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quarta-feira, novembro 25, 2015

Blasfémias (assentes em «números completamente falsos»)


• José Manuel Silva (bastonário da Ordem dos Médicos), O melhor Serviço Nacional de Saúde do mundo:
    «Surpreendem alguns artigos sobre saúde, como o que Rui de Albuquerque publicou neste jornal, com números completamente falsos – no caso, que Portugal gasta 10 por cento do PIB para financiar o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

    Consultando o rico e elucidativo documento “Health at a Glance 2015. OECD Indicators”, verificamos que Portugal, somando a despesa pública e privada em saúde, gasta 9,1 por cento do PIB, para uma média de 8,9 por cento nos países da OCDE. Destes, apenas cerca de 6 por cento do PIB diz respeito a despesa pública em saúde com o SNS, contra 6,5 por cento na média da OCDE.

    Nesse artigo é também feita uma comparação com a Suíça, elogiando o seu sistema privado mas omitindo que este é o segundo mais caro do mundo!

    O mesmo autor diz que a despesa da saúde em Portugal é elevadíssima, criticando os 10 (!) por cento de despesa. Porém, contraditoriamente, já elogia o sistema suíço, apesar de este gastar 11,1 por cento do PIB em saúde, constituindo a despesa pública quase 8 por cento.

    Na verdade, se compararmos a despesa total “per capita” pública e privada, a diferença é gritante: a Suíça gasta 6.325 dólares por pessoa, por ano; e Portugal somente 2.514 dólares (a média da OCDE é de 3.453). Há várias razões para esta diferença, nomeadamente os vencimentos; mas este dado, quando comparado com a média da OCDE, demonstra como Portugal tem um sistema de saúde muito barato e, sobretudo, barato para o Estado, o qual em Portugal apenas assume 67 por cento das despesas totais com a saúde – abaixo dos 73 por cento da média da OCDE.

    Por outro lado, a Suíça gasta 22 por cento do Orçamento do Estado em saúde, enquanto Portugal gasta 12 por cento. Seria, aliás, impossível para Portugal sustentar um sistema tão despesista como o suíço!

    Na verdade, em termos globais, os sistemas de saúde essencialmente baseados na prestação privada de serviços de saúde são mais caros e não têm melhores indicadores de saúde do que os sistemas públicos. Os Estados Unidos são o paradigma do sistema de saúde baseado em seguros e prestadores privados, sendo o mais caro do mundo e tendo vários maus indicadores devido às chocantes desigualdades de acesso aos cuidados de saúde.

    A Holanda, outro exemplo, é apresentada muitas vezes como referência de um sistema baseado em seguros obrigatórios competitivos. Todavia é um dos sistemas mais caros do mundo, falhou nos seus objectivos de cobertura universal, de aumento do leque de escolhas e de controlo da despesa em saúde, obrigando a um sofisticadíssimo, pesado e caro sistema de regulação para evitar os riscos e as perversidades próprias de tal sistema. Imitar a Holanda seria, em Portugal, um descalabro, uma vez que por cá os sistemas de regulação não funcionam.

    Analisando a razão custo/benefício de ambos os sistemas, na análise da relação entre a esperança de vida à nascença e o PIB per capita, Portugal está francamente acima da curva, enquanto a Suíça está abaixo da curva. Ou seja, em termos relativos, Portugal consegue uma melhor eficiência do seu sistema de saúde.

    Também na mortalidade infantil, um dos principais indicadores de saúde, Portugal está melhor, com uma mortalidade de 2,9/1000/ano, enquanto a Suíça tem 3,3/1000 (média da OCDE 3,8). Na Holanda, que se está a arrepender do seu caríssimo e pouco eficiente sistema de partos em casa, este valor é de 4,0/1000. Nos EUA é de 5,0/1000.

    Na esperança de vida com saúde aos 65 anos, Portugal, com dez anos para os homens e nove anos para as mulheres, está ligeiramente acima da média da OCDE e da Holanda, francamente melhor que a Alemanha (que tem apenas sete anos para ambos os sexos) e quase ao nível da Suíça, com 11 anos para os homens e dez anos para as mulheres.

    Em função destes números (e muitos outros) que são dados oficiais da OCDE, podemos concluir facilmente que, até à imposição dos excessivos cortes no SNS, cujo impacto negativo nestes indicadores poderá fazer-se sentir nos próximos anos, Portugal tinha/tem o melhor SNS do mundo, na relação acessibilidade/qualidade/custo per capita. Devendo ainda melhorar, naturalmente.

