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quarta-feira, novembro 11, 2015

A tradição, o PSD e Cavaco

Hoje no DN (via Maria João Pires)
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Em 1999, o PS obteve exactamente metade dos deputados (115) da Assembleia da República. Tal não obstou a que o PSD, então chefiado por Durão Barroso, tivesse apresentado uma moção de rejeição do programa do segundo governo de António Guterres.

O mais interessante é que Cavaco Silva, que nem desempenhava então funções públicas, deu uma entrevista a defender, com a argumentação sólida a que nos habituou, a moção de rejeição apresentada pelo seu delfim.

sábado, novembro 07, 2015

A direita anda atordoada


Um barrosista escreve uma coisa delirante no blogue da direita radical, terminando com uma súplica a Passos Coelho & Portas: inventem com urgência um candidato presidencial. Menos de uma hora depois, Santana Lopes está no Twitter a chamar a atenção para a tal coisa delirante. Em suma: o barrosismo e o santanismo não estão conformados.

quarta-feira, outubro 28, 2015

Crisis? What crisis?


Um terço da Comissão Barroso saltou para grandes multinacionais. Durão Barroso acumula 22 cargos após abandonar a Comissão Europeia, mas tanto quanto se deduz da lista publicada já não é consultor de Ricardo Salgado.

sábado, setembro 19, 2015

Quem foi que não pediu a troika?

• Miguel Sousa Tavares, Quem foi que não pediu a troika? [hoje no Expresso]:
    «1. (…) Porém, o segundo Governo Sócrates apanhou em cheio com as consequências da crise das dívidas soberanas, desencadeada pelo estouro da economia de casino fomentada nos Estados Unidos. Foi Sócrates quem ouviu então, da boca de Merkel, que os tempos não estavam para cortes, mas sim para políticas de expansão que evitassem uma crise global, como a de 29. E foi ele que, logo a seguir, ouviu a orientação oposta: cortar, cortar, cortar, só o controlo do défice público interessava. Durante esses anos de inconsciência final, não me lembro de ter ouvido alguém - partidos, empresários, banqueiros, gente da cultura, das FA - que pregasse consistentemente o corte da despesa do Estado. Pelo contrário: se os governos de Sócrates fizeram auto-estradas e criaram uma imensa massa salarial no Estado, os governos de Cavaco haviam feito bem pior; se o Governo Sócrates sonhou com uma linha de TGV assumidamente condenada ao prejuízo, o Governo de Durão Barroso chegou a projectar seis (!). Alguém se lembra de ter ouvido o país ou os seus representantes pedirem menos hospitais, menos estradas, menos gastos com medicamentos, menos autarquias, menos institutos públicos? Julgo que todos nos lembramos do que aconteceu no estertor final do segundo Governo Sócrates. Ele tinha vindo de Bruxelas e de Berlim com o apoio da UE e de Merkel ao PEC 4. Ninguém pode saber se mais um PEC teria sido suficiente para evitar o pedido de assistência e a vinda da troika, como sucedeu em Espanha. Mas, no imediato, que o teria evitado, isso é incontestável. Mas o PEC 4 foi chumbado no Parlamento por uma coligação contranatura entre a direita e a extrema esquerda. O PSD votou contra porque sabia que isso significava a queda do Governo e a possibilidade de voltar ao poder - o que de há muito constitui o único substracto ideológico do partido; o CDS votou contra porque Portas sentiu que tinha uma oportunidade rara de, através de eleições, arrumar com o fantasma do "partido do táxi" por alguns anos; o PCP votou contra e aliado à direita, porque, vivendo ainda em 1917, tem como principal inimigo qualquer governo do PS e como principal pesadelo o sucesso de um governo PS; e o BE votou contra porque Louçã não teve coragem nem liberdade para se abster. Derrotado o PEC 4 e derrubado o Governo, a situação financeira entrou, como era de prever, em descontrolo acelerado. Mesmo assim, José Sócrates ainda quis resistir e não se cansou de avisar o que significaria a vinda da troika. Mas, finalmente, já não havia nada a fazer: era chamar a troika ou cessar pagamentos.

