Mostrar mensagens com a etiqueta abbey road. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta abbey road. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

«And In The End... The Love You Take Is Equal To The Love You Make»

Original Released on LP Apple PCS 7088
(UK 1969, September 26)



O melhor album de sempre da história da música popular completou 50 anos de existência! Último LP gravado pelos Fab Four (como não podia deixar de ser, nº 1 em ambos os lados do Atlântico - durante 17 semanas, a partir de 4 de Outubro, no Reino Unido; e 11 semanas, a partir de 1 de Novembro, nos EUA), embora "Let It Be" fosse editado posteriormente, já em 1970, é porventura o mais perfeito de toda a história da música pop/rock. E isto apesar de nada o fazer prever. Com efeito, desde a morte de Brian Epstein que as tensões entre os quatro Beatles não tinham parado de crescer. Atingira-se um ponto em que não conseguiam concordar em nada, sobretudo na música que cada um queria fazer. No campo da gestão do património do grupo a guerra era total, entre John Eastman (advogado de sucesso e pai de Linda Eastman), obviamente apoiado por McCartney e Allen Klein, apoiado por Lennon, com conivência dos outros dois Beatles (Klein manteve contrato com os três até 1977). O resultado dessa guerra traduziu-se em mais uma razão para o fim do grupo.


Antes porém, e num último “tour de force”, McCartney sugeriu a George Martin a gravação de mais um album, no sentido de tentar atenuar um pouco as relações entre os membros do grupo. Martin impôs duas condições básicas: ser ele a controlar toda a produção (como nos “velhos” tempos) e ter a concordância inequívoca de John Lennon para tal projecto. Por estranho que tivesse parecido na altura, Lennon acedeu prontamente, não levantando qualquer problema. George Emerick foi chamado para engenheiro de som, tendo Alan Parsons e Philip McDonald como assistentes, e Tony Banks como operador das fitas de gravação. Estava assim constituída a tripulação que levaria aquele barco a porto seguro. Apesar do prévio acordo, a estrutura de "Abbey Road" foi bastante discutida. John queria que fosse um album de rock 'n' roll puro e simples, enquanto que Paul antevia antes uma pop opera de diferentes canções, todas ligadas num longo medley. O resultado, pelos vistos, satisfez a ambos. Mais a Paul do que a John, que chegou a dizer mais tarde: «"Abbey Road" was really unfinished songs all stuck together... None of the songs had anything to do with each other, no thread at all.» A primeira sessão de gravação ocorreu a 22 de Fevereiro de 1969 (na qual os 4 Beatles, juntamente com o organista Billy Preston, gravaram a fita-base de "I Want You (She's So Heavy)" e 20 de Agosto de 1969 é a data em que os Beatles estiveram pela última vez todos juntos num estúdio de gravação (onde, curiosamente, completaram os overdubs para "I Want You (She's So Heavy)"). George Martin não poderia estar mais orgulhoso: «It was a very, very happy album. Everybody worked frightfully well and that's why I'm very fond of it.»


O lado 1 ajusta-se mais às ideias de John que contribuía com duas faixas; "Come Together" e "I Want You (She's So Heavy)"; Paul assinava mais duas, "Oh! Darling" e "Maxwell's Silver Hammer" e George e Ringo ficavam-se com uma cada, respectivamente "Something" e "Octopus's Garden".

A1. COME TOGETHER (Lennon/McCartney)

Gravação: Julho 21,22,23,25,29,30; 1969
Nº de Takes: 9
John Lennon: lead vocal, guitar, backing vocal, hand claps, tambourine
Paul McCartney: bass guitar, backing vocal, electric piano 
George Harrison: lead and rhythm guitars
Ringo Starr: Drums and maracas

«I was running for Governor of California against Reagan, and John said: 'What can I do?' I said: 'Write a campaign song.' He said: 'What's the motto of your campaign?' I said: 'Come together - join the party', which was invented by my wife Rosemary. John immediately picked up on that and began strumming on tape: 'Come together, right now, over me / all can say is you got to be free.' And that was basically my campaign song.» (Timothy Leary, LSD guru). Composta por Lennon, esta faixa de abertura (que introduz pela primeira vez a técnica da slide guitar de Harrison) foi inspirada no tema “You Can’t Catch Me”, de Chuck Berry, do qual Lennon copiou inclusivé parte de um verso. Em 1980, John confessou a David Sheff que "Come Together" era uma das suas canções favoritas: «It's funky, it's bluesy, and I'm singing it pretty well. I like the sound of the record. You can dance to it. I'd buy it!» Recentemente, nas notas para o disco “LOVE”, George Martin escreveu que “Come Together” é a sua música favorita de toda a carreira dos Beatles. E em entrevista ao jornalista Ray Coleman, Paul McCartney desabafou: «On "Come Together" I'd have liked to have sung harmony with John, and I think he'd have liked me to, but I was too embarrassed to ask him.»


