Mostrar mensagens com a etiqueta Sufjan Stevens. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Sufjan Stevens. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, janeiro 17, 2018

Para ouvir antes e depois de ver

É um dos filmes de que mais se fala. E com razão... Chama-me Pelo Teu Nome (no original Call Me By Your Name) foi o melhor que vi em 2017 (na Berlinale), tem colhido entusiasmo por onde tem estreado. E esta semana chega aos ecrãs portugueses. Antes de aqui falarmos do filme, fica hoje uma breve nota sobre a banda sonora. Porque é um objeto igualmente precioso, tendo resultado de um trabalho de seleção de gravações e de novas “encomendas” feito pelo próprio Luca Guadagnino e ajudam a definir o espaço, o contexto, as próprias personagens e, acima de tudo, a alma (ou como se poderia dizer em inglês o “feel”) do filme.

O grosso da banda sonora resulta de um processo de seleção de peças de discos já existentes. E aí coexistem as marcas que vincam o lugar e o período em que ação decorre (ou seja, a Itália na primeira metade da década de 80) e o facto de Elio (uma das personagens centrais) tocar piano. Entre a pop e peças clássicas para piano surge assim o corpo maior de um conjunto de temas que ora assinalam o reencontros e descobertas. John Adams, cuja música foi peça determinante na construção quase operática de Eu Sou o Amor, regressa com um excerto de Hallelujah Junction. Peças de Satie, Ravel ou Bach sublinham a presença do piano, que tem aqui em Ryuichi Sakamoto outro nome de referência, com o facto curioso de uma das composições, Germination, ser uma transcrição para piano de um momento da banda sonora de Feliz Natal Mr. Lawrence, de Nagisa Oshima.

A maioria das canções que povoam a banda sonora servem o B.I. de tempo e lugar do filme, com marcas da memória da pop mainstream de então, desde os terrenos europop de Paris Latino (Bandolero) ou da própria música italiana (recuperando nomes como os de Franco Battiato, Lordeana Bertè e Marco Armani) a “êxitos” que fizeram história por aqueles dias como Words de FR David ou Lady Lady Lady, de Giorgio Moroder e Joe Esposito (que surgiu originalmente na banda sonora de Flashdance). Há uma presença indie para vincar uma certa mudança de registo que traduz talvez ecos do percurso da narrativa (e não vou fazer spolier) ao som dos Psychedelic Furs. E, depois, a cereja sobre o bolo com a presença de três temas de Sufjan Stevens. Um deles é uma remistura de Futile Devices (do álbum The Age of Adz). Os outros na verdade são o resultado do desafio que o realizador lançou ao músico. Pediu-lhe um tema... E Sufjan fez dois... Assim nascem Mistery of Love e o belíssimo Visions of Gideon, que juntam não só elementos artística e emocionalmente marcantes ao filme como assinalam novos episódios na obra de um dos grandes músicos do nosso tempo.

terça-feira, abril 21, 2015

Ver + ouvir:
Sufjan Stevens, Should Have Known Better



Imagens (oficiais) para acompanhar um dos temas do belíssimo Carrie & Lowell, o álbum que Sufjan Stevens editou há poucas semanas e que é um dos mais belos ciclos de canções que chegaram a disco nos últimos tempos.

quinta-feira, março 12, 2015

Para ouvir: nova canção de Sufjan Stevens

Em contagem decrescente para a edição de um novo álbum de originais - consideravelmente diferente dos seus últimos discos - Sufjan Stevens avança com a revelação do áudio de mais uma canção.

