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quinta-feira, setembro 01, 2022

Blondie, 1974-1982

Com a alegria pop e a energia punk, mas sem se submeter a regras e fronteiras de uma coisa ou outra: a primeira fase da banda novaiorquina Blondie aí está, reunida numa caixa muito especial: Against The Odds: 1974 - 1982 são oito CDs com os primeiros seis álbuns e uma colecção de "sobras" e raridades de uma trajectória sem equivalente.
Eis uma memória em três partes dessa época dos Blondie: Moonlight Drive (lyric video) + Heart of Glass + Call Me (a comparar com a abertura do filme American Gigolo, de Paul Schrader).





segunda-feira, outubro 05, 2020

Miley Cyrus recria clássico dos Blondie

Mesmo com pandemia, o Festival IHeart Radio, promovido pelo serviço de streaming homónimo, celebrou o seu 10º aniversário com a energia que a tradição impõe. Para a história, fica a participação de Miley Cyrus, recriando Heart of Glass, clássico dos Blondie.

segunda-feira, janeiro 01, 2018

Debbie Harry & Joan Jett

Pollinator, o álbum que os Blondie lançaram em 2017, é um exercício de fidelidade às suas matrizes pop, incluindo a versatilidade new wave e as arestas punk, executado com envolvente candura, sem complacências nostálgicas. O espírito festivo do empreendimento, no limite paródico e auto-paródico, está bem ilustrado no delicioso teledisco de Doom or Destiny: uma encenação burlesca e surreal do nosso espaço mediático em que Debbie Harry conta com a companhia de outra veterana destas convulsões, Joan Jett — a realização é de Rob Roth.

quarta-feira, fevereiro 15, 2017

Foi você que disse Blondie?...

... exactamente! Debbie Harry y sus muchachos vão lançar, em Maio, Pollinator, 11º álbum de estúdio dos Blondie (três anos depois de Ghosts of Download). A acreditar no primeiro single, Fun, dir-se-ia que as memórias gloriosas dos anos 70/80 estão mais vivas do que nunca...

domingo, janeiro 04, 2015

Sound + Vision 10 Anos:
Memórias de arquivo (4)

Foto: N.G.

Queria abrir um bar de blues, mas acabou por ser "padrinho" dos Ramones. Hilly Krystal, que desde 1973 (até do dia do seu encerramento) comandou as operações do CBGB, convoca memórias de um espaço que escreveu história em Nova Iorque. Falei com ele de manhã (passava pouco das nove), à volta da sua secretária, que ficava frente à porta do CBGB (e que todos viam quando ali se entrava). Esta entrevista foi originalmente publicada, em agosto de 2006, na revista '6ª', do DN. Em tempo de memórias de dez anos de Sound + Vision - onde esta conversa surgiu em duas partes, nos dias 28 e 29 de setembro de 2006 - é um momento que vale a pena recordar.

Esta não era nem a música nem o destino que esperava quando abriu o clube em 1973…
A minha ideia era a de abrir um clube de country, bluegrass e blues. Não seria a country de Nashville, mais os idiomas folk, o bluegrass. Entre os artistas que havia na cidade nessa altura falava-se de interesses no city blues, no country blues… O contexto era diferente. E até nas jukeboxes havia singles não dançáveis que algumas rádios tocavam. Eu conhecia alguns músicos nestas áreas, sobretudo no Nordeste. Arranjei este lugar e isso era o que queria fazer.

Esta zona era um lugar bem diferente em 1973…
Sim, a Bowery era a pior parte da cidade. E muita gente nunca vira a este lado. Só aparecia gente do Village e East Village, e mesmo assim… Tudo bem. Mas não conseguia trazer gente de outros lugares, porque tinham medo desta zona.

