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sábado, julho 18, 2015

E serviu para quê?

Hoje no Expresso (via Nuno Oliveira)
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O abraço

Hoje no Expresso (via Nuno Oliveira)

É perigoso ficar já "farto" de falar da Grécia

• José Pacheco Pereira, É perigoso ficar já "farto" de falar da Grécia:
    «(…) Hoje não foi a senhora Le Pen que foi dizer aos eleitores que devem ser egoístas se são ricos e submissos se são pobres. Foram Passos Coelho e Cavaco Silva, em Portugal, foi Rajoy em Espanha, foi Dijsselbloem na Holanda, foi Merkel na Alemanha, foram partidos e governantes como os antigos Verdadeiros Finlandeses, que até há pouco tempo eram esconjurados pelos europeístas e agora são eles que dão o tom à “Europa”. (…)»

quarta-feira, julho 15, 2015

Da série "Frases que impõem respeito" [935]


Também querem Creta? O Pártenon? Talvez toda a Acrópole, não?

sexta-feira, julho 03, 2015

«A "linha dura" fez tudo o que estava ao seu alcance
para impedir um acordo que pudesse legitimar a afirmação
de uma alternativa ao pensamento dominante»


• Pedro Silva Pereira, A culpa:
    «Confirmado o referendo em Atenas e suspensas as negociações em Bruxelas, nunca esteve tão eminente o pior dos cenários para o povo grego é para a zona euro: a saída desordenada da Grécia. Na lógica simplista da política prevalecente nas modernas sociedades mediáticas, um desastre de tamanhas proporções precisa, obviamente, de um culpado, alguém a quem possam ser imputadas responsabilidades pelas consequências da ruptura a que se chegou. Ao que parece, o candidato natural é Alex Tsipras. Mas nem sempre o que parece é.

    Sem dúvida, Tsipras fez mais do que o suficiente para partilhar pesadas responsabilidades. Oriundo de uma formação política radical, o jovem primeiro-ministro grego subiu na vida política vendendo ilusões e prometendo o que não podia cumprir. Apostou tudo numa atitude negocial de confrontação - e falhou. O seu falhanço, como se vislumbra já, não é coisa pouca: implica o caos no sistema financeiro e no funcionamento da economia e do Estado. Ao longo de meia dúzia de meses, Tsipras tardou em apresentar propostas convincentes e acabou, no final, por ser forçado a consentir em quase tudo o que antes dizia rejeitar: primeiro, o agravamento da austeridade (via enorme aumento de impostos) e, depois, o pedido de um terceiro resgate. Como se não bastasse, foi dele a iniciativa de abandonar unilateralmente as negociações (que depois, desesperadamente, tentou retomar) e foi dele a ideia de convocar este bizarro referendo (enquanto ainda mantinha uma intensa troca de cartas com propostas negociais). Entretanto, o seu ministro das Finanças, Varoufakis, acenava aos eleitores com a derradeira ilusão, anunciando o propósito de regressar na segunda-feira à mesa das negociações como se nada fosse, mas em posição reforçada por um "grande não", para fechar "rapidamente" (!) um acordo imaginário, sabe-se lá com quem. Embora convocado em nome da democracia, este apressado referendo decorre sob pressupostos de tal modo falsos e em condições de tamanha anormalidade que só pode constituir um monumental equívoco democrático.

    Dito isto, que é tudo verdade, é preciso dizer também que seria um gravíssimo erro esconder as responsabilidades maiores dos credores por trás das responsabilidades do Syriza e da sua liderança. Desde logo, convém recordar que as "instituições" são responsáveis por terem imposto à Grécia e aos seus sucessivos governos uma política de austeridade errada e absolutamente devastadora, que agravou em muito o problema da dívida pública ao mesmo tempo que retirava à economia a capacidade para gerar a riqueza necessária para que essa dívida pudesse ser paga. Nesse ponto - que é o ponto essencial e que deveria inspirar não apenas um acordo mas um acordo diferente - era Tsipras que tinha razão. Sucede que as "instituições" se recusaram sempre a reconhecer o fracasso da política de austeridade e a necessidade de construir uma solução para a dívida pública grega. Pelo contrário, preferiram teimar na fracassada receita austeritária, sempre fiéis à inspiração alemã e correspondendo às inqualificáveis exigências de governos como os de Portugal e de Espanha.