Podem escutar aqui.

sexta-feira, dezembro 12, 2014

Novas edições:
Vários artistas

"Master Mix: Red Hot + Arthur Russell"
Yep Rock / Popstock
(4 / 5)

Tendo recuperado o dinamismo (e melhores ideias) com o volume “indie” de 2009 Dark Was The Night, a Red + Hot Organization – que desde há quase 25 anos cria campanhas de luta contra a sida artavés da música – lançou este ano dois novos discos. Num deles juntou figuras como Max Richter, Daniel Hope ou as Amina para reinventar (ou re-compor) peças de Johann Sebastian Bach. Neste novo volume, volta a aplicar esse mesmo principio, o de ter um músico como protagonista e cujo trabalho é entregue a novas visões e que, no passado, permitiu já abordagens às obras de figuras como Cole Porter, George Gershwin, Duke Ellington ou Fela Kuti. De novo há o nome na berlinda: Arthur Russell (figura que, tal como Fela Kuti, foi um entre os muitos que a doença fez desaparecer demasiado cedo). Visionário quase invisível no seu tempo e cujo reconhecimento maior só chegou postumamente – o primeiro dos discos póstumos surgiu em meados dos anos 90 na Point Music, aquela que era então a editora coordenada por Philip Glass – Arthur Russell era uma “voz” multifacetada cuja obra percorreu caminhos tão distintos quanto os da música disco, o dub, a folk e até mesmo as vanguardas experimentais. Claramente integrado na vibrante cena “alternativa” que habitava Nova Iorque nos anos 70, Arthur Russell deixou um vasto corpo de gravações que, sobretudo depois de uma antologia editada pela Soul Jazz em 2003, ganhou nova atenção (e sucessivas edições, inclusivamente de material inédito). A (saudável) dispersão da sua composição em várias frentes está agora devidamente representada num cartaz de nomes que tanto recuperam a relação de Arthur Russel com a música de dança como exploram a sua alma folkie, ao mesmo tempo havendo ainda frestas de atenção para com a faceta mais vanguardista do seu trabalho. Através de contribuições brilhantes de figuras como Sufjan Stevens, Devendra Banhart, Richard Reed Parry (num coletivo que junta as contribuições de Little Scream, Sam Amidon, Colin Stetson e Sarah Neufeld), Rubblebucket & Nitemoves ou Phosphorescent surge em Master Mix: Red Hot + Arthur Russell um dos mais apetitosos menus gourmet em travo indie que 2014 nos deu a escutar. Por outro lado Robyn, Hot Chip, Blood Orange ou os Scissor Sisters asseguram a luminosidade que, apesar de um certo travo de melancolia (inerente à voz de Arthur Russell e certamente ao facto de o violoncelo ter sido o seu instrumento primordial), podemos encontrar entre o legado mais dançável que o homenageado nos deixou. No fim, e ao lado de peças como Red Hot + Blue ou Dark Was The Night nasce aqui um dos melhores títulos da (já extensa) história em disco da Red + Hot Organization.

quinta-feira, julho 31, 2014

Para ouvir: Sufjan Stevens canta Arthur Russell

A contribuição de Sufjan Stevens para o disco de homenagem a Arthur Russell que a Red + Hot Organization lança em outubro é o magnífico A Little Lost, tema originalmente apresentado no álbum Another Thought, que teve lançamento já póstumo através de uma etiqueta que então era regida por Philip Glass.

Podem ouvir aqui a versão.

quarta-feira, julho 16, 2014

Novo álbum da Red + Hot Organization
é um tributo a Arthur Russell


O próximo lançamento em disco da Red + Hot Organization (com edição a 21 de outubro) é Master Mix: Red Hot + Arthur Russell, um disco de tributo ao músico norte-americano e junta assim este visionário que fez obra entre os espaços do disco e da demanda de expressões pessoais de heranças da música contemporânea a figuras como Cole Porter, George Gershwin ou Fela Kuti, homenageados em outros discos desta série.

Tal como os volumes anteriores da série, este novo álbum vai recolher fundos para campanhas de luta contra o vírus VIH.

