual?

9/9² – Foi eterno enquanto durou: Jaspion, Changeman e Jiraya rodam da programação da Band. Nosso catecismo tokusatsu dominical sucumbiu diante do blitzkrieg futebolístico.


9/9³ – Bom, sou de reclamar e essa lombada aí manteve o mais puro padrão Porra, Panini!


10/9 – Se vai Dame Diana Rigg, aos 82. A multipremiada atriz britânica iniciou sua carreira no fim da década de 1950 no teatro. Foram mais de 60 anos de carreira e uma lista incontável de trabalhos (literalmente – a maior parte das fontes apenas compila trabalhos "selecionados"), mas certamente já estaria eternizada por três papéis antológicos: a Condessa Teresa di Vicenzo, esposa de James Bond em 007: A Serviço Secreto de Sua Majestade, a sagaz Rainha dos Espinhos Olenna Tyrell, de Game of Thrones, e, claro, a irresistível espiã Emma Peel, da clássica série Os Vingadores (1965-1968), autêntica musa cult homenageada diversas vezes nas HQs. Estupenda Emma!


12/9¹Se vai Toots Hibbert, aos 77, devido a complicações relacionadas à COVID-19. Líder do lendário Toots and the Maytals, o multi-instrumentista jamaicano foi um dos pioneiros que elevaram o reggae e suas vertentes roots (ska, rocksteady) ao circuito internacional já na década de 1960. Um gigante da música.

12/9²Young Justice: Phantoms é o título da 4ª temporada da sensacional série da DC. A data da estreia ainda não foi divulgada e, ao que parece, terá 26 episódios.

14/9 – Contra todas as (minhas) expectativas, a Panini desdescontinua as séries Quarto Mundo e Liga da Justiça Internacional. Não há uma semana de tédio nessa editora, hm?

15/9Aquaman forma um team-up com Cyborg. Cara, mas afinal quê diabo Joss Whedon aprontou com o Ray Fischer no set de Liga da Justiça? Roubou o lanche dele?

Torpedo 1972 da JBraga Comunicação está pronto!!! A campanha do Torpedo 1972 no Catarse chegou ao final. Apesar de não...
Publicado por JBraga Comunicação em Quarta-feira, 16 de setembro de 2020

17/9¹O Catarse de Torpedo 1972 não atingiu a meta (seus putardos!), mas a editora JBraga Comunicação segue em frente e vai publicar assim mesmo. Hooray!!

17/9² – Após as novas versões de A Espada Selvagem de Conan e Conan, o Bárbaro, chegou a vez da King-Size Conan. E a Marvel finalmente resolveu montar um timaço de roteiristas.

Por diversos motivos (saúde, falta de tempo, Internet do notebook, entre outros) a página entrará em recesso. Todos os...
Publicado por Todo Dia Um Erro Nos Quadrinhos Diferente em Quarta-feira, 16 de setembro de 2020

17/9³ – Consumir quadrinhos no Brasil sem a página Todo Dia um Erro nos Quadrinhos Diferente é como estar no mato sem cachorro. E já que a ordem do dia nesse país é "passar a boiada", pode se preparar para o maior estouro de erros de revisão já visto nesta indústria vital...

17/94 – Nada de Gina Carano, o negócio é Orphan Green: Tatiana Maslany será a Mulher-Hulk na série da Disney+. Tatiana é, fácil, uma das atrizes mais versáteis e fascinantes dos últimos anos, mas a tarefa é pra lá de arriscada. Muito curioso pra conferir issaê...


19/9 – Se vai o mestre Lee Kerslake, aos 73. O legendário músico iniciou sua carreira na emergente cena hard/heavy inglesa do final da década de 1960 e ficou consagrado como baterista do Uriah Heep. Também participou de dois clássicos maiúsculos de Ozzy Osbourne – Blizzard of Ozz (1980) e Diary of a Madman (1981). Nos últimos anos, se tornou pública sua disputa judicial com a família Osbourne pelos direitos autorais de suas contribuições nos discos. Kerslake lutava contra um câncer na próstata desde 2018, mas ainda teve tempo para uma reconciliação com o Madman.

20/9 – A excelente Watchmen da HBO faz o rapa na 72ª edição do Emmy. E já estou a fim de remaratonar a série toda. De novo.