    Basta ler os jornais de então para relembrar uma quase unanimidade nacional no apelo à troika - com excepção, é claro, do PCP e do BE, que, por direito divino, estão sempre dispensados de terem alternativas sérias para apagar os incêndios que ateiam. Foi isto que aconteceu há quatro anos e meio. A discussão sobre os factos históricos então ocorridos só pode ser feita num quadro de desonestidade intelectual chocante. Concedo que a actual maioria foi exímia em distorcer os factos e apagar memórias ao longo destes anos, até chegar ao ponto em que Passos Coelho é capaz de exclamar, com um ar ofendido, que dizer que o PSD também chamou a troika é uma grosseira mentira. Mas, chamou sim, chamaram- -na todos. Chamaram-na todos os partidos e, de certa forma, todos nós. Pelo menos, todos os que nunca cessaram de exigir mais e mais dos dinheiros públicos, sem quererem saber quem e como pagará a factura. Nem é tanto a tão criticada afirmação de que vivemos acima das nossas possibilidades. Não sei se vivemos ou não, cada um sabe de si e das suas dívidas. Mas sei que o Estado vive acima das nossas possibilidades. E é essa verdade que ninguém quer enfrentar.

    (…)

    3. (…) Ora, falemos claro: o "caso Sócrates" não tem que ver com a culpabilidade ou inocência dele, que é coisa que, pelo menos para mim, só se apurará em tribunal, produzida a prova e a contraprova. O "caso Sócrates", no que tem de importante, não é, por enquanto, a questão de fundo, mas a questão instrumental: pode alguém ser preso com as televisões a filmar em directo, pode ficar preso com requintes de humilhação, como a história das botas ou do cachecol do Benfica, pode ficar preso nove meses sem acusação, enquanto todos os dias é publicamente linchado num julgamento popular feito nos jornais, através de uma indecente e descarada violação do segredo de Justiça e da banal presunção de inocência? O "caso Sócrates" é isto, e isto merece ser discutido, em quaisquer circunstâncias, aproveite a quem aproveitar, prejudique quem prejudicar. Escudado na hipócrita frase de "à justiça o que é da justiça", o PS não apenas abandonou Sócrates à sua sorte, como finge não ver aquilo que é essencial: a questão de saber se para a Justiça vale tudo e qualquer método é aceitável, desde que escudado no julgamento popular - que é a forma como a investigação dos chamados "processos mediáticos" tantas vezes supera a sua incompetência investigatória. Que o PS queira que o homem fique muito caladinho para não prejudicar a campanha em curso, é entre eles e ele. Que queiram que todos os outros fiquem também muito caladinhos, ao serviço dos interesses circunstanciais do partido, é pedir de mais e sem vergonha.»

quarta-feira, agosto 26, 2015

Cassete contrafeita


É impressão minha ou Durão Barroso, ao dar uma versão distinta da origem da crise do euro, desmontou a tanga que Passos Coelho e Paulo Portas vêm repetindo há quatro anos, e que Maria Luís Albuquerque despejou, uma vez mais, na «universidade» de Verão do PSD? A esta hora, os meninos da JSD deverão estar completamente confundidos.

segunda-feira, julho 06, 2015

Durão Barroso, o amnésico

— Pedro, Rio? E eu?

• João Galamba, Durão Barroso, o amnésico:
    «Durão Barroso, não contente em participar na despudorada e algo obscena operação de recauchutagem política de Miguel Relvas, também decidiu dar o seu valioso contributo para o processo de rescrita da história em curso. Aparentemente, o mesmo Durão Barroso que, em 2010, em 2011, em 2012, em 2013 e em 2014 sempre disse que Portugal não era a Grécia, vem agora, a três meses das eleições, dizer que, afinal, Portugal só não é a Grécia por obra e graça da determinação e firmeza de Passos Coelho.

    Não sei se estão recordados, mas, para além de ter passado os últimos cinco anos a dizer que Portugal não era a Grécia, Durão Barroso, antes da entrada da ‘troika' em Portugal, empenhou-se mesmo em dizer que Portugal não só não era a Grécia como, também, não seria a Irlanda. E não seria nem a Grécia nem a Irlanda porque, ao contrário destes dois países, Portugal não seria intervencionado pela ‘troika'.

    Havia um acordo, no qual o próprio Durão Barroso, na qualidade de presidente da Comissão Europeia, se empenhou, que envolvia Portugal, a Comissão Europeia, o Conselho Europeu e o Banco Central Europeu e que visava impedir um terceiro resgate a um país da zona euro. O empenho de Durão Barroso no chamado PEC 4 foi público, bem como todas as tentativas de evitar que a oposição, e em particular Passos Coelho, não inviabilizassem o acordo que o Governo português e as instituições europeias, bem ou mal, consideravam suficiente para evitar a vinda da ‘troika'.

