Nascida a 7 de Junho de 1950, na Vila de João Belo (Xai-Xai), em Moçambique, Maria Natércia Mesquita Barreto Pereira (a popular Techa) começou a cantar ainda muito nova, apresentando-se em programas de rádio como “Os Sobrinhos da Tia Zita” e “Gente Nova ao Microfone”, ambos da autoria de Maria Adalgisa e António Fonseca. Em 1963 faz parte do Conjunto Feminino e no ano seguinte é integrada nos quadros do Rádio Clube de Moçambique. Com apenas 15 anos é eleita a “Rainha da Rádio” de Moçambique (o “Rei” foi Aníbal Coelho) e ganha o “Óscar Revelação”, instituído pela imprensa moçambicana. 1968 marca o início das gravações em disco. Sai o 1º EP, “Natércia Barreto Canta Para Si!”, com dois temas originais (“Deixem-me Ser Teenager”, com música de Artur Fonseca e letra de Guilherme de Melo, e “Gigi”, com música de António Gavino e letra do mesmo Guilherme de Melo), a que se juntam duas versões de “San Francisco” e “Eternally”, ambas interpretadas em português.
"NATÉRCIA BARRETO CANTA PARA SI!"
Edição original em EP Parlophone (EMI) JGEP 12010
(SOUTH AFRICA, 1968)
Lança nesse mesmo ano o 2º EP, “Encore!”, composto integralmente por 4 versões em português de êxitos internacionais da época: “Vem Meu Amor (Delilah)”, “Felicidades (Congratulations)”, “Triste e Só (Love Is Blue)” e “La La La”. Estes dois primeiros trabalhos deram-na a conhecer, sobretudo ao público laurentino, mas o grande boom irá surgir apenas em 1969, através do celebérrimo “Óculos de Sol”, uma versão de “Sunglasses”, que acabou por suplantar as gravações anteriores, cantadas em inglês (o original foi assinado por John D. Loudermilk) por Skeeter Davis (1965), Sandy Posey (1967) e pela sul-africana Hilary (1968). O tema faria parte do 3º EP, “De Novo Com Techa”, juntamente com “Primavera do Amor (Those Were the Days)”, “Naquela Manhã d’Oiro” e “Canção Para Uma Noite”.
"ENCORE!"
Edição original em EP Parlophone (EMI) JGEP 12011
(SOUTH AFRICA, 1968)
Faz uma digressão pela metrópole com êxito estrondoso de norte a sul (vendeu mais de dez mil discos), actuando em Casinos, Rádios e Televisão. Em 1970 é de novo eleita a “Rainha da Rádio” moçambicana. Natércia Barreto tem nessa altura 20 anos: «Em 1970 ganhei pela 2ª vez, juntamente com o Carlos Guilherme, o Concurso dos "Reis da Rádio". Casei nesse ano em Setembro e fui logo viver para a África do Sul. Entretanto tinha sido convidada pela Empresa Lopes de Almeida a participar numa "tournée" artística pelos Estados Unidos e Canadá, como cabeça de cartaz. Fui então já acompanhada pelo meu marido. Percorremos as principais cidades dos Estados Unidos e também algumas do Canadá, como Toronto e Vancouver. Foram 45 dias em beleza. Em Nova York fomos ver a ópera rock "Hair", que achei maravilhosa». Em finais de 70, Natércia Barreto já tinha vendido, só nos Estados Unidos, mais de 25000 discos.
"DE NOVO COM TECHA"
Edição original em EP Parlophone (EMI) JGEP 12014
(SOUTH AFRICA, 1969)

«Quando voltei à África do Sul fui logo convidada por um empresário português, Morais Silva, que nessa altura começou a organizar espectáculos por toda a África do Sul e onde eu fui sempre cabeça de cartaz. Vieram também artistas portugueses do Continente como o Tony de Matos e o Alberto Ribeiro". Ainda voltei ao Canadá a convite do mesmo empresário. Nessa altura fui acompanhada por um conjunto local, os "Símbolos de Esperança". Nessa viagem um agente artístico do Canadá, ouviu-me e queria que eu lá ficasse, mas recusei porque sempre preferi optar pela minha vida privada». Em 1970 e 1971 saem mais dois EPs e até finais dos anos 70 aparecem algumas gravações esporádicas, dispersas por coletâneas sul-africanas. Em 1975 ganha juntamente com Zito o concurso "Reis da Canção", organizado pela Russel's, uma companhia sul-africana. O seu último registo data de 1980, com o single "Fantasia"/”Amanhã, Amanhã”. Até aos anos 2003/2005 dá diversos espectáculos, em festas em clubes e restaurantes portugueses, onde canta fado com Zito e outros artistas da comunidade. Volta a Portugal em 2008, onde actua num programa nostálgico (“A Minha Geração”) da RTP, ficando surpreendida pelo facto das pessoas não se terem esquecido da sua canção mais emblemática, "Óculos de Sol".