Já a manutenção da coluna de opinião de Pedro Tadeu é para mim um mistério. Aparentemente, é para dar voz às posições próximas do PCP. Só que a pobreza extrema dos textos não serve sequer esse propósito. Ainda hoje, reage como o cão de Pavlov, quando lê algures que António Costa considerou que a brutal emigração que este governo estimulou se traduziu numa enorme perda de «capital humano».
A salivar abundantemente, Pedro Tadeu apodera-se da Wikipédia e associa mecanicamente a expressão de António Costa às teorias da Escola de Chicago (desenvolvidas por Theodore Schultz), concluindo a prosa quase em êxtase: «A teoria do capital humano é um dos pilares da sociedade neoliberal. Ao morder o anzol da aparente benignidade da expressão, o socialista António Costa demonstra, mais uma vez, ser mesmo peixe que morre pela boca.»
A tentativa de colagem de António Costa ao neoliberalismo é uma intenção tão extravagante que custa aceitar que um jornal de referência acolha colunistas que nem sequer tenham o humor (provavelmente involuntário) de César das Neves — mas que se revelam demasiado impulsivos e ignorantes. Para usar uma terminologia que pode não ser estranha a Pedro Tadeu, Estaline escreveu um opúsculo que se intitulava O Homem, o Capital Mais Precioso. O capital (humano) mais precioso, está a ver, Pedro? E não consta que tivesse estagiado na Escola de Chicago.