    Aqueles que repetidamente atacam o SNS e o tentam destruir, fazem-no, não pela falta de sustentabilidade do mesmo, mas sim pela ambição de aumentar a fatia da privatização de serviços e a margem de lucro à custa do aumento da despesa em saúde para os cidadãos com mais poder de compra. E, com isso, agravam as desigualdades de acesso e pioram os cuidados para os mais pobres, com uma perda global de qualidade.

    Pela minha parte, enquanto médico, defendo um sistema de saúde composto por quatro componentes: público; social; grande privado; e pequeno privado. Ora, foi o equilíbrio deste sistema que foi ativa e deliberadamente destruído pelo anterior Governo. O pequeno sector privado, independente e de proximidade, quase desapareceu e não é possível continuar a reduzir artificial e violentamente o SNS mais do que aquilo que já foi feito, pelas consequências negativas que teria para o país e para os cidadãos.

    Sublinhe-se que, conforme está publicado, não há nenhuma evidência científica de que, em saúde, a gestão privada seja melhor que a pública. Basta recordar o descalabro da banca privada portuguesa para se perceber esta verdade! Bem pelo contrário, entre outras evidências, no Reino Unido já foi demonstrado que os sectores social e privado não conseguem prestar cuidados primários de saúde com o mesmo nível de qualidade da prestação pública. Para além disso, dos três grande oligopólios da saúde em Portugal, já só “metade” de um se mantém português...

    Enfim. Conforme um brilhante editorial do British Medical Journal de dezembro de 2014, “o capitalismo do século XXI está a trair-nos e requer uma profunda transformação democrática”.»

quinta-feira, novembro 19, 2015

A política de saúde do governo numa manchete de jornal

Hospitais em rutura podem desviar doentes para privados

Primeiro desmantela-se o SNS.
Depois passa-se um cheque chorudo aos privados e aos amigos da caridade.

segunda-feira, novembro 02, 2015

Saúde mental: descontinuação e desintegração de cuidados


• Ana Matos Pires, Saúde mental: descontinuação e desintegração de cuidados:
    «(…) Tudo isto ficou na gaveta durante cinco anos surgindo, muito recentemente, legislação que, não tendo revogado a anterior, é a descontinuação e desintegração dos (inexistentes) cuidados continuados integrados de saúde mental ou, dito de outra maneira, é a opção política pela inexistência de cuidados continuados integrados de saúde mental.

    Leal da Costa dizia ao jornal Expresso, em setembro, que "é preciso ter honestidade na discussão deste problema e admitir que existirá sempre uma população que não foi por encerrar os hospitais psiquiátricos que desapareceu, pessoas com doença mental grave que necessitarão de apoio residencial. As tentativas de desinstitucionalização sem retaguarda, confiando em famílias inexistentes ou indisponíveis, levaram ao agravamento de fenómenos como o dos sem-abrigo."

    Concordo em absoluto, "é preciso ter honestidade na discussão deste problema". Vamos a isso.

    Assumir que sempre existirá uma franja de doentes mentais que necessitam de residências de apoio máximo (ou mesmo moderado) é uma verdade incontestável, daí essa solução estar prevista mas não ser a única – nem, do meu ponto de vista, a que responde pela maioria das necessidades.

    Já achar, e defender, que o "agravamento de fenómenos como o dos sem-abrigo" se deveu à desinstitucionalização e não à forte crise económica que vivemos é demagogia e "inverdade", para dizer o mínimo. A maioria das famílias não estão "indisponíveis", não têm é recursos nem saber, o que é substancialmente diferente. E mais, se as alternativas de “retaguarda” à desinstitucionalização não surgiram ao governo se deve, e a Leal da Costa como seu membro, a lei inicial tem mais de cinco anos.

    Por ser necessário honestidade importa assumir que, com as recentes determinações legais, (a) estamos a tentar dar resposta aos sem-abrigo com patologia mental; (b) estamos a falar de apoios sociais básicos – cama, comida e roupa lavada; (c) a opção é mais caritativa que solidária e que não é clínica; (d) estamos a fazer opções económicas erradas, porque piores e mais caras, e muito questionáveis em termos da sua seriedade; (e) estamos a ir contra lei naquilo que é a sua determinação da necessidade de uma articulação com “os serviços locais de saúde mental (SLSM) e com a rede nacional de cuidados continuados integrados (RNCCI)"; e (e) não estamos a falar de cuidados continuados integrados de saúde mental como um todo e como são (internacionalmente) discutidos e conceptualizados. Nessa perspetiva, estamos a retroceder, sim.