A2. SOMETHING (Harrison)

Gravação:  Fevereiro 25; Abril 16; Maio 2,5; Julho 11,16; Agosto 4,15; 1969
Nº de Takes: 39
George Harrison: lead vocal, guitar
Paul McCartney: bass guitar, backing vocal
John Lennon: piano
Ringo Starr: Drums
Billy Preston: organ
Orchestra: 12 violins, 4 violas, 4 cellos, 1 double bass

Inspirada numa estrofe de uma canção de James Taylor (que mais tarde se mostraria agradado por tal contributo: «I was pleased to think that I'd had an impact on the Beatles»), "Something in the Way She Moves" (aparecida em 1968, no 1º album homónimo do cantor), esta é sem dúvida a mais famosa canção de George Harrison, apesar de um dia o crooner Frank Sinatra ter dito que a considerava o melhor tema de Lennon/McCartney e uma das grandes canções de amor de sempre. A musa inspiradora foi Pattie Boyd, na altura ainda mulher de George, mas que viria a trocar o Beatle pelo amigo Eric, que de igual modo se deixou enlear em toda aquela luz inspiradora (“Layla”, “Wonderful Tonight”). “Something”, escrita durante as gravações para o White Album, é marcada por uma melodia belissima e representa a maturidade de Harrison como compositor. Originalmente a música terminava numa longa jam session e uma pequena orquestra de 21 músicos foi adicionada 3 meses depois da gravação original. Chegou a ser “oferecida” em primeira mão a Joe Cocker (que a gravaria mais tarde), mas tal decisão foi repensada e, felizmente, foram os Beatles que primeiro a gravaram. Lançada também como single, foi o primeiro 45 rotações a ter uma música de George Harrison no lado A (o lado B era "Come Together"). É a melhor canção do album segundo Lennon e a melhor de George segundo McCartney («It appealed to me because it has a very beautiful melody and is a really structured song... I think George thought my bass playing was a little bit busy. From my side, I was trying to contribute the best I could, but maybe it was his turn to tell me I was too busy.»), que no dia 29 de Novembro de 2002 a cantou, juntamente com Eric Clapton, no "Concert for George", um ano após a sua morte. Será que Pattie Boyd se encontrava na assistência?


A3. MAXWELL'S SILVER HAMMER (Lennon/McCartney)

Gravação: Julho 9,10,11; Agosto 6, 25; 1969
Nº de Takes: 27
Paul McCartney: lead vocal, bass, piano, Moog IIIP synthesizer, harmony vocals
George Harrison: bass, guitar, harmony vocals
Ringo Starr: drums, harmony vocals
George Martin: organ
Mal Evans: anvil

Uma música de Paul no estilo de Sgt. Peppers. Originalmente deveria fazer parte do disco "Let it Be", já que o filme mostra o grupo a ensaiá-la, mas só foi gravada meses mais tarde. A letra conta a história de um maníaco homicida que mata toda a gente com o seu martelo de prata. Pela primeira vez num disco dos Beatles é usado um 'Sintetizador Moog', um avanço tecnológico na época. John não participou na gravação por, segundo ele, a canção ser mais uma ideia estapafúrdia de Paul; e uma 'bigorna' é tocada por Mal Evans para dar o som oco do martelo (hammer). Paul começou a trabalhar na canção nos inícios de 1968, quando o grupo ainda se encontrava em Rishikesh, na Índia, com o Maharishi Mahesh Yogi. É uma das tais canções que parece só ter feito sentido na cabeça de McCartney («I am the only person who ever put the name of pataphysics into the record charts, c'mon! It was great. I love those surreal little touches»), uma vez que os outros Beatles se mostraram pouco ou nada interessados nela: «We spent a hell of a lot of time on it. It's one of those instant sort of whistle-along tunes... but it's pretty sick as well, though, cos the guy keeps killing everybody!» (George Harrison)


A4. OH! DARLING (Lennon/McCartney)

Gravação: Janeiro 27; Abril 20,26; Maio 1; Julho 17,18,22,23; Agostot 8,11; 1969
Nº de Takes: 26
Paul McCartney: lead vocal, piano, backing vocals
John Lennon: guitar, backing vocals
George Harrison: bass, backing vocals
Ringo Starr: drums
Billy Preston: electric piano

Esta canção de McCartney é mais uma brincadeira ao estilo dos anos 50, possivelmente inspirada nas experiências doo-wop de Frank Zappa no album "Cruising With Ruben and the Jets". Para poder realizar o vocal gritado e rasgado que caracteriza a música, McCartney gravava apenas uns versos da canção por dia, logo no início da tarde, para que a sua voz tivesse o tom e a força necessária. No álbum "Anthology 3" é possível ouvir uma outra versão cantada por John Lennon: «"Oh! Darling" was a great one of Paul's that he didn't sing too well. I always thought I could have done it better, it was more my style than his. He wrote it, so what the hell, he's going to sing it. If he'd had any sense, he should have let me sing it» Mais uma farpa entre os egos dos dois músicos. Mas desta vez Lennon não tinha qualquer razão: o desempenho vocal de Paul é na verdade magnífico, bem secundado pela bateria de Ringo. Um dos temas mais poderosos de "Abbey Road"



A5. OCTOPUS'S GARDEN (Richard Starkey)

Gravação: Abril 26,29; Julho 17,18; 1969
Nº de Takes: 32
Ringo Starr: lead vocal, drums, percussion, bubbling effects
George Harrison: guitar solo, backing vocals
Paul McCartney: bass, piano, backing vocals
John Lennon: rhythm guitar

A 2ª música de Ringo a ser gravada pelos Beatles (a primeira foi "Don´t Pass Me By" no White Album), e o seu primeiro grande sucesso. Foi inspirado numa viagem (feita no iate de Peter Sellers) à ilha da Sardinia (Sardenha), quando em Agosto de 1968 Ringo abandonou temporariamente o grupo, devido a desentendimentos com Paul. A ilha situa-se próximo de Itália, e num dos almoços a bordo a ementa continha polvo em vez do peixe que Ringo tinha pedido. Ele nunca tinha comido polvo na vida e perguntou que estranho animal era aquele. O capitão revelou-lhe alguns dos hábitos dos polvos, como o costume de, para se protegerem, juntarem conchas e pedras coloridas em frente às suas tocas, afim de criarem uma espécie de jardim. Daí o título, "Octopus’s Garden". A letra simples que lembra temas infantis, a simpatia de Ringo e a competência dos outros Beatles em acompanhá-lo tornaram "Octopus's Garden" um número muito querido entre os fãs ao longo dos anos. Além dos instrumentos convencionais, são usados alguns efeitos como bolhas num copo d'água soprados por Ringo, e vozes modificadas por amplificadores. Harrison referiu-se deste modo à canção: «It's lovely, you know. Ringo, he gets bored, you know, playing the drums. At home he plays a bit of piano, but he only knows about three chords. And he knows about the same on guitar. And so his main, the main music he likes, is country and western, so it's really got a country-western feel, you know. Actually, I think it's a really great song, because on the surface it's like a daft kids' song. But the lyrics are great, really.» Curiosamente, foram feitas 5 mixagens stereo e sete em mono. A razão é desconhecida, até porque "Abbey Road" foi o primeiro disco dos Beatles a aparecer apenas em stereo. "Octopus's Garden" foi a única canção do album a ter uma versão mono, aparentemente nunca editada até hoje.