    Em bom rigor, porém, também não foi a insistência na austeridade que impediu a conclusão deste acordo. De facto, não pode contar-se a história destas tumultuosas negociações ignorando um facto essencial: no início da semana passada, o Governo grego apresentou uma proposta que foi efusivamente saudada pelos parceiros europeus como "credível" e em que Tsipras cedia praticamente em toda a linha (a ponto de deixar em risco a sua própria sobrevivência política). Como aqui escrevi há oito dias, quando ainda subsistia a esperança num acordo, "depois de todas as cedências feitas pelo Governo grego, já não será possível responsabilizar o Syriza pelo falhanço das negociações". Foi o que escrevi e mantenho. Está por explicar a razão pela qual essa proposta, dita "credível", não chegou, aos olhos do FMI e das "instituições", para servir de base a um acordo que poupasse a Grécia e a zona euro ao cenário de catástrofe que agora se anuncia.

    A verdade é que, do princípio ao fim, a "linha dura" fez tudo o que estava ao seu alcance para impedir um acordo que pudesse legitimar a afirmação de uma alternativa ao pensamento dominante. Conseguiu. Aliás, conseguiria sempre. Porque sempre teve a faca e o queijo na mão.»

segunda-feira, junho 01, 2015

sexta-feira, março 06, 2015

As forças do eixo

• Pedro Silva Pereira, As forças do eixo:
    «Depois da recente entrevista do presidente da Comissão Europeia ao El País, não adianta a Passos Coelho continuar a insistir na sua mentira: está confirmado que Portugal foi ainda mais exigente do que a própria Alemanha nas negociações com a Grécia. Uma atitude absurda e frontalmente contrária aos interesses do projecto europeu e de Portugal.

    A tensão entre Portugal e a Grécia começou a dar nas vistas logo no final da reunião do Eurogrupo, de 20 de Fevereiro, com o ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, a ter de invocar as "boas maneiras" para se abster de dizer "a verdade" sobre as posições assumidas pela ministra das Finanças portuguesa. Na altura, Maria Luís Albuquerque pôs o seu ar mais angélico para explicar que não sugeriu a alteração sequer de "uma vírgula" no acordo que veio a ser assinado por todos. Limitou-se a fazer, com o melhor "espírito construtivo", uma pequeníssima proposta e ainda por cima "meramente procedimental". Qual? Apenas isto: que fosse a 'troika' a avaliar as medidas apresentadas por Atenas. Realmente, não se percebe porque é que uma ideia tão simpática e tão boa foi tão mal recebida...

    A verdadeira história sobre a posição portuguesa nas negociações com a Grécia começou a ser revelada logo a seguir à reunião do Eurogrupo pela imprensa europeia, incluindo pela imprensa alemã. O Die Welt garantiu mesmo que a ministra das Finanças teria pedido pessoalmente ao ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, "para se manter duro com a Grécia". A atitude implacável do Governo português foi mais tarde confirmada pelas bombásticas declarações do primeiro-ministro grego, numa reunião partidária em Atenas. Alexis Tsipras, citado pela agência espanhola Europa Press, não poupou nas palavras: "deparámo-nos com um eixo de poderes, liderado pelos governos de Espanha e Portugal que, por motivos políticos óbvios, tentou levar a Grécia para o abismo durante todas as negociações". Segundo Tsipras, este "eixo contra Atenas" teria um objectivo político claro: "derrubar o governo do Syriza e fazer fracassar as negociações", antes que o exemplo da Grécia afecte outros países e, principalmente, as eleições em Espanha.

    A resposta foi dada no próprio dia pelo primeiro-ministro português. Em entrevista ao Expresso, Pedro Passos Coelho insistiu na sua versão angelical das coisas: Portugal, garantiu ele, esteve "alinhado com todos os outros 17 países da zona euro" numa posição de "exigência natural" quanto ao cumprimento dos compromissos gregos. A ideia de que Portugal teria sido "um dos países mais exigentes" com Atenas, disse ele, "não é verdadeira". Disse e ficou escrito. Em conformidade, seguiu de imediato para Bruxelas uma queixa de Portugal e de Espanha, na expectativa de uma palavra de condenação das declarações de Tsipras. De pouco valeu: o melhor que obtiveram foi um apelo geral à moderação na linguagem e uma embaraçante recordatória, pela porta-voz da Comissão Europeia, Mina Andreeva, de que os tratados europeus protegem a "liberdade de expressão".

