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sexta-feira, 8 de setembro de 2017

NATÉRCIA BARRETO: Os 3 Primeiros EPs

Nascida a 7 de Junho de 1950, na Vila de João Belo (Xai-Xai), em Moçambique, Maria Natércia Mesquita Barreto Pereira (a popular Techa) começou a cantar ainda muito nova, apresentando-se em programas de rádio como “Os Sobrinhos da Tia Zita” e “Gente Nova ao Microfone”, ambos da autoria de Maria Adalgisa e António Fonseca. Em 1963 faz parte do Conjunto Feminino e no ano seguinte é integrada nos quadros do Rádio Clube de Moçambique. Com apenas 15 anos é eleita a “Rainha da Rádio” de Moçambique (o “Rei” foi Aníbal Coelho) e ganha o “Óscar Revelação”, instituído pela imprensa moçambicana. 1968 marca o início das gravações em disco. Sai o 1º EP, “Natércia Barreto Canta Para Si!”, com dois temas originais (“Deixem-me Ser Teenager”, com música de Artur Fonseca e letra de Guilherme de Melo, e “Gigi”, com música de António Gavino e letra do mesmo Guilherme de Melo), a que se juntam duas versões de “San Francisco” e “Eternally”, ambas interpretadas em português. 

"NATÉRCIA BARRETO CANTA PARA SI!"

Edição original em EP Parlophone (EMI) JGEP 12010
(SOUTH AFRICA, 1968)

Lança nesse mesmo ano o 2º EP, “Encore!”, composto integralmente por 4 versões em português de êxitos internacionais da época: “Vem Meu Amor (Delilah)”, “Felicidades (Congratulations)”, “Triste e Só (Love Is Blue)” e “La La La”. Estes dois primeiros trabalhos deram-na a conhecer, sobretudo ao público laurentino, mas o grande boom irá surgir apenas em 1969, através do celebérrimo “Óculos de Sol”, uma versão de “Sunglasses”, que acabou por suplantar as gravações anteriores, cantadas em inglês (o original foi assinado por John D. Loudermilk) por Skeeter Davis (1965), Sandy Posey (1967) e pela sul-africana Hilary (1968). O tema faria parte do 3º EP, “De Novo Com Techa”, juntamente com “Primavera do Amor (Those Were the Days)”, “Naquela Manhã d’Oiro” e “Canção Para Uma Noite”

"ENCORE!"

Edição original em EP Parlophone (EMI) JGEP 12011
(SOUTH AFRICA, 1968)

Faz uma digressão pela metrópole com êxito estrondoso de norte a sul (vendeu mais de dez mil discos), actuando em Casinos, Rádios e Televisão. Em 1970 é de novo eleita a “Rainha da Rádio” moçambicana. Natércia Barreto tem nessa altura 20 anos: «Em 1970 ganhei pela 2ª vez, juntamente com o Carlos Guilherme, o Concurso dos "Reis da Rádio". Casei nesse ano em Setembro e fui logo viver para a África do Sul. Entretanto tinha sido convidada pela Empresa Lopes de Almeida a participar numa "tournée" artística pelos Estados Unidos e Canadá, como cabeça de cartaz. Fui então já acompanhada pelo meu marido. Percorremos as principais cidades dos Estados Unidos e também algumas do Canadá, como Toronto e Vancouver. Foram 45 dias em beleza. Em Nova York fomos ver a ópera rock "Hair", que achei maravilhosa». Em finais de 70, Natércia Barreto já tinha vendido, só nos Estados Unidos, mais de 25000 discos.