A6. I WANT YOU (SHE'S SO HEAVY) (Lennon/McCartney)

Gravação: Janeiro 29; Fevereiro 22; Abril 18,20; Agosto 8,11,20; 1969
Nº de Takes: 35
John Lennon: lead vocal, guitar, Moog synthesizer, harmony vocals
Paul McCartney: bass, harmony vocals
George Harrison: rhythm guitar, harmony vocals
Ringo Starr: drums, congas
Billy Preston: Hammond organ RT3

Escrita por John para Yoko, este tema (influenciado por "Comin' Home, Baby", uma canção que Mel Tormé gravou em 1962) é mais um instrumental do que propriamente uma canção convencional, já que contém apenas duas frases. A parte 'She' s So Heavy' vem de outra música de John, que foi unida à primeira. A metade final do tema, sempre em crescendo, chegou a desconcertar Paul, que, segundo George Emerick, estava sentado a um canto do estúdio, com a cabeça baixa, entre as mãos: «He couldn't understand John's delirium. I could see a dejected Paul, sitting slumped over, head down, staring at the floor. He didn't say a word, but his body language made it clear that he was very unhappy, not only with the song itself, but with the idea that the music... was being obliterated with noise. Then, suddenly, twenty seconds before the track broke down, John said, 'There! Cut the tape there.' To everyone's surprise, the abrupt ending is incredibly effective, a Lennon concept that really worked.» É a música mais longa dos Beatles (perto de 8 minutos, só superada pela colagem de "Revolutino 9"). O dia 20 de Agosto de 1969, durante o qual a canção foi terminada, acabou por ser a última vez que todos os Beatles estiveram juntos a tocar num estúdio. John queria que "I Want You (She's So Heavy)" fosse colocada no fim do lado 2, ou seja, que terminasse o album. Mas felizmente esse seu desejo não se concretizou. Sobre essa sessão de gravação, o engenheiro de som Jeff Jarrett recorda ainda: «John and George went into the far left-hand corner of number two to overdub those guitars. They wanted a massive sound, so they kept tracking, over and over... I was getting a bit of pick-up (sound leakage), so I asked George to turn it down a little. He looked at me and said: 'You don't talk to a Beatle like that'»



O lado 2 contém então a suite desejada e idealizada por Paul (um total de 9 temas, desde "You Never Give Me Your Money" até a "Her Majesty"), além de mais 2 temas iniciais: "Here Comes The Sun", de George, e "Because", de John. O resultado global é magnífico, não se conseguindo imaginar um melhor testamento musical.

B1. HERE COMES THE SUN (Harrison)

Gravação: Julho 7,8,16; Agosto 6,11,15,19; 1969
Nº de Takes: 15
George Harrison: lead vocal, guitars, Moog synthesizer, harmony vocals, hand claps
Paul McCartney: bass, harmony vocals, hand claps
Ringo Starr: drums, hand claps
Orchestra: 4 violas, 4 cellos, 1 double bass, 2 piccolos, 2 flutes, 2 alto flutes, 2 clarinets

Outro grande sucesso de George Harrison. Composta nos jardins da casa de Eric Clapton, em Huntwood Edge, no Surrey, onde George passava nessa altura muitos dias (em Abril de 1969 as estações meteorológicas de Londres registaram mais horas de sol do que em qualquer outro mês dos anos 60; e só um inglês sabe como o sol na sua terra é bem vindo e tem de ser aproveitado) e feita apenas com variações no acorde D (ré) da guitarra. Clapton lembra-se de uma manhã em especial: «We were sitting at the top of a big field at the bottom of the garde. We had our guitars and we were just strumming away when he started singing 'de da de de, it's been a long cold lonely winter,' and bit by bit he fleshed it out, until it was time for lunch.» É um dos trabalhos mais melódicos dos Beatles (a provar então que Harrison podia compor canções com um nível de qualidade idêntico ao de Lennon e McCartney), e por isso a sua colocação na abertura do lado 2 do album, contrastando com a faixa final do lado 1, era como se efectivamente um raio de sol tivesse inundado os ouvidos dos fans, preparando-os para todas as maravilhas que se iriam seguir. George toca o seu recém adquirido sintetizador Moog (mais tarde gravaria um disco solo só com esse instrumento - "Eletronic Sound").



