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quarta-feira, junho 25, 2025

Sabrina Carpenter — quem?

[Wasserman]
Eis uma pequena grande lição sobre os bastidores "artísticos" de muito fenómenos contemporâneos da música pop. Em mais um breve e conciso dos seus videos, Rick Beato escolhe como ponto de partida a canção Manchild, de Sabrina Carpenter, para demonstrar por A + B como funciona uma lógica friamente industrial em que a "criação" de novos sucessos resulta de uma burocracia executiva que garante a gestão da estrela como valor meramente instrumental... e de venda. Com algumas excepções, claro — ouça-se a referência de Beato a Billie Eilish.

sexta-feira, janeiro 03, 2025

2024 / 10 álbuns [7]

* BILLIE EILISH, Hit Me Hard and Soft

Opus 3 de absoluta continuidade: Billie Eilish confirma a sofisticada arquitectura da sua música (+ voz), sempre com a pudica vigilância do irmão Finneas [ouça-se a respiração sinfónica de The Greatest]. Ao mesmo tempo, há nela a grandeza das cantoras que sabem permanecer, reinventando-se constantemente — fez 23 anos no dia 18 de dezembro de 2024.


[ Waxahatchee ] [ Jessica Pratt ] [ Danish String Quartet ] [ Andra Day ] [ Fred Hersch ] [ The Smile ]
lopes_jjlr

sábado, dezembro 14, 2024

Billie Eilish na NPR

[ billieeilishcom ]

De que falamos quando falamos de Billie Eilish? De uma verdade carnal que, nestes tempos de estúpido materialismo, se transfigura em coisa espiritual, afinal próxima das nossas sensações mais depuradas, e também mais secretas. Grande música, grandes canções, na fundamental companhia do irmão Finneas, e também Andrew Marshall (bateria), Solo Smith (baixo) e Abe Nouri (piano) — esta foi uma edição muito especial do Tiny Desk Concert, entrando directamente para a lista de memórias lendárias da NPR.
 

segunda-feira, julho 29, 2024

Billie Eilish em modo acústico

[ Wikipedia ]

Para lá do seu talento de compositora e intérprete, Billie Eilish (sem esquecer a preciosa contribuição do irmão Finneas) gosta de desafiar os limites das suas próprias canções. Acontece agora com quatro temas do seu álbum nº 3, Hit me Hard and Soft — Birds of a Feather, Skinny, Wildflower e L’Amour de Ma Vie — revistos em modo acústico.
Trata-se de uma gravação para a Amazon Music [Rolling Stone], a provar que a versatilidade de Billie Eilish, muito mais do que uma proeza técnica, decorre da riqueza de modulações temáticas e narrativas do seu universo artístico — eis a maravlhosa recriação de Wildflower.

segunda-feira, junho 10, 2024

A dialéctica de Billie Eilish

O terceiro álbum de originais de Billie Eilish, Hit Me Hard and Soft, decorre do percurso de uma dialéctica fascinante: por um lado, promove as inquietações juvenis dos álbuns anteriores a questões prementes e perturbantes; por outro lado, aceita tal desenvolvimento pessoal e artístico através de uma serenidade envolvente. Eis um esclarecedor exemplo: Chihiro.
 

terça-feira, dezembro 26, 2023

Billie Eilish no SNL

Não será preciso grande esforço para reconhecer que What Was I Made For?, de Billie Eilish, é a vencedora "antecipada" do Oscar de melhor canção de 2023. Não que isso nos obrigue a ceder à banalidade da mise en scène e ao anedotário militante do filme a que pertence (Barbie). Trata-se apenas de reconhecer a singularidade da sua intérprete e do seu irmão, Finneas O'Connell — ei-los, em impecável performance, no Saturday Night Live (NBC).

terça-feira, agosto 15, 2023

“Barbenheimer”:
que fazer com esta palavra?

Margot Robbie (Barbie) e Cillian Murphy (Oppenheimer):
é preciso repensar a distribuição e exibição dos filmes

Os filmes Barbie e Oppenheimer são dois espantosos fenómenos de bilheteira: será que os números chegam para compreender tudo o que está a acontecer? — este texto foi publicado no site da SIC Notícias (31 julho / os números citados das bilheteiras são, obviamente, referentes a essa data).