22/9¹ – Se vai Gérson Rodrigues Côrtes, o Gerson King Combo, aos 76. O cantor carioca foi um dos precursores do soul e do funk no Brasil e um dos astros do movimento Black Rio da década de 1970. Paralelo à trinca sagrada Tim-Cassiano-Hyldon, Combo ganhou notoriedade cult a partir dos anos 90, ao lado de nomes como Tony Bizarro, Lady Zu, Don Salvador, Carlos Dafé, entre outros grandes talentos do passado. Mas no visual, sem dúvida, King Combo era o nosso "Soul BRother Number One".

22/9²A Supergirl da CW será encerrada na sexta temporada, prevista para o ano que vem. A gracinha Melissa Benoist de Kara vai fazer falta. Tudo bem que só aguentei ver a 1ª temporada da série (muito "pelo poder da amizade" pro meu gosto), mas ainda quero ver os episódios com o elogiado Lex de Jon Cryer. Vai ser difícil olhar pra ele sem dizer "Saia da minha casa, Alan!".


23/9¹Sâmela Hidalgo, assistente editorial da Devir, dá uma overdose de pílulas vermelhas aos milhares de pseudo-machos alfa especialistas em edição de quadrinhos. Fofa demais. Provavelmente vai arrumar confusão.


23/9² – Claro que adorou. Setembro está sendo um mês trilegal pro Levi!

PEACEMAKER with John Cena and James Gunn is coming to HBO Max. On a scale of 1 to F#CK!, how excited are you?
Publicado por HBO Max em Quarta-feira, 23 de setembro de 2020

23/9³ – Quem diria, o novo filme do Esquadrão Suicida nem saiu e o Pacificador (O PACIFICADOR!) já descolou uma série via HBO Max. Antecipação é isso aí.

24/9¹Dan Slott viu o que Zack Snyder fez. Limpa o veneno que respingou no teclado, Slott.

24/9² – Para salvar o decadente mercado dos comics, o veterano quadrinhista Gerry Conway propõe uma reestruturação geral na criação de HQs, começando com a extinção da cronologia de todos os super-heróis. Não sei se daria tempo pra parar a contagem regressiva, mas gostaria muito de ver isso em vida...


25/9 – Depois ele dá uma tergiversada de leve. Mas finaliza com uma fincadinha de pé.

28/9¹A Dark Horse vai publicar os sketches que Mike Mignola fez na quarentena. Bom, salvei todos à medida que ele ia postando no Twitter. Acho que vou publicar também, Opera Graphica's style.

28/9²A Tumba do Drácula saindo completinha na Panini Espanha. E a Panini BR parou faltando uns dois volumes. Animem aí, fiotes.

29/9¹ – Lembra do roteirista e puta desenhista Aron Wiesenfeld? Aquele, que na década de 1990 fez umas coisinhas aqui e outras acolá, mas marcou mesmo com o bacanudo crossover Deathblow e Wolverine? Pois é, o quadrinhista evoluiu e hoje é um "artista ilusório".

29/9² – Modesto, ele nem sabia que era isso.

30/9¹ – Por essa ninguém esperava (e, honestamente, queria): a Netflix está desenvolvendo um projeto para Conan, o Bárbaro. Que tanto pode ser filme, série, live action ou animação. Ou tudo ao mesmo tempo. A sempre difícil Conan Properties vendeu a alma para os feiticeiros do streaming. Crom!


30/9²Se vai Joaquín Salvador Lavado Tejón, o grande Quino, aos 88. O cartunista iniciou a carreira na década de 1950 fazendo sketches publicitários e colaborando em revistas de humor argentinas. Mas Quino é praticamente sinônimo de "pai da Mafalda", a menininha observadora e questionadora famosa no mundo inteiro e elogiada por gênios como Charles Schulz. As tirinhas da Mafalda foram originalmente publicadas de 1964 a 1973. Depois disso, apenas figurou em algumas campanhas pelos direitos humanos. Uma genuína confirmação da atemporalidade da personagem – e, claro, do autor.


30/9³ – E esteve também na trilogia nova. O que deixa o nível do debate pior ainda!



Ê, 2020 que não acaba.

sábado, 17 de agosto de 2013

O homem que não tinha tudo


Sempre achei meio complicado comentar qualquer filme do Superman. Sou da 2ª geração de guris arrebatados pelo saudoso Christopher Reeve em sua personificação do herói. Meu caso, por sinal, é perdido: até hoje sou fascinado pela quadrilogia inteira, mesmo com a metade dela sendo muito ruim e toda ela muito envelhecida. O que nunca foi problema pra mim. Revejo aqueles filmes como alguém que relê um bom gibi da Era de Prata. Fora isso, tenho a forte sensação, não apenas nostálgica, de que aquela (ingênua) mensagem de respeito, caráter, esperança e altruísmo jamais será igualada. Ou mesmo almejada. Os tempos são outros. Mas pelo próprio bem do personagem, a necessidade de se aventurar nesse mundo atual cinzento com matiz verde-blockbuster é prioridade.