B2. BECAUSE (Lennon/McCartney)

Gravação: Agosto 1,4,5; 1969
Nº de Takes: 23
John Lennon: lead harmony vocals, guitar
Paul McCartney: lead harmony vocals, bass
George Harrison: lead harmony vocals, Moog synthesizer
Ringo Starr: hand claps
George Martin:electric harpsichord

Um dos pontos altos de "Abbey Road". Esta música não é de Paul McCartney (como usualmente se pensa), e sim de John Lennon, num dos seus momentos mais inspirados. Yoko tocava 'Moonlight Sonata' de Beethoven no piano quando John pediu que a tocasse ao contrário. Daí surgiu a melodia de "Because", um dos melhores arranjos vocais já feitos pelos Beatles, dobrados algumas vezes (cada vocal foi sobreposto 3 vezes em cada microfone, totalizando 9 vozes. As versões solo dos vocais podem ser ouvidas na "Anthology 3"). Apesar de conter algumas evocações bethoveanas, "Because" evoca algumas memórias de John e Yoko numa viagem à Holanda. Na verdade, no "Wedding Album", que o casal editou em 7 de Novembro de 1969, Yoko canta uma canção, "Stay in Bed", acompanhada por um som de cordas executado por John, que é muito próximo de "Because". George Martin toca cravo (que Paul voltou a utilizar em 1995, para a gravação de "Free As a Bird"), John guitarra, Paul baixo, e George Harrison o seu moog: «I think the Beatles used the Moog with great subtlety. Others in a similar situation would probably have gone completely over the top with it. It's there on the record, but not obtrusively» (Nick Webb, engenheiro de som). Enquanto gravavam exigiram a presença de Ringo no estúdio, mesmo sem participar, apenas para dividir aquele momento de harmonia, segundo George Emerick. Em Outubro de 1969, George (que considerava "Because" a melhor canção do album só por causa do coro a três vozes) confessava a David Wigg: «We've never done something like that for years, I think. The lyrics are so simple. The harmony was pretty difficult to sing, we had to really learn it.» 


B3. YOU NEVER GIVE ME YOUR MONEY (Lennon/McCartney)

Gravação: Maio 6; Julho 1,11,15,30,31; Agosto 15; 1969
Nº de Takes: 42
Paul McCartney: lead vocal, piano, bass, tubular bells, tape loops, backing vocals
John Lennon: guitar, backing vocals
George Harrison: guitar,  backing vocals
Ringo Starr: drums, tambourine

Aqui começa o grande medley de "Abbey Road", o pout-pourri formado pelas canções inacabadas de John Lennon e Paul McCartney: «We hit on the idea of medleying them all, which gave the second side of "Abbey Road" a sort of operatic structure, which was quite nice because it got rid of all these songs in a good way» (Paul McCartney). Esta foi criada por Paul e divide-se, na verdade, em três temas distintos: Em 'You Never Give Me Your Money', a música em estilo clássico e a letra pessimista, reflecte a sua insatisfação com os rumos da banda, principalmente os financeiros – uma nota de culpa para Allen Klein. «Ele só nos dava papéis e mais papéis e quando perguntavamos sobre dinheiro e a situação da Apple ele desconversava dizendo que eramos músicos e não homens de negócios». Logo em seguida entra 'Magic Feeling', com a voz de Paul lembrando cantores dos anos 50 e perspectivando um beco sem saída: 'But all that magic feeling / Nowhere to go'. As vozes referenciais de “Because” e “Sun King” entram aqui também. Em seguida vem 'One Sweet Dream', que descreve um sonho dourado, algo como dar a volta por cima: 'One sweet dream / Pick up the bags and get in the limousine' . Nessa parte da canção, George usa arpejos similares aos de “Here Comes the Sun” com um amplificador Leslie, o que registra essa espécie de guitarra que mais tarde se tornaria sinônimo do “estilo Harrison”. E para finalizar, com um baixo inspirado e sons de grilos e outros animais, uma frase com rima, onde os Beatles contam até sete e dizem que 'todas as crianças boazinhas vão para o céu'.



B4. SUN KING (Lennon/McCartney)

Gravação: Julho 24,25,29; 1969
Nº de Takes: 35
John Lennon: lead vocal, guitar (with Leslie effect), piano, harmony vocals
Paul McCartney: bass, harmony vocals
George Harrison: guitar (with tremolo)
Ringo Starr: drums, tambourine, maracas
George Martin: organ

Canção escrita por Lennon cujo nome original era “Here Comes The Sun King”, mas foi encurtado para “Sun King” a fim de evitar confusões com a música de Harrison “Here Comes The Sun”. Com um vocal triplo não tão elaborado como “Because” a música utiliza ainda algumas palavras em Espanhol, Italiano e Português. Segundo Lennon: «Começámos a brincar a falar outras línguas e acabámos por misturar tudo! Paul sabia um pouco de espanhol que aprendeu no colégio, inventámos algumas palavras sem sentido e o restante tirámos de jornais». John compõs a música usando a técnica do dedilhado que havia usado em "Julia", do White Album. Outro ponto interessante nesta música foi o efeito “cross-channel movement” que consistia em mudar o som de um canal para o outro (da direita para a esquerda e ao contrário, simultaneamente). Em entrevista de 1987, George disse que, para o timbre da guitarra, se inspirou em “Albatross” dos Fleetwood Mac.


B5. MEAN MR. MUSTARD (Lennon/McCartney)

Gravação: Julho 24,25,29; 1969
Nº de Takes: 35
John Lennon: lead vocal, guitar (with Leslie effect), piano, harmony vocals
Paul McCartney: bass, harmony vocals
George Harrison: guitar (with tremolo)
Ringo Starr: drums, tambourine, maracas
George Martin: organ
Tema de Lennon composto na Índia (John disse mais tarde a David Sheff: «"Mean Mr. Mustard" was a bit of crap that I wrote in India. I'd read somewhere in the newspaper about this mean guy who hid five-pound notes, not up his nose but somewhere else. No, it had nothing to do with cocaine.»), era para fazer parte do White Album. Baseado num facto real descrito por um jornal sobre um homem miserável que escondia dinheiro para que as pessoas não o forçassem a gastá-lo. Foi encontrada uma versão demo gravada na casa de Harrison em Esher que aparece em "Anthology 3"; nela é possível saber que o nome da irmã de Mustard era Shirley, mas que foi mudado para Pam para fazer a transição para a música seguinte, "Polythene Pam". Um detalhe curioso é o facto de sempre que a voz de Paul se faz ouvir, desaparece o som do tambourim (e vice-versa). Possivelmente os dois sons, quer a voz quer o instrumento, encontravam-se na mesma faixa para preservar espaço.


