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quinta-feira, junho 23, 2016

"Like a Prayer" — antes e depois

A história das imagens é também a história da sua manipulação. Assim, por exemplo, a capa de Like a Prayer (1989), quarto álbum de estúdio de Madonna: na sua pose nonchalante, as mãos serenamente colocadas na cintura das calças, tudo pontuado por uma profusão de jóias e adereços, a fotografia do grande Herb Ritts nasce de uma conjuntura artística e comercial em que Madonna tinha, de facto, ascendido à condição de star planetária (Ritts era também o autor da imagem iconográfica do álbum anterior, True Blue, lançado em 1986); por certo com alguma razão, de uma só vez artística e simbólica, a capa suscitou diversos paralelismos com a que Andy Warhol concebera para Sticky Fingers (1971), dos Rolling Stones.
Dir-se-ia que, agora, a totalidade da fotografia de Ritts — divulgada em 'On The Cover of a Magazine' — conta outra história, ou melhor, leva-nos a contar a mesma história de outra maneira. O corpo em pose faz-nos descobrir outra personagem, por assim dizer convertendo o pitoresco da capa em afirmação de identidade. O enquadramento, suprimindo o rosto num misto de perversidade e pudor, parece suscitar a questão clássica: who's that girl? (título do filme de James Foley que fora lançado em 1987) — a resposta fica suspensa do significado da expressão que possamos pressentir ou imaginar nesse mesmo rosto.

sábado, dezembro 20, 2014

Madonna, opus 13

Se não os podes vencer... Madonna encontrou a resposta mais básica, por certo também a mais sensata, para lidar com a recente divulgação de uma série de demos de canções para o seu 13º álbum de estúdio, ainda em fase de produção. Que é como quem diz: deu a conhecer o título desse novo registo — Rebel Heart —, disponibilizando seis das suas canções no iTunes e outras lojas digitais. Mais canções surgirão a 9 de Fevereiro, estando o lançamento de Rebel Heart previsto para a primeira semana de Março.
A fotografia da capa, assinada por Mert Alas & Marcus Piggott, entra directamente na galeria das imagens iconográficas de Madonna: talvez uma figura aprisionada, talvez uma pontuação humana numa rede virtual cuja dimensão nos escapa — em qualquer caso, ainda e sempre, um jogo calculado entre a exposição e a ocultação, a máscara e a revelação. E se é verdade que encontramos, aqui, mais uma derivação sobre a herança visual de Marilyn Monroe, não é menos verdade que, como sempre, Madonna refaz também o seu próprio património imagético. Ou seja: a sua pose revisita, com evidente desencanto, o look do teledisco de Live to Tell, dirigido por James Foley, há cerca de 29 anos — as fotos da respectiva sessão [como esta, em reprodução a preto e branco] têm assinatura de Herb Ritts.

domingo, novembro 04, 2012

"True Blue" ou as outras imagens

A Internet viciou-nos num perverso exercício de memória em relação a muitas imagens. Ou melhor: um exercício de memória perversa. Porquê? Porque passámos a lidar também com as imagens que, por uma razão ou por outra, foram rejeitadas pelos seus protagonistas — são imagens que, num certo sentido, nunca existiram.
Sintoma curioso, desconcertante e, por vezes, quase surreal de tal fenómeno é a regularidade com que vão emergindo as imagens não utilizadas de um determinado portfolio. De facto, passou a ser frequente a difusão das chamadas outtakes de determinadas sessões mais ou menos célebres pelos seus resultados figurativos. São imagens "imperfeitas" cuja amostragem pode até não ter a autorização dos respectivos fotógrafos (ou fotografados), mas instalam sempre uma sensação bizarra: não tanto pelo "erro" que podem ostentar, mas porque nos fazem perceber que as escolhas feitas deram origem a uma iconografia precisa, porventura estranha ao ambiente ou sensibilidade dessas mesmas outtakes.
Veja-se esta fotografia de Madonna, assinada pelo grande Herb Ritts (1952-2002). Disponível no 'tumblr' fuckyeah-madonna, pode constituir um esclarecedor exemplo destas aventuras de apagamento e ressurreição das imagens. Desde logo, porque pertence à sessão de onde saiu a imagem da capa de True Blue (1986), seu terceiro álbum de estúdio, incluindo, além da canção-título, temas tão emblemáticos como Papa Don't Preach, Open Your Heart e Live to Tell. Depois porque a Madonna que ri é ainda símbolo de uma postura juvenil que, em última instância, a fotografia escolhida supera, remetendo-a para os códigos do glamour clássico.
Ironia conhecida, mas que a "nova" imagem esclarece: Ritts fotografou Madonna, não num espaço mais ou menos grandioso, mas frente a... uma parede — era Hitchcock que dizia que, por vezes, para se conseguir filmar um grande plano de um beijo sensual, numa situação de intensa intimidade, o melhor era colocar os protagonistas de joelhos, em cima de uma mesa...