    Todos sabemos o que se passou. Passos Coelho, forçado a escolher entre os interesses do seu país e os interesses do seu partido, escolheu os segundos, tirou o tapete ao país e empurrou Portugal para a ajuda externa. Tudo isto com a oposição (pública) de Durão Barroso (e de outros líderes europeus). Por essa razão, se há algo que a determinação de Passos conseguiu foi mesmo dinamitar a possibilidade de esse acordo ser bem sucedido.

    Apesar de Portugal ser empurrado para o programa da ‘troika' pela irresponsabilidade de Passos Coelho, Durão Barroso continuou a dizer que, ainda assim, a Grécia era um caso singular. Não só a Grécia tinha um défice e uma dívida pública muito maiores que Portugal, não só o programa grego era significativamente mais duro que o nosso, como o nosso sector exportador já era bastante mais robusto e pujante que o grego, o que atenuou os efeitos da recessão. Portugal, ao contrário da Grécia, nunca teve quedas do PIB de 7% ao ano, nem o PIB português caiu 30% nos últimos quatro anos. Mas não foi certamente por obra e graça de Passos Coelho que isso aconteceu.

    Para além das diferenças que sempre existiram entre os dois casos, se há algo que explica que o caso português não tenha sido tão trágico como o grego é que, na Grécia, não houve Tribunal Constitucional a travar as loucuras austeritárias do governo e da ‘troika'. Se olharmos apenas para o ano de 2012, o ano em que o governo de Passos decidiu ir muito além da ‘troika' e aplicar a tese (grega) da austeridade expansionista, a economia portuguesa colapsou. Não tanto como a grega, é certo, mas foi o ano em que Portugal mais se aproximou dos gregos, com o PIB a cair 4% e com a destruição de 200 mil empregos. Essa loucura foi travada, mas não por Passos, para quem os cortes deviam ser aprofundados, como constava do seu alucinado plano de corte de quatro mil milhões de euros em salários e prestações sociais, anunciado em outubro de 2012 e reafirmado, depois, em abril de 2013. Se a despesa primária grega caiu 30%, a portuguesa, depois de uma queda de cerca de 9% em 2012, com a intervenção do Tribunal Constitucional, a situação mudou radicalmente e Passos Coelho foi obrigado a recuar em parte dos cortes e a devolver rendimento aos portugueses. Ou seja, se não tivemos outro ano igual ao de 2012, não foi seguramente porque Passos não quis; foi o oposto: foi porque não o deixaram.

    É uma pena que Durão Barroso tenha sido atacado pelo vírus dos mitos urbanos e se dedique, sem qualquer pudor ou respeito por quem o ouve, à prática da rescrita da história. É sabido que Durão Barroso ainda acalenta esperanças de ser apoiado por Passos Coelho para Belém. Mas, em política, não vale tudo.»

quinta-feira, março 12, 2015

O pé de Cinderela

• Rui Pereira, O pé de Cinderela:
    «Transfigurado no príncipe de um célebre conto de fadas, o Presidente da República deu a conhecer qual é o sapatinho que, em sua opinião, deve abrigar o pé do seu sucessor. Pelos vistos, só um sapato da consagrada marca "Experiência Internacional" poderá ajudar o próximo primeiro magistrado a reerguer o esplendor de Portugal. As reações ao anúncio presidencial não se fizeram esperar. Marcelo Rebelo de Sousa e Pedro Santana Lopes garantiram logo que o sapato lhes serve na perfeição. E o segundo acrescentou que nem Marcelo nem Rui Rio têm pés para esse calçado.

    Quem é quem nesta história? Não custa a crer que Marcelo e Santana desempenhem, no imaginário de Cavaco, o papel de irmãs ociosas e malvadas. Já Rui Rio deverá resistir melhor a tal etiquetagem. Talvez Cavaco, pouco confiante na recondução da coligação, acalente, a título de mal menor, a ideia de o ver como vice-primeiro-ministro de António Costa, numa reedição do bloco central que, por ironia do destino, tanto combateu há trinta anos. Mas falta a personagem central da história: quem será a modesta Cinderela, que tem trabalhado sem o merecido reconhecimento?