Assim vai o mundo do cinema: o marketing norte-americano inventou uma palavra (“Barbenheimer”) para “cruzar” dois filmes com lançamento mundial simultâneo — Barbie, de Greta Gerwig, e Oppenheimer, de Christopher Nolan — e os efeitos nas bilheteiras são grandiosos. Nos EUA, o primeiro já arrecadou um pouco mais de 350 milhões de dólares, enquanto o segundo vai nos 174 milhões. Em Portugal, a afluência é também invulgar: 445 mil e 205 mil espectadores, respectivamente, ao fim de duas semanas de exibição (com um total de receitas superior a 4 milhões de euros).
Os resultados são tanto mais surpreendentes quanto estamos perante dois objectos radicalmente diferentes, porventura inconciliáveis. Barbie centra-se numa personagem (boneca, brinquedo da marca Mattel) sem qualquer historial cinematográfico, enquanto Oppenheimer aborda uma personalidade real pouco conhecida do grande público (J. Robert Oppenheimer, líder do Projecto Manhattan que, nos tempos finais da Segunda Guerra Mundial, fabricou as primeiras bombas atómicas), além de ser um filme com a duração de três horas.
Tudo isto me parece muito interessante e, ao mesmo tempo, francamente equívoco. Porquê? Para alinhavar duas ou três ideias, necessito de começar por esclarecer um ponto que considero fulcral (e que tenho repetido vezes sem conta, ao longo de décadas, sendo invariavelmente mal entendido). A saber: não confundo os meus juízos de valor sobre os filmes com as dinâmicas da sua vida comercial.


Ou ainda: Barbie parece-me uma brincadeira fútil, cinematograficamente feita de imitações e citações de filmes bem mais interessantes, enquanto considero Oppenheimer uma das obras mais complexas, impressionantes e perturbantes que vi nos últimos tempos. Mas… e este “mas” é fundamental: a defesa (também de muitas décadas) do cinema como fenómeno específico das salas escuras leva-me a saudar, sem hesitação, o simples facto de, afinal, existirem realmente pessoas que continuam disponíveis para conhecer os filmes (sejam eles quais forem) no lugar original para que foram concebidos — e bem sabemos que esse é um elemento crucial da crise de audiências que todos conhecem e reconhecem.
Daí, creio, a necessidade de lidar com a dimensão (que considero) equívoca do fenómeno. O que está em jogo não é o facto de Barbie ou Oppenheimer serem “melhores” ou “piores” (de acordo com os pontos vista naturalmente — e salutarmente — distintos que vão surgindo). Porquê? Porque o carácter excepcional do fenómeno nos permite perceber que a súbita eficácia desta manobra de marketing acontece depois de muito tempo (duas décadas, pelo menos) em que o marketing mais poderoso — entenda-se: o marketing dos grandes estúdios americanos e seus representantes internacionais — só investiu seriamente na promoção de super-heróis & afins, afunilando a oferta comercial e contribuindo para o desenvolvimento de mercados profundamente desequilibrados. E mais do que isso: mercados em que os filmes mais originais ou, pelo menos, menos típicos eram (e são) sistematicamente secundarizados.


Nesta perspectiva, o que se saúda não é que Barbie tenha estreado em 4243 salas (nos EUA) ou em 183 (em Portugal), como seria normal — ainda bem, é o investimento habitual quando a indústria aposta seriamente num determinado filme. O que realmente se saúda é que Oppenheimer, em vez de ter sido apressadamente rotulado de filme “difícil”, tenha surgido, não em 500 ou 600 ecrãs americanos, mas em 3610 — e que, em Portugal, os mesmos preconceitos não o tenham relegado para duas ou três dezenas de salas, antes acontecendo a sua estreia em 99 ecrãs, subindo para 103 na segunda semana.
Há outra maneira de resumir tudo isto: não basta inventar uma palavra sugestiva (francamente absurda, já agora) para pensar, programar e por em prática uma política coerente e diversificada de distribuição e exibição dos filmes. É preciso começar por avaliar que exposição pública se dá — ou não dá — a cada filme, sobretudo se esse mesmo filme não encaixar nos estereótipos de super-heróis e suas monótonas variações. Como se prova, os espectadores estão disponíveis… Quanto aos decisores da indústria, nos grandes e pequenos mercados, não lhes ficará mal parar um pouco para reflectir — no seu interesse, antes do mais.