O alinhamento completo é este:

Jose Gonzalez – “This Is How We Walk On The Moon”
Lonnie Holley – “Soon-To-Be Innocent Fun (Interlude)”
Robyn – “Tell You (Today)”
Hot Chip – “Go Bang”
Sufjan Stevens – “A Little Lost”
Lonnie Holley – “In The Light Of The Miracle (Interlude)”
Richard Reed Parry, Little Scream, Sam Amidon, Colin Stetson & Sarah Neufeld – “Keeping Up”
Liam Finn, Ernie Brooks + Peter Zummo – “This Love Is Crying”
Rubblebucket + Nitemoves – “Eli”
The Revival Hour – “Hiding Your Present from You”
Sam Amidon – “Lucky Cloud"
Devendra Banhart – “Losing My Taste For The Night Life”
Phosphorescent – “You Can Make Me Feel Bad”
Blood Orange – “Is It All Over My Face & Tower Of Meaning”
Scissor Sisters – “That’s Us/Wild Combination”
VEGA INTL. – “Arm Around You”
Oh Mercy – “Planted A Thought”
Lonnie Holley – “Hop On Down (Interlude)”
Cults – “Being It”
Richard Reed Parry – “Just A Blip”
Glen Hansard – “I Couldn’t Say It To Your Face”
Thao & The Get Down Stay Down – “Nobody Wants A Lonely Heart”
The Autumn Defense – “Oh Fernanda Why”
Alexis Taylor – “Our Last Night Together”
Lonnie Holley – “The Deer In The Forest (Interlude)”
Redding Hunter – “Close My Eyes”

Podem ver aqui um vídeo com os Hot Chip, entre as sessões de gravação e entrevistas, onde falam da sua colaboração, ao som de uma versão de Go Bang, um dos mais importantes momentos da discografia de Arthur Russell.

segunda-feira, maio 05, 2014

Ver + ouvir:
Sisyphus, Take Me



Novo single extraído do álbum do projeto que reune Sufjan Stevens, Son Lux e Serengeti. O teledisco foi realizado por Ryan Dickie.

segunda-feira, março 17, 2014

Novas edições:
Sisyphus, Sisyphus

Sisyphus
“Sisyphus”
Asthmatic Kitty Records / Popstock
3 / 5 

Sufjan Stevens gosta de experimentar ideias, formas e sons. Do trabalho com quarteto de cordas em Run Rabbit Run à visão multimedia que abraçou em B.Q.E., a sua obra revela uma invulgarmente vasta abertura de horizontes, que tem até mesmo na complexidade formal e instrumental de álbuns como Illinoise ou The Age of Adz uma clara expressão. Sisyphus é um projeto a quatro “vozes” no qual ele tem a seu cargo um quarto do trabalho, mas é sobretudo um terreno que reforça esta mesma sua vontade (e capacidade) em trabalhar entre espaços distintos e desafiantes. Na base (musical) da ideia está um projeto de colaboração a três que já o tinha juntado a Son Lux e ao rapper Seregheti num EP que tinham então lançado sob a designação S/S/S... Havia um novo EP na linha do horizonte destes três músicos quando foram desafiados pelo Walker Art Center, em Minneapolis, para criar música para uma exposição de Jim Hodges (que inaugurou em fevereiro e está ali patente até maio). Inspirados pelas imagens (e temáticas) criadas por Hodges – que é assim a “quarta voz” criativa do projeto – os três músicos entregaram-se à criação de temas vocais que, excedendo em volume o espaço de um EP, acabaram por dar origem ao álbum que agora é lançado sob o título Sisyphus. Ao que parece – segundo palavras numa entrevista citada pela Pitchfork – os músicos optaram por não interferir com as contribuições uns dos outros. Apesar de uma maior proximidade entre as ideias de Sufjan Stevens e Son Lux, a gestão dos acontecimentos ficou aqui definida por uma lógica de respeito e admiração entre os três. E talvez daí decorra a disparidade entre as ideias que fazem o álbum parecer mais uma coleção de acontecimentos distintos que expressão de um corpo comum. Temas mais “ambientais”, com um trabalho cénico mais elaborado, como I Won't Be Afraid, Hardly Going On ou Take Me representam o que pode haver de valor acrescentado quando mais que uma “voz” junta ideias à criação. O mesmo se pode dizer do belíssimo Alcohol ou das vistas largas nos diálogos entre rap e fundos instrumentais em Calm It Down ou Flying Ace, que deixam claro que o que falha em Sisyphus não é a presença do hip hop. O que falta aqui é uma mais evidente integração de elementos, um mais profundo diálogo entre linguagens e “vozes”. O respeitinho é muito bonito, mas a música ganhava aqui se os três músicos “incomodassem” mais o vizinho do lado... E são vários os momentos de excelência num alinhamento que, se calhar, teria ganho se tivesse gerado um EP. Ou até mesmo dois...