    É preciso ler a entrevista que o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, deu esta semana ao jornal El País para perceber porque é que a Comissão Europeia se recusou a sair em defesa dos governos de Portugal e de Espanha ante as graves acusações de Tsipras. E a razão é simples: como já todos tínhamos percebido, a versão de Passos Coelho sobre as negociações com a Grécia é pura e simplesmente falsa. Embora reconheça que "não se apercebeu" de que Portugal e Espanha tivessem propriamente "um plano diabólico" para fazer cair o Governo grego, o relato de Jean-Claude Juncker desmente frontalmente a versão de Passos Coelho segundo a qual Portugal teria estado nas negociações com a Grécia rigorosamente "alinhado" com todos os outros países da zona euro. Pelo contrário, Juncker revelou, preto no branco, que houve um conjunto de países ainda mais severos do que a Alemanha (e nomeou-os: Holanda, Finlândia, Eslováquia, os bálticos e a Áustria...), destacando, de entre todos, Portugal e Espanha por terem sido "muito exigentes" nas últimas semanas.

    É lamentável que a palavra do primeiro-ministro tenha de ser frontalmente desmentida pelo próprio presidente da Comissão Europeia. Mas pior ainda é termos um Governo aliado às forças do eixo, contra os interesses do projecto europeu e contra o interesse nacional.»

sexta-feira, fevereiro 27, 2015

A passadeira vermelha

• Pedro Silva Pereira, A passadeira vermelha:
    «O ministro das Finanças alemão não cabe em si de contente; o Governo grego, garantiu ele, terá muitas "dificuldades em explicar o acordo aos seus eleitores". Diz-se que era exactamente assim que Nero sorria ao ver as chamas na capital do seu império.

    Aprecio o esforço dos que andam a vasculhar nas entrelinhas do pré-acordo entre a Grécia e o Eurogrupo e da "primeira" (sic) lista de reformas com que o novo Governo grego se comprometeu em Bruxelas (cuja versão final só ficará estabelecida no mês de Abril) em busca dos raros vestígios das conquistas obtidas pelo Syriza. Sem dúvida, o combate travado em defesa de uma alternativa política não austeritária e da própria dignidade do povo grego é merecedor de respeito. E é certo que alguma coisa foi alcançada graças a esta nova atitude negocial.

    Mas não adianta iludir a realidade: a permanência da Grécia no Euro e as garantias (provisórias) de financiamento do Estado e da economia helénicos foram conseguidos à custa de uma cedência generalizada por parte do Governo grego quanto à execução de uma parte substancial do seu programa político, tal como votado pelos eleitores. E a dimensão da cedência tenderá a revelar-se ainda maior quando o Governo de Atenas for chamado a detalhar e quantificar o impacto orçamental de algumas das medidas que agora anunciou, explicando, por exemplo, o que significa "racionalizar" as taxas do IVA para "maximizar as receitas", eliminar "benefícios fiscais" nos impostos sobre o rendimento, acabar com "benefícios não salariais" na função pública ou adoptar "medidas de redução da despesa" em todos os ministérios, incluindo nas áreas sociais.

    Curiosamente, como aliás os próprios logo trataram de sublinhar, o melhor que Alex Tsipras e Yanis Varoufakis têm para mostrar é o que não está no acordo: não haverá despedimentos na função pública; não haverá cortes nos salários e nas pensões; não haverá aumentos de impostos para os mais pobres e a classe média e não haverá aumentos do IVA na alimentação e na saúde. Apetece perguntar: este discurso explicativo não vos faz lembrar nada? Talvez uma certa esquerda entenda agora melhor a gravidade da situação que o Governo socialista teve de enfrentar em 2011 quando foi forçado a pedir ajuda externa e a negociar o Memorando de Entendimento em consequência do constrangimento financeiro causado pela reacção do BCE e dos mercados ao "chumbo" do PEC IV. Assumir a responsabilidade de governar tem destas coisas: começa logo a ver-se o Mundo de outra maneira.

    O directório alemão e os demais defensores da "linha dura", com o Governo português na dianteira, exultam com esta vitória esmagadora da austeridade. Embalados pelo triunfo, julgam-se com resposta para tudo: os eleitores gregos votaram contra? "Tanto pior. A austeridade está inscrita nas regras, não depende do voto. E a vontade dos gregos não vale mais do que a dos outros". Não lhes ocorre reconhecer a ficção em que assenta a legitimidade democrática da política europeia de austeridade e menos ainda que o flagrante desprezo pelos resultados eleitorais na Grécia é apenas mais lenha para a fogueira do projecto europeu. Talvez por isso, há um ambiente pesado de claustrofobia democrática nesta festa da política de austeridade. Mas não deixa de haver também uma vistosa passadeira vermelha. E é por lá que ainda há-de desfilar a senhora Le Pen.»

sábado, janeiro 31, 2015

Outro «energúmeno condensado»

Há tarefas que não podem ser confiadas a qualquer um. Duarte Marques, conhecido pela sua afeição pelas letras, foi o zote escolhido por Passos Coelho para dar uma descompostura a Alexis Tsipras. A carta, que está escrita, circula já pelas redacções, mesmo antes de ser enviada.

