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sábado, dezembro 22, 2012

Os melhores DVD/Blu-ray de 2012 (N.G.)

Voltamos ao cinema, mas hoje através das edições em formatos de home vídeo. Resolvi dividir as listas entre edições em DVD e Blu-ray, já que entre nós o volume de lançamentos em tecnologia HD não é ainda dominante e muitos foram os casos de edições importantes que vale a pena destacar. Estas listas referem sobretudo a presença de títulos que não correspondem necessariamente ao plano das estreias em sala mais recentes (quando isso acontece é porque os extras valorizam as edições), sendo sobretudo dominadas pela presença de obras anteriores a 2011, antologias ou mesmo filmes que não tiveram estreia no nosso circuito comercial (algumas nem sequer mesmo em festivais). De ficção televisiva só vi, que me entusiasmasse mesmo, The Newsroom... E ainda não chegou a estes lados em DVD ou Blu-ray...

DVD

O filme venceu o DocLisboa no ano passado e teve estreia comercial em sala este ano. Mas não só é um dos mais surpreendentes filmes de produção nacional mais recente e nos dá um olhar sincero e tranquilo sobre um espaço que assim descobrimos no seu ritmo próprio, como ao chegar ao DVD revelou mais que apenas o filme. Na verdade a edição de É Na Terra Não É Na Lua é um exemplo do que pode ser o valor acrescentado de um lançamento em DVD, não só pelas (bem arrumadas) duas horas de imagens extra que acrescenta num segundo disco, como pelo diário de rodagem que, na forma de livro, soma experiências ao que foi a vivência de Gonçalo Tocha e Dídio Pestana durante as suas viagens à Ilha do Corvo, afinal o objeto do seu olhar. Da restante lista destaca-se a muito oportuna caixa (a primeira de um díptico) dedicada ao cinema de Béla Tarr, que chega no ano do sublime O Cavalo de Turim, que foi na verdade o seu primeiro filme a ter estreia comercial entre nós. Importante é também o três-em-um de João Salaviza que junta num mesmo DVD três curtas (Arena, Cerro Negro e Rafa) que, juntas, definem algumas características comuns e interessante base de trabalho para o estabelecer da sua própria linguagem. Passam ainda por aqui filmes que não estrearam em sala (mas que deviam ter estreado, até mesmo com potencial de mercado) como Maria-Rapaz, um poderoso olhar sobre identidade de género por Céline Sciama, Pão Negro, mais uma incursão de Agusti Villaronga pelas memórias da guerra civil espanhola, uma narrativa sobre imigração ilegal na fronteira entre os EUA e o Canadá por Courtney Hunt ou um dos mais interessantes retratos alguma vez feitos em cinema sobre a história dos Beatles em O Rapaz de Liverpool, que recua aos dias em que Lennon vivia na casa da sua Tia Mimi. Deste ano editorial merece ainda destaque a soma de olhares de Sergei Loznitsa sobre imagens dos tempos do cerco de Leninegrado (em plena II Guerra Mundial), a recuperação de dois títulos fulcrais do cinema de Koreeda ou, finalmente, a recuperação de um clássico radical do new queer cinema assinado em 1993 por Gregg Araki

1. É Na Terra Não é Na Lua, de Gonçalo Tocha (Alambique)
2. Coleção Béla Tarr, de Béla Tarr (Midas Filmes)
3. III Filmes de João Salaviza, de João Salaviza (Midas Filmes)
4. Maria-Rapaz, de Céline Sciama (Leopardo)
5. Totalmente Lixados, de Gregg Araki (Films 4 You)
6. Pão Negro, de Augusti Villalonga (Leopardo)
7. O Cerco de Leninegrado, de Sergei Loznitsa (Alambique)
8. O Rapaz de Liverpool, de Sam Taylor Wood (Zon Lusomundo)
9. Ninguém Sabe / Andando, de Hirokazu Koreeda (Leopardo)
10. Rio Gelado, de Courtney Hunt (Zon Lusomundo)

Blu-ray


Pelo Blu-ray têm regressado à vida uma série de títulos, agradecendo o espectador as vantagens do restauro digital na era da alta definição. Editada para já apenas para zona A (ou seja, as Américas), a trilogia Qatsi, de Godfrey Reggio (que junta os filmes Koyaanisqatsi, Powaqqatsi e Naqoyqatsi) é um dos exemplos maiores do relacionamento do mundo das imagens com o da música através de três experiências de diálogo muito próximo entre o realizador e Philip Glass, o compositor. Três visões do mundo do nosso tempo (a terceira, na verdade, coisa menor) que mereciam lançamento também por território europeu... Apesar de editados no Reino Unido ainda em 2011, o clássico Deep End de Skolimovsky sobre as leis do desejo (de 1970, aqui num restauro magnífico e bem acompanhado por um booklet extenso) e How I Ended This Summer, de Popogrebsky, que encena um espantoso confronto entre gerações com cenário num posto científico no Ártico, chegaram-me às mãos já em 2012 e marcaram o meu ano de visionamentos (e por isso estão na lista). Ao nosso mercado chegaram boas edições recordando filmes de Malick, Spielberg, Hitchcock, Lean ou Hawks. Entre o melhor que o ano nos deu conta-se ainda uma edição substancialmente rica em extras de Things To Come, utopia de ficção científica de 1936 de William Cameron Menzies e o documentário de Patricio Guzman Nostalgia For The Light, que nos mostra, com o deserto do Atacama por cenário, casos distintos de procura: a dos astrónomos que buscam pistas nos céus, a dos arqueólogos que procuram vestígios de antigos trilhos andinos e as mulheres que não desistiram de ali encontrar os restos de maridos, irmãos e filhos desaparecidos durante o regime de Pinochet.

