Original released on LP A&M SP 4524
(US, 1975)
Uma belissima surpresa este terceiro album dos Esperanto, um grupo mais ou menos obscuro de rock progressivo, originário da Bélgica (formado em 1971 em Bruxelas e que durou até 1975). Seis temas compõem este surpreendente album, que quanto mais se escuta mais nos dá a conhecer:
A1. Eleanor Rigby
Uma completa desconstrução de "Eleanor Rigby" que até mais ou menos o terceiro minuto da canção é irreconhecível. Essa introdução é um escândalo, com violino, teclados e baixo tocando uns riffs invocados que mais parecem ter saído de uma sessão musical de lunáticos. O timbre do baixo de Gino Malisan é excepcional, junto com ele os dois tecladistas (Geoffrey e Raymond) fazendo um papel mais que excelente também. Quando os vocais arrancam é um susto! A voz de Roger Meakin é excelente, e que dizer da de Kim Moore? Sensacionais, transformando o refrão de "Eleanor Rigby" numa coisa ainda mais cativante. Os sintetizadores dão vida a sons estranhíssimos no fundo de tudo. A fazer uma versão de uma música célebre como esta, talvez seja o exemplo a seguir, evitando uma simples cópia do original.
A2. Still Life
A bateria de Tony Malisan (irmão do baixista Gino) começa a segunda faixa, enquanto a banda segue num instrumental quebrado cheio de perguntas e respostas (e que baixista dos infernos!). A voz de Roger quando entra lá pelos 3 minutos já é destaque, mas juntamente com a voz de Kim, fazem o casamento perfeito. Uma percussão que se não me engano é uma maraca, segue toda a letra de perto. As partes de piano elétrico são as melhores, essenciais para a sonoridade da faixa. A música tem um ritmo contagiante, sendo os vocais cantados ao ritmo da melodia, tudo muito bem equilibrado.
A3. Painted Lady
Já vi que o forte do grupo são os riffs, mas logo que a voz se inicia a música muda totalmente, Kim lembra muito Sonja Kristina dos Curved Air, e mais uma vez a dupla de vocais está perfeita. E é de ressalvar as gargalhadas macabras ao fundo dos versos. São ideias destas que fazem toda a diferença. Excelente o solo de violino.
B1. Obsession
O lado B começa muito bem, com teclados em ad infinitum, e os vocais lembrando alguns dos "Tale of Mystery and Imagination of Edgar Alan Poe" (The Alan Parsons Project). Os violinos e as partes clássicas são bastante parecidas com Electric Light Orchestra (a banda tem uma série de influências maravilhosas e diferentes).
B2. The Rape
Os violinos arrasam, fazem todo o papel que a guitarra faria (já que nem temos uma por aqui) e muito mais, conferem à banda um som único e mágico. Mas o que é esse baixista? Linhas sempre fantásticas e um timbre fantástico. Nesta faixa a voz de Kim está perfeita, com uma clareza e melodia sem igual. Depois do verso mais uma parte super quebrada, e eu acho que o album me conquistou definitivamente. Várias partes orquestradas, numa espécie de mini-orquestra mesmo com o cello fazendo uma melodia de contraponto para o violino e teclado, cada um na sua mas em busca do mesmo som. Vocais 'aéreos' brindam-nos com uma bela melodia após a mini-orqustra, mas não se enganem a orquestra não pode parar. Na parte a seguir a bateria toma conta da situação num ritmo alucinado e desesperado.
B3. Last Tango
Como não poderia deixar de ser um 'quase-tango' com um belo vocal e ritmo sincopado. Como seria de esperar a banda sente-se completamente à vontade num tango de primeira, já que a sua estranha formação é totalmente propícia ao ritmo argentino (in RateYourMusic)