B6. POLYTHENE PAM (Lennon/McCartney)

Gravação: Julho 25,28,30; 1969
Nº de Takes: 40
John Lennon: lead vocals, guitar, harmony vocals
Paul McCartney: lead vocals, bass, harmony vocals
George Harrison: lead guitar
Ringo Starr: drums, percussion, tambourine, maracas

Para compor "Polythene Pam", Lennon inspirou-se num encontro que tivera anos antes com um amigo poeta de Liverpool, Royston Ellis (descrito por John na famosa entrevista da Playboy em 1980, como «o homem que introduziu os Beatles nas drogas») e a sua namorada Stephanie. Na ocasião, ela estava vestida com uma roupa de polietileno. Há também a história sobre Pat Hodgett, fã dos tempos do Cavern que costumava comer polietileno e era conhecido como Polythene Pat.


B7. SHE CAME IN THROUGH THE BATHROOM WINDOW (Lennon/McCartney)

Gravação: Julho 25,28,30; 1969
Nº de Takes: 40
John Lennon: lead vocals, guitar, harmony vocals
Paul McCartney: lead vocals, bass, harmony vocals
George Harrison: lead guitar
Ringo Starr: drums, percussion, tambourine, maracas

Mike Pinder, dos Moody Blues, contou a McCartney uma história de uma groupie que tinha entrado pela janela da casa de banho de Ray Thomas (outro membro dos Moody Blues) para passar a noite com ele. Paul achou a situação divertida e resolveu escrever um tema sobre o episódio. Mas existe outra versão, também uma invasão de domicílio, mas desta vez na própria casa de McCartney, que na altura morava no nº 7 da Cavendish Avenue, por parte de uma fã dos Beatles, Diane Ashley: «There was a little gang of us, my friends Susan, Valerie and me, who stood outside Paul's house. One night in June 1969, we were a bit bored and we'd got into the garden and found a ladder behind his meditation dome. I was thin and athletic, so I was elected to climb in through the bathroom window. I fell into the sink. The dogs went barmy, but I was able to calm them down. I went downstairs and let the tribe in. I didn't take anything valuable, just souvenirs. I went through the linen basket and got some dirty shirts that smelt of him. We took one each. We looked in the wardrobe and saw all the Sgt. Pepper suits and winkle-pickers from the old days. We didn't touch them.»


B8. GOLDEN SLUMBERS (Lennon/McCartney)

Gravação: Julho 2,3,4,30,31; Agosto 15; 1969
Nº de Takes: 17
Paul McCartney: lead vocals, piano, guitar, harmony and chorus vocals
George Harrison: bass, lead guitar
Ringo Starr: drums, timpani, percussion, chorus vocals
Orchestra: 12 violins, 4 violas, 4 cellos, 1 double bass, 4 French horns, 3 trumpets, 1 trombone, 1 bass trombone

Adaptação de um poema do século 17 de Thomas Dekker. Uma bonita canção de Paul, que a compôs durante uma estadia em casa do pai, ao descobrir uma velha canção de embalar de 1603 no livro de piano de Ruth, a sua meia-irmã do casamento do pai com Angela Williams, em 24 de Novembro de 1964. Seduzido pelas palavras mas incapaz de ler a música, Paul sentou-se ao piano e compôs a sua própria melodia para o texto. Mais tarde diria a David Wigg: «I was just flicking through my sister Ruth's piano book, she was learning the piano and I came to "Golden Slumbers", you know. So I just started... 'cuz I can't read music so I didn't know the tune, and I can't remember the old tune, you know... So I started just playing my tune to it. And then I liked the words so I just kept that, you know.»


B9. CARRY THAT WAY (Lennon/McCartney)

Gravação: Julho 2,3,4,30,31; Agosto 15; 1969
Nº de Takes: 17
Paul McCartney: lead vocals, piano, guitar, harmony and chorus vocals
George Harrison: bass, lead guitar
Ringo Starr: drums, timpani, percussion, chorus vocals
Orchestra: 12 violins, 4 violas, 4 cellos, 1 double bass, 4 French horns, 3 trumpets, 1 trombone, 1 bass trombone

Outra música de Paul, que parece aproveitar nova ocasião para lançar mais umas farpas a Allen Klein: 'Boy, your gonna carry that weight / for a long time'. No entanto, no filme “Imagine”, Lennon afirma que nesta canção Paul se referia a todos os outros Beatles. John não participou nas sessões destes últimos dois temas (apenas gravou os backings posteriormente) devido a um acidente de carro com Yoko e Julian, que o obrigaram a passar uns dias no hospital.