E o que mudou?
Comecei a programar mais e diferentes géneros de música. E decidi tentar coisa novas. Algum jazz, rock’n’roll… E depois toda aquela nova onda de músicos… Chamaram-lhe punk mais tarde, mas no princípio tratávamo-los como street rock. Eram miúdos sem nenhum lugar para tocar a sua música. Tocavam em águas furtadas, onde também dormiam. Havia os Talking Heads a viver numa água furtada na Broadway, as Stilettos a morar no quarteirão mais abaixo do nosso. E depois os Ramones, de Queens. Os Shirts eram de Brooklyn… Tinham onde ensaiar, mas nenhum clube os deixava tocar a sua música.

E abriu-lhes as portas?
Tentei um dia por semana, sob insistência do manager dos Television, que me convenceu a fazer isto num domingo. Tocaram os Television e os Ramones. E descobri que havia muito mais gente a querer tocar a sua música. Meses mais tarde, pelo Verão, mudei de política. Eu também sou músico, e sempre gostei de compor, sobretudo na esfera da clássica a essa altura. E ver outros a querer fazer a sua música pareceu-me positivo. Vamos nisso, e logo vemos o que acontece.

Era uma opção viável enquanto gestão de um clube?
Levei anos a conseguir ganhar dinheiro. Mas dormia nas traseiras do clube, pelo que não tinha de pagar mais outra renda.

Que grupos lhe deram a impressão de estar a ver mais que pontuais fenómenos localizados, abrindo a consciência de um movimento a dar os primeiros passos?
Não sei bem… Não eram os melhores músicos, tecnicamente falando. Esporadicamente começou a haver um público mais fiel para alguns deles. Os Ramones, depois de terem tocado umas 20 ou 30 vezes, já tinham um público seu. Mudaram o estilo, tornaram-se mais coesos e ficaram mais excitantes. Penso que, quando a Patti Smith começou a aparecer, isto na Primavera de 1975, as coisas começaram-se a compor. Era já uma figura conhecida. Era uma poetisa reconhecida, respeitada. E a comunidade da poesia começou a aparecer. O grupo dela tocou aqui sete semanas, com os Television a fazer as primeiras partes. Tocavam quarto noites por semana, dois sets por noite. Ela tinha já muitos fãs, e trouxe ainda mais. O Clive Davies, da Arista Records, veio vê-la várias vezes e acabou por assiná-la. Foi excitante ver tudo isso a acontecer. Depois montei um festival. Creio que em inícios de Julho… Era mais uma operação arriscada, e publiquei grandes anúncios no Village Voice. Havia tantas bandas que ninguém ainda conhecia… E programei a actuação das melhores 40 bandas de rock de Nova Iorque ainda sem contrato discográfico. Havia o festival de Newport, de jazz e folk, a decorrer então na cidade, e esperava que toda essa gente visse os anúncios e aparecesse. E apareceram… Vieram os jornalistas, e ficaram surpreendidos com as bandas que ali viram.

Clive Davis foi, como disse, o primeiro executivo da indústria discográfica a aperceber-se que qualquer coisa estava ali a acontecer…
Ele sempre foi um homem interessado, mas apenas na Patti Smith. Era quem ele queria. O Seymour Stein assinou os Talking Heads e os Ramones, entre outros mais. O Craig Lreon era um A&R, e aparecia muitas vezes. Os jornalistas começaram a escrever regularmente sobre estas bandas, e os fotógrafos a tirar fotografias… Neste contexto eu só podia continuar a apoiar estes acontecimentos. Foi duro, foi difícil. Trabalhávamos ininterruptamente, mas foi uma aventura. E foi divertido. Sentia-se que qualquer coisa estava mesmo a acontecer. Não sei se seria o sucesso… A Patti Smith foi contratada. Mas foi quando os Ramones assinaram que senti a coisa mais profundamente, porque essa sim, foi uma banda aqui cultivada desde o início. O mesmo posso dizer que senti, depois, com os Blondie, Talking Heads, Shirts, Mink de Ville…