* * * * *

>>> Greta Gerwig e Christopher Nolan falam sobre os seus filmes na televisão americana — respectivamente em Good Morning America e Today.



domingo, julho 23, 2023

Barbie, aliás, Billie Eilish

Não haverá muito a dizer da ligeireza colorida, em tom de intelectualismo pós-modernista, do filme Barbie. Sobram algumas canções, com destaque para What Was I Made For?, com Billie Eilish a dizer e a encenar-se num desespero gélido que, paradoxalmente, contradiz os pressupostos de entertainment do próprio filme de Greta Gerwig — eis o magnífico resultado.

I used to float, now I just fall down
I used to know but I'm not sure now
What I was made for
What was I made for?
Takin' a drive, I was an ideal
Looked so alive, turns out, I'm not real
Just something you paid for
What was I made for?

'Cause I, I
I don't know how to feel
But I wanna try
I don't know how to feel
But someday I might
Someday I might

When did it end? All the enjoyment
I'm sad again, don't tell my boyfriend
It's not what he's made for
What was I made for?

'Cause I, 'cause I
I don't know how to feel
But I wanna try
I don't know how to feel
But someday I might
Someday I might

Think I forgot how to be happy
Something I'm not, but something I can be
Something I wait for
Something I'm made for

terça-feira, janeiro 10, 2023

A felicidade segundo Billie Eilish

Billie Eilish, personagem do nosso tempo acelerado

Que significa dizer “eu” perante uma câmara de filmar? Afinal, que sabemos (ou não sabemos) da nossa identidade? — este texto foi publicado no Diário de Notícias (25 dezembro).

Sinais do tempo… Mapas de uma civilização… Porque é que o facto de fazermos pose ou falarmos directamente para uma câmara (do nosso telemóvel, por exemplo) passou a ser encarado — e, mais do que isso, infinitamente multiplicado — como um automático bilhete de identidade para consumo dos outros? E porque é que consideramos “natural” essa compulsão de nos expormos ao olhar dos outros? Afinal de contas, no Instagram, no momento em que escrevo este texto, fazendo uma pesquisa com a referência #selfie, podemos encontrar mais de 450 milhões de imagens…
Billie Eilish, nascida em Los Angeles a 18 de dezembro de 2001, por certo um dos maiores (e, a meu ver, mais fascinantes) talentos da actual música popular, tem sido protagonista regular de um desses exercícios de exposição individual. Assim, desde 2017, sempre no dia 18 de outubro, a Vanity Fair entrevista-a, colocando-lhe uma série de perguntas sobre a vida pessoal e profissional. As respostas de cada novo ano dão origem a um video (o mais recente dura 21 minutos, está disponível no site da revista e também no YouTube) pontuado por diversos paralelismos com as respostas, e respectivas imagens, de anos anteriores.
Duas perguntas servem para lançar a última gravação: primeiro, qual a idade de Billie Eilish, suscitando um painel de seis imagens em que começamos por vê-la e ouvi-la dizer que tem 15 anos (em 2017) até à entrevista mais recente, com 20 anos (faltavam dois meses para celebrar 21); depois, qual o número dos seus seguidores no Instagram — de 257 mil no primeiro registo até mais de 106 milhões na actualidade (entretanto, já passou os 107 milhões).