B10. THE END (Lennon/McCartney)

Gravação: Julho 23, Agosto 5,7,8,15,18; 1969
Nº de Takes: 7
Paul McCartney: lead vocals, bass, piano, guitar solo, harmony vocals
John Lennon: backing vocals, guitar solo, rhythm guitar
George Harrison: backing vocals, guitar solo, rhythm guitar
Ringo Starr: drums, tambourine
Orchestra: 12 violins, 4 violas, 4 cellos, 1 double bass, 4 French horns, 3 trumpets, 1 trombone, 1 bass trombone

O final do disco e praticamente a despedida da banda. Coincidência ou não, cada um dos Beatles dá o seu adeus. Ringo faz o seu primeiro solo de bateria, e logo depois entram as guitarras de Paul, George e John (nesta sequência) e cada um intercala o seu solo. Após o break, o grand finale: 'And in the end, the love you take is equal to the love you make'. Lennon disse na entrevista da Playboy: «Aquilo é Paul McCartney. A frase final carrega uma filosofia cósmica que prova que quando Paul quer algo, ele consegue» Numa entrevista dada em 1988, Paul recorda: «Ringo hated drum solos as much as the rest of the group. When he joined the Beatles, we asked him, 'And what do you think of drum solos? He replied, 'I hate them!' We shouted, 'Great! We love you!' So it was never done before the medley. I said, 'Uh, what do you think of a little solo?' He was upset and did not want to do it. But with a little persuasion and kindness he did.» Depois de algumas discussões para decidirem a ordem a seguir nos solos de guitarra, Paul, George e John gravaram tudo num único take. Yoko Ono, que se encontrava na sala de controlo, quis, como vinha sendo hábito, acompanhar Lennon no estúdio de gravação. Mas daquela vez o seu querido Beatle não lhe deu qualquer hipótese: «Wait here, luv; I won't be a minute.»  Na verdade, aquele único solo tri-repartido foi encarado pelos Beatles como um assunto estritamente pessoal e a japonesa não conseguiu impôr a sua presença. Geoff Emerick ficou arrasado pela execução técnica dos músicos: «For me, that session was undoubtedly the high point of the summer 1969, and listening to those guitar solos still never fails to bring a smile to my face.»


B11. HER MAJESTY (Lennon/McCartney)

Gravação: Julho 2; 1969
Nº de Takes: 3
Paul McCartney: lead vocals, guitar

Esta faixa escondida do album (não creditada no verso da capa) que aparece cerca de 20 segundos de silêncio após "The End", deveria estar no medley entre "Mean Mr. Mustard" e "Polythen Pam", mas o resultado não ficou bom e o engenheiro de som Malcom Davies incluiu-a na cópia de acetato do disco. Paul McCartney gostou e a musica acabou saindo assim também no disco original. Uma 'homenagem' de Paul à Rainha, num número acústico em que toca violão.



A CAPA:
A famosa fotografia da capa do álbum foi tirada do lado de fora dos estúdios da EMI em 8 de agosto de 1969 por Iain Macmillan (falecido em 2006). A sessão de fotos durou uns escassos quinze minutos. John, sempre muito apressado, só queria 'tirar a foto e sair logo dali, deveriamos estar gravando o disco e não posando para fotos idiotas'. Foram feitas seis fotos. Paul McCartney escolheu a que achou melhor, visto ter sido ele que teve a ideia do título e da imagem para o novo album. Até então houvera o sério risco do album se chamar "Everest", apenas porque era essa a marca dos cigarros que Geoff Emerick fumava. Inclusivé, até se tinha equacionado uma ida aos Himalaias para se tirar uma fotografia dos Beatles junto ao célebre monte. A foto foi objecto de mais rumores e teorias de que Paul estaria morto, vítima de um acidente de moto em 1966. Apesar de ter sido apenas uma brincadeira e puro marketing alimentado pelo grupo (os Beatles adoravam confundir os fans com estes jokes, mesmo que a maioria deles não fosse intencional), a lenda ainda é assunto de alguns beatlemaníacos. Na capa do LP, os Beatles estão a atravessar a rua numa passadeira a poucos metros dos Estúdios Abbey Road (que só após o lançamento do album seriam assim oficialmente designados). 



A foto conteria supostas "pistas" que dariam força ao rumor de que Paul estava morto: está descalço, fora de passo com os outros, está de olhos fechados, tem o cigarro na mão direita, apesar de ser canhoto, e a placa do carocha estacionado (pertencente na altura a um turista sueco que recusou tirar dali o carro quando para isso foi solicitado) é “LMW” referindo ser as iniciais de “Linda McCartney Widow” e abaixo o "28IF", supostamente referindo-se ao facto de que McCartney teria 28 anos se (if em inglês) estivesse vivo (o I em "28IF" é realmente um "1", mas isso é difícil de se ver na capa). Um contra-argumento é que Paul tinha somente 27 anos no momento da publicação de "Abbey Road", embora alguns interpretem isso como ele teria um dia 28 anos se ele estivesse vivo) Os quatro Beatles na capa, segundo o mito "Paul está morto", representariam o Padre (John, cabelos compridos e barba, vestido de branco), o Agente Funerário responsável pelo funeral (Ringo, com um fato preto), o Cadáver (Paul descalço - como um corpo dentro de um caixão), e o Coveiro (George, em jeans e com uma camisa de trabalho denim). Outra suposta pista seria que na contra-capa do álbum, ao lado esquerdo da palavra Beatles, teria 8 pontos que ligados formariam o número 3 (sendo então "3 Beatles"). O homem de pé na calçada, à direita, é Paul Cole, um turista dos EUA que só se deu conta que estava sendo fotografado quando viu a capa do álbum meses depois.


CURIOSIDADES:

- É o 1º album do grupo a ser editado apenas em stereo (era usual, até então, os albuns serem editados simultâneamente em mono e em stereo), inovação rapidamente adoptada pela maioria das companhias discográficas.

- Durante as sessões de "Abbey Road" foram ainda gravadas mais 6 faixas, não aproveitadas na edição final do album, entre elas “What’s The New Mary Jane”, que John pretendia editar como um single da Plastic Ono Band, devido ao tema ter sido rejeitado pelos outros três; mas depois desistiu da ideia; “Junk”, editada posteriormente no primeiro album a solo de Paul, “McCartney” e “Not Guilty”, de Harrison, regravada em 1979 e incluída no album “George Harrison”. E ainda “When I Come to Town”, “Four Nights In Moscow” e “I Should Like Tom Live Up a Tree”, que continuam sem ver a luz do dia. 