    A lista de políticos com vasta experiência internacional parece incluir apenas quatro nomes: António Guterres, António Vitorino, Diogo Freitas do Amaral e José Manuel Durão Barroso (ordem alfabética). Ora, não é necessário grande esforço para perceber qual, de entre todos, merece a preferência do Presidente. Só Barroso pertence à sua família política e Cavaco, homem de ideias persistentes, ungiu-o seu sucessor, no Partido e no Governo, já lá vão trinta anos. Acresce, ainda, que Cavaco não tem regateado elogios ao recente desempenho do ex-Presidente da Comissão Europeia.

    Todavia, para concretizar o desejo presidencial seria necessário superar dois obstáculos "intransponíveis". Em primeiro lugar, Barroso trocou o governo de Portugal pelo governo da Europa, opção que os seus compatriotas talvez compreendam mas não perdoam com facilidade (ao contrário do que pretendia Sartre, tudo compreender não significa tudo perdoar). Em segundo lugar, o seu último mandato europeu coincidiu com um período de grande turbulência, em que não foi claro o lucro que Portugal terá retirado do exercício de tão elevado cargo por um cidadão nacional.»

terça-feira, março 10, 2015

Beijo da morte


Não são as indigentes reacções de Marcelo e Santana Lopes às palavras de Cavaco Silva no prefácio dos Roteiros IX que surpreendem.

O que verdadeiramente surpreende é que Durão Barroso precise, como de pão para a boca, do apoio de um presidente da República que atingiu níveis de impopularidade nunca antes alcançado por nenhum outro presidente. Acontece que esta «jogada político-partidária» por parte de Cavaco Silva pode representar o beijo da morte para Barroso. Mas a situação desesperada em que se encontra não lhe permite outra alternativa.

segunda-feira, março 09, 2015

Chegou a vez da «selecção natural» dos proprietários de imóveis

JN/DN
Naquele seu jeito único, Passos Coelho disse um dia que estava concluído um dos objectivos do actual governo: «Esta selecção natural das empresas que podem melhor sobreviver está feita».

Mas para que a concentração da riqueza numa minoria se consumasse, era preciso tomar outras medidas. Uma delas é colocar um garrote em torno dos portugueses que haviam sido impelidos a adquirir habitação própria.

Para o efeito, o Governo prepara-se para accionar a bomba ao retardador criada com a reformulação da contribuição autárquica, tarefa de que foi incumbida Manuela Ferreira Leite, então ministra das Finanças do Governo de Barroso & Portas. A tributação dos proprietários de imóveis prevista no Código do IMI é tão violenta que foi necessário criar, ano após ano, travões para impedir aumentos brutais do imposto a pagar.

A maioria de direita chumbou uma proposta do PS a integrar no Orçamento do Estado para evitar mais esta subida brusca em 2015: a chamada cláusula de salvaguarda, que limitava a 75 euros o aumento anual do imposto. Haverá naturalmente milhares e milhares de contribuintes que não terão condições para suportar o aumento do IMI. Será a estocada final no partido do contribuinte, que, além do mais, ficou com a Secretaria dos Assuntos Fiscais na repartição do bolo governamental.

O PS, que viu recentemente rejeitada pela direita a sua proposta de suspensão de penhoras da habitação própria por dívidas ao fisco e à segurança social, exige agora a reposição da cláusula de salvaguarda, comprometendo-se a incluí-la no Orçamento do Estado para 2016. É um passo importante para que a corda dos supliciados não continue a ser apertada. Mas é imprescindível rever as taxas do IMI, sob pena de apenas se adiar o estrangulamento.

quinta-feira, fevereiro 26, 2015

O regresso do homem protegido por um escudo invisível


A TSF anunciou de véspera que Barroso iria estrear-se na Universidade Católica. Esta rádio antecipou o evento: «A expectativa é elevada entre os alunos que falam de um protagonista europeu e não hesitam em dizer que durante a última década ele foi o homem do leme.» Hoje, a palestra foi gravada (pelo menos) pela SIC e noticiada de novo pela TSF.

Ninguém estaria certamente à espera que o anterior presidente da Comissão Europeia tomasse a iniciativa de aproveitar o momento para fazer uma declaração sobre as palavras de Juncker, que objectivamente põem em causa a sua acção em Bruxelas. No entanto, dado o impacto das palavras do actual presidente da Comissão Europeia, o que surpreende é a comunicação social, tendo ali à mão Durão Barroso, não o ter compelido a pronunciar-se.