Escusado será dizer que não estamos perante uma derivação audiovisual do “estilo” pueril, muitas vezes tristemente anedótico, de muitas selfies. Para lá da sofisticação da apresentação e montagem do video, a inteligência de Billie Eilish faz com que as respostas, mesmo às perguntas mais banais (“O que comeu hoje? Como está decorado o seu quarto?”), surjam tocadas por um misto de gravidade e humor.
Deparamos com uma genuína performance. Entenda-se: no sentido mais literal (e, precisamente, mais genuíno) que a palavra “performance” pode envolver. Billie Eilish tem óbvia consciência do dispositivo teatral, ou teatralizado, através do qual comunica connosco, ao mesmo tempo entregando-se a tal dispositivo com a disponibilidade de quem procura um auto-retrato estável.
Ou talvez não. A certa altura, nas imagens de 2019 fala-nos da “manutenção da minha felicidade” como algo que “já não sentia há muitos anos”… O que nos garante que, ainda antes de completar 18 anos, ela se via (e representava para nós) como alguém a perseguir uma felicidade que lhe tem escapado durante “muitos anos”. Assim mesmo: “muitos anos”…
Seria fácil considerar que esta aceleração dos modos de viver (e pensar o viver) reflecte uma qualquer crise da juventude. Acontece que ser jovem e chamar-se Billie Eilish é uma excepção absoluta que não pode confundir-se com a existência dos milhões que a seguem e vivem no mais radical anonimato. Rotular Billie Eilish como mero símbolo “juvenil” seria mesmo ceder ao mais obsceno paternalismo mediático, supondo que há uma fronteira nítida e, mais do que isso, intransponível, entre o seu modo de ser e a identidade de alguém (seja quem for) de qualquer outra geração.
Nesse passado muito próximo, a crise que Billie Eilish diz ter atravessado condensava-se numa frase eloquente: “Não sei se me sinto ligada a mim própria.” Um ano mais tarde, já com um novo ponto de vista, reconhece que andava a “fingir ser Billie Eilish”. E ainda: “Sentia-me como uma paródia de mim própria.”
Esta é, afinal, a cantora/compositora que editou dois álbuns cujos títulos vale a pena traduzir: “Quando todos adormecemos, vamos para onde?” (2019) e “Mais feliz do que nunca” (2021). O primeiro assombrado por uma inequívoca pulsão de morte — ouça-se a canção Bury a Friend e veja-se o respectivo teledisco; o segundo numa missão de resgate da ideia de felicidade.
A certa altura, surge um segmento “tradicional”, quase sempre deprimente, deste tipo de videos: responder a algumas perguntas de fãs… Billie Eilish sabe ser directa e sintética, não alimentando patéticas ilusões de intimidade. Quando lhe perguntam se já fumou erva e se quer ter filhos, responde da forma mais austera, sucessivamente: “não” e “sim”. Sem esquecer que há pelo menos uma resposta que desmancha qualquer possível barreira geracional — a pergunta é: “Qual a sua banda preferida?”; a resposta: “Os Beatles”.

sexta-feira, março 04, 2022

A caminho dos Oscars

Adriana De Bose em West Side Story:
a caminho do Oscar de melhor actriz secundária

Os prémios da Academia de Hollywood serão entregues a 27 de março. Com 12 nomeações, O Poder do Cão lidera a corrida aos Oscars referentes à produção de 2021, num ano em que, curiosamente, vários filmes, a começar por West Side Story, são testemunho de uma invulgar riqueza musical — este texto foi publicado no Diário de Notícias (9 fevereiro), com o título 'Os Oscars têm uma música própria'.