terça-feira, fevereiro 18, 2014

Ver + ouvir:
Sisyphus, Alchool



O projeto que junta Sufjan Stevens, Son Lux e Serengeti tem nova canção. Para já aqui está disponível num formato de lyric video.

quarta-feira, outubro 03, 2012

O Natal, segundo Sufjan Stevens

Seis anos depois de nos ter dado uma caixa com cinco EPs de canções de Natal, Sufjan Stevens anuncia, para este ano (edição a 13 de novembro), uma continuação desse seu projeto. Com o título Silver and Gold: Songs For Christmas Vols. 6-10, uma nova caixa vai juntar os EPs 6 a 10, cada qual com uma mão cheia de canções de Natal. O projeto envolve colaborações várias, entre as quais as de Aaron e Bryce Dessner dos The National, Richard Parry dos Arcade Fire ou Cat Martino, colaborador em The Age of Adz. Além dos EPs (cada qual com a respetiva capa), a caixa vai inclui um livro para colorir, autocolantes, tatuagens temporárias, um ornamento de Natal, partituras, fotos, texto de apresentação e um poster. A abrir este post apresentamos imagens de três das capas dos cinco EPs que poderemos encontrar na caixa de Sufjan Stevens.

A seguir, fica o excerto de uma das canções

E aqui podem encontrar informação sobre o alinhamento deste lançamento

quarta-feira, março 21, 2012

Novas edições:
S / S / S, Beak & Claw


S / S / S
“Beak & Claw”

Anticon
4 / 5

Todos têm um “s” como primeira letra dos seus nomes e assim respondem em conjunto como S / S / S... Eles são Son Lux (o músico que revelou em 2011 o surpreendente We Are Rising), Serengeti (rapper de Chicago com carreira feita tanto em discos em nome próprio como entre colaborações) e Sufjan Stevens (um dos heróis indie do nosso tempo, figura de horizontes musicais invulgarmente largos e sempre com apetite evidente pela experimentação de novas formas e ideias). O que os une? Em primeiro lugar a ligação via Anticon, editora (com marcante presença na definição de caminhos alternativos para o hip hop, pela qual editam tanto Son Lux como Seregeti)... Em segundo o que pereceram evidentes lógicas de convergência entre os caminhos seguidos por Son Lux no seu álbum de 2011 e Sujan Stevens em The Age of Adz, de 2010. E em terceiro, o que parece ser um interesse evidente pela ideia de desafio que poderia fazer da soma destes três nomes mais que apenas o juntar das suas presenças num mesmo lugar e num mesmo instante... Apresentam-se com um EP. Beak & Claw... E mais que o definir de uma qualquer noção de obra encontrada, o disco é antes algo que traduz aquela sensação de quem encontra primeiras afinidades entre novos amigos. Ou seja, traçam-se indícios, cruzam-se experiências, desenham-se intenções, as personalidades de cada um dos três não se esbatendo, dialogando na forma dos quatro temas que constituem o alinhamento. Não há portanto protagonistas. Há ecos evidentes da complexidade formal que fez o mais recente álbum de Sufjan Stevens (bem evidente em Museum Day e Octomon), sinais do elaborado trabalho cénico para electrónicas de Son Lux (escute-se Beyond Any Doubt) e uma presença marcante e quase transversal de ecos da cultura hip hop, cortesia Seregneti (que partilha contudo o protagonismo vocal, ou não fosse a voz processada de Sufjan Stevens na faixa de abertura um dos temperos mais cativantes do disco). Resta saber se Beak & Claw é fruto de um encontro ocasional ou ensaio para uma ideia maior que eventualmente surja mais adiante. É que se assim for vale a pena estar atento...