-"Abbey Road" é o álbum mais vendido de sempre dos Beatles.

- Alan Parsons, o assistente de som, produziu o clássico de 73 "The Dark Side of the Moon" da banda inglesa Pink Floyd.

- O carocha da capa está actualmente no museu da Volkswagen em Wolfsburg, Alemanha.

- A fotografia da capa mostra os Beatles a atravessar a passadeira em Abbey Road, afastando-se do edifício dos estúdios. Este pormenor, mais o título da penúltima faixa ("The End"), fazia temer o pior. E o pior aconteceu realmente, seis meses depois, em 10 de Abril de 1970, quando Paul anunciou oficialmente ao Mundo a extinção do grupo mais famoso de todos os tempos.



THE LYRICS:


A1. COME TOGETHER (Lennon/McCartney)

Here come old flattop he come grooving up slowly
He got joo-joo eyeball he one holy roller
He got hair down to his knee
Got to be a joker he just do what he please
He wear no shoeshine he got toe-jam football
He got monkey finger he shoot coca-cola
He say "I know you, you know me"
One thing I can tell you is you got to be free
Come together right now over me

He bag production he got walrus gumboot
He got Ono sideboard he one spinal cracker
He got feet down below his knee
Hold you in his armchair you can feel his disease
Come together right now over me

He roller-coaster he got early warning
He got muddy water he one mojo filter
He say "One and one and one is three"
Got to be good-looking 'cause he's so hard to see
Come together right now over me

**********************************

A2. SOMETHING (Harrison)

Something in the way she moves
Attracts me like no other lover
Something in the way she woos me
I don't want to leave her now
You know I believe her now

Somewhere in her smile she knows
That I don't need no other lover
Something in her style that shows me

Don't want to leave her now
You know I believe her now

You're asking me will my love grow
I don't know, I don't know
You stick around now it may show
I don't know, I don't know

Something in the way she knows
And all I have to do is think of her
Something in the things she shows me

Don't want to leave her now
You know I believe her now

**********************************

A3. MAXWELL’S SILVER HAMMER (Lennon/McCartney)

Joan was quizzical, studied metaphysical
Science in the home
Late nights all alone with a test-tube
Ohh-oh-oh-oh...
Maxwell Edison majoring in medicine
Calls her on the phone
"Can I take you out to the pictures
Joa-oa-oa-oan?"
But as she's getting ready to go
A knock comes on the door...
Bang, bang, Maxwell's silver hammer
Came down upon her head
Bang, bang, Maxwell's silver hammer
Made sure that she was dead

Back in school again Maxwell plays the fool again
Teacher gets annoyed
Wishing to avoid an unpleasant sce-e-e-ene
She tells Max to stay when the class has gone away
So he waits behind
Writing 50 times "I must not be so-o-o-oo..."
But when she turns her back on the boy
He creeps up from behind

Bang, bang, Maxwell's silver hammer
Came down upon her head
Bang, bang, Maxwell's silver hammer
Made sure that she was dead

B.C. Thirty-One said "we caught a dirty one"
Maxwell stands alone
Painting testimonial pictures ohh-oh-oh-oh
Rose and Valerie screaming from the gallery
Say he must go free (Maxwell must go free)
The judge does not agree and he tells them so-o-o-oo
But as the words are leaving his lips
A noise comes from behind

Bang, bang, Maxwell's silver hammer
Came down upon his head
Bang, Bang, Maxwell's silver hammer
Made sure that he was dead

**********************************

A4. OH! DARLING (Lennon/McCartney)

Oh! Darling, please believe me
I'll never do you no harm
Believe me when I tell you
I'll never do you no harm
Oh! Darling, if you leave me
I'll never make it alone
Believe me when I beg you
Don't ever leave me alone

When you told me you didn't need me anymore
Well you know I nearly broke down and cried
When you told me you didn't need me anymore
Well you know I nearly broke down and died

Oh! Darling, if you leave me
I'll never make it alone
Believe me when I tell you
I'll never do you no harm

When you told me you didn't need me anymore
Well you know I nearly broke down and cried
When you told me you didn't need me anymore
Well you know I nearly broke down and died

Oh! Darling, please believe me
I'll never let you down
Believe me when I tell you
I'll never do you no harm

**********************************

A5. OCTOPUS’S GARDEN (Starkey)

I'd like to be under the sea
In an octopus' garden in the shade
He'd let us in, knows where we've been
In his octopus' garden in the shade
I'd ask my friends to come and see
An octopus' garden with me
I'd like to be under the sea
In an octopus' garden in the shade.

We would be warm below the storm
In our little hideaway beneath the waves
Resting our head on the sea bed
In an octopus' garden near a cave

We would sing and dance around
because we know we can't be found
I'd like to be under the sea
In an octopus' garden in the shade

We would shout and swim about
The coral that lies beneath the waves
(Lies beneath the ocean waves)
Oh what joy for every girl and boy
Knowing they're happy and they're safe
(Happy and they're safe)

We would be so happy you and me
No one there to tell us what to do
I'd like to be under the sea
In an octopus' garden with you.

**********************************

A6. I WANT YOU (SHE’S SO HEAVY) (Lennon/McCartney)

I want you
so bad
it's driving me mad
She's so heavy



B1. HERE COMES THE SUN (Harrison)

Here comes the sun, here comes the sun,
and I say it's all right
Little darling, it's been a long cold lonely winter
Little darling, it feels like years since it's been here
Here comes the sun, here comes the sun
and I say it's all right

Little darling, the smiles returning to the faces
Little darling, it seems like years since it's been here
Here comes the sun, here comes the sun
and I say it's all right

Sun, sun, sun, here it comes...
Sun, sun, sun, here it comes...
Sun, sun, sun, here it comes...
Sun, sun, sun, here it comes...
Sun, sun, sun, here it comes...