Música, eis a questão. Nas nomeações dos Oscars referentes à produção de 2021 encontramos, por exemplo: Billie Eilish, candidata na categoria de melhor canção, com No Time to Die, tema-título do último filme de James Bond (composto com o irmão, Finneas O’Connell). Ou ainda o baterista da banda The Roots, Questlove: o seu Summer of Soul, dando nova vida aos registos do Harlem Cultural Festival de 1969, surge entre os que podem ganhar a categoria de melhor documentário. Isto sem esquecer que Jonny Greenwood, membro dos Radiohead, volta a integrar os nomeados a melhor banda sonora graças à sua partitura para O Poder do Cão, de Jane Campion.
É caso para dizer que ecoa, aqui, uma música muito própria, de tal modo os prémios da Academia de Hollywood conseguem congregar aquela que é a maior estrela pop da actualidade, Billie Eilish, claro, com memórias do património musical afro-americano e o experimentalismo de Greenwood. Foi ele que compôs também a música de Spencer, de Pablo Larraín, porventura o mais “esquecido” dos grandes filmes de 2021, embora esteja representado por uma nomeação, na categoria de melhor actriz, para a admirável Kristen Stewart.
Enfim, não esqueçamos a renovada presença de Steven Spielberg. O seu West Side Story, com sete nomeações, possui o fulgor de um verdadeiro panfleto — musical, justamente. A recriação da obra de Leonard Bernstein e Stephen Sondheim — que deu origem ao primeiro West Side Story (1961), assinado por Robert Wise e Jerome Robbins — repõe na linha da frente um género nem sempre muito reconhecido na história moderna dos Oscars. E se é verdade que todas as apostas são sempre um exercício superficial, por vezes fútil, não é menos verdade que podemos supor que na comunidade de Hollywood todos ou quase todos acreditam que Ariana DeBose, a “Anita” escolhida por Spielberg, tem garantida a estatueta de melhor actriz secundária.
Enfim, a musicalidade de tudo isto não esgota a sedutora pluralidade das nomeações, este ano com um luso-canadiano também em destaque: graças ao seu excelente trabalho em Nightmare Alley, de Guillermo Del Todo, Luís Sequeira é um dos candidatos ao Oscar de melhor guarda-roupa. E também não diminui, de modo algum, a proeza de O Poder do Cão, líder na estatística das nomeações: encontramo-lo em nada mais nada menos que 12 categorias, incluindo, além de melhor filme, as de realização, actor (Benedict Cumberbatch), actor secundário (duas vezes: Jesse Plemons e Kodi Smit-McPhee) e actriz secundária (Kirsten Dunst). Uma coisa é certa: nenhum filme tem nomeações que lhe permitam obter o “quinteto dourado” dos Oscars — filme+realização+actor+actriz+ argumento —, essa conjugação mágica que só aconteceu três vezes (a última data de 1992, com a consagração de O Silêncio dos Inocentes).
Aliás, O Poder do Cão pode simbolizar também as evidências e ambivalências do confronto que, de uma maneira ou de outra, passou a marcar todo o território cinematográfico. A saber: a tensão entre o circuito tradicional das salas e as plataformas de “streaming”. Assim, O Poder do Cão é o emblema perfeito da produção multifacetada da Netflix e da sua ambição (muito legítima, entenda-se) de conseguir, finalmente, arrebatar o Oscar de melhor filme.
Até ao dia da cerimónia destes 94ºs prémios das Academia (27 de março), iremos, por certo, compreendendo melhor o modo como estas nomeações reflectem o estado convulsivo, afinal eminentemente criativo, em que vive a produção cinematográfica. Inclusive nas suas curiosas “contradições”. Exemplo? Repare-se no quinteto de nomeadas para o Oscar de melhor actriz: Jessica Chastain (The Eyes of Tammy Faye), Olivia Colman (A Filha Perdida), Penélope Cruz (Mães Paralelas), Nicole Kidman (Being the Ricardos) e a já citada Kristen Stewart. Que têm em comum? Pois bem, nenhuma delas está nos dez títulos que concorrem para melhor filme — não é inédito, mas não acontecia há 16 anos.

sábado, janeiro 15, 2022

10 álbuns de 2021 [10]

Billie Eilish

2021 foi o ano em que, a 18 de dezembro, Billie Eilish celebrou o seu 20º aniversário. Happier Than Ever surgiu a 30 de julho, afirmando uma identidade criativa a que não é estranha a serena resistência aos estereótipos "juvenis" que continuam a dominar a paisagem mediática global. Sempre com a preciosa colaboração do irmão, Finneas O'Connell (que em outubro lançaria o seu primeiro álbum a solo, Optimist), Billie é detentora de uma vibração pop que se amplia e transfigura no fluxo de um dizer/cantar que, na prática, a distingue de todos os fenómenos da mesma faixa etária. De facto, não a vemos — nem escutamos — como protótipo de uma qualquer idade, antes como expressão de uma verdade musical sem idade. Eis a faixa-título, espelho crítico de qualquer noção pitoresca de "felicidade", em performance em The Tonight Show, de Jimmy Fallon.


* * * * *

quinta-feira, janeiro 13, 2022

Billie Bossa Nova no Hotel Biltmore

I'm not sentimental
But there's somethin' 'bout the way you look tonight
Makes me wanna take a picture
Make a movie with you that we'd have to hide

Está concluído o registo de canções de Billie Eilish para a plataforma Vevo. Os cenários do lendário Hotel Biltmore, em Los Angeles, serviram para a depurada recriação de temas do álbum Happier Than Ever, celebrando uma nostalgia totalmente enredada com o imaginário e a imaginação do nosso presente — eis a pompa, o erotismo e o pudor de Billie Bossa Nova.