terça-feira, fevereiro 28, 2012

Son + Serengeti + Sufjan


Era uma colaboração que, mais dia, menos dia, acabaria por se concretizar. Sufjan Stevens vai assim trabalhar com Son Lux, num EP que contará ainda com a participação de Serengeti (que, tal como Son Lux, integra o catálogo da Anticon). Respondendo como S / S / S, o trio vai editar o EP Break & Claw, a 20 de março, pela Anticon. O disco inclui ainda a presença vocal de Sarah Worden dos My Brightest Diamond e de Doseone, dos Subtle and Themselves.

sexta-feira, dezembro 23, 2011

Os concertos de 2011


Não vi tantos concertos quanto o que gostaria, e falhei mesmo alguns dos que moravam na minha carteira de imperdíveis (Murcof no Maria Matos ou novo encontro com James Blake no Tivoli). Mesmo assim o cartaz dos melhores momentos de palco vividos em 2011 soma dez instantes inesquecíveis (cinco na área da clássica mais cinco no pop/rock e periferias). A estes juntaria mais dois, todavia não exactamente “live” mas igualmente marcantes. Trata-se das transmissões, em HD, a partir do Met, das óperas Nixon In China de John Adams e Satyagraha, de Philip Glass, que nos deram dois dos episódios de excelência que escutámos em 2011.

Clássica

Michael Tilson Thomas / San Francisco Symphony 

Mahler “Sinfonia Nº 2” 
Coliseu dos Recreios (Lisboa)
Uma interpretação de excelência para uma das obras maiores de Mahler e da própria história da música sinfónica. Num tempo de sombras e dúvidas, o optimismo que brota desta obra de Mahler fechou em glória a temporada 2010/11 da Gulbenkian.

Peter Eötvös / Orq. + Coro Gulbenkian  
Stockhausen “Momente” 
Gr. Auditório Gulbenkian (Lisboa) 
Foi a primeira vez que Momente se ouviu (em interpretação ao vivo) no século XXI. Contando com Eötvös e Pedro Amaral, dois antigos colaboradores de Stockhausen, a garantia de que a sua visão estaria em cena era certa. Inesquecível.

Paul Hillier / Remix Ensemble + Coro da Casa da Música 
Arvo Pärt “Passio”
Gr. Auditório Gulbenkian (Lisboa) 
Uma das obras maiores do chamado minimalismo sagrado, numa interpretação dirigida por um aclamado divulgador da música vocal contemporânea. Nas periferias do silêncio, uma interpretação notável para uma obra de profunda carga emocional. A noite ficou na história de 2011.

Simon Rattle / Berliner Philharmoniker 
Mahler “Sinfonia nº 4” 
Philharmionie (Berlim)
Um grande acontecimento. Contando com a voz de Christine Schaffer no quarto andamento, uma Sinfonia Nº 4 de Mahler com os jogos de contrastes tão bem demarcados, em companhia de uma obra de Stravinsky a completar um belo programa.

Gustavo Dudamel / Los Angeles Philharmonic
Mahler “Sinfonia Nº 9” 
Adams “Slominsky’s Earbox” + Bernstein “Sinfonia Nº 1” + Beethoven “Sinfonia Nº 7” 
Gr. Auditório Gulbenkian (Lisboa) 
Um reencontro com Gustavo Dudamel, desta feita em duas noites consecutivas e com a orquestra norte-americana que agora o tem como director. Pose diferente da que conhecíamos do maestro de orquestras juvenis, mas a mesma versatilidade, tão profundo e intenso no Mahler quanto capaz de traduzir a inquietude da vida presente num Adams. Juntando um Bernstein digno de um herdeiro e um Beethoven que sublinha mais ainda essa rara capacidade de cruzar tempos e linguagens.


Pop/rock

Sufjan Stevens 
Coliseu dos Recreios (Lisboa) 
Todo um mundo de contrastes num momento apenas e num único palco. Com a música do seu mais recente (e superlativo) The Age of Adz como medula do concerto, Sufjan Stevens mostrou porque é um dos maiores visionários da música do nosso tempo.

