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quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

domingo, 17 de janeiro de 2021

sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

CARLOS DO CARMO (1939-12-21 > 2021-01-01)

Há menos um Homem na cidade

Edição original em LP Trova MOV.7005
(PORTUGAL, 1977)

"Um Homem na Cidade" é unanimemente considerada a grande obra-prima de Carlos do Carmo e indubitavelmente um dos grandes discos da música portuguesa de sempre, um album conceptual sobre a cidade de Lisboa, inteiramente com poemas de José Carlos Ary dos Santos. A execução instrumental esteve a cargo de Raul Nery (1.ª guitarra), António Chaínho (2.ª guitarra), Martinho da Assunção (viola) e José Maria Nóbrega (viola baixo), nem mais nem menos que a fina-flor no que respeita a instrumentistas da área do fado. Como já se disse todos os poemas são da lavra de Ary dos Santos. «Foi uma ideia que o Ary teve. Resultou em vários temas da cidade, alguns considerados intemporais, outros que teriam a ver com referências que, com o tempo, serão apenas aguarelas de Lisboa», recorda Carlos do Carmo. E acrescenta: «O Ary dos Santos gostava muito de fado e tinha uma grande ternura pelos fadistas antigos. Não está feito nenhum levantamento disso, mas tenho a certeza de que existem bons fados do Ary, que ele, num gesto de generosidade e ternura, deixou em algumas casas de fado. Tinha uma particular ternura pelas pessoas velhas e deixava numa noite umas quadras ou uns decassílabos a uma fadista antiga. Esse seu gosto pelo fado foi sublinhado no trabalho que fizemos». E ao contrário do que geralmente sucede na concepção de canções, Ary dos Santos escreveu as letras sobre as músicas: «Os compositores foram-se deslocando a casa do Ary, tivemos momentos inesquecíveis. Cada poema era feito em cima da música e normalmente cada fado não demorava mais do que três horas a ser feito pelo Ary, que tinha uma imaginação que diria genial».
 

Sobre a génese do belíssimo "Fado do Campo Grande", com música de maestro António Victorino d’Almeida, então adido cultural em Viena, Carlos do Carmo conta: «Fomos os três à Gôndola, em frente da Gulbenkian, e depois viemos para casa. Mas no trajecto que fizemos da Av. de Berna para a Av. dos Estados Unidos da América, ao passarmos no Campo Grande, estava ali um prédio em ruínas e o António disse: "Se tivesse dinheiro não deixava que demolissem esta casa, onde passei a minha infância, e era aqui que gostava de viver o resto dos meus dias". E o Ary ouviu-o. Nessa noite surgiu "Fado do Campo Grande"». Sobre o álbum assim escreveu Rui Catalão: «"Eu sou um homem na cidade / que manhã cedo acorda e canta / e por amar a liberdade / com a cidade se levanta". Muitos anos depois, talvez pareça um abuso conotar este disco com a Revolução dos Cravos (a que qualquer trabalho deste período não consegue escapar, pela febre histórica que então se vivia), até pelos poemas de Ary dos Santos, refugiados de euforias militantes que então celebrou com outros cantores. "Um Homem na Cidade" é, no entanto, uma peça diáfana e a sua luz matutina engana uma audição rápida (ou um olhar directo). Este disco celebra, por vezes de forma entusiasmada, outras melancólica, a cidade de Lisboa, mas a cidade castiça, dos gestos antigos, dos objectos que resistem ao tempo, dos ofícios que vão desaparecendo, dos bairros guardando os vestígios ancestrais, das ruas bronzeadas por um sol mouro. O que pode parecer frívolo num período de outras ambições. Acontece que "Um Homem na Cidade", erguido pela polida expressão da voz de Carlos do Carmo, está abençoado pela luz da liberdade, pela gentileza dos olhares frontais, pelas gentes redescobertas com uma imensa ternura». (in Portal do Fado)

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

CARLOS DO CARMO

Edição original em LP Tecla TES 6007
(PORTUGAL, 1970)

Este é o 3º album de originais de Carlos do Carmo, editado em 1970 pela editora Tecla (reeditado como "Saudade", em 1973, e em CD como "A Saudade Aconteceu" em 2013 - e nova capa - pela editora Movieplay). Anteriormente tinham aparecido dois albuns: "O Fado de Carlos do Carmo" (Alvorada, 1969) e, ainda no mesmo ano, "O Fado em Duas Gerações" (Decca), no qual partilhava as canções com a sua mãe, Lucília do Carmo. Entre 1963 e 1969 apenas tinham surgido no mercado singles e EPs. Mas este album (metade orquestral e metade acústico) foi o meu primeiro contacto a sério com o fadista, ainda em Lourenço Marques. No ano seguinte, em férias por Lisboa, teria a oportunidade de o ver ao vivo na casa de fados "O Faia". Desde então que acompanho a sua brilhante carreira, que teve o seu epílogo no passado dia 9 de Novembro de 2019, quando deu o último concerto no Coliseu de Lisboa. Não pude estar presente (os bilhetes há muito que se encontravam esgotados), mas assisti ontem à gravação do espectáculo na RTP 1. Já não canta como antigamente, necessita de mais segundos entre os versos de cada fado para poder "respirar" melhor, mas no resto continua um senhor, como sempre o vi ao longo de quase 6 décadas.

