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sexta-feira, outubro 05, 2012

Reedições:
Jimmy Somerville, Read My Lips


Jimmy Somerville 
“Read My Lips” 
London Records 
3 / 5

Jimmy Sommerville nunca teve longas presenças nas bandas onde militou. Gravou apenas um álbum com os Bronksi Beat e dois com os Communards. E desde então optou por conduzir a sua carreira por si mesmo, estreando-se em nome próprio em 1989 em Read My Lips, disco qu na verdade representou também o último momento consequente de uma obra que se tem arrastado num patamar abaixo das atenções e longe, muito longe, das promessas lançadas na sua estreia em The Age of Consent, o álbum de 1984 dos Bronski Beat, claramente o melhor episódio de toda a sua discografia. Apesar da sua forte presença vocal (que sempre dividiu opiniões), Jimmy Sommerville viveu entre os Bronski Beat caminhos que tanto redescobriram o viço dançavel do hi-nrg e do disco sound como a expressão de uma consciência política, com os Communards alargando o espaço de exploração ao convívio com baladas desenhadas para um diálogo entre a voz e o piano. Sempre com a pop claramente na linha do horizonte. E, quase como imagem de marca, com a recriação de um clássico do disco como cereja sobre o bolo: I Feel Love (Donna Summer) nos Bronski Beat, Don’t Leave Me This Way (Harold Melvin & The Blue Notes, celebrizado mais tarde por Thelma Houston) e Never Can Say Goodbye (Jackson 5, recriada e imortalizada depois por Gloria Gaynor)... Na hora da sua estreia a solo fez de Read My Lips não um passo em frente, mas um momento de síntese, talvez com maior vontade em revisitar as memórias (mais electrónicas) vividas com os Bronksi Beat que em continuar a pose mas classicista que registara nos Communards (temas como Control ou Rain evocam mesmo o clima mais moody de momentos menos mediatizados de The Age of Consent). De produção datada (aquelas percussões que escutamos nesse hino político que é And You Never Thought It Could Happen To You são tão finais dos oitentas!), o álbum privilegia um apelo pop dançavel e propõe não uma mas duas versões. Numa, mais divulgada, deu nova vida a You Make Me Feel (Mighty Real) de Sylvester num registo em tudo semelhante ao que ensaiaram em experiências anteriores. Mais interessante é portanto a abordagem electrónica a Comment Te Dire Adieu, um clássico de 1968 de Françoise Hardy (na verdade uma versão em francês de How To say Goodbye to You, de Margaret Whitning). Single de estreia a solo e peça fulcral no alinhamento do álbum, Comment Te Dire Adieu – um dueto com a ex-Modettes June Miles Kingston) lançou contudo desafios que o álbum em si não concretiza. Algo em piloto automático e sem grandes ousadias, mas com uma coleção de canções melhor que o que apresentara nos dois discos dos Communards, Jimmy Sommerville parecia aqui que arrumava a casa, preparando um patamar para a busca de um caminho a seguir. Pena que nunca o tenha encontrado depois...
A presente reedição junta ao álbum algumas remisturas e lados B, assim como singles que editou pouco depois como To Love Somebody (versão de um tema dos Bee Gees), Run From Love e uma série de novas versões e remixes de temas dos Bronski Beat surgidas por ocasião de uma antologia que em 1991 revisitou a obra do cantor até então.