terça-feira, dezembro 14, 2021

Billie Eilish no Saturday Night Live

Billie Eilish reapareceu no Saturday Night Live (NBC), agora também como apresentadora. Da sua participação, eis o registo de duas canções do seu segundo álbum de estúdio, Happier Than Ever: primeiro, o tema-título; depois, Male Fantasy.
 


segunda-feira, dezembro 06, 2021

Billie Eilish, Male Fantasy

Através dos meandros de uma "fantasia masculina"... Derradeira faixa do álbum Happier Than Ever, Male Fantasy é uma canção que Billie Eilish já apresentara através de uma gravação ao vivo; agora é a vez do respectivo teledisco, com assinatura da própria cantora, em tom de depurada aventura confessional e teatral — eis os dois registos.

Home alone, tryin' not to eat
Distract myself with pornography
I hate the way she looks at me
I can't stand the dialogue, she would never be
That satisfied, it's a male fantasy
I'm going back to therapy

'Cause I loved you then and I love you now
And I don't know how
Guess it's hard to know when nobody else comes around
If I'm getting over you
Or just pretending to
Be alright, convince myself I hate you

I got a call from a girl I used to know
We were inseparable years ago
Thought we'd get along but it wasn't so
And it's all I think about when I'm behind the wheel
I worry this is how I'm always gonna feel
But nothing lasts, I know the deal

But I loved you then and I love you now
And I don't know how
Guess it's hard to know when nobody else comes around
If I'm getting over you
Or just pretending to
Be alright, convince myself I hate you

Can't get over you
No matter what I do
I know I should but I could never hate you
 


terça-feira, outubro 26, 2021

Billie Eilish em tom austero

... apenas com as teclas a cargo de Finneas. E, claro, toda a mágoa da voz de Billie Eilish. Eis a canção de 007: Sem Tempo para Morrer, agora na sua mais austera (porventura mais bela) performance — aconteceu no festival da revista The New Yorker.

sexta-feira, outubro 15, 2021

Finneas
ou a irmandade da música

Finneas O'Connell, irmão de Billie Eilish, será sempre... o irmão de Billie Eilish. E há boas razões para destacar o laço familiar, já que, como sabemos, a sua contribuição para o trabalho da irmã é fundamental. Ao mesmo tempo, ainda que inevitavelmente cúmplice das sonoridades da irmã, Finneas (nome artístico) existe como criador autónomo. Aí está o seu primeiro álbum a solo, Optimist, a ilustrar um multifacetado talento, algures entre a tradição das baladas pop e a nostalgia de um crooner que existe fora do seu tempo afectivo. Ainda assim, para quem nasceu há "apenas" 24 anos, é natural que a nostalgia obedeça a um novo calendário — eis o sintomático, elegante e irónico The 90s.

quinta-feira, agosto 26, 2021

As lágrimas de Billie Eilish

No seu novo álbum, Billie Eilish canta o envelhecimento e a nitidez da morte: ela está “mais feliz que nunca” — este texto foi publicado no Diário de Notícias (1 agosto).