sexta-feira, 22 de junho de 2018

A Boa-Hora do Represas

Edição original em CD Sony Music
(PORTUGAL, Junho 2018)

«Já não dá para adiar o recomeço / Este é o tempo de sarar e ser melhor»

Os versos são retirados de “Boa Hora”, tema que dá nome ao novo disco de Luís Represas e que não poderiam ser os mais indicados para caracterizar este momento na vida e carreira do cantor e compositor. Com mais de quatro décadas de experiência, mais que uma vontade, a renovação ganhou contornos de inevitabilidade. E nada melhor que recomeçar ao lado de amigos. Assim, junta-se aos de sempre, como Ivan Lins com quem co-compõe “Asas de Anjo”, ou Jorge Palma e Paulo Gonzo - com quem cria uma sequela de 125 Azul em “Cinema Estrada”. Mas não só. Luís Represas em 2018 abre asas para a descoberta de novos tons musicais explorados e descobertos ao lado de nomes da nova música nacional. Para esta viagem convidou Fred Pinto Ferreira (Orelha Negra / Buraka Som Sistema), que à excepção de “Boa Hora” e “Na Curva do Horizonte” produzidas por Francisco Faria e Manuel Faria, assina a produção do disco; o músico Jorge Cruz (Diabo na Cruz), que escreveu e partilhou a composição "Boa Hora", o tema que dá nome ao album; e Mia Rose, cujo encontro se deu “Na Curva do Horizonte” - o primeiro single. Mas porque é de história que todos somos feitos, "No Colo do Vento” é o tema que junta Luís Represas e Carlos do Carmo, e que marca a primeira vez que gravam um tema inédito. Ainda tempo para um reencontro com a herança lusófona e com o músico moçambicano Stewart Sukuma em "Achas que Sim”, e mais uma parceria com a filha Carolina, que assina a letra de “Promessas".


1. BOA HORA
Letra: Jorge Cruz
Música: Jorge Cruz, Luís Represas
Produção: Francisco Faria, Manuel Faria
Piano Acústico: Manuel Faria
Bandolim: Luís Represas
Baixo: João Pestana

2. CINEMA ESTRADA
Com Jorge Palma e Paulo Gonzo
Letra e Música: Luís Represas
Produção: Fred Ferreira
Arranjo: Luís Represas
Pedal Steel Guitar: Michael Eckert
Guitarra Acústica e Bandolim: Luís Represas
Banjo: Tiago Oliveira
Acordeão e Teclados: Carlos Garcia
Baixo: CÍcero Lee
Bateria: Alexandre Alves
Harmónica: Paulo Gonzo

3. ASAS DE ANJO
Com Ivan Lins
Letra: Luís Represas
Música: Ivan Lins, Luís Represas
Produção: Fred Ferreira, Ivan Lins
Arranjo: Fred Ferreira, Ivan Lins
Piano: Ivan Lins
Guitarra acústica e elétrica: Ricardo Silveira
Teclados: Manuel Faria
Baixo: Cícero Lee
Bateria e Programação: Fred Ferreira

4. NA CURVA DO HORIZONTE
Com Mia Rose
Letra: Luís Represas
Música: José Calvário
Produção: Manuel Faria
Arranjo: Manuel Faria
Teclados: Manuel Faria
Programação: Manuel Faria e Francisco Faria
Guitarra Elétrica. Ricardo Riquier

5. QUER-ME PARECER
Letra e Música: Luís Represas
Produção: Fred Ferreira
Arranjo: Luís Represas
Guitarra Acústica e Bandolim: Luís Represas
Guitarra Elétrica: Tiago Oliveira
Teclados e Acordeão: Carlos Garcia
Baixo: Cícero Lee
Bateria: Fred Ferreira
Coros: Manuel Rebelo, Catarina Orega, Inês Martins

6. PASSA AMANHÃ
Letra e Música: Luís Represas
Produção: Fred Ferreira
Arranjo: Luís Represas
Pedal Steel Guitar: Michael Eckert
Piano: Manuel Faria
Piano eléctrico: Carlos Garcia
Guitarra Acústica e Percussão: Luís Represas
Baixo: Cícero Lee
Bateria: Fred Ferreira
Coros: Manuel Rebelo, Catarina Orega, Inês Martins

7. NO COLO DO VENTO
Com Carlos do Carmo
Letra e Música: Luís Represas
Arranjos: Carlos Manuel Proença
Produção: Luís Represas
Guitarra acústica: Carlos Manuel Proença
Guitarra portuguesa: Sandro Costa
Contrabaixo: Cícero Lee