"DE NOVO COM TECHA"

Edição original em EP Parlophone (EMI) JGEP 12014
(SOUTH AFRICA, 1969)

«Quando voltei à África do Sul fui logo convidada por um empresário português, Morais Silva, que nessa altura começou a organizar espectáculos por toda a África do Sul e onde eu fui sempre cabeça de cartaz. Vieram também artistas portugueses do Continente como o Tony de Matos e o Alberto Ribeiro". Ainda voltei ao Canadá a convite do mesmo empresário. Nessa altura fui acompanhada por um conjunto local, os "Símbolos de Esperança". Nessa viagem um agente artístico do Canadá, ouviu-me e  queria que eu lá ficasse, mas recusei porque sempre preferi optar pela minha vida privada». Em 1970 e 1971 saem mais dois EPs e até finais dos anos 70 aparecem algumas gravações esporádicas, dispersas por coletâneas sul-africanas. Em 1975 ganha juntamente com Zito o concurso "Reis da Canção", organizado pela Russel's, uma companhia sul-africana. O seu último registo data de 1980, com o single "Fantasia"/”Amanhã, Amanhã”. Até aos anos 2003/2005 dá diversos espectáculos, em festas em clubes e restaurantes portugueses, onde canta fado com Zito e outros artistas da comunidade. Volta a Portugal em 2008, onde actua num programa nostálgico (“A Minha Geração”) da RTP, ficando surpreendida pelo facto das pessoas não se terem esquecido da sua canção mais emblemática, "Óculos de Sol".

sábado, 10 de outubro de 2015

FESTA NA ÁFRICA DO SUL

E uma vez mais Rato Records volta a disponibilizar a todos os amigos deste blogue uma jóia rara! Ou melhor, duas, uma vez que são dois albuns reunidos num só CD. Tratam-se de dois discos gravados na África do Sul, em 1976 e dos quais até há uns anos atrás desconhecia por completo a existência. Mas pelos vistos foram mesmo gravados, e por intérpretes portugueses. Três deles, Ana Maria Froes, Natércia Barreto (a popular Techa) e Zito, oriundos de Moçambique, de onde tiveram de sair após a Independência, para se radicarem na vizinha África do Sul, onde creio que ainda hoje se encontram a viver. Ana Maria Froes (ou Fróis) teve um êxito importante em 1970/71 com o tema “Topsi”, amplamente publicitado pelo suplemento musical Onda Pop do jornal “Notícias” de Lourenço Marques. Zito (de seu verdadeiro nome José Eduardo), do qual já aqui foi apresentada uma antologia, foi um popular fadista da capital moçambicana nos fins dos anos 60, princípios dos anos 70. Quanto à Natércia Barreto, as apresentações são desnecessárias visto a intérprete de “Óculos de Sol” e tantos outros êxitos ser sobejamente conhecida. O cantor Jimmy, já falecido, era o irmão mais novo do popular Max. Nascido no Funchal, foi para Moçambique nos finais dos anos 50, onde fez parte de um grupo em que figuravam outros nomes bem conhecidos do público laurentino, como a Maria Adalgisa ou o acordeonista David Pantoja. Depois de alguns anos a residir na África do Sul regressou ao Funchal, onde chegou ainda a actuar na Casa de Fados “Marcelino Pão e Vinho”. Quanto ao Conjunto Símbolos de Esperança, pouco se sabe. Era formado por portugueses radicados na África do Sul, onde durante os anos 70 actuavam para a comunidade portuguesa.

À distância de 4 décadas, todas estas músicas continuam a ouvir-se agradavelmente, com um sorriso nos lábios. Muitas versões de grandes êxitos da época (“Goodbye, My Love, Goodbye”, “Feelings” ou “Save Your Kisses For Me”), outros menos conhecidos (“Lady in Blue”, “To The Door Of The Sun”) e também alguns temas portugueses (“Canoas do Tejo”, “Hambanine”, “Que Linda Que És Madeira"). De registar a colaboração do célebre trompetista inglês Eddie Calvert (“O Mein Papa”, “Zambesi”, “Stranger in Paradise”, “The Man With The Golden Arm”, “Jealousy”, e tantos outros instrumentais famosos) que viria a falecer aos 58 anos, apenas dois anos depois da gravação destes discos. O produtor é o sul-africano John Gibson, cujos magníficos arranjos contribuiram para a longevidade de todas estas canções que podem agora ser de novo ouvidas com uma excelente qualidade sonora.
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