A partir de certa altura, por volta de 1976, o nome do clube tornou-se conhecido, inclusivamente fora do país… As novas bandas punk inglesas também queriam tocar no CBGB...
Creio que isso aconteceu porque o Seymor tinha um acordo inicial com editoras em Inglaterra e Holanda… Eram acordos de distribuição… Ele estava atento ao que estava a acontecer, e levou lá fora os Ramones em digressão. E isso pôs as coisas a mexer mais… Mas já havia bandas em Inglaterra… Só que os jornalistas ingleses não falavam delas no início. Penso que a digressão dos Ramones estimulou a imprensa. As bandas inglesas tocavam até aí em pubs, que fechavam às onze e meia da noite, hora a que todos eram corridos. Nos pubs ingleses havia dois sets por noite, enquanto que nós, em Nova Iorque, apresentávamos quatro, porque também ficávamos abertos até às três ou quatro da manhã. Os jornalistas ingleses aperceberam-se do que estava a acontecer e entusiasmaram-se. Penso que o carácter rebelde do movimento punk até era mais desejado em Londres que em Nova Iorque. Aqui tinha havido uma grande recessão no início dos anos 70, mas as pessoas ainda tinham o suficiente, não era um desastre. As rendas eram baratas, a gasolina era barata. Tudo era barato… Mas em Inglaterra vivia-se um ambiente mais problemático. E os miúdos ingleses não tinham onde ir. A cidade americana que mais se assemelha musical e socialmente ao que então se viva em Inglaterra era Cleveland. Havia muitas bandas de Clevland… E de Buffalo e também Detroit. Havia os Dead Boys, Pere Ubu, Devo, e antes deles outras mais.

Sempre que se fala no CBGB as memórias apontam aos anos 70, mas nos 80 e 90 as bandas nunca deixaram de aqui tocar…
O Lou Reed, por exemplo, já cá vinha antes, mas como tantos outros, só começaram a querer vir tocar quando viram que qualquer coisa estava a acontecer. Nos anos 80, por exemplo, havia bandas como os B-52’s, os Sonic Youth. Os Sonic Youth não eram ninguém quando aqui começaram a tocar, e as pessoas saiam a meio dos concertos deles… Os Swans também aqui passaram nos primeiros tempos.

Já aqui tocaram bandas portuguesas…
Houve uma banda punk muito boa que cá tocou, recentemente… Gostei muito, mas não me lembro do nome da banda. Mas lembro-me que os Shirts foram a Portugal em 1979. Venderam muito bem o Laugh And Walk Away, se não me engano… O grupo está reunido, sem a Annie. Mas soam muito bem. O som é parecido ao que tocavam… Um pouco mais velhos, mas muito bem. O disco deve sair brevemente.

O que pensa das reuniões: Blondie, Television?...
Os Blondie nunca estiveram realmente separados. Os Television, esses sim, separaram-se, porque o Tom Verlaine é um homem muito estranho. Não o vejo há muitos anos… Éramos amigos… A Patti Smith está muito bem, com o mesmo grupo de sempre. Regressando aos Blondie… Houve uma pausa natural quando o Chris esteve doente, e então tiveram mesmo de parar. Mas recuperou. E a Debbie nunca deixou de trabalhar. Mas do que ela gostava mesmo era da banda…

Qual é o legado do CBGB para Nova Iorque e para a cultura popular em geral?
Gostei muito do que aqui aconteceu nos anos 70. Havia uma necessidade entre os mais jovens para se afirmar como indivíduos, uma vontade de dizer algo, coisas positivas, coisas negativas. Não era um discurso como o que se fizera contra a guerra no Vietname, era mais individualista. E isso é saudável. É importante que os jovens de todo o mundo possam dizer o que sentem. O que aqui fizemos foi isso. E o legado que deixamos foi o termos apoiado, ou mesmo forçado, essa nova geração a dizer o que queriam, a mostrar o que eram, a ser quem eram. Fica o legado por essas e muitas outras razões. O rock’n’roll é uma espantosa força unificadora. É político, mas também anti-político, no sentido em não coloca necessariamente um contra o outro. É fácil de tocar. É fácil pegar numa guitarra e aprender a tocar. Ou o baixo ou a bateria. E se se tem algo para dizer, diz-se. Basta isso. E há quem o faça a vida toda, mesmo que depois venham a ter outras profissões. Espalhou-se pelo mundo fora. E porque é um meio de expressar identidade e sugerir identificação, comunica facilmente com outras pessoas. Junta os miúdos.