Este forcado que Passos Coelho plantou no parlamento consegue ser simultaneamente ridículo e de enorme mau gosto. Não se trata de uma situação muito diferente de, no meio de uma crise alimentar na Etiópia, o Duarte Marques achar apropriado dizer ao presidente etíope que, por causa dele, há crianças portuguesas que podem passar fome. É mesmo o exemplo mais cretino e miserável da interiorização do discurso dos credores sobre a crise europeia.

«Aquele energúmeno condensado»

• Ferreira Fernandes, A dívida grega e o mal português:
    «(…) Se o ministro holandês quer boas normas, boas contas e dar lições sobre o bom sistema capitalista (que o é, não conheço melhor) que venha a Lisboa. Esta é que está a precisar dele, apesar de lhe bater palmas incondicionais. E se houver confronto entre bicicletas, não lhe proponho riscos, é a Marques Mendes que o holandês deve pedir contas. Vocês sabem, aquele energúmeno condensado que numa noite de sábado, na SIC, se permitiu fazer o mais fundo ataque à maior invenção holandesa, a Bolsa.

    Relembro. Mandatado por Passos, Marques Mendes foi à televisão anunciar, nas vésperas, o fim do BES. Parece que esse fim tinha de ser, não sei. Sei é que o tal Mendes, apesar da carreira feita num partido capitalista, foi um antibolsista primário. O bom banco, disse ele, tinha de ser extirpado dos maus. Os bons eram os trabalhadores do banco e os depositantes - "os que não têm culpa nenhuma", disse ele. E os maus, sublinhou, eram todos os que investiram, fossem milhões ou pequenas poupanças de uma vida. Repito, não sei se a solução para o BES podia ser outra, até porque o seu fim é a prova de que os tempos modernos não são para ser tratados como se vivêssemos tempos normais. Sei é que Mendes expressou, naquela noite, esta doutrina: investir no mercado de capitais é mau e deve ser castigado. Sei que ele disse que os pequenos investidores, além de ficarem sem nada, deviam ficar com um sentimento de culpa. (…)»

sexta-feira, janeiro 30, 2015

A batalha de Atenas


• Pedro Silva Pereira, A batalha de Atenas:
    «(…) Uma das mais consensuais lições da desastrosa resposta da Europa à crise das dívidas soberanas é esta: teria sido melhor cortar o mal pela raiz. De facto, a recusa inicial da solidariedade europeia, imortalizada pelo slogan "nós não somos a Grécia!", deixou as dívidas soberanas à mercê da especulação financeira e, ao invés de "acalmar os mercados", consentiu num efeito dominó de consequências devastadoras. É certo, a zona euro enfrentou essa crise com a fragilidade inerente às insuficiências da União Económica e Monetária, que só progressivamente foi conseguindo suprir por via de novos instrumentos de governação económica e intervenção financeira. Mas não é menos verdade que enfrentou esta crise fortemente condicionada também por uma cegueira ideológica austeritária, que muitas vezes se escondeu por trás de interpretações restritivas (hoje reconhecidamente falsas) dos Tratados, do próprio mandato do BCE e até das regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento. Acontece que nada no Tratado de Lisboa obriga as instituições europeias a exercer as suas competências apenas quando o fracasso é evidente e a situação se torna desesperada. Quer isto dizer que a União Europeia, não obstante todas as limitações, podia e devia ter feito mais. E teria poupado muito dinheiro e muitos sacrifícios se tivesse agido de uma forma mais coesa e solidária logo desde o início, quando se declarou a crise grega.

    Agora que, cinco anos depois, um novo Governo grego procura na Europa um novo compromisso político no quadro do euro, veremos se os parceiros europeus tratam o senhor Tsipras com a mesma atitude com que trataram em 2010 o primeiro-ministro George Papandreou. Ficaremos a saber nessa altura se aprenderam alguma coisa.»

segunda-feira, janeiro 26, 2015

O que acontece em Atenas não fica em Atenas

• David Pontes, O que acontece em Atenas não fica em Atenas:
    «(…) O BCE fez alguma coisa por isso, esta semana, e a proposta do Syriza de realizar uma conferência europeia para a reestruturação da dívida não é uma solução tão inédita que não mereça que governos como o português olhem para ela a tempo de se colocarem no lado certo.

    Uma reestruturação semelhante já aconteceu em 1956, em Londres, quando 26 países, entre eles a Grécia, acordaram um perdão de cerca de 50% da dívida alemã.»

sábado, janeiro 24, 2015