    Termino com as palavras do psiquiatra Fidalgo de Freitas ao jornal PÚBLICO a 14 de setembro último, “Além do “desrespeito pelas instituições particulares de solidariedade social, que há anos têm trabalho nesta área”, o médico nota que muitas unidades são no interior do país, Soure, Ponte de Lima, Pinhel, todas com “residências de apoio máximo”. “Não consta que haja assim tantos doentes mentais nestas áreas, o que significa que os doentes vão ser levados para lá. É um regresso aos asilos, só que mais bonitos por fora.”. Tenho uma importante discordância com ele, duvido que os novos asilos (ou serão os verdadeiros asilos?) sejam “mais bonitos por fora” que os anteriores.»

domingo, novembro 01, 2015

domingo, agosto 23, 2015

quarta-feira, agosto 19, 2015

Estratégia da direita para o Estado: se não se privatiza, extingue-se


O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, não tem dúvidas sobre a importância do Laboratório Militar. Considera-o um sector estratégico em que é preciso apostar:
    «O uso do Laboratório Militar deve ser potenciado da máxima forma possível na produção de medicamentos a nível nacional. Não só para responder às falhas como também para produzir medicamentos mais baratos que sejam importantes para Portugal.»

Lê-se, numa peça da edição do Diário de Notícias de 8 de Outubro de 2014, que o Laboratório Militar estava então a produzir 78 tipos de medicamentos para os hospitais do Serviço Nacional de Saúde. São remédios que deixaram de estar disponíveis no mercado devido aos seus baixos preços. A BIAL, um laboratório nacional, mostrou interesse em produzir alguns desses medicamentos, mas concluiu que o negócio não lhe interessava assim que o Infarmed disponibilizou a lista de produtos a fazer.

Soube-se agora que o Governo se prepara para, no pico do Verão, encerrar o Laboratório Militar. Nenhum caixeiro-viajante conseguiu captar capital estrangeiro para abocanhar mais um negócio.

sexta-feira, agosto 07, 2015

Está na altura de devolver o Serviço Nacional Saúde aos portugueses



Os portugueses conhecem hoje muito bem a agenda política para a saúde dos partidos que integram a coligação de direita: privatizar e desmantelar.

segunda-feira, agosto 03, 2015

A sub-reptícia privatização da Saúde


• António Correia de Campos, No céu de julho:
    «(…) O ponto seguinte consiste em saber quem paga estes encargos: as administrações públicas, as famílias, os financiamentos voluntários (seguros)? É inegável que com este governo atingimos em 2014 o mais elevado gasto das famílias com a saúde em relação ao PIB, um dos maiores da União e até da OCDE, um terço do financiamento total. Os gastos directos das famílias atingiram 27,7% e se adicionarmos os 5,4% de seguros voluntários chegamos a 33,1%, a que há que somar ainda a redução dos benefícios fiscais. Alguma redução dos encargos das famílias, ocorrida em 2013, tem uma dupla e excepcional explicação: em 2013, as famílias gastaram menos em medicamentos que no ano anterior, fruto das medidas forçadas de contenção de preços. Certamente também por ser o ano de “enorme” carga fiscal que reduziu ao osso o rendimento disponível. Não faltará quem louve o Governo por esta política, mas receio que se trate de emagrecimento sob pressão. Aliviada esta, abandonada a terapêutica hormonal, aí vai o gasto em medicamentos disparar de novo. E já cá não estará este Governo.

    Em resumo e em termos nominais, entre 2011 e 2014, a despesa corrente total em saúde reduziu-se em 1,318 milhares de milhões de euros (MM). A parte maior da redução coube ao Estado (SNS), 1,145 MM, essencialmente sob a forma de cortes orçamentais em vencimentos, horas extra, em não substituição de efectivos e menor gasto com farmácias. As famílias, também reduziram os seus gastos correntes em saúde em 0,173 MM, mas aumentaram a sua parte no financiamento, naquele período de redução geral de rendimentos.