Afinal, quando Juncker afirmou que «Pecámos contra a dignidade dos povos da Grécia, Portugal e Irlanda», a Comissão Europeia era dirigida por um… português. Um tal Barroso.

quarta-feira, fevereiro 25, 2015

Enfim, coisas que acontecem…


A procuradora-geral da República deu uma entrevista ao Público e à RR, na qual sobre as peripécias dos submarinos (luvas e perdas das contrapartidas) afirmou com enorme candura:
    «O caso dos submarinos é daqueles que dará uma imagem não muito simpática do Ministério Público, mas também órgãos de polícia criminal, peritos e outros órgãos. É um caso que devemos analisar com calma. Ver onde houve passos menos correctos e tornar-se um case study que nos permita melhorar a nossa capacidade de investigação criminal. Aí o MP terá que reconhecer que podia ter tido um desempenho mais adequado.»
Assim a modos de quem diz: — Enfim, Senhoras Jornalistas, são coisas que acontecem…»

quinta-feira, janeiro 29, 2015

Ninguém sai daqui vivo


«Eu punha já o Moedas a funcionar», alvitrou José Manuel Espírito Santo, quando a família tomou conhecimento da situação crítica do grupo. Ricardo Salgado foi mais longe: pôs a funcionar a Presidência da República, o Governo e a Comissão Europeia. De Cavaco a Passos, passando por Barroso, Portas, Miss Swaps e Moedas, ninguém poderia ignorar a situação do GES/BES.

Estas revelações constam de uma carta enviada por Ricardo Salgado à comissão parlamentar de inquérito ao BES.

Quer isto dizer que, quando, a 21 de Julho de 2014, o Presidente da República sustentava que os «Portugueses podem confiar no Banco Espírito Santo», ele já tinha tido duas reuniões com Ricardo Salgado. E Barroso também já estava ao corrente da situação. E a cúpula do Governo igualmente. Todos eles ouviram e calaram. Ao lado, os pequenos investidores eram levados ao engano enquanto os especuladores se punham a salvo. E agora?

sexta-feira, janeiro 16, 2015

Melhor que nada

Passos Coelho, sempre fiel à "linha dura", a ver os dogmas
em que se fundou a política de austeridade a cair uns atrás dos outros

• Pedro Silva Pereira, Melhor que nada:
    «Depois de cinco anos de política de austeridade, a Comissão Europeia clarificou os termos em vai finalmente adoptar uma leitura mais flexível das regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento. Não sendo suficiente, é alguma coisa. E é certamente mais do que Passos queria.

    Os dogmas em que se fundou a política de austeridade, que orientou a resposta errada da União Europeia à crise financeira, estão a cair uns atrás dos outros. Afinal, nem o mandato do BCE impedia uma resposta mais eficaz à especulação instalada nos mercados de dívida soberana, nem as regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento são incompatíveis com uma política orçamental menos danosa para a economia e para o emprego .Sem alterar uma vírgula no Tratado de Lisboa ou nas regras do Pacto, o tom da resposta europeia à crise começa a mudar: primeiro, graças à política monetária expansionista do BCE (em breve reforçada com um programa de Quantitative Easing); depois, pela nova orientação da Comissão Juncker, com o seu plano de investimento (público e privado) e a sua abertura à flexibilidade orçamental.

    Duas razões explicam esta evolução. A primeira, é a própria evidência do fracasso da política de austeridade. A segunda, é a forte pressão política dos socialistas em todas as frentes da política europeia: no Parlamento Europeu (em que o seu voto é decisivo); no Conselho (graças à liderança de Matteo Renzi na presidência italiana) e no interior da Comissão (desde que o socialista francês Pierre Moscovici substituiu o liberal Olli Rhen nos assuntos económicos). Não será ainda a mudança de que a Europa precisa mas é bastante melhor do que tínhamos com a Comissão Barroso - que era nada.