sexta-feira, julho 06, 2012

Reedições:
Bronski Beat, The Age Of Consent


Bronski Beat
“The Age of Consent”
Edsel
4 / 5

Há algumas semanas lamentava-me aqui do “esquecimento” a que parecia votada a música dos Bronski Beat. Mal imaginando que, poucas semanas depois, o álbum The Age of Consent seria um dos títulos integrados numa série de cinco reedições da obra de Jimmy Sommerville, o primeiro vocalista da banda, para a London Records (que ao disco dos Bronski Beat junta assim os dois álbuns dos Communards e os seus dois primeiros álbuns a solo). Este é, de longe, de todo o lote, o álbum histórica e musicalmente mais estimulante. Não só desempenhou um importante papel numa agenda política em luta pelos direitos LGBT, como promoveu uma muito interessante abordagem de uma pop electrónica muito na linha da frente do que se fazia em terreno mainstream com heranças que vão do disco sound, que revisitam concretamente numa inesquecível versão de I Feel Love de Donna Summer, e do hi-nrg (ou seja, marcas de relacionamento direto com a cultura queer dos anos 70) com memórias mais distantes da música de um Greshwin (de quem apresentam uma belíssima versão de It Ain’t Necessairly So). The Age of Consent foi um disco que se tornou no mais inesperado fenómeno de sucesso do seu tempo. Smalltown Boy, uma das suas melhores canções, foi cartão de visita em single e desde logo cativou atenções em grande escala ao som de uma história sobre homofobia e discriminação. Ideias que prosseguem em Why?, o segundo single e se juntam a outras formas de cantar a realidade dos três elementos da banda em canções que deram voz e rostos a uma geração que abriu espaço para uma visibilidade mainstream de canções pop bem distintas dos modelos clássicos boy meets girl que até aí haviam dominado as faces mais visíveis desta realidade. Quase 30 anos depois a reedição de The Age of Consent não só cala o silêncio a que o álbum havia sido votado nos últimos anos. Como junta ao alinhamento uma série de extras que assim completam o retrato da etapa de vida da banda que justifica os focos das nossas atenções (convém aqui lembrar que, após a saída de Jimmy Sommerville, e entre vários vocalistas, nunca mais os Bronski Beat lançaram um disco digno do patamar em que este os colocou no panorama pop global em 1984). Em formato de disco duplo, a presente reedição integra o alinhamento de Hundreds and Thousands, um álbum de remisturas editado em 1985 que juntava a novas versões de temas do disco de 1984 os temas Run From Love e Hard Rain, que chegaram a ser gravados para um single que acabaria por nunca sair da gaveta das intenções. Depois há versões máxi (nem todas, que falta a soberba mistura longa de Smalltown Boy), edits para singles e lados B (aqui reparando-se ainda a ausência de Memories, a outra face do single de estreia). Não se trata portanto de uma integral da fase Sommerville. Mas um reencontro bem acompanhado (com alguns temas até aqui inéditos em CD) de um dos grandes discos da pop dos anos 80.

quarta-feira, maio 30, 2012

Bronski Beat (e descendências)


Há poucos dias recuperámos aqui como Disco Pe(r)dido o álbum The Age Of Consent, o disco de estreia dos Bronski Beat, editado em 1984 e que, apesar de uma mais recente reedição em CD em 2000, há muito era título afastado dos escaparates e das atenções. Agora chega a notícia da sua reedição. Numa campanha que junta ainda novas edições para os dois álbuns dos Communards e os dois primeiros discos a solo de Jimmy Sommerville, a voz dos Bronski Beat.

A editar a 2 de junho, The Age Of Consent surgirá no formato de duplo CD que junta ao alinhamento do álbum as versões alternativas dos singles, lados B e versões máxi, assim como os temas do mini LP Hundreds and Thousands que, entre remisturas e o single nunca editado que terminou a relação de Jimmy Sommerville com os Bronski Beat, completa assim uma quase “integral” da melhor etapa da vida do grupo (ficam de fora apenas algumas remisturas).


Será este o alinhamento da reedição do álbum:

CD1. Why?, It Ain t Necessarily So, Screaming, No More War, Love and Money, Smalltown Boy, Heatwave, Junk, Need-a-Man Blues, I Feel Love/ Johnny Remember Me, Smalltown Boy [7” edit], Why [remix], I Feel Love Medley (Source Mix), It Ain t Necessarily So [12” version], Red Dance

CD2: Heatwave [Goldberg remix], Why? [Goldberg remix], Run From Love [Meita remix], Hard Rain [Goldberg remix], Smalltown Boy [Goldberg remix], Junk [Goldberg remix], I Feel Love [Fruit Mix], Hard Rain [demo], Screaming [demo], Signs (And Wonders), The Potato Fields, Run From Love [radio version], Puit D Amour, Close To The Edge, Cadillac Car


Complemento a estes episódios marcantes da história da pop dos oitentas, a 2 de junho entram igualmente em cena reedições de Communards (1986) e Red (1987), os dois álbuns de originais da banda que Jimmy Sommerville criou com Richard Coles depois de abandonar os Bronski Beat. Ambos surgem em formato de duplo CD com lados B e remisturas como extras, Red juntando ainda o triplo EP ao vivo Storm Paris, editado em 1988. A 30 de julho são editados, igualmente em versões de dois CD, os álbuns Read My Lips (1989) e Dare To Love (1995), de Jimmy Sommerville.