    Onde usaram o seu dinheiro as famílias? Em 2013, 40% em consultórios médicos, 25% na farmácia, 15% em clínicas e hospitais privados e 10% em dispositivos e outros bens médicos. Comparado com o ano anterior, as famílias gastaram mais 0,9 p.p. em dispositivos, mais 0,6 p.p. em clínicas privadas e menos 1,8 p.p. na farmácia, bem como menos 0,8 p.p. em consultórios. Dentre as famílias, a classe média e alta, está a frequentar cada vez mais o privado, não só por este ter melhorado a sua oferta, mas sobretudo pela penúria imposta ao SNS, que o impede de responder como deveria.»

sexta-feira, julho 17, 2015

Cofres cheios: um contributo singelo


O relatório do Tribunal de Contas (TdC) sobre a Assistência na Doença aos Servidores Civis do Estado (ADSE) mostra que o brutal aumento dos descontos para este subsistema de saúde não visava apenas a sua auto-sustentabilidade. Só em 2014 a ADSE teve um lucro de 138,9 milhões de euros, apesar de o Estado não estar, por exemplo, a assumir despesas dos quotizados no âmbito do SNS (estimadas em cerca de 40 milhões de euros).

A taxa de desconto era de 1,5%. Em 2013, subiu para 2,5% e, em 2014, para 3,5%. De acordo com o TdC, bastaria que a taxa fosse de 2,1%, em 2015, para que os custos com os cuidados de saúde prestados fossem integralmente financiados pelos beneficiários.

Como nota o TdC, este excedente está a ser usado em proveito do Estado, servindo «apenas objectivos de consolidação orçamental do Estado». É que a entidade que gere a ADSE «tem uma propriedade muito limitada sobre os excedentes gerados (…) visto não os poder utilizar livremente, seja no financiamento da despesa de saúde ou na obtenção de uma remuneração pela subscrição de aplicações financeiras ou, eventualmente, pela aplicação noutros investimentos». «Pelo contrário», refere-se no relatório, «é o Estado quem tem beneficiado da utilização desses excedentes, provenientes dos quotizados da ADSE, a uma taxa de 0%, isto é, sem qualquer remuneração paga à ADSE».

Para além da utilização dos «excedentes, provenientes dos quotizados da ADSE, a uma taxa de 0%, isto é, sem qualquer remuneração paga à ADSE», haverá outra razão para o que deveria ser uma contribuição se ter transformado num brutal tributo: desincentivar os quotizados a permanecer na ADSE, impelindo-os a subscrever planos de saúde privados. Entre 2011 e 2014, mais de 4.000 pessoas saíram de forma voluntária da ADSE. A maioria (3/4) renunciou no último ano, coincidindo com o maior aumento das contribuições para o subsistema.

Com a desfaçatez com que habitualmente mente, Passos Coelho confirma hoje que o aumento da taxa de desconto da ADSE foi (mais) um imposto encapotado sobre os trabalhadores e pensionistas do Estado: «Na altura em que foi tomada a medida de elevar para 3,5% a contribuição para a ADSE, isso foi apresentado num contexto de necessidade de atingir um défice orçamental, de acordo com aquilo que eram as metas estabelecidas no memorando de entendimento».

Mas é falso que o aumento tenha sido colocado nesses termos antes do veto presidencial. O que Governo sustentou é que era preciso esse aumento para tornar a ADSE auto-sustentável. Maria Luís Albuquerque garantiu então que a medida visava assegurar a auto-sustentabilidade dos subsistemas de saúde e que isso deveria ser encarado como «objectivo duradouro de médio e longo prazo».

Ora o alegado primeiro-ministro — que se está a lixar para as eleições, como é sabido — disse hoje que admite reduzir a taxa de descontos para a ADSE… um dia. E a ministra das Finanças, que sustentava ter estudos que demonstravam a necessidade do aumento da taxa (tendo sido desmentida neste relatório do TdC), afiança que o excedente está parado à espera de melhores dias (o que também dá uma ideia da sua capacidade de gestão). Estamos perante burlões sem escrúpulos.

quarta-feira, julho 15, 2015

O mais recente passador do Governo


— Não é um convite à emigração, mas digo-vos que há umas vagas na Alemanha para enfermeiros e paramédicos. Embora o SNS precise de mais profissionais, não serão admitidos. Mas a opção de emigrar é vossa, só vossa.

domingo, julho 12, 2015

O programa oculto do PàF (Pote à Frente)


A coligação de direita esgota os sucessivos prazos a que se comprometeu para apresentar o seu programa eleitoral. Ontem, reuniram-se os conselhos nacionais do PSD e do CDS para aprovar umas «banalidades» às quais foi dada a altissonante designação de «linhas gerais do programa eleitoral».