1. Qatsi Trilogy, de Godrey Reggio (Criterion)
2. Deep End, de Jerzy Skolimovsky (BFI Video)
3. How I Ended This Summer, de Alexei Popogrebsky (New Wave)
4. A Barreira Invisível, de Terrence Malick (CLMC)
5. Things To Come, de William Cameron Menzies (Network)
6. E.T. – O Extraterrestre, de Steven Spielberg (Zon Lusomundo)
7. Lawrence da Arábia, de David Lean (Sony Pictures)
8. Obras Primas de Alfred Hitchcock (Zon Lusomundo)
9. Os Homens Preferem as Loiras, de Howard Hawks (CLMC)
10. Nostalgia For The Light, de Patricio Guzman

sexta-feira, maio 20, 2011

Pelo cinema de Gregg Araki (5)


Mysterious Skin foi o primeiro filme de Gregg Araki a ter estreia comercial em Portugal. Com o título Pele Misteriosa, representa um afastamento dos territórios mais experimentais e lo-fi em que tinha iniciado a carreira (e ajudado a talhar a identidade do chamado new queer cinema) rumo a uma abordagem narrativa mais linear e a uma linguagem visual mais polida. O filme toma como protagonistas dois jovens americanos, cada qual recordando de forma completamente distinta memórias traumáticas de abusos, um deles vivendo mais tarde um dia a dia de desencanto na grande cidade, o outro projectando em histórias com extra-terrestres uma fuga à realidade que vivera...

quinta-feira, maio 19, 2011

Pelo cinema de Gregg Araki (4)


Continuando a evocar a história dos filmes que fazem a filmografia de Gregg Araki, passamos hoje por Nowhere, título de 1977 que assinalou o terceiro capítulo da Teenage Apocalypse Trilogy. O filme cruza personagens (e uma narrativa) que mantém o foco das atenções entre os espaços da juventude norte-americana contemporânea, procurando contudo formas que não procuram uma noção de realismo. Pelo contrário, a inclusão de elementos do fantástico é elemento marcante na alma deste filme. O novo Kaboom (estreia hoje) é de resto um herdeiro natural deste filme de finais dos anos 90.

quarta-feira, maio 18, 2011

Pelo cinema de Gregg Araki (3)


Mais uma paragem no percurso que fazemos esta semana através da filmografia de Gregg Araki. De 1995, The Doom Generation foi o segundo título da chamada Teenage Apocalypse Trilogy. Menos experimentalista que o filme que abrira dois anos antes esta trilogia, mas mantendo firme a forma ousada de assim retratar espaços da juventude americana do seu tempo, The Doom Generation foi então apresentado como "A Heterosexual Movie by Gregg Araki", a designação devendo-se ao facto de, face ao que mostrara em filmes anteriores, não fechar as figuras centrais dos olhares do seu cinema em personagens homossexuais.

terça-feira, maio 17, 2011

Pelo cinema de Gregg Araki (2)


Em semana que espera a estreia em sala de Alucinação (Kaboom no original), um novo filme de Gregg Araki, revisitamos alguns dos títulos da sua obra. Hoje fica uma imagem de Tottaly Fucked Up, filme de 1993 que abriu então a chamada Teenage Apocalypse Trilogy. Socorrendo-se de uma linguagem visual (e mesmo narrativa) mais próxima de espaços do cinema experimental, o filme segue instantes na vida de seis jovens homossexuais americanos, das suas ânsias, medos e desejos surgindo os olhares que o filme assim lança sobre um tempo, um lugar e uma geração.

segunda-feira, maio 16, 2011

Pelo cinema de Gregg Araki (1)


Na semana em que esperamos a estreia em sala de Kaboom, o novo filme de Gregg Araki, ficam breves memórias de alguns dos títulos que fizeram uma das filmografias centrais nascidas do chamado new queer cinema.

Estreado em 1992, apresentando como “um filme irresponsável de Gregg Araki”, The Living End foi um dos quatro títulos que ajudaram a definir a noção de new queer cinema. Foi já descrito como uma espécie de Thelma and Louise no masculino mas é, na verdade, um road movie que coloca em cena dois jovens homossexuais norte-americanos, ambos serpositivos, estrada fora, sem rumo aparente. Um é crítico de cinema e fã dos Smiths. Outro um drifter sem destino... Com inúmeras referências à cultura musical indie de então, The Living End abriu caminhos. E mostrou em Gregg Araki um nome a seguir com atenção.