Imagens do teledisco de Why?, dos Bronski Beat.

sábado, maio 26, 2012

Bronski Beat, 1984

Depois de termos esta semana recuperado, como Disco Pe(r)dido o álbum The Age Of Consent, o primeiro dos Bronksi Beat, hoje recordamos Smalltown Boy, aquele que foi o primeiro single dele extraído. Uma canção que cativou atenções no verão de 1984 e que, contra o que era comum, colocava nas tabelas de venda de uma série de países europeus uma história de discriminação e homofobia. Recordamos o teledisco, assinado por Bernard Rose, que ilustra a letra da canção.

quinta-feira, maio 24, 2012

Discos pe(r)didos:
Bronski Beat, The Age Of Consent


Bronski Beat 
“The Age of Consent” 
London Records 
(1984) 

Contemporâneos do momento em que os New Order e os Dead or Alive encontravam pontes de diálogo entre a canção pop e as formas de música de dança e antecessores dos Pet Shop Boys na integração de elementos hi-nrg e heranças do disco num quadro pop, os Bronski Beat são hoje, estranhamente, um nome quase esquecido. Destino injusto para, sobretudo, o álbum de estreia da banda que, editado em 1984, merece morar entre a lista dos grandes momentos pop dos oitentas. E por várias razões. Se ainda hoje os sinais de homofobia cruzam os noticiários e relatos de comportamentos de todos os dias, imaginemos então como seria o cenário em 1984. E quando, em junho desse ano, uma banda nova entra em cena com Smalltown Boy, um single que canta, sob matriz hi-nrg e uma irresistível composição pop, uma história de discriminação e alienação sem medo de chamar as coisas pelos nomes, os Bronski Beat começaram a fazer a diferença. O single que, tal como o sucessor (e igualmente claro na sua agenda temática) Why? Se transformaram em claros êxitos, alcançando posições de destaque nas tabelas de vendas de vários países, fazia do trio britânico um dos “casos” do ano. Cedo ficou todavia claro que a ideia do grupo não se esgotava numa postura ativista, aliando a toda uma marcante ação política uma visão musical que promoveu o que então eram ainda pouco frequentes expressões de visibilidade pop para formas e sons que respiravam sobretudo na cultura da noite. A voz em falsete de Jimmy Sommerville (que dividiu opiniões), o recurso às electrónicas como ferramentas de trabalho, uma produção atenta a uma necessidade de manter vivo o viço das estruturas rítmicas e uma mão cheia de belíssimas canções pop completam os ingredientes de The Age Of Consent. O álbum inclui, além dos dois singles acima citados, uma versão de It Ain’t Necessairly So de Gershwin e uma outra de I Feel Love de Donna Summer, momentos que expandem os horizontes de um alinhamento de vistas largas onde cabem ainda episódios dignos de um reencontro como Need A Man Blues, Heatwave ou o retrato sobre a cultura normalizadora na idade do grande consumo que escutamos em Junk. 28 anos depois, o disco é um caso estranho de silêncio. Perante a multidão de edições e repackages que moram nas agendas de lançamentos, este é um disco ainda à espera de uma revisitação. Chegará nos seus 30 anos, em 2014?... A ver...

E depois do disco 
Tensões internas levaram ao afastamento de Jimmy Sommerville em 1985, que então parte para formar os Communards, partindo depois para uma carreira a solo. Steve Bronski e Larry Steinbachek mantém ativos os Bronksi Beat através de uma sucessão de vocalistas, editando mais dois álbuns e uma mão cheia de singles que em nada repetem nunca o patamar habitado pelo seu álbum de estreia.