Em 2004, quando a Warner contratou Bryan Singer para dirigir o novo filme do Superman, houve uma celeuma natural entre os fanboys, ávidos por um herói atualizado em discurso, estética e, principalmente, ação, ah, a ação. Poucos pareciam tão aptos para a tarefa quanto o sujeito que viabilizou os X-Men nas telonas. Para desespero do público, Singer se deixou seduzir novamente pela magia temporã de Richard Donner e fez da produção um tributo aos dois superfilmes que, de um jeito ou de outro, levaram a sua assinatura. Apesar de alguns poucos terem se reconectado uma vez mais àquele espírito e secretamente agradecido ao Singer por isso (arram), todos concordaram que foi uma chance desperdiçada de repaginar o herói para uma dinâmica moderna e assim seguir em frente com a mitologia.

A possibilidade de ver o Superman do cinema enfrentando ameaças da sua ordem de grandeza - entre as numerosas opções de sua galeria de vilões - voltou a ser longínqua e onírica, quase improvável. Parecíamos fadados a reprises de Neo vs. Agente Smith e devaneios à base de Dragonball Z. Porém, com a ajudinha indireta de um colega de capa, uma nova chance não tardou.

O Homem de Aço (Man of Steel, 2013) veio para assumir essa responsabilidade e, com a direção nada sutil de Zack Snyder, fez o que parecia impossível, possível. Felizmente, meus temores se revelaram infundados. O filme não só apresenta o personagem para o século 21, como responde sem firulas velhas trivias nerd sobre sua contraparte cinematográfica. Por exemplo, qual o estrago que um ser como ele poderia fazer numa metrópole - ou Metrópolis - retratada da forma mais realista possível para uma superprodução hollywoodiana. Nada muito reflexivo ou existencialista, mas a pegada principal não era essa.

Ainda que David S. Goyer tenha acumulado pontos via Batman, seu roteiro, baseado na premissa concebida com o normalmente cerebral Christopher Nolan, se rende com frequência ao fan service. O que, em teoria, não é diferente do praticado no cinemão pop estadunidense pelos Bays e Emmerichs da vida, não fosse por um detalhe primordial: é um filme do Superman, a.k.a Clark Kent, rapaz do Kansas criado por pais adotivos com um grande senso moral e uma visão humanista do mundo. Eventualmente, isso entra em conflito com o perfil blockbuster da história e também mostra que O Homem de Aço herdou mais da trilogia quiróptera de Nolan do que um mercado comercialmente favorável.


O começo do filme é punk puro. Vemos os turbulentos dias finais de Krypton, outrora uma grandiosa civilização interplanetária, agora decadente e varrida por uma tentativa de golpe liderada pelo renegado General Zod (Michael Shannon). Completando o worst case scenario, o núcleo do planeta entrou em colapso e está na iminência de explodir, impossibilitando assim qualquer chance de sobrevida, exceto uma: o codex genético no qual estão armazenadas as linhagens de toda a raça kryptoniana. Não por acaso, é o objeto de desejo máximo de Zod, que planeja erguer uma nova Krypton sob seu comando, aplicando seus próprios parâmetros de eugenia.

Como uma última grande conquista do Krypton way of life, Zod e seus seguidores - entre eles a formidável operativa Faora-Ul (Antje Traue) - são derrotados, presos e enviados à Zona Fantasma. Tudo graças à intervenção do líder cientista Jor-El (Russell Crowe), que frustra os planos do militar ao mesmo tempo em que envia seu famoso filho recém-nascido à Terra para escapar do destino de Krypton. Adotado pelo casal Jonathan (Kevin Costner) e Martha Kent (Diane Lane), Clark, a.k.a Kal-El (Henry Cavill), atravessa a vida escolar deslocado e solitário, até que um dia sai pelo mundo em busca de suas raízes. Pelo menos, até ser rastreado pela repórter investigativa Lois Lane (Amy Adams). Assim, nasce uma mitologia moderna - que logo é posta à prova quando Zod e seus camaradas aportam na Terra com intenções nada diplomáticas.

