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terça-feira, 8 de abril de 2025

Predador de matadores


Pela prévia, a animação Predator: Killer of Killers parece um bom aperitivo para o longa live action Predator: Badlands, previsto para novembro. Ambos são co-escritos e dirigidos pelo Dan Trachtenberg, de Predador: A Caçada, o que é uma grande referência.

Não sou lá muito fã dessa tendência de animações em 3D com baixo frame rate, mas é ranhetice minha. Arcane e Samurai de Olhos Azuis usam essa técnica e são excelentes. E meu sonho era ver o honorável Hiroyuki Sanada de samurai fatiando um Yautja no Japão feudal, mas essa versão digital genérica vai ter que dar pro gasto. E ainda terá ninjas. E uma batalha aérea contra uma nave predadora. E pelas empalações e torsos decepados, a Disney+ liberou geral para a Hulu.

Ok, noves fora, acho que já temos algo lá fora e que não é um homem. E se sangra...®

quarta-feira, 10 de agosto de 2022

Tem algo lá fora esperando por nós... e não é um homem


O Predador: A Caçada (Prey) está entre os melhores exemplares da franquia. Bem ali, no espaço onde orbita o hoje reavaliado Predador 2, atrás apenas do clássico-brucutu de 1987. E embora A Caçada e Predador 2 sejam animais diferentes, guardam semelhanças pontuais. Quando os criadores e roteiristas Jim e John Thomas escreveram o script para o 2º filme, o objetivo era expandir o mythos do alien-ugly-motherfucker, oficializando o m.o. do safári interplanetário e explorando a diversidade física e cultural de sua espécie. Além, claro, de dar um tapa em seu arsenal high tech, passados 10 anos dos eventos do filme original.

Em A Caçada, a estratégia do roteiro de Patrick Aison e do diretor Dan Trachtenberg é a mesma, só trocando o upgrade pelo downgrade.

Situada em 1719, a trama conta a história de Naru (Amber Midthunder), uma jovem Comanche que cresceu aprendendo as técnicas medicinais de seu povo. Mas o que ela realmente almeja é entrar para o grupo de caçadores da aldeia, como seu irmão, o habilidoso Taabe (Dakota Beavers). Entre a rotina pesada imposta às mulheres e a pressão do conformismo social, Naru visa apenas sua kühtaamia, o teste de fogo para provar seu valor e coragem e assim ser aceita como um dos caçadores. Ela tem sua chance quando um leão da montanha começa a atacar nas proximidades. E mais ainda, quando um Predador aterrissa em pleno Novo Mundo.

A premissa é a mais simples de toda a série, o que já é notável por si só. É preciso realmente se esforçar para escrever um Predador e eles se esforçaram. A grande vitória do filme é o cuidado com os detalhes e a jornada da protagonista — que faz valer cada segundo de tela.


De carreira ascendente e ascendência Sioux, a talentosa Amber Midthunder (de Legion e Banshee) está alinhadíssima com a proposta. Sem errar a mão, ela confere seriedade, profundidade e autenticidade à Naru. E tal qual Beavers, seu irmão na tela, ela também fez seus próprios stunts no filme. Sua performance e presença, sozinhas, já garantem a experiência. Sem perceber, fiquei engajado pela trajetória de Naru e sua esperta cadelinha Sarii, mesmo temendo o momento Davi versus Golias que surgiria, inevitável, até o final do longa.

Como o universo do Predador ainda é um processo em andamento, o roteiro a quatro mãos traz algumas novidades bem vindas, como uma nova variação da espécie Yautja — que vem sendo chamada de Feral Predator ("Predador Selvagem") — e suas armas tradicionais em versões rudimentares. Após o filme, dá pra entender perfeitamente por que os Predadores atualizaram os projéteis heat-seeker para o canhão de plasma...

Outro aspecto muito bem dosado é o das referências ao cânone. No filme, algumas sequências são quase reencenações de momentos antológicos (principalmente do 1º filme), mas com novas roupagens e contextualizações que conferem sua própria sustentação dramática. Mesmo frases de efeito icônicas, como o "se ele sangra...", que poderiam ter ficado extremamente gratuitas, soam naturais com o devido build up. E o modo como Naru consegue driblar a temível visão infravermelha do Predador, sem recorrer ao macete eternizado pelo personagem de Schwarzenegger no 1º filme, é puro futebol moleque indígena. É a diferença entre o mero fanservice e o roteiro bem escrito.

Como se não bastasse, o filme ainda faz uma ponte direta com Predador 2 ao contribuir com mais um trecho da saga da Flintlock 1715 de Raphael Adolini, aqui (bem) interpretado pelo ator canadense Bennett Taylor. Easter egg fino para os iniciados no Predaverso.


Chega o último ato, aquele, inevitável, e, tenho que admitir, fiquei quase totalmente satisfeito. Naru bem poderia ser a hexavó do Billy, não fosse ele um Sioux (bem...). Em meio ao embate definitivo pipocam apenas uns dois momentinhos (coisa de décimos de segundo) que me desceram quadrado, o que é uma média absurdamente alta nessa modalidade. Além do mais, o Predador 1719, apesar de brutal, é inexperiente e também passa por sua própria kühtaamia — em contraponto a Naru, cuja engenhosidade, talento para observação e raciocínio lógico foram exaustivamente treinados por ela desde o minuto em que nasceu mulher.

O Predador: A Caçada já é sucesso de streaming. O que é mais do que merecido. É um filmão.

Não é que as preces funcionaram?

terça-feira, 7 de junho de 2022

Pray, Prey

E saiu o trailer completo de Prey, novo opus do Predador, o alien guerreiro (e esse é guerreiro!) praticante de caça esportiva.


Em geral, acho saudável esse tipo de proposta fora da curva para franquias estabelecidas, mas faz tempo que uma não me descia tão quadrado. Jovenzinha indígena contra um alienígena com 240 kg de puro músculo e arsenal, duh!, de outro mundo? Porra, véio.

O mancebo cineasta Dan Trachtenberg (41) tem um portfolio curto mas legal: fez um ep. de Black Mirror e debutou na telona no bom 10 Cloverfield Lane. E o roteirista/argumentista Patrick Aison foi produtor executivo em séries bacanas (Wayward Pines, Tom Clancy's Jack Ryan). Mesmo assim, esse plot é uma tour pela luz da improbabilidade e da suspensão de descrença.

Sem desmerecer a atriz nativa americana Amber Midthunder, que protagoniza o longa, quem vai precisar se besuntar em lama pra escapar do fracasso é essa dupla...

Veremos o resultado em 5 de agosto.