8. PROMESSAS
Letra: Carolina Represas
Música: Luís Represas
Produção: Fred Ferreira
Arranjo: Carlos Garcia, Luís Represas
Teclados: Carlos Garcia
Harmónica: Luís Trigo
Guitarra Acústica: Tiago Oliveira
Baixo: Cícero Lee
Bateria: Alexandre Alves
Percussão: Luís Represas
Coros: Manuel Rebelo, Catarina Orega, Inês Martins

9. SEI LÁ
Letra e Música: Luís Represas
Produção: Fred Ferreira
Arranjo: Carlos Garcia, Luís Represas
Guitarra Acústica: Luís Represas
Bandolim e Percussão: Luís Represas
Guitarra Elétrica: Tiago Oliveira
Teclados: Carlos Garcia
Baixo: Cícero Lee
Bateria: Fred Ferreira
Coros: Manuel Rebelo, Catarina Orega, Inês Martins

10. EU DOU
Letra: Jorge Cruz
Música: Luís Represas
Produção: Fred Ferreira
Arranjo: Carlos Garcia, Luís Represas
Programação, Mini-moog e Moog sub37: Fred Ferreira
Piano eléctrico e Hammond: Carlos Garcia
Guitarra: Tiago Oliveira
Coros: Carlos Garcia, Juliana Branco

11. A SAUDADE
Letra e Música: Luís Represas
Produção: Fred Ferreira
Arranjo: Luís Represas
Acordeão: Carlos Garcia
Guitarra Elétrica: Tiago Oliveira
Steel Guitar e Guitarra Eléctrica Solo: Marco Nunes
Contrabaixo: Cícero Lee
Bateria: Alexandre Alves
Percussão: Luís Represas

12. SE ACHAS QUE SIM
Com Stewart Sukuma
Letra e Música: Luís Represas
Produção: Fred Ferreira, B Fachada
Arranjos de Vozes em Língua Changana: Stewart Sukuma e Filipe Mondelane
Tradução de Português para Língua Changana- Filipe Mindelane
Guitarra Elétrica: Luís Represas
Guitarra Elétrica: Tiago Oliveira
Piano: Carlos Garcia
Baixo: Cícero Lee
Bateria: Alexandre Alves
Percussão: Fred Ferreira
Coros em português: Luís Represas e B Fachada
Coros em Changana: Stewart Sukuma

13. SILÊNCIO
Ltra e Música: Luís Represas
Produção: Manuel Faria
Arranjo: Manuel Faria
Teclados e programação: Manuel Faria
Bateria: Fred Ferreira
Coros: Manuel Rebelo, Catarina Orega

14. CANÇÃO PATETA
Letra: Jorge Cruz, Luís Represas
Música: Luís Represas
Produção: Fred Ferreira
Arranjo: Luís Represas
Guitarra Acústica: Luís Represas
Bandolim e Percussão: Luís Represas
Acordeão: Carlos Garcia
Contrabaixo: Cícero Lee
Bateria: Alexandre Alves
Percussão: Ricardo Riquier
Coros: Mico da Camara Pereira, Henrique Vassalo, Luís Represas, Ricardo Riquier

domingo, 5 de fevereiro de 2017

CARLOS DO CARMO & BERNARDO SASSETTI

Edição original em CD Mercury Universal Music
(PORTUGAL, 2010)

Este é um álbum sem segredos, pelo menos no que respeita à voz [que surge pura, sem trapézios, com um processamento quase nulo] de Carlos Do Carmo. Mas que comportava um desafio, pois enfrentava o perigo de alguma monotonia. E se esse desafio é superado com distinção e classe, deve-se à prestação soberba e pujante de Bernardo Sassetti: o pianista nunca se coloca acima da voz, sabe dar-lhe espaço e respiração dinâmica e depois nos momentos em que assume maior força harmónica é brilhante, exemplar. Depois ambos os músicos dão-se ao vizinho acolhendo-o em troca. Sassetti acolhe um sentido popular, sem deixar de ser exuberante e Carlos Do Carmo recebe do pianista uma nova aventura, que abraça como um jovem, mantendo toda a sua sofisticação. É um diálogo, que chega a ser comovente, de admiração mútua este disco, e também de admiração aos grandes autores da música portuguesa – essas versões parecem-me mais apaixonadas, as de Jacques Brel, “Quand On N’a Que L’Amour”, Léo Ferré, “Avec Le Temps”, e Violeta Parra, “Gracias La Vida”, são emotivamente mais distantes, mas talvez isso seja uma resposta também de amante da música portuguesa. Um trabalho que evoca um renascimento da música portuguesa num sentido erudito, mantendo a sensibilidade mais importante de todas: a proximidade com o público. (in ArteSonora)

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