Little darling, I feel that ice is slowly melting
Little darling, it seems like years since it's been clear
Here comes the sun, here comes the sun,
and I say it's all right
It's all right

**********************************

B2. BECAUSE (Lennon/McCartney)

Because the world is round it turns me on
Because the world is round...aaaaaahhhhhh
Because the wind is high it blows my mind
Because the wind is high......aaaaaaaahhhh

Love is all, love is new
Love is all, love is you

Because the sky is blue, it makes me cry
Because the sky is blue.......aaaaaaaahhhh

Aaaaahhhhhhhhhh....

**********************************

B3. YOU NEVER GIVE ME YOUR MONEY (Lennon/McCartney)

You never give me your money
You only give me your funny paper
and in the middle of negotiations
you break down
I never give you my number
I only give you my situation
and in the middle of investigation
I break down

Out of college, money spent
See no future, pay no rent
All the money's gone, nowhere to go
Any jobber got the sack
Monday morning, turning back
Yellow lorry slow, nowhere to go
But oh, that magic feeling, nowhere to go
Oh, that magic feeling
Nowhere to go

One sweet dream
Pick up the bags and get in the limousine
Soon we'll be away from here
Step on the gas and wipe that tear away
One sweet dream came true today
Came true today
Came true today (yes it did)

One two three four five six seven,
All good children go to Heaven

**********************************

B4. SUN KING (Lennon/McCartney)
[Italian lyrics broken down phoenetically]

Here comes the sun king
Here comes the sun king
Everybody's laughing
Everybody's happy
Here comes the sun king

Quando paramucho mi amore de felice corazon
Mundo paparazzi mi amore chicka ferdy parasol
Cuesto obrigado tanta mucho que can eat carousel

**********************************

B5. MEAN MR. MUSTARD (Lennon/McCartney)

Mean Mister Mustard sleeps in the park
Shaves in the dark trying to save paper
Sleeps in a hole in the road
Saving up to buy some clothes
Keeps a ten-bob note up his nose
Such a mean old man
Such a mean old man
His sister Pam works in a shop
She never stops, she's a go-getter
Takes him out to look at the queen
Only place that he's ever been
Always shouts out something obscene
Such a dirty old man
Dirty old man

**********************************

B6. POLYTHENE PAM (Lennon/McCartney)

Well you should see Polythene Pam
She's so good-looking but she looks like a man
Well you should see her in drag dressed in her polythene bag
Yes you should see Polythene Pam.
Yeah yeah yeah
Get a dose of her in jackboots and kilt
She's killer-diller when she's dressed to the hilt
She's the kind of a girl that makes the "News of the World"
Yes you could say she was attractively built.
Yeah yeah yeah.

**********************************

B7. SHE CAME IN THROUGH THE BATHROOM WINDOW (Lennon/McCartney)

She came in through the bathroom window
Protected by a silver spoon
But now she sucks her thumb and wanders
By the banks of her own lagoon
Didn't anybody tell her?
Didn't anybody see?
Sunday's on the phone to Monday,
Tuesday's on the phone to me

She said she'd always been a dancer
She worked at 15 clubs a day
And though she thought I knew the answer
Well I knew what I could not say.

And so I quit the police department
And got myself a steady job
And though she tried her best to help me
She could steal but she could not rob

Didn't anybody tell her?
Didn't anybody see?
Sunday's on the phone to Monday,
Tuesday's on the phone to me
Oh yeah.

**********************************

B8. GOLDEN SLUMBERS (Lennon/McCartney)

Once there was a way to get back homeward
Once there was a way to get back home
Sleep pretty darling do not cry
And I will sing a lullabye
Golden slumbers fill your eyes
Smiles awake you when you rise
Sleep pretty darling do not cry
And I will sing a lullabye

Once there was a way to get back homeward
Once there was a way to get back home
Sleep pretty darling do not cry
And I will sing a lullabye

**********************************

B9. CARRY THAT WEIGHT (Lennon/McCartney)

Boy, you gotta carry that weight
Carry that weight a long time
Boy, you gotta carry that weight
Carry that weight a long time
I never give you my pillow
I only send you my invitation
And in the middle of the celebrations
I break down

Boy, you gotta carry that weight
Carry that weight a long time
Boy, you gotta carry that weight
Carry that weight a long time

**********************************

B10. THE END (Lennon/McCartney)

Oh yeah, all right
Are you going to be in my dreams
Tonight…

And in the end
The love you take
Is equal to the love you make.

**********************************

B11. HER MAJESTY (Lennon/McCartney)

Her Majesty's a pretty nice girl,
But she doesn't have a lot to say
Her Majesty's a pretty nice girl
But she changes from day to day
I want to tell her that I love her a lot
But I gotta get a bellyful of wine
Her Majesty's a pretty nice girl
Someday I'm going to make her mine, oh yeh,
Someday I'm going to make her mine.



P.S.: Na altura da saída do album eu tinha 16 anos e encontrava-me ainda a viver na minha cidade natal, Lourenço Marques, em Moçambique. Os meus pais estavam de férias em Portugal Continental e sabendo que os Beatles constituíam uma parte fundamental do meu mundo, não hesitaram e enviaram-me por correio o "Abbey Road". Foi das maiores alegrias da minha adolescência, conforme prova este excerto da carta que lhes escrevi no dia 26 de Outubro de 1969, precisamente um mês depois da saída do LP:

THE 50TH ANNIVERSARY:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...