James Blake 
Optimus Alive (Algés)
Foi a “figura” do ano no plano da música. Restava a dúvida sobre se as composições, de carácter tão íntimo e feitas de acontecimentos discretos, suportariam o desafio do palco, mais ainda num ambiente de festival. A resposta foi um claríssimo: “sim”

Patrick Wolf
Optimus Alive (Algés) 
É um dos grandes criadores de canções pop do nosso tempo. Quando, meses depois, nos visitou em concerto em nome próprio, o cansaço de uma longa digressão já se fazia notar (e o baterista que o acompanhava não ajudou muito). Mas em palco festivaleiro a noite saiu-lhe bem. Muito bem, mesmo.   

The Gift
Bowery Ballroom (Nova Iorque) 
A solidez de uma vivência de palco talhada após anos de intensa actividade fez dos Gift uma banda segura e firme em cena. Mostraram-no num concerto que se revelou decisivo num passo mais no aprofundar de uma relação com os EUA e Canadá onde tocaram várias datas este ano.

Panda Bear 
Casa da Música (Porto)
Ao lado de Sonic Boom (o seu colaborador no mais recente álbum), correram Tomboy de fio a pavio, o amplo espaço da sala principal da Casa da Música servindo para conferir àquela música uma incrível sensação de corpo. Como que se o imaterial se materializasse por alguns instantes.

terça-feira, julho 12, 2011

Um filme de Sufjan Stevens


Sufjan Stevens lança mais um teledisco para uma das canções do seu magnífico The Age Of Adz, ainda de 2010. Desta vez a animação é colocada ao serviço de Get Real Get Right. Aqui fica o teledisco com animação assinada pelo próprio Sufjan Stevens e montagem de Deborah Johnson.

quarta-feira, junho 01, 2011

O cisne, a nave e os balões


O yin e o yang. O côncavo e o convexo. O mundo à nossa volta. A vida... Ideias e palavras que, somadas a uma mão cheia de magníficas canções e todo um espantoso aparato visual fizeram da noite de ontem um momento certamente inesquecível para quem, no lisboeta Coliseu dos Recreios, assistia ao concerto que encerrou a digressão que acompanhou o lançamento do mais recente disco de Sufjan Stevens. Concerto? A palavra aqui pode soar a coisa pouca perante o que foi uma absolutamente coerente expressão de uma visão que, partindo da lógica de experimentação do som que conduziu a composição de The Age Of Adz, e procurando depois seguir por caminhos que não os das pequenas narrativas que caracterizam a canção folk (onde o músico encontrou uma das suas primeiras escolas), atinge agora em palco uma expressão que cruza música, encenação, pequenos monólogos, sob a presença de um constante fluxo de imagens. Imagens que não se esgotam nas projecções lançadas sobre o palco e que, como a tradição do teatro musical há muito sugere, podem morar também nos objectos (e roupas) que vestem quem está em cena.

Foi com umas esbeltas asas de cisne que Sufjan Stevena abriu a noite, mais à frente vestindo um bizarro traje feito de balões, num outro exalando pontos de luz. Essencialmente centrado no álbum The Age Of Adz, o alinhamento do concerto seguiu uma sucessão de quadros visualmente consequentes, acrescentando cada ponto um conto a uma noite que, mesmo sem uma medula narrativa a segurar pontas, deixou claros quais os temas caros ao músico. De um interesse partilhado pelo universo do espaço (a meio da noite não faltando a dedicatória ao artista que inspirou as visões que vimos e escutámos) ao amor (e depois de ver o novo filme de Malick fica clara aqui uma interessante afinidade na forma de o entender como a essência que comanda a vida), a noite revelou em Sufjan Stevens um cativante comunicador.

Se a tudo isto somarmos canções como Futile Devices, Too Much, Age Od Adz, I Walked ou Vesuvius, deixando os “mimos” para o encore (onde não faltou Chicago), uma multidão bem arrumada de 11 músicos em cena e o momento certo para viver aquele instante temos, como se viu, os ingredientes certos para o “concerto” certo. A bordo de uma nave imaginária (como o próprio descreveu a sala), viajámos até longe, respirámos experiências intensas. Ninguém terá regressado igual...