Snyder deixa claro que o objetivo é reformar o universo do Superman desde as bases mais profundas. Krypton nunca foi visto assim fora dos quadrinhos. O que era um planeta asséptico e estéril em sua concepção prévia, virou uma esfera terrígena cheia de vida, não fazendo feio nem perto de Pandora, embora nitidamente debilitada pela falência de seus recursos naturais. O estilo da arquitetura traz a impressão de estarmos vendo alguma splash page do saudoso Moebius ganhando vida. Sendo apenas uma introdução, pouco é revelado sobre a cultura e o contexto social. Percebe-se o contraste de uma sociedade avançada para os padrões humanos, mas não tanto a ponto de abrir mão de trabalho animal ou de superar dogmas arcaicos. Um toque bastante mundano por parte do roteiro. E sobretudo, eficiente: ao mesmo tempo explica por que Krypton abandonou a expansão para outros planetas e suas respectivas terraformações (ou seriam kryptoformações?) e por que não iniciou um êxodo pelo espaço para salvar seu povo da extinção.

Esse aspecto também ajuda a compor a inesperada tridimensionalidade do personagem Zod.


Diferente do oficial aristocrata eternizado por Terence Stamp, o Zod de Michael Shannon é um nacionalista, um soldado comprometido com a missão da sua vida. Portanto, nada de "kneel before Zod". Do levante antigovernista em seu planeta natal até suas ações genocidas na Terra, seu intento é um só: a salvação da sua raça, não importa o custo. E pensando bem... importaria? Se qualquer um faria o mesmo em seu lugar ou se Krypton já teve sua chance é uma questão ética que sustenta uma boa discussão. O fato é que resumí-lo como vilão com uma raison d'être tão autêntica já não fica tão simples assim. A cena em que Zod, desesperado, apela para que a esposa de Jor-El, Lara (Ayelet Zurer), não lance a nave com o codex (e seu filho) destaca ainda mais a ambiguidade da situação.

Mais pra frente, o filme acaba cedendo ao tomar partido na cena da bad trip do Superman, onde ele descobre os planos de Zod para os nativos da Terra, mas até ali o saldo conceitual era muito positivo. É mais do que se poderia esperar de um filme-pipoca. E não para por aí.

A cinebiografia do Clark pré-Superman ainda é escassa em detalhes, mas ganhou no filme uma profundidade inédita até então. Cair na estrada como um benfeitor anônimo, ao velho estilo "David Banner", se revelou um recurso ainda eficiente. Foi uma boa estratégia pra ficar fora do radar e, ao mesmo tempo, antenado com o mundo à sua volta, atrás de qualquer sinal de anormalidade que possa ter alguma conexão com a sua origem - com direito a uma certeira inserção de "Seasons", do Chris Cornell. Cavill convence como bom-moço mezzo decidido mezzo inexperiente. Conseguiu não apenas caracterizar o Superman em formação, como também guiar o espectador pela trama.

A única ressalva vai para a quantidade pífia de linhas à sua disposição. Mesmo transmitindo serenidade no papel, Cavill foi um tanto amordaçado pelo script, sugerindo um certo pé atrás do diretor com seu ator - quase reeditando a tática de Bryan Singer com o então novato Brandon Routh, no Super 2006.

Bobagem. É fácil ver a competência dele, especialmente na cena breve, mas marcante, que dividiu com Kevin Costner. Que, por sinal, foi uma excelente escolha para o pai adotivo do escoteirão. Com sua bagagem de veterano e de ex-#1 de Hollywood, Costner passa toda a confiabilidade e afetuosidade que se espera do papel. Mas, ironicamente, veio do personagem dele o primeiro sinal de que havia algo de errado no ar.

Na verdade, "sinal" é pouco... eu diria mais um direto de direta, onde Jonathan mostra que não é um caipira do Kansas e sim dos Ozarks:

"Clark, you have keep this side of yourself a secret."
- "What was I supposed to do, just let them die?"
"Maybe."

E conclui:

"There's more at stake here than just our lives and the lives of those around us."

Grande Júpiter.

Ou ele projetava um Clark sociopata e tirânico para o futuro ou foi substituído por um Jonathan Bizarro com as melhores (ou "piores") intenções. Logo ele, recém-saído da boa caracterização de John Schneider na série Smallville. Aconselhar Clark a não salvar a vida de inocentes - crianças ainda - para esconder o que fosse nunca fez parte de seu perfil, seja em qual versão ou mídia. Jonathan seria expulso do Hall dos Mentores das HQs na hora, pelo Ben Parker em pessoa, que entoaria sua mais célebre frase com a voz de James Earl Jones pra ele nunca mais esquecer.