Na verdade, a coligação de direita já submeteu o seu programa eleitoral a Bruxelas em Abril: o Programa de Estabilidade (2015-2019) e o Programa Nacional de Reformas (2015). Dada a brutalidade das medidas contempladas, não admira que a sua tradução para português ler esteja a revelar-se uma tarefa complicada.

Assarapantado com a irrevogável demissão de Portas em 2013, Passos Coelho afirmou então: «O programa com que me apresentei pressupunha duas legislaturas e há coisas que quero fazer além do programa de assistência.» Como pretende o alegado primeiro-ministro fazer «coisas» para «além do programa de assistência», ou seja, prosseguir a política austeritária de «ir além da troika»?

Para além do corte de 600 milhões de euros nas pensões de reforma já atribuídas, a coligação de direita está apostada em rebentar definitivamente com o pote. Entre as «reformas estruturais» para a próxima legislatura, estarão previstas estas:
    • Continuação da privatização de empresas públicas (em especial, Águas de Portugal e Caixa Geral de Depósitos, que Passos teve, em 2011, de meter na gaveta);
    • Privatização da Segurança Social, através do plafonamento das pensões;
    • Privatização crescente da Saúde, recorrendo à asfixia financeira do Serviço Nacional de Saúde;
    • Privatização da Educação, mediante a contínua degradação da Escola Pública;
    • Continuação do estrangulamento da classe média, quer através dos impostos (com redução apenas para as empresas e para os contribuintes com rendimentos mais elevados), quer através da «desvalorização salarial».

Este é o programa oculto da coligação do PSD e do CDS. Como transformar este brutal assalto ao pote e empobrecimento da maioria dos portugueses num «conto de crianças»?

terça-feira, julho 07, 2015

SNS

Hoje no Diário Económico
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domingo, julho 05, 2015

quarta-feira, julho 01, 2015

Quem és tu, Pedro Caetano?


Deputados do PS questionam o Governo sobre o currículo do 5.º elemento do conselho de administração do Hospital de Santarém. As dúvidas são mais que muitas.

sábado, junho 27, 2015

A palavra aos leitores

Texto de José António C. Ferreira, Enfermeiro, a quem peço desculpa pela demora na publicação:

«O retrocesso do SNS ao tempo da beneficência/caridade da Misericórdia

    Declaração de interesse: sou contra as instituições de solidariedade e voluntariado pelo facto de a grande maioria ser geradora de corrupção, não cumprirem com o conceito inicialmente vertido na palavra “beneficência”, o de filantropia, mas sobretudo não proporcionarem emprego real.

    Voltando ao tema a que me propus refletir:

    Sou do tempo em que a Saúde era pobre, o que para a época era normal, já que todo e qualquer ato que nasce, cresce, e assim também o SNS, tinha que passar por este estádio de pobreza enquanto criança. Houve tempos, na sua fase de jovem, onde enriqueceu. Contrariando a normal evolução, na idade adulta, isto é, hoje, não a encontramos na sua maior pujança. Com o que reparo, aos tratos que o atual poder lhe está a impor, nem me permito pensar o que lhe vai acontecer quando chegar à idade de velhice.

    Quando digo que a Saúde não era para pobres afirmo-o no sentido de que este bem não lhe era, e atualmente voltou a não ser, oferecido na sua plenitude, nem em recursos materiais, nem, sobretudo, em recursos humanos.

    A palavra miséria em nada me conforta, não só ao escrevê-la, mas principalmente quando quotidianamente me confronto com a sua existência.

    Muito me incomoda trabalhar em condições miseráveis, não por causa da miséria que a natureza perspetiva, mas porque os donos das instituições que regulam povos a utilizam como slogan, um modo de viverem e não deixarem viver, para ganharem fortunas e controlar o valor dos bens, neste caso específico o bem Saúde.

    Pensado em miséria, a palavra miserável sobressai levando-me a pensar em pessoas frágeis, dependentes, não reativas, que após permanente contato com esta realidade deixam-se ficar numa letargia tal que o modo sobreviver prevalece a modo viver!