Sobre a arte de ser espectador

Por várias vezes já aqui falámos, no Sound + Vision, sobre o que é ser espectador. Coisa que, de certa forma, pede uma arte. Como se um espelho fosse colocado sobre o palco, olhando assim modos de estar que deveriam estar em sintonia ali e na plateia. Não foi o que aconteceu no Coliseu. Sobretudo na etapa em que o músico explicava quem foi Royal e como esse artista inspirou as ideias que o conduziram a The Age Of Adz. No mais básico hooliganês “toca lá e cala-te” houve quem não respeitasse nem o músico nem os que o escutavam, berrando, interrompendo... Educado, Sufjan mesmo assim aplaudiu no fim os espectadores. Mas à saída tanto se falava da excelência do concerto como da falta de maneiras de quem numa plateia não sabe morar... Quem não quer músicos a falar em cena, quem não sabe viver entre iguais, fique em casa e carregue no botão play sozinho. Passa logo para a música seguinte, não incomoda ninguém... E a coisa sempre sai mais barata que o bilhete, mais o jantar, mais os transportes...

quarta-feira, fevereiro 23, 2011

Sufjan Stevens em Maio

Avança o Bodyspace que Sufjan Stevens estará no Porto e em Lisboa em concertos a 30 e 31 de Maio, nos respectivos Coliseus. Nas primeiras partes, DM Stith. Imperdíveis, pois está claro.

sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Ao vivo, no outro lado do mundo

Imagem publicada no site da Ópera de Sydney

Sufjan Stevens passou recentemente pela Ópera de Sydney (na Austrália) onde apresentou um concerto que teve como peças centrais as canções do mais recente The Age Od Adz. O site oficial da ópera de Sydney disponibilizou entretanto imagens do concerto... Aqui, ao som de Too Much.



Sem o “banner” que tapa parte da imagem, aqui podem encontrar mais momentos do mesmo concerto. Como é o caso desta gravação ao vivo do tema-título do álbum mais recente de Sufjan Stevens.

sexta-feira, janeiro 07, 2011

Um filme em modo de espera...


Tem trailer, página no Facebook, mas ainda não se sabe se terá sequer exibição. Segundo revela o Consequence Of Sound, Crooked River é um documentário, rodado em 2006, sobre a viagem de Sufjan Stevens e seu irmão Marzuki pelo Michigan em busca do pai com quem há muito haviam deixado de comunicar. Realizado por Kaleo La Belle (para quem Sufjan Stevens assinou a banda sonora de Beyond This Place), o filme tem 52 minutos de duração e música de Sufjan Stevens e Roland Saum.



Imagens do novo trailer de Crooked River.

quinta-feira, dezembro 23, 2010

Discos de Natal a dois tempos (2)


Hábito frequente nos anos 50, a ideia de fazer álbuns de Natal não conheceu tão expressiva oferta nos anos 60 junto da nova geração pop/rock. Alguns grupos, mesmo assim, mantiveram a tradição intacta, entre eles os Beach Boys que, em 1964, editaram o Beach Boys Christmas Album, no qual levam as canções de Natal ao encontro da sua solarenga linguagem californiana.


Um dos primeiros grandes valores da geração indie da década dos zeros a chamar atenções para a redescoberta de um gosto em gravar canções de Natal, Sufjan Stevens edita regularmente, desde 2001, EPs anuais nos quais junta novas leituras de standards de Natal a inéditos que cria expressamente para a quadra. Em 2006 juntou alguns desses EPs na caixa Songs For Christmas, um clássico contemporâneo do género.

terça-feira, dezembro 21, 2010

Novas canções de Natal de Sufjan Stevens

É conhecido o gosto de Sufjan Stevens pela escrita e gravação de canções feitas a pensar na quadra natalícia. Esta semana apersentou mais duas. Em concreto uma nova leitura de Silent Night e Barcarola, interpretadas num set para a BBC e no qual participaram elementos dos The National e Arcade Fire. Um novo EP de Natal a caminho?...