Desnecessário chafurdar a fundo nesse absurdo, mas vamos considerar que essa é sua natureza no filme, de alguém preocupado e temeroso pelo futuro do filho, como qualquer pai seria. Dadas as circunstâncias, faltou um "pouquinho" mais de fé no garoto ali. Especialmente num garoto invencível e invulnerável que literalmente foi um presente dos céus. Ou seria tudo uma alusão ao homem comum de hoje, mais amargo, pragmático e menos afeito à solidariedade e amor ao próximo, valores esses massacrados diariamente nas manchetes policiais? Se foi, faltou combinar.

De quebra, Jonathan ainda sai de cena vitimado pela própria lógica, de forma ainda mais melancólica, mesmo que pontuada pela soberba atuação de Costner. Nem todos os memes disponíveis na web fariam jus a esse tremendo fail do roteiro de Goyer, mas, como consolo, foi fichinha perto do que estaria por vir.


Verdade seja dita, nenhum filme baseado em quadrinhos de super-heróis teve sequências de ação como O Homem de Aço. É o mais próximo de um vale-tudo entre superseres que o cinema produziu até hoje. Não deixa de impressionar a evolução na área desde X-Men, há exatos 13 anos atrás - e que agora fica parecendo até um filme do Roger Corman. Isso graças à mão pesada e vertiginosa de Zack Snyder, muito bem captada pela equipe de 2ª unidade, que, segundo me disseram, são os criativos e os operários por trás do espetáculo. E por incrível que pareça, sem uso compulsivo de câmera lenta, o crack de Snyder desde muito tempo.

Pelo contrário...


Ao ilustrar a supervelocidade dos kryptonianos em tempo (sur)real, o diretor dá a dimensão exata do poder e da ameaça que eles representam - aspecto conduzido com perfeição pela assustadora Faora. Que não é a misândrica radical dos quadrinhos, mas também é objetivista, sem remorsos e, aparentemente, ainda mestra em Horu-Kanu (o Krav Maga de Krypton). São dela as melhores brigas do filme, que passa como um rolo compressor por cima do exército e do azulão. Antje Traue, do bacanudo Pandorum, funciona tão bem no papel que quase chega a apagar da tela um gorila kryptoniano de 4 metros que comparece no campo de batalha.

Seu visual também é um deleite: a beleza e o olhar gélido da atriz alemã caíram como uma luva na indumentária futurista e meio dark - pessoalmente, um déjà vu e tanto. Entra tranquila no clube de coadjuvantes sinistros que roubam a cena com cotação recorde: 5 Darth Mauls de 5.

Paradoxalmente, é em meio a esses acertos que surge a pior faceta de O Homem de Aço. Dando plena e furiosa vazão aos subtextos proferidos pelo cajun Jonathan no 1º ato do filme, o que se vê na reta final é uma sinfonia da destruição executada no último volume. Até aí tudo bem, a Metrópolis dos quadrinhos é varrida do mapa quase toda quinzena e finalmente temos a tecnologia para simular isso num filme; o problema é quando cruza a fronteira da negligência, atropelando nada menos que a índole do escoteirão. Sua luta contra Faora em Smallville já era um prenúncio do megadeath iminente: além de salvar um ou outro militar (por fins práticos, buscando gerar confiança?), o herói pouco faz em relação aos civis residentes e trabalhadores no local.

No máximo, aconselha um grupelho de coitados a se trancarem nos estabelecimentos - os mesmos que ele e Faora moem durante o quebra, sem preocupação aparente com quem está lá, sejam mulheres, idosos, crianças, pandas, coalas, o que for. Mas a coisa desanda mesmo quando Superman e Zod fazem Metrópolis de octógono.


A tensa sequência em que Perry White (Laurence Fishburne) e mais um sujeito tentam retirar uma colega dos escombros é, talvez, a mais reveladora de O Homem de Aço. Na hora, lembrei de uma cena similar e a mais emblemática de Superman - O Retorno: Lois, seu filho e seu marido contemplando a morte certa presos num barco afundando. Singer estica a virada sadicamente até o limite, arrematando com um gancho que sintetiza, sem que nenhuma palavra seja dita, a essência do Superman. Ou, pelo menos, daquele o qual estávamos acostumados. No novo filme, a coisa é bem diferente. Com uma máquina do Juízo Final bombando a poucos metros dali e com seus esforços se mostrando em vão, em dado momento White decide entregar os pontos e permanecer ao lado da amiga até o fim inevitável. Naquele momento, eles só tem um ao outro e nenhuma esperança. Ninguém veio. Ninguém virá. Você tem um homem de aço na sua cidade, mas está por sua conta. Sem essa de superamigo.