quinta-feira, setembro 16, 2010

Herb Ritts, pré-"True Blue"

Na elaboração visual de Madonna, Herb Ritts (1952-2002) foi um criador decisivo, e tanto mais quanto, para além da cumplicidade afectiva que entre ambos existiu, é dele a imagem, emblemática entre todas, da capa do álbum True Blue (1986). Na sua edição datada de Outubro, a Vanity Fair publica a primeira fotografia que Ritts fez de Madonna. Foi em 1984, durante a rodagem de Desesperadamente Procurando Susana e ilustra um típico princípio material: o de conferir visibilidade ao que, por princípio, permanece oculto. Dito de outro modo: Ritts sugeriu que Madonna posasse com uma peça de roupa interior... na cabeça. Express yourself.

quinta-feira, agosto 12, 2010

Madonna por Herb Ritts — 20 anos depois

É, por certo, um dos objectos mais marcantes da iconografia de Madonna. E também uma das mais célebres fotografias assinadas por Herb Ritts (1952-2002). Integrava uma série produzida para o catálogo oficial da Blonde Ambition Tour. Quando serviu de capa à revista Interview, a respectiva edição (Junho 1990) foi vendida, em alguns países, com uma tira de papel que "escondia" o gesto da mão direita de Madonna... Agora, está na capa de um novo título dos cadernos de fotografia da revista alemã Stern, dedicado, justamente, à obra de Ritts — é o nº 58 de uma série que inclui, por exemplo, Elliott Erwitt, Cecil Beaton, Bert Stern, Snowdon e Paolo Pellegrin.

domingo, junho 13, 2010

Os inéditos de Herb Ritts

Eis uma das imagens [reenquadrada] de Madonna que, já há muito tempo, adquiriu o estatuto de ícone da cultura pop. O seu autor, Herb Ritts (1952-2002), foi um dos que mais e melhor soube interpretar a sensualidade secreta do seu mundo, tendo assinado, por exemplo, a célebre capa do álbum True Blue (1986). Aliás, o universo de Ritts, mesmo quando decorrente dos pressupostos da fotografia de moda, sempre envolveu uma delicada e pudica atenção aos enigmas daqueles que retratava.
O certo é que há ainda imagens inéditas de Madonna por Herb Ritts — quatro, para sermos exactos. E também de Cindy Crawford, Elton John e Tom Cruise, entre outros. Vão aparecer todas naquele que se apresenta como o "livro definitivo" sobre o fotógrafo. Chama-se Herb Ritts — The Golden Hour, é seu autor Charles Churchward, tem chancela da editora novaiorquina Rizzoli e lançamento agendado para Setembro, na Europa, e Outubro, nos EUA. Incluindo entrevistas com algumas das pessoas que mais lidaram com Herb Ritts, promete ser um objecto essencial para conhecermos alguém que, em última instância, soube como poucos contemplar a ambivalência dos sexos e a singularidade dos corpos.