quarta-feira, julho 09, 2014

Novas edições:
Blondie

“Blondie 4(0) Ever / Ghosts of Download
Noble ID
2 / 5

Podemos dizer que foi com os Blondie (assim como com os Talking Heads, The Shirts e The B-52’s, mas todos estes um pouco depois) que o punk descobriu como mudar a pop. Partilhando com os Ramones, Television e Patti Smith, entre outros, o palco do CBGB quando a coisa ainda não estava na mira das grandes atenções (não esgotando naturalmente aí a sua agenda de apresentações nesses primeiros dias), o grupo liderado por Debbie Harry e Chris Stein abriu cedo horizontes não apenas a heranças clássicas da canção pop, mas também a novos ingredientes e condimentos que foram emergindo, do disco às electrónicas. E entre o seu álbum de estreia Blondie (1976) e Autoamerican (1980), pelo caminho passando pelos mais marcantes Plastic Letters (1978), Parallel Lines ( 1978) e Eat To The Beat (1979), definiram uma das mais apetitosas obras pop da segunda metade dos setentas, em parte ajudando a definir caminhos que a música seguiria nos oitentas (e convém explicar aqui que a sua exposição no Reino Unido teve então um papel fulcral no redimensionar da sua projeção rumo à pop). Separaram-se pouco depois de editado o menor The Hunter (1982), regressando 15 anos depois, primeiro rumo aos palcos, depois apresentando um novo disco em 1999 no qual incluíram Maria, canção cuja projeção global dela fez dos raros exemplos de criações pós-reunião a merecer habitar (pela popularidade alcançada) junto aos clássicos da sua primeira etapa de vida. O êxito de Maria deu visibilidade a No Exit, álbum de reunião que, mesmo longe dos tropeções de uns Bauhaus ou Culture Club, em nada repetia o brilho (e a consequência) de outros tempos. O grupo manteve todavia a atividade e tem editado novos discos, a esse primeiro instante pós-reagrupamento juntando-se The Curse of Blondie (2003) e o quase invisível The Panic of Girls (2011)... Agora, a assinalar os seus 40 anos de vida, eis que propõem um três em um. Num formato de duplo CD este é ao mesmo lado um disco com um efeito ‘best of’ (um), mas na verdade apresenta, salvo em Maria, novas gravações das suas canções históricas (dois). Como extra, serve-se ainda The Ghosts of Download (três), um novo álbum de originais. Comecemos por este último. É um pequeno grande mundo de acontecimentos, revelando um daqueles discos em regime cada tiro seu melro, o que não quer dizer que haja sempre pontaria. Há boas canções, sobretudo aquelas em que vemos os Blondie a recuperar a essência do seu som clássico (como o fizeram os Duran Duran em All You Need Is Now). Há colaborações interessantes (sobretudo a parceria com Beth Ditto). E uma procura, nem sempre bem sucedida, de pontes latino-americanas (heranças dos dias de The Tide is High?) em parcerias com os colombianos Systema Solar (conferindo travo de cumbia a Sugar on The Side) ou os panamianos Los Rakas (juntando hip hop latino em I Screwed Up). Mas mais bizarra mesmo é uma abordagem a Relax dos Frankie Goes To Hollywood que, por muito interessante que seja a ideia de transgredir o original, acaba híbrido de memória e de coisa à la Nouvelle Vague que aqui não brilha. O disco de inéditos é mesmo assim mais agradável de escutar que o ‘best of’ regravado. É verdade que estão ali canções absolutamente fabulosas, mas as algumas das novas abordagens parecem servidas com calmantes e amaciadores, tirando-lhes o brilho, angulosidade e viço que escutamos nos originais. Há momentos bem conseguidos, como em Hanging on The Telephone, Call Me, Atomic ou Rip Her To Shreds, mas um ‘best of’ de facto serviria bem melhor as memórias que aqui de evocam.