    Finalmente, a "flexibilidade" orçamental deixou de ser um conceito vazio para ganhar sentido e substância, embora com latitude diferente para quem esteja ou não em défice excessivo. Doravante, a Comissão promete tomar em conta o contexto do ciclo económico e a realização de reformas estruturais na ponderação dos esforços orçamentais de cada país e mesmo na permissão de desvios em relação às metas do défice. Mas também promete uma política orçamental mais amiga do investimento, por duas vias: primeiro, não contabilizando no défice as contribuições dos Estados para o novo Fundo europeu de investimento; segundo, adoptando uma interpretação mais generosa da chamada "cláusula de investimento" de modo a permitir que os Estados que não estejam em défice excessivo se desviem temporariamente das metas do défice para aumentarem o investimento público. Esta evolução, embora ainda tímida e compromissória, é da maior importância também para Portugal. É certo que a nova formulação da "cláusula de investimento" não permite aos Estados em situação de défice excessivo, como é o nosso caso, isentar do défice a comparticipação nacional dos projectos financiados com fundos comunitários da mesma forma que se isentam as contribuições para o Fundo europeu de investimento - um manifesto absurdo, que importa corrigir.

    Mas, além das vantagens indirectas que sempre virão para as exportações portuguesas de políticas orçamentais menos restritivas dos nossos parceiros europeus com mais margem de manobra, Portugal beneficia directamente de três importantes implicações desta nova flexibilidade: primeiro, pode desde já aceder a um calendário de ajustamento mais alargado em contrapartida da realização de reformas estruturais; segundo, as suas metas passam a ser definidas e avaliadas ponderado o impacto orçamental das quebras da actividade económica que escapem ao controlo do Governo; terceiro, a despesa pública que Portugal fizer em contribuição para o Fundo europeu de investimento não será contabilizada para o défice. Tudo isto, é claro, Passos Coelho combateu, sempre fiel à "linha dura" da austeridade. Mas de tudo isto Portugal poderá beneficiar, apesar dele.»

quinta-feira, dezembro 11, 2014

«Ricardo Salgado transformou caso BES num caso político»

Constança Cunha e Sá na TVI24: o governador do Banco de Portugal, o primeiro-ministro, a ministra das Finanças, o Presidente da República e até Durão Barroso têm de esclarecer se sabiam da situação do BES antes do colapso do banco e se tinham ou não informação privilegiada na altura.

segunda-feira, novembro 03, 2014

O candidato de Cavaco

Ai como é que a patroa põe as mãos?

Cavaco Silva decidiu fazer, em Belém, o lançamento da candidatura de Barroso a Belém. Fê-lo em termos tais que parecia que estava a leiloar colchas floridas numa furgoneta de caixa aberta numa feira. Já Barroso aproveitou o arrebatamento de Cavaco e dos cavaquistas presentes para, através de um artifício, considerar que a atribuição da comenda é a prova de que a fuga para Bruxelas tinha razão de ser e, por isso, se justificou: condecoração de Cavaco significa que Durão estava "certo" quando se demitiu em 2004. Barroso confunde o povo português com o Presidente da República. Logo com este desacreditado presidente, como todas as sondagens põem em evidência. As palavras de Cavaco não serão certamente a melhor carta de recomendação.

sexta-feira, outubro 31, 2014

Tudo farinha do mesmo saco

Porta-voz da Alemanha na União Europeia durante dez anos

Após ter sido carimbado o visto de entrada da troika, na sequência do chumbo do PEC IV, Durão Barroso revelou, em muitas e variadas ocasiões, o amor que nutre por Portugal. Por exemplo, perante a possibilidade de o Tribunal Constitucional poder chumbar nomas do Orçamento do Estado para 2014, só um patriota (como Durão Barroso) podia dar-se ao incómodo de advertir o seu país para o embaraço que a situação não deixaria de provocar por essa Europa fora: «temos o caldo entornado» se houver instabilidade e falta de responsabilidade. E só mesmo alguém que tem muito amor por Portugal (como Durão Barroso) podia avisar do perigo que o país enfrentaria se revelasse instabilidade e falta de responsabilidade: o Governo, no caso de virem a ser consideradas inconstitucionais medidas do Orçamento, «terá de substituir essas medidas por outras medidas, medidas provavelmente mais gravosas e medidas que provavelmente terão um efeito mais negativo em termos de crescimento e emprego.

É este patriota — que chegou a sustentar que as leis do país não deveriam estar conformes à Constituição da República, mas subordinadas aos diktats da troika — que vai ser condecorado já na próxima segunda-feira, antes que o corpo arrefeça. Porquê, questionará o leitor. «Pelos serviços de extraordinária relevância prestados a Portugal e à União Europeia», responde Sua Excelência o Presidente da República. É, como se vê, tudo farinha do mesmo saco.

quarta-feira, outubro 29, 2014

A despedida das despedidas

— Angela, saí melhor do que a encomenda, não?

quarta-feira, outubro 22, 2014