Agora imagine quantas dessas microssituações dramáticas se deram entre os escombros de Metrópolis enquanto dois deuses trovejavam no céu e derrubavam mais prédios? Dante Alighieri manda lembranças.

Longe de querer um caos ordenado que se auto-justifica a cada 5 segundos. É óbvio que um evento dessa magnitude faria cadáveres brotarem do chão. Acontece todo tempo nas histórias do herói, ainda que implicitamente, mas sempre administrado por uma atitude protecionista em relação aos frágeis e mortais terrestres. Não de forma que interrompa o fluxo da ação ou da narrativa, mas em breves cenas sugerindo que ele fez o que pôde antes de se dedicar à pancadaria em definitivo - é o padrão desde sempre, nas HQs, nos longas animados e, adivinha, nos filmes com o Reeve. Haviam opções para mover o confronto para outro lugar, como no espaço, onde ele até tentou (só que, infelizmente, sempre caíam nos mesmos lugares... magia do Caos, for sure). O oceano era logo ali. Desertos, cânions e o pólo ártico não eram nem na esquina pra eles.

Se foi inexperiência, compro até certo ponto. Mas fica complicado quando o único civil que Superman se digna a salvar é exatamente a Lois - três vezes durante o filme, sendo a última delas um deus ex machina que faria corar até o T. Rex do final de Jurassic Park. Se isso tudo fosse uma análise comportamental sobre ele, como eu deveria interpretar?

E por incrível que pareça, nem menção posterior há aos prejuízos astronômicos e às prováveis milhares de vítimas das ações dos kryptonianos (todos eles). Algo que poderia muito bem ser resolvido de uma forma sutil, emocionante e respeitosa sem gastar tanto tempo ou baixar uma nuvem deprê no contexto PG-13.

O Homem de Aço se compromete com o aspecto humanista e sociológico da situação, mas não segura o rojão. E olha que não sou de nenhum Comitê dos Direitos Humanos dos Seres Vivos Fictícios. Sou fã de cinema-destruição. Rio muito sempre que o Lobo lembra como destruiu seu planeta natal. Darth Vader explodiu Alderaan e tenho um Vaderzinho de chumbo na minha mesa. Meu personagem favorito dos quadrinhos é Galactus. Nenhum deles tenta ser o que não é - ou mais do que é.

Diante disso, ficaria feliz em não ter mais nada a questionar, porém, a vida não é fácil pra quem detesta fazer coro com rebanho moralista. E calhou disso acontecer justamente na cena mais polêmica do filme.


Spoiler?

De um lado, uma linda família caucasiana recém-saída das filmagens de um comercial de margarina. De outro, Superman aplicando um mata leão em Zod, que diz em alto e bom som que vai flambar todo mundo porque Kal-El não tem cojones de aço pra impedi-lo. Além de recorrer a uma imagética vexaminosa de tão apelativa e maniqueísta, a edificante solução encontrada pelo roteiro de Goyer não poderia ser mais populista em sua visão mais primária e obtusa da Justiça, eliminando qualquer fagulha de inspiração e idealização que poderia advir do Superman. Ufa. Como bem disse Brainiac em saga recente, é uma decepção ver um filho de Krypton reduzido a um bruto.

Sério que ele não conseguiu pensar em nada, mesmo com Zod dominado numa super-gravata? O Super mesmo foi nocauteado por Faora e o gigante em dado momento, então isso era possível na lógica do filme. Ele poderia ter apertado mais até o vilão perder os sentidos. Ou, sei lá, socado sua cabeça até conseguir. Depois poderia tê-lo levado até a nave exploradora e buscado intel para contê-lo (radiação do sol vermelho, simulação de atmosfera kryptoniana, etc). Provavelmente até acharia por lá um daqueles pen-drives kryptonianos com o Jor-El backupeado, pronto para auxiliá-lo a despachar novamente o general para a Zona Fantasma. Ou qualquer coisa.

Mas preferiram colocar o Superman matando no primeiro filme da sua muito aguardada reabilitação cinematográfica. Pior, se submetendo ao joguinho de manipulação do vilão, descendo assim ao seu nível. Em algum lugar de uma galáxia distante, Luke Skywalker dá um facepalm.

Ironicamente, soou como um upgrade da infame cena "América para os americanos" do Superman II original. Isso, mais o fato do mundo fora dos EUA ser retratado no filme como uma terra de ninguém terceiro-mundista, constitui uma clara mensagem pra quem se atrever a pisar no quintal gringo. Slavoj Žižek aproveitaria até a raspa desse tacho. Sem medo de soar purista, filme de Super-Homem não é lugar para pregações reacionárias. Não dá pra corroborar com um Superman que age como alguém sem superpoderes, sem perspicácia e sem opções, rendido pela máxima popular do "bandido bom é bandido morto" - com certeza existe mais de um equivalente republicano-redneck disso aí.

O desenlace do final foi igualmente atordoante, no mau sentido, com Clark indo trabalhar no Planeta Diário. É exigir demais da suspensão da descrença. Dá a impressão que Goyer já havia perdido completamente o controle e apressou a conclusão o mais rápido possível para evitar mais danos, tal qual um piloto de airbus que descarta o combustível em pleno ar, certo de que o pouso será de nariz.


O lado positivo disso tudo é que Henry Cavill se sobressai ileso aos carrinhos criminosos do roteiro com uma atuação digna e segura, até mesmo em sua reação após o "inevitável". O que, sem dúvida, foi essencial para a boa química de Clark e sua mãe adotiva, Martha - uma ótima Diane Lane com maquiagem envelhecedora pra chocar os trintões. E eu ainda nem terminei de suspirar por ela em Ruas de Fogo...

"Knock, knock" - "Who's there?"
- "It's your lucky day..."
Só elogios para a encantadora Amy Adams, que, mesmo sendo jogada de lá pra cá de forma pouco criteriosa, faz uma Lois sexy, atrevida, sagaz, no tom certo de humor - e aparentemente velocista nível mach 10, já que faz o eixão meio-oeste/costa leste norte-americana em tempo recorde.

Foi bem sacada a escalação de Richard Schiff para o papel do Prof. Emil Hamilton, personagem pouco conhecido do público em geral, mas frequente colaborador do herói nas HQs e nas séries animadas. Igualmente para a participação do grande Christopher Meloni como o coronel extrassacudo que chama Faora na chincha não uma, mas duas vezes. Já Russell Crowe apenas não compromete, embora tenha ficado um tanto galhofeiro e fanfarrão nas cenas do Jor-El holográfico. E desceu quadrado o cacete que ele, um cientista, deu em Zod e mais uns capangas no início do filme, mas deixa baixo.

A edição meio truncada e corrida, à Nolan, também não funcionou a contento. Apesar de turbinar a dinâmica, suprime momentos potencialmente emocionais como a cena em que Jonathan revela a cápsula para Clark - numa notável atuação do garoto Dylan Sprayberry, por sinal. E a tão alardeada estreia do "universo compartilhado" da DC nos cinemas foi tímida: limitou-se a um logo-Lex aqui e um satélite Wayne acolá. Pouco pra quem tem a pretensão de reeditar a campanha bem-sucedida da Marvel Studios, ainda mais considerando que o UDC sempre foi mais integrado que a concorrência. Em contrapartida, a justa homenagem ao Christopher Reeve foi arrepiante.


A cena que fecha o filme é evocativa e belíssima. Clark bem menino, brincando no quintal de casa com seu cachorro, em meio aos varais e roupas estendidas. É universal. E ao mesmo tempo, não podia ser mais íntimo. Talvez seja aí que resida a verdadeira força de O Homem de Aço, perdida entre o filme que há muito queríamos ver, o filme que nos foi dado e o espírito e o coração do velho Superman.

Ps: o Luwig fez um fantástico texto sobre o filme com referências e especulações a granel.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Sex and the Krypton


Novo filme do "Homem de Aço" despontando no horizonte, de volta à lida kryptoniana no cinema. Com tantas prévias, trailers e spots, qualquer preparação fica redundante, embora ache que o escoteirão mereça o esforço. Só que dessa vez vou passar. Em parte, pra não contaminar a experiência que será ver essa nova abordagem do Clark - supostamente feita para entregar aos fãs tudo o que eles reivindicaram por décadas - e em parte, porque involuntariamente já estava fazendo isso.

Nos últimos meses andei meio obcecado pelo Superman II no corte do diretor Richard Donner. As sequências "novas" de Christopher Reeve, Margot Kidder e Marlon Brando, a divertida malandragem de Gene Hackman, as boas cenas da versão original que foram excluídas injustamente...