    O atrás descrito serviu para dizer que passados estes anos, cerca de 40 anos, esta miséria está cada vez mais impregnada, com a agravante de que atualmente a palavra miséria engradeceu ainda mais na sua “miséria”. Passou a ser um produto intencionalmente manipulado pela atual sociedade liberal em que vivemos, que utiliza esta artimanha para se impor perante os seus cidadãos. Em termos gerais, isto acontece por culpa de o poder político-social se ter deixado subjugar ao poder económico-financeiro.

    Onde estão os valores dos “maios de 68” ou os mais globais e abrangentes do não menos importante “abril de 1974”? Permito-me responder, os valores estão nos poucos “Eu’s” que por aqui vagueiam, digo vagueiam e vagabundeiam mesmo que de forma ténue.

    O endividamento económico, mas sobretudo o preço a que deixamos cobrar a nossa “divida emocional”, não é compatível com a reatividade que nos é inata. O nosso património genético está a ser amarrotado, amordaçado, pelos valores adversos deste meio ambiente inóspito criado para que continuemos somente a estar em vez de ser.

    Estou no tempo em que a Saúde só é para os pobres, com a indecência de que a atual sociedade nem sequer é pobre. Passo a justificar:

    Quem mais utiliza o SNS? Os pobres que erradamente julgam que não pagam. Desta forma o poder instituído fá-los acreditar que o Estado Social funciona. Errado! Caso fosse verdade o franchising das instituições, intituladas de solidariedade, não crescia que nem cogumelos.

    Quem menos utiliza o SNS? Os ricos que podem pagar ou têm subsistemas ou seguros de saúde para o fazer. Este dinheiro vai para os grandes grupos que atualmente controlam a Saúde. Grupos esses que se vangloriam de cobrar mais barato os seus serviços, e nós erradamente acreditamos.

    Os 3 ou 7 euros nos hospitais Cuf’s, nos Trofas’s, nos Povoas’s, e at all, cobram na realidade 30 ou 70 euros. O que eles fazem com esses 100% de lucro? Sei que aos prestadores dos serviços não pagam o que deviam, e sobretudo não premeiam os cuidados de saúde.

    Em jeito de conclusão, o SNS corre um enorme risco de morrer, pois a falácia que este Governo nos anda a vender, e que muitos de nós compramos, é perversa. O dinheiro que nos é muito caro está a passar para as mãos dos privados.»

sábado, junho 13, 2015

"Podia ser muitíssimo pior"...


• Carlos Cortes (presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos), "Podia ser muitíssimo pior"...:
    «(…) As decisões que o Ministério tem tomado são desastrosas para a Saúde, para os doentes e para os profissionais. Todos os estudos independentes o têm comprovado. É indesmentível que o país tem hoje piores condições nos cuidados de saúde.

    Faz parte da nossa cultura negar a fatalidade com o recurso a subterfúgios de otimismo. Perante a desgraça, achamos sempre que ainda temos muita sorte porque poderia ter corrido muito pior.

    Vá... Este Ministério da Saúde não tem estado à altura das suas responsabilidades, mas "podia ser muitíssimo pior". Podia mesmo???»

sexta-feira, junho 12, 2015

Para onde vai o SNS?


• José Manuel Silva (bastonário da Ordem dos Médicos), Para onde vai o SNS?:
    «(…) Afinal, por que é que o SNS está pior? Porque sofreu cortes excessivos, bem acima do proposto pela troika.

    Efetivamente, em Portugal, a despesa pública em Saúde é apenas de 5,9% do PIB, muito abaixo da média da OCDE, de 6,7%! Os portugueses, apesar de empobrecidos, são obrigados a pagar 37% das despesas em saúde diretamente do seu bolso, um dos valores mais elevados da OCDE.

    Deixo um desafio formal e defino um padrão aos partidos que se candidatam às próximas eleições para que assumam o compromisso de investir na Saúde, em despesa pública, o mesmo que a média dos países da OCDE, ou seja, mais 0,8% do PIB português, cerca de mais 1400 milhões de euros por ano. (…)»

quinta-feira, junho 11, 2015

Histórias de quatro anos de sucessos [4]

        «Apesar das dificuldades, esta história acabou bem.»


De três em três meses, há três dias em que se pode tentar conseguir marcar uma das 150 colonoscopias com anestesia no Serviço Nacional de Saúde. Maria, que aparenta ter mais de 70 anos, contou à RR que tinha vindo de véspera para garantir a marcação num dos poucos hospitais que faz o exame: «Jantei e vim para aqui. O que havemos de fazer? É o país que temos. O país das maravilhas!»