Billie Eilish tem 19 anos. Nascida em Los Angeles, completará 20 no dia 18 de dezembro. Na canção de abertura do seu novo e belíssimo álbum, Happier than Ever (à letra: “Mais feliz que nunca”), comenta o próprio envelhecimento. Chama-se Getting Older e começa com estes versos: “Estou a ficar mais velha / Acho que estou a envelhecer bem.” Seria precipitado encarar a confissão de Billie Eilish como uma banal variação do infantilismo cultural que passou a contaminar muitas formas de figuração das personagens mais jovens. Exemplo gritante desse infantilismo é a apoteótica decadência da MTV, a estação de televisão que completa hoje 40 anos — foi a 1 de agosto de 1981 que as emissões da “TV da música” começaram nos EUA, com a lendária passagem, simbólica por excelência, do teledisco de Video Killed the Radio Star, dos Buggles. Por estes dias, a MTV ocupa horas infinitas com derivações (ainda mais) grotescas da “reality TV” ou com programas como “Ridiculousness”, acumulando videos de incidentes pessoais mais ou menos benignos, desse modo promovendo uma pornografia existencial comandada por uma nova filosofia da identidade humana: “Sou ridículo, logo existo”.
Finneas O’Connell
Bruscamente, neste verão, Billie Eilish expõe-se num registo bem diferente. A deambulação poética pelos labirintos do envelhecimento apresenta-se num canto intimista, quase ciciado, como a maior parte do álbum, envolvido no prodigioso trabalho instrumental do seu irmão Finneas O'Connell (24 anos). De tal modo que o reconhecimento desse sereno e inusitado envelhecimento reflecte as convulsões de um tempo que, por inquieto paradoxo, nos leva a questionar as próprias medidas do tempo.
A coincidência tem qualquer coisa de espectacular: o álbum de Billie Eilish surge na mesma altura em que um dos acontecimentos do mercado cinematográfico é um filme construído a partir de uma perversa reconversão do fluxo temporal. Realizado por M. Night Shyamalan, chama-se Old (“Velho”), tendo recebido o subtítulo português Presos no Tempo. Em boa verdade, não se trata de um aprisionamento, mas sim de uma deriva que põe em causa todas as coordenadas do universo humano, a começar, precisamente, pelas suas medidas temporais: as personagens de Shyamalan encontram-se numa deslumbrante praia protegida, virtualmente inacessível, em que, por cada meia hora, envelhecem um ano… Afinal, o paraíso aproxima-nos da nitidez indizível da morte.
Em entrevista na edição de junho da Vogue britânica, Billie Eilish apresentava-se em fotografias de sugestiva reconversão da iconografia tradicional da “pin-up”, dando conta, a certa altura, da sua admiração por Greta Thunberg (“She’s f**king amazing”, segundo a citação da revista). Para lá do simbolismo geracional, creio que fará sentido reconhecer nessa cumplicidade Eilish/Thunberg a marca de um pragmatismo político para o qual nem sempre estamos disponíveis. A saber: no reconhecimento das tragédias climáticas, tal como nos cânticos deste caloroso neo-romantismo, está enunciada uma relação muito directa e frontal com a imagem indefinida da morte — o planeta pode morrer e, em qualquer caso, cada um de nós é um ser para a morte.
Nada a ver, entenda-se, com a propaganda obscena do sofrimento que tem vindo a contaminar algumas linguagens do nosso planeta televisivo sem fronteiras. No caso sempre revelador do desporto, o “sofrimento” (palavra corrente nas entrevistas dos jogadores de futebol) circula envolvido com a obrigação simbólica da vitória; é francamente perturbante o facto de muitas entrevistas com os atletas olímpicos já não serem sobre o próprio labor desportivo, mas sim sobre a quase obrigação de ser medalhado (o que, regra geral, depois da prova, obriga o atleta a “justificar” o seu falhanço).
Para que não restem dúvidas, Billie Eilish atreve-se mesmo a cantar que “todos morremos”. Dir-se-ia um novo capítulo do seu álbum de estreia, lançado em 2019, cujo título era, muito literalmente: “Quando todos adormecemos, para onde é que vamos?” (When We All Fall Asleep, Where Do We Go?). Agora, a canção Everybody Dies começa assim: “Todos morremos / Surpresa surpresa”… Daí a tocante ambivalência da capa do álbum, fazendo coexistir o título de felicidade com as lágrimas da cantora. O teatro é uma forma de sinceridade.

domingo, agosto 08, 2021

Billie Eilish na BBC

Eis uma bela performance de Billie Eilish: é um registo do Live Lounge, da BBC Radio 1, com Getting Older, uma das canções do novíssimo Happier Than Ever.
 

sexta-feira, julho 30, 2021

Billie Eilish, felicidade com lágrimas

Happier Than Ever, segundo álbum de estúdio de Billie Eilish, aí está, celebrando uma felicidade que se diz e canta com lágrimas — na capa e no tema-título. Vogando da intimidade mais austera até uma inusitada energia orquestral, eis o respectivo lyric video.

sexta-feira, julho 23, 2021

Billie Eilish, o futuro mais que presente

My Future foi a primeira canção conhecida do segundo álbum de Billie Eilish — surgiu a 30 de julho de 2020, exactamente um ano antes da data marcada para o lançamento de Happier Than Ever. É também um dos temas recentemente recriados por Eilish e o seu irmão Finneas no Prime Day Show, gravado para o Prime Video da Amazon — eis o respectivo registo.