Tudo muito fascinante, mas alguns dos meus momentos favoritos desse revisionismo já estavam lá desde o começo: a dinâmica interna do trio de kryptonianos renegados, em particular General Zod e Ursa.


O tom mezzo cruel mezzo ingênuo adotado pela atriz Sarah Douglas foi sob medida. É ótima a cena em que Zod descobre que o Super se importa com os humanos. Genuinamente intrigada, Ursa pergunta: "como animais de estimação?". Outro momento, muito revelador, é quando os três vilões estão na sala oval da Casa Branca com todo o seu staff subjugado. Ursa passa os generais em revista com um olhar de puro desprezo enquanto ridiculariza seus uniformes cheios de condecorações, ao mesmo tempo em que arranca uma insígnia pra adicionar em seu próprio uniforme como troféu - entregando aí a mesma tendência masculina por ostentação e objetificação de poder, sem absolutamente nenhuma consciência disso naquele momento.

Ursa é cria do godfather Mario Puzo, pensada exclusivamente para os dois primeiros filmes. Só debutou nos quadrinhos em 2007, numa ótima saga escrita por Richard Donner em parceria com Geoff Johns e Adam Kubert. Demonstrava ali a mesma aversão doentia a todos os homens, com exceção de Zod, a quem nutria uma obsessão cega. Sendo uma evolução natural de seu perfil nos filmes, acabou soando como resultado de condicionamento típico de fileiras militares ou de grupos fundamentalistas. Isso tudo deixa ainda mais interessante a escolha de um dos vilões do novo filme.

Faora Hu-Ul de Alezar foi criada pelo desenhista Curt Swan em 1977, num arco em três partes escrito por Cary Bates e ilustrado por Swan e Tex Blaisdell. Era uma vilã tão atraente quanto letal: foi condenada a 300 anos de reclusão na Zona Fantasma pela morte de 23 kryptonianos em seu próprio campo de concentração masculino (!). Eventualmente, ela escapa da prisão para aterrorizar Metrópolis e, claro, o Superman. Uma kryptoniana assassina em massa turbinada pelo nosso sol amarelo pode parecer preocupante, mas para o Super é como um passeio no parque, certo? Não exatamente...

Faora era mestra em Horu-Kanu, a "forma de combate físico mais mortal de Krypton". A arte marcial é baseada em ataques aos pontos de pressão do organismo kryptoniano. Os golpes variam de quebrar ossos (lógico), forçar reações reflexas e a cereja do bolo, o Dyr-Ynn, o toque fantasma da morte. Além disso, Faora tem disciplina suficiente para usar a raiva (!!) do Azulão contra ele e até exibir certos dons psíquicos, como autoprojeções e relâmpagos mentais. Derrotado, o Super evadiu do local em velocidade de dobra, não apenas reconhecendo a vasta superioridade de Faora como também se refugiando na Zona Fantasma!

Faora foi criada apenas um ano antes de Ursa, mas realmente parece ter sido a sua precursora. Em termos de psicologia (de boteco) não é a mesma personagem. Mas o que elas têm em comum é um detalhe crucial, que para Ursa é como uma suave brisa de verão e para Faora é a grande mancha vermelha de Júpiter: a misandria.

E ela sorve isso como se provasse o melhor dos vinhos.


E começou como se fosse um causo do Zéfiro...

O que poderia ser um pretexto para diminuir seus méritos pessoais e reduzí-la a uma estressada superpoderosa com TPM infinita. Mas felizmente o roteiro de Bates evita clichês sexistas e constrói uma vilã ameaçadora, inteligente e carismática. E nem é tão doida. Ela só odeia mortalmente todos os seres vivos do sexo masculino, extermina alguns ocasionalmente e quer fazer o planeta ajoelhar aos seus doces pés. Nada que um ditador terráqueo não almejaria.

Tenho a impressão de que a Faora do filme não herdará muito de sua personalidade original, mediante a aparente posição subalterna before Zod. Faz parte do jogo. Nos quadrinhos os dois já se encontraram e até uniram esforços por um objetivo comum, mas o buraco era bem mais embaixo.


Kneel before Faora, male pig!

Duvido muito que no filme ela esculache assim o sexo frágil (nós!). Mas torço pra que não seja apenas um pau mandado do General de cinco estrelas. Afinal, como bem disse o Clark na estreia da moça, ela é uma "man-hater". 

Eu já diria mais: ela é uma "